Izzy Nobre's Blog, page 31

November 12, 2014

A deprimente comunidade dos PUA, ou “Pick Up Artists”

Recentemente o Itamaraty barrou a entrada de um “PUA” que pretendia dar aulas de como pegar mulher no nosso país. Você provavelmente está se perguntando “o que diabos é um PUA”? Bem, eu explico.


Pra algumas tarefas, existe uma necessidade fundamental de ler um manual de instruções. Montar móveis comprados na TokStok, por exemplo. Ou usar uma furadora elétrica. Ou operar um ser humano (o manual de instruções no caso seriam os anos estudando medicina). Não há nenhuma vergonha em admitir, nestes casos, que você precisa de um tutorial explicando cada passo do processo.


Pra algumas outras coisas, no entanto, depender de um manual é levemente deprimente e um pouco retardado até. E o melhor exemplo disso é pegar mulher — algo para o qual eu não estava ciente de que existia um tutorial.


Caso os queridos colegas não saibam, existe algo chamado “the seduction community”; a comunidade da sedução. A premissa de tal comunidade é compartilhar os segredos da arte de pegar mulher.


E não, eles não usam o termo “arte” da forma solta como vocês gostam de usar no tuíter (quantas vezes vocês já viram alguém falando sobre a suposta “arte de –insira qualquer coisa trivial aqui que não é nenhuma forma de arte–?). Este sujeitos se acham de fato os Leonardo Da Vinci da fodelança, tanto que se definem pela insígnia de “pickup artists“.


Isso significa literalmente “os artistas da pegação”. Na internet você os verá frequentemente abreviando o termo pra “PUA”.


Pelo que investiguei, a idéia central da comunidade da sedução é basicamente o seguinte:


1) Seja levemente (ou não tão levemente) babaca com as meninas, elas gostam disso;


2) Vista-se da forma mais espalhafatosa possível, afinal toda atenção é positiva.


Mas se você acha que isso é tudo, você se engana — há um extenso glossário explicando os termos acadêmicos e as técnicas da pegação. E é aí que a coisa fica realmente patética.


Por exemplo, lembra que eu falei que uma das doutrinas do método de sedução é ser meio escroto com as garotas? Os PUAs chamam isso de “neg“. Eles essencialmente pegaram aquela máxima de que mulher gosta dos bad boys e transformaram-na numa equação. Olha isso:


Eles estão falando de pegar mulheres ou tão dando dicas pra um RPG?


O neg é essencialmente dar um elogio que é na verdade uma leve ofensa (“Gostei desse vestido, você tem coragem de usa-lo na rua assim” ou “Adorei seu sorriso, geralmente gente com dente torto não tem um sorriso bonito assim”) que supostamente reduz a auto-confiança do alvo (sim, eles literalmente chamam mulheres de “alvo”) e isso seria um truque Jedi para convence-la a dar pra você.


//www.youtube.com/watch?v=tgsHV9FEJdU


Eles realmente acreditam que o mundo funciona desta maneira.


Como você pode ver, aquele site lá explicando o linguajar PUA tem mais hiperlinks que um artigo da wikipédia. Isso acontece porque essa galera quantificou praticamente todas as etapas de uma interação humana. O que talvez pareça interessante de um ponto de vista nerd se assemelha mais com uma apostila que alienígenas escreveram em relação a como seres humanos interagem.


Por exemplo — enquanto você conversa com alguém, talvez aconteça de vocês trocarem um breve toque no cabelo ou na mão.


Um subproduto natural da interação humana? Não. Isso é um kino. E existem as derivações disso, como o Kino Anchored Motion Inducement — em outras palavras, puxar alguém pela mão.


Repare, novamente, no uso da palavra “ALVO” — que junto com essa metódica e literalmente doentia quantificação e detalhes, sem contar que o objetivo da parada é “isolar” a menina do seu grupo, passa uns vibes fodidos de serial killer.


Me diz se isso não é assustadoramente patético. “Kino Anchored Motion Inducement” parece algo inventado pelo MIT ou pelo Jet Propulsion Lab pra aterrissar sondas em asteróides — no entanto, é simplesmente conduzir alguém puxando o braço da pessoa. Aliás, olha como fica a expressão sendo usada numa frase:


Manual de pegar mulher, ou de configurar servidor…?


Sair com os amigos pra pegar mulher? Isso tem nome também — “sarge“. E os PUAs frequentemente vão a fóruns pra relatar suas experiências na forma de “field reports“.


A única coisa mais patética do que essa sistemática análise de gestos triviais são as inúmeras siglas que eles usam pra qualquer bobagem. Mulher é “HB” (seguido de um número que indica quão gostosa ela é); Indicação de interesse — ou seja, se ela sorri pra você ou algo assim — é IOI. Beijar uma mulher = “kclose“. Veja o uso sugerido do termo:



I kclosed 2 HB10s last night!



Traduzindo pra não-retardadês, isso significa “beijei duas garotas bonitas ontem a noite”. Por que seria necessário criar uma expressão críptica para um gesto tão mundano e comum, temo que jamais compreenderei — sem contar que “KCLOSED” literalmente gasta mais caracteres e sílabas do que um simples “KISSED”.


Cartilha de um dos métodos PUA. Coloca “Empatia com Animais” e “Armas Brancas” e vira cartilha de Vampiro A Máscara.


Ah, e a propósito? Eu e você, os não-Jedis do conhecimento pegadorísticos, somos aparentemente “AFCs” — Average Frustrated Chump. Ou “o babaca frustrado padrão”. Você sabe, os perdedores que não pegam NINGUÉM. Apenas os PUA, que são detentores destes segredos místicos da sedução, são capazes de copular com mulheres. Isso explica por que existem tão poucas pessoas no planeta.


Mas isso não é tudo. Tem também o vestuário dos caras, que é particularmente retardado. E você sabe que a coisa tá feia quando os caras criam uma sigla quase militar pra explicar coisas tão simples e triviais e isso nem é a coisa mais imbecil que eles fazem.


Este homem sai na rua vestido desta forma e se vê na posição de 1) criticar a aparência de mulheres e 2) te ensinar a ser pegador. Há algo errado aqui.


Conheça Mystery, o papa da comunidade da sedução. Este sujeito convenceu milhares ao conceito do “peacocking“, ou seja, usar alguma peça de vestuário que seja completamente ridícula apenas para chamar atenção. De acordo com esses don juans modernos, além de chamar atenção feminina e servir como um ponto de início de uma conversa, esses trajes zoados também provam que você é um cara com bastante auto-confiança e sabe lidar com pressão.


Você sabe, exatamente igual ao tipo de pessoa que precisa de aulas sobre como falar com mulheres.


Ah é, mencionei “aulas” porque este sujeito faz justamente isso — ele dá aulas pra pobres coitados.


//www.youtube.com/watch?v=BK-ZnUoh3xU


O fato de que esse vídeo tem legendas em português me preocupa.


Meu jesus cristo. O homem é um Lair Ribeiro da (suposta) pegação. Esse é o ângulo dele; é por isso que ele tá nessa. Ele tá convencendo nerds desajustados de que eles podem se tornar garanhões; basta pagar algumas centenas de dólares por este fenomenal curso de misoginia programada que deixaria o mais meticuloso serial killer com inveja.


Essa comunidade de sedução reúne o que há de mais patético na auto-ajuda com o que há de mais autista na atração nerd por regrinhas e quantificação de coisas triviais.


E o pior é que deve ter gente aí lendo o HBD que assiste esses vídeos e realmente tenta essas técnicas.



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Published on November 12, 2014 16:34

November 10, 2014

A “gafe” do Sílvio Santos e os advogados do diabo


Acredito que foi o comediante Russell Brand que falou que não devemos ser advogados do diabo, porque “o diabo já tem bastante advogados“. Sempre comprendi a frase como uma forma de dizer “o indefensável já está bem defendido até demais, não se una ao coro”. E ao ver a reação de alguns núcleos da internet, sou obrigado a concordar: o time legal do capeta já está bem escalado, você não precisa o defender.


Como você deve saber, no último domingo rolou o Teleton no SBT. O Sílvio Santos, já se sabe há algum tempo, está no modo “me processe à vontade, porque minha idade avançada já garantiu que a justiça não chegará em mim”. É igual quando eu carrego uma centrífuga no laboratório e o período de rotação é de 10 minutos, mas eu termino meu expediente em 5. Eu SEI que não vou precisar aliquotar aquele sangue, assim como o Sílvio sabe que pode fazer basicamente o que quiser a essa altura porque as consequencias não irão importar.


Então. Num desses momentos de “falarei o que quiser,  foda-se”, o Sílvio fez o comentário infelicíssimo que você encontra nos 30 segundos do vídeo abaixo:



Caso você não possa assistir o vídeo no momento, é o seguinte: numa série de zoações, o Sílvio chega numa garota negra que fala de sua aspiração em ser cantora ou atriz, e retorque com “com esse cabelo aí?” em tom de inegável desprezo.


Quando vi a descrição do vídeo, fiquei chocado. Ok, eu tou ligado que o Sílvio tá falando tudo que vem na telha há um tempo. Mas fazer pouco caso de uma criança ao vivo em TV nacional por causa do seu cabelo crespo me parece… bizarro demais até pra ele. Aí eu vi que não é tão bizarro assim, a julgar pelo volume do time legal do capeta defendendo o comentário do apresentador.


É curioso também que tantos sites de notícias descrevam a parada como uma inofensiva “gafe”, como esquecer o nome da namorada do amigo ou peidar na fila do refeitório da faculdade.


Um dos argumentos mais usados pra defender o comentário dele é “mas ele zoou o cabelo da menina branca e ninguém se comoveu!“.


Supondo que alguém está fazendo esse argumento com franqueza (embora soe tão voluntariamente míope que sinceramente pareça mais com má fé), eis as minhas duas principais refutações:


1) Negros sofrem um preconceito racial do qual brancos simplesmente não são alvos. Por causa disso, uma ofensa racial contra um branco e um negro não têm o mesmo peso, por mais que você deseje o contrário. Eu sei que reacionários gostam de fazer de conta que racismo não existe mais, logo se referir a uma garota como “ô sua branquela!” e a outra de “ô sua crioula” seria então a mesmíssima coisa, completamente indistinguível, mas não é.


2) O comentário do Sílvio sobre a garota branca é apenas que seu cabelo está engraçado — como resposta faux-indignada a uma aparente provocação da garota, que o chamou da mesma coisa. Foi um “toma lá, dá cá”; chumbo trocado. O “eu sou engraçado? Engraçada é você, ora mais!” entre os dois foi infinitamente mais inócuo, especialmente por estar despido de qualquer subtexto racial.


Já a farpa do Sílvio sobre a garota negra, por outro lado — e que veio sem qualquer provocação; este detalhe é importante porque levanta a questão da motivação por trás da ofensa gratuita — é que ela não pode ser uma cantora nem atriz por causa do seu cabelo. A única coisa digna de nota do cabelo da garota (que eu achei bem bonito, na moral: me lembra uma garota dos tempos de igreja por quem eu tinha uma quedinha) é que ele é crespo, então a entrelinha inevitável do comentário do Sílvio é “você tem cabelo crespo, logo, não pode trabalhar na mídia”.


A defesa literalista joão-sem-braço é dizer que o o comentário foi totalmente idôneo sobre um estilo de penteado, e não sobre a etnia da menina. O insinuado é que a pessoa só é racista se falar explicitamente “negros são moralmente inferiores”, e aí passar num cartório pra assinar o documento e reconhecer a firma. Qualquer coisa abaixo disso é só um “comentário sobre penteado”, inocente, sem contexto, num vácuo.


É estranho que alguém que se apegue a uma regrinhaa arbitrária pé-da-letra como essa ignore a distinção clara e inegável entre CABELO (uma característica física que é parte da sua identidade pessoal/racial) e PENTEADO (um estado temporário do cabelo que você pode mudar com relativa facilidade).


Você pode negar o quanto quiser — embora fique feio numa rede social onde você é observado por tantos –, mas falar pra uma garotinha negra (com tom de desdém, isso que é foda) que ela não pode atuar ou cantar por causa “desse cabelo aí” é uma afirmação bastante racista.


Muitos vociferam que é exagero chamar o Sílvio de racista (o que eu concordo parcialmente), e usam “argumentos” como este que eu vi no Twitter ontem:


nonsequitur


Perceba o nonsequitur acima — o Sílvio Santos não é racista, absolutamente, a despeito do que falou, porque… a garota é empregada dele. Afinal, seria absurdo achar que numa dinâmica de poder de empregado-empregador poderia haver preconceito racial, seu burro!


Extrapolando a lógica do colega cima: não importa o que eu fale sobre minha hipotética empregada negra: se eu pago seu salário, obviamente não sou racista, porque racistas não dariam dinheiro pra negros! Lembra o exemplo que dei acima, em que o sujeito só seria considerado racista por essa galera se declarasse de forma inequívoca num documento assinado e com firma reconhecida que acredita na inferioridade moral da etnia afro?


Aí que tá: se o tabelião do cartório fosse negro, o pagamento do reconhecimento da firma seria uma forma de dar dinheiro a ele. Veredito de acordo com a lógica acima: não é racista então!


Como falei antes: eu pessoalmente não acredito que o Sílvio Santos é um indivíduo racista; eu prefiro acreditar que este ícone brasileiro teve um momento isolado e impensado de falar merda sem avaliar com cuidado a implicação do que estava falando.


(Alguns argumentariam que isso É ser racista; além de achar essa análise meio de má vontade, entra na semântica do termo e não temo saco pra discussão semântica.)


Então, em vez de chamar o empresário de racista (uma acusação mais grave e mais difícil de verificar conclusivamente), falarei apenas que o comentário que ele fez foi racista — já que isso, ao meu ponto de vista, é inegável.


Mas estou curioso sobre a opinião de vocês. Quem me segue sabe muito bem que não sou o tipinho facilmente ofendível que prega pelo estabelecimento do politicamente correto antiséptico; humor às vezes precisa tomar tons mais subversivos (até mesmo pelo bem da liberdade de expressão).  Mas pra tudo há um limite: falar pra uma garotinha negra (ao vivo pra milhões de pessoas, em tom de deboche) que por causa do seu cabelo ela não poderá ser uma artista pra mim passa dele.


MAS, quero saber a opinião dos leitores do HBD. Então fiz a enquete abaixo:


Loading…


Deixe sua opinião aí, ou nos comentários.


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Published on November 10, 2014 22:02

November 9, 2014

[ Pergunta do Dia ] Que vídeo te faz chorar?

Estava passeando pelo tuíter neste domingo, sem nem pensar em atualizar o HBD nem nada, e vi este tweet da Rosana.



O vídeo em questão é o Doodle do Google de hoje, um vídeo emocionante celebrando a queda do muro de Berlim. Das aula de história, eu lembrava que a data comumente associada com a queda do muro é 1989, o que me confundia — eu lembrava CLARAMENTE de ver matérias ao vivo na TV sobre a queda. Lembro até mesmo de estar brincando no chão da sala com bonequinhos e carrinhos quando a queda foi televisionada.


Como eu poderia lembrar disso…? Em 1989 eu teria 4 ou 5 anos, dependendo do mês.


O que rola é que o muro só terminou de cair “oficialmente” em 1992. Entre as matérias mostrando a retirada final dos últimos pedaços do muro, a Globo certamente rolou VTs dos momentos iniciais da queda três anos antes, e por isso o que provavelmente aconteceu é que as memórias de ambos se mesclaram na minha mente.


Então. A Rosana comentou se emocionar vendo esse vídeo-homenagem do Google, e eu parei pra pensar nos vídeos que me fazem chorar.


Entra aqui a vantagem de ter um público mais velho. Eu imagino que outros blogueiros/vloggers, se fizessem a mesma pergunta ao seu público mais jovem (pré-adolescentes, talvez…?), seriam inundados com acusações de “viadagem” — a julgar pelos comentários extremamente homofóbicos que alguns de meus colegas de profissão vivem recebendo.


Então. Que vídeo da internet te faz chorar?


Um dos primeiros vídeos de internet que extrairam essa reação de mim foi o clássico “Where the Hell is Matt?”, de 2008. O cara viajou pelo mundo inteiro e se filmou dançando com a galera:



Não é o primeiro vídeo do cara na categoria; a primeira aventura dançante do cara é de 2006. Escolho o segundo porque neste, filmado quando o Matt já tinha uma certa fama na web, foi feito com colaboração de diversas pessoas em cada país que ele visitava. Por isso, esse me passa uma impressão mais forte de união mundial; de que as linhas imaginárias que nos separam são essencialmente apenas isso — imaginárias.


Além desse, teve também o clássico Free Hugs, com música do Sick Puppies.



Com tanta notícia ruim no mundo, é muito tentador abraçar a noção de que este planeta é uma desgraça infindável e que a raça humana deveria ser extinguida o mais rápido possível, porque não fazemos nada que preste. Um vídeo como esse acima ajuda a dispersar um pouco esse sentimento.


Eu poderia ter incluído um vídeo aqui de um cachorro com câncer que precisava ser sacrificado — com o seu dono abraçando o cachorro durante a injeção e o confortando, dizendo que “seu trabalho está terminado” –, mas aí chega a ser trapaça. Eu, que nem tenho cachorro há muitos anos, chorei aqui até soluçar.


Outro tipo de vídeo que costuma me fazer chorar são as retrospectivas do Google. Como esta:



Uma outra que não pode faltar numa lista como essa é a irrepetível final da Copa de 1994, que eu tive o privilégio de assistir ao vivo. Olhaí:



Quando o Baggio chutou pra fora e subiu a música de vitória do Senna, um dos nossos maiores heróis nacionais que havia recentemente morrido naquela época, já foi suficiente pra arrancar lágrimas por reação pavloviana mesmo. Aquela música, talvez mais que nosso próprio hino, simbolizava orgulho nacional.


Aí veio a maior surpresa. Quando os jogadores desenrolaram uma faixa dedicando a vitória ao piloto (que também era favorito pra virar tetra-campeão naquele ano), aí que a galera desandou a chorar MESMO. Até eu, que era tão novo na época e nem era nenhum fã de Fórmula 1, chorei quando caiu a ficha da homenagem.


Hoje, 20 anos depois, é impossível rever a cena sem lábrimas nos olhos.


Agora é a sua vez. Qual vídeo te faz chorar?


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Published on November 09, 2014 13:08

November 8, 2014

[ Vergonha Alheia da Semana ] Veganos fazendo veganices

Eu não entendo vegetarianos. Se você observa a arcada dentária humana, nossas necessidades metabólicas e o sistema digestivo como um todo, é bastante claro que o homo sapiens precisa de carne.


E eu não quero ouvir esse papinho bundasuja de “…mas tem bastante proteína de fontes vegetais mimimi“. Mano, tem proteína em esperma também e nem por isso eu vou comer essa porra (see what I did there?). Você tentar me convencer a abandonar os hamburguers e filés e ribs e asinha de frango oferecendo comidas veganas nojentas será totalmente infrutífero, desista e economize a pouca energia que você tem graças a essa alimentação pobre em nutrientes.


O vídeo a seguir foi feito por um grupo de estudantes de uma faculdade gringa. Eles decidiram fazer o enterro simbólico de um frango.



Este sujeito de terno e gravata (que certamente é, foi ou será um serial killer em algum momento de sua vida) faz as vezes de pastor dando uma elegia pelo pobre franguinho morto. O vídeo continua e você vê que o pastor não está sozinho no funeral do pássaro; há todo um exército de desocupados com placas, fotos, flores e até mesmo um caixão para a ave.


Surge um mano no meio da parada tentando impedir o enterro do passerídeo, dizendo que não se pode sair filmando sepultamento de galinha no estabelecimento e tal, que putaria é essa mermão? Mas o grupo continua a cerimônia fúnebre sem se constranger. Colocam o galináceo no caixão  de papelão (um caixão imenso pra um bicho tão pequeno, então me parece que o comprometimento com a natureza e o ambiente não foi tão importante quanto a teatralidade do protesto…?) e vão marchando pelo supermercado com total imunidade.


Me parece que o sujeito saiu do supermercado com o frango sem pagar, no final das contas. Então de repente o protesto foi distração para o mais elaborado roubo de um frango que o mundo já viu.


Não dá nem pra culpar os caras. Deficiência de Vitamina B12 causa problemas cerebrais/mentais, e adivinha que vitamina não se encontra em quantidades suficientes em fontes vegetais?


Eu conheço um maluco vegano que quando não está postando rants semi-coerentes contra McDonalds ou a Monsanto, está compartilhando “lifehacks” veganos pra adquirir nutrientes cruciais. Mermão, me desculpe se estou soando intolerante, mas se a disputa é entre a minha saúde e a de um peixe/vaca/frango, foi mal, mas peixe/vaca/frango que se fodam.


Não fui eu quem inventou esse sistema, foi a Mãe Natureza que você supostamente tanto idolatra. Respeite as regras dela.


FOR THE RECORD: Quer ser vegano porque acredita que essa é o meio de vida mais ético/moral? Ok, eu aceito isso de boa. Cada um vive da forma que acha mais justa.


O problema é quando esses malucos impões essa escolha em animais de estimação (sério, tem vegano tentando tornar seus gatinhos veganos e quase os matando no processo), ou fazendo isso com os próprios bebês e os matando de fato.


Agora me diga se o sujeito que diz pra si mesmo “me preocupo mais com animais do que meu próprio filho, então vamos bolar uma dieta que priorize mais os primeiros do que esse último” está realmente vivendo de forma mais ética do que eu.


MAS NEM TODO VEGANO FAZ ISSO IZZY


Pergunte a qualquer vegano que você conhece o que ele acha de dar uma dieta derivada de produtos animais pra um bebê, ouça a resposta dele, e repense sua afirmação. Não tem jeito, no momento que o cara inventa motivos pra gambiarrar a alimentação de um BEBÊ, eu desisti do diálogo. Não há justificativa pra isso.


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Published on November 08, 2014 11:50

November 7, 2014

Conheça o moleque de 17 anos que fala VINTE línguas

Eu já conhecia o Tim Doner de outro vídeo da internet, mas esse aqui — mais na pegada de documentário, com maiores  valores de produção e background sobre o rapaz — mostra melhor o talento do rapaz.



É basicamente o seguinte. Esse molequinho aí de míseros 20 anos fala VINTE línguas fluentemente, a maioria delas de maneira auto-didata. No vídeo, ele passeia por New York (uma das cidades mais racialmente diversas DO MUNDO, perdendo talvez só pra Toronto mesmo) conversando com inúmeros imigrantes em suas línguas nativas.


Eu acho isso absolutamente incrível. Como “apenas” bilíngue — inglês e português –, eu me senti totalmente humilhado. Especialmente porque das duas línguas que eu falo, sendo uma delas meu idioma nativo, não há lá um grande mérito em relação a aprendizado. Eu considero que aprender APRENDER mesmo — no sentido de dominar algo desafiador que foge dos seus skills naturais –, eu só aprendi uma língua. O maluco aprendeu DEZOITO línguas a mais que eu, porra!


Isso é muito foda. O insight cultural de falar tantas línguas fluentemente; de poder ir pra quase qualquer lugar no mundo e ser confundindo com um nativo, deve ser absurdo. O garoto é tão culto que soa inteligente nas entrevistas sem forçar a barra pra parecer inteligente.


Que é, aliás, uma das principais características de pessoas REALMENTE inteligentes. Minha tia, Eloneid Nobre, é uma das pessoas mais inteligentes e academicamente realizadas que eu conheço nessa vida. Quando você conversa com ela, você SENTE a inteligência dela no contexto do que ela fala, a despeito do fato de que ela não age de nenhuma forma tentando realçar aquilo.


Pessoas que ficam forçando a barra pra parecer mais cultas do que realmente são (tem uns exempos excelentes desse hábito aqui, aliás) geralmente não enganam ninguém e acabam apenas transparecendo insegurança, aliás.


Então, este moleque me inspirou a investir mais no aprendizado de uma terceira língua. Foquei no francês porque é a segunda língua oficial do Canadá. O Duolingo dá uma bela ajuda, mas resolvi ir por outro caminho agora: assistir filmes em francês.


Esta semana vou baixar todos os meus filmes favoritos, mas em francês, com legenda em inglês. Aprendi uma boa noção de inglês assim quando era criança — como muitos de vocês, imagino até –, e não custa nada então dedicar algumas horas do meu dia reassistindo clássicos em outra língua.


Não aspiro dominar 20 línguas porque com 30 anos acho que seria literalmente impossível, mas se eu atingisse o mesmo nível de fluência no francês que tenho no inglês, eu me sentiria imensamente realizado.


Vamos lá então, começarei bem:



Monsieur Anderson!


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Published on November 07, 2014 12:13

November 5, 2014

[ Hora da Justiça ] Bateu na mina gratuitamente, tomou bicudo nos incisivos!

Existe nos EUA uma “brincadeira” chamada “knockout game“, traduzido livremente como “jogo do nocaute”. A parada consiste em correr pra cima de um estranho e simplesmente meter-lhe um soco na cara, almejando justamente derrubar o indivíduo.


Então. No vídeo abaixo vemos um dos jogadores desta saudável (e de forma nenhuma criminosa) atividade. Acompanhe o VT:



Perceba que a parada consiste em dois indivíduos: o que esmurra a garota, e o que filma a parada pra posteridade. Este último, um completo incompetente em inúmeras esferas incluindo cinematografia, sequer consegue capturar o momento da porrada.


Mas ele grava o momento em que seu coleguinha errou o soco e acabou no chão, sendo atacado por sua vítima.


Até aí ok, o sujeito tentou atacar alguém, fracassou, e se vê tomando porrada do seu alvo. O que acontece em seguir é que coloca esse vídeo nos anais da Hora da Justiça.


Um bom samaritano corre ao resgate/vingança e enfia a ponta do sapato na boca do vagabundo provocando um ruído que deixa claro que o maluco carregará sequelas da parada pra sempre. A turma do deixa disso se materializa no local, conforme manda o roteiro dessas situações, e separa os brigões. O agressor inicial, que perdeu um pouco de sangue, dentes e moral nas quebradas, continua caído e certamente se arrependendo de ter inventado de bater em alguém, na covardia, assim de graça.


Escala Capitão América de Justiça: 8 de 10. Dar um chute num sujeito caído no chão não é lá muito honorável, mas de acordo com relatos que li, tratava-se do namorado da vítima. Se alguém encostasse na minha esposa desse jeito e o universo me presenteasse com a chance de dar um bicudo na cara do sujeito, eu daria um igual sem qualquer remorso.


[ UPDATE ] Pesquisei a parada e na real não foi um “knockout game”.


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Published on November 05, 2014 11:17

November 3, 2014

Sobre o hábito de se referir a animais de estimação como “filhos”

Primeiramente, feliz segunda-feira. Não entendo por que odiar a segunda feira. A segunda-feira é como um mini Ano Novo; você pode tentar tudo de novo e estabelecer novos objetivos de self-improvement. Se não deu certo na semana passada, você ao menos tem outra chance hoje.


Se você meter na cabeça a perspectiva de que só perdedores sem objetivos ou ambição reclamam de ter que trabalhar (te garanto que o Bill Gates, Sílvio Santos ou Richard Branson nunca ficaram reclamando que era segunda-feira), talvez você passe a ver as segundas-feiras de forma diferente.


Mas se você realmente precisa de algo pra animar seu humor, tome aí.


Melhorou?


Mas vamos ao post de hoje!


gato


Tu pode xingar o time do sujeito, o deus que ele segue, seu partido político e até mesmo a mãe. Já testei todos estes e descobri empiricamente que aparentemente nada ofende mais alguém do que comentários sobre animais de estimação.


Eu e a Patroa agora temos um gato, como já informei há algum tempo aqui no blog. Descobri rapidinho que a Sociedade Protetora dos Animais tem muitos representantes nas redes sociais, e que adoram dar conselhos não-requisitados sobre como cuidar dos bichos. Uma garota chegou a (furiosamente) insinuar que aparar a pontinha das unhas do gato (pra que ele pare de rasgar minhas pernas quando pula no meu colo) seria o mesmo que AMPUTAR o gato, por exemplo.


Aceitei isso como uma característica dos amantes dos animais e aprendi a aceitá-los como são, pela boa convivência internética. Só que tem UM hábito dessa galera que eu não consigo engolir.


Se referir aos animais como filhos deles.


cachorrim

“Me desculpe cachorrinho mas zoofilia é crime, portanto não posso casar com seu pai”


Olha, eu entendo o sentimento. Tive cachorros durante toda a minha infância — certamente a feature dela que mais sinto falta por não poder recuperar hoje; apartamentos alugados que permitem cachorros são raríssimos aqui — portanto entendo SIM o apego que uma família desenvolve em relação aos bichos. Um dos momentos mais tristes da minha juventude foi quando o cachorro do meu irmão, um poodle chamado Alf, foi… pera, preciso explicar porque diabos meu irmão tinha um poodle, e ainda por cima um chamado “Alf”.


Era o seguinte. Meu pai tinha um colega de trabalho com uma esposa meio dondoca; a mulher um dia deu de criar poodles. Vá entender.


Os filhos da mulher se encarregaram em dar nomes pros bichinhos, apesar do fato de que era uma péssima idéia porque ela pretendia vender os bichos e um cachorro com nome já embutido seria uma merda pro novo dono. Antes que você chilique que “aiiin mas cachorro não se compra cachorro se adota meeeeu” — esta história aconteceu no começo dos anos 90. Naquela época podia TUDO rapá, tu não tem noção. O politicamente correto ainda não havia sido inventado.


Então, os garotos decidiram dar nomes de coleguinhas de sala aos cachorros — com intuito de sacanear mesmo. E assim um dos cachorrinhos foi batizado de ALFREDO, um nome infeliz pra caramba até pra ser humano, imagina pra um cachorro.


Calhou que minha mãe comprou esse cachorrinho pro meu irmão, mas o peste já estava relativamente acostumado com a sonoridade de ALFREDO. Meu irmão, um gênio, teve a idéia de chama-lo de algo similar o bastante pra que o cachorro respondesse aos comandos, e assim aos poucos aceitaria a nova alcunha. Assim, “Alfredo” virou “Alf” — um nome bem mais justificável.


O plano deu certo e a conversão foi total; quando os filhos do amigo do meu pai iam lá em casa e chamavam o cachorro de “Alfredo” meu irmão ficava putíssimo. “Você tem noção de quanto tempo demorou pra ele esquecer esse nome escroto que vocês deram pra ele, porra?!


Pois bem. Uma das maiores tristezas foi o dia em que o Alf fugiu/foi sequestrado por algum malfeitor do bairro. A esperança de reaver o cachorrinho se diluindo à cada dia que se passava, a agonia de não saber que fim levou o bichinho, a revolta quando um colega da escola comentou, com total casualidade, que “a essa altura ele já virou sabão”. Foram dias horríveis.


Então, não me venham com esse papo de que eu sou desalmado e por isso não entendo a conexão que a família tem com um animal de estimação.


Acontece que eu acho a insinuação de ser “pai” de um animal meio… creepy. Cê tá ligado no processo biológico necessário pra gerar uma cria, né? Pra um overthinker como eu, apegado à literalidade de tudo, dizer que sou “pai” do Marshmallow implica dizer que eu conheci sua mãe biblicamente. Isso me causa arrepios de asco.


Alguém no tuíter falou que defender a literalidade do termo “pai” como progenitor da criatura em questão seria como dizer que dois gays não podem ser o “pai” de uma criança adotada. Sim, porque uma criança adotada e um ANIMAL IRRACIONAL DE ESTIMAÇÃO QUE VOCÊ PODE COMPRAR NA LOJA DA ESQUINA são seres equivalentes.


Sou o único que pensa assim? Não vejo meu gatinho como meu “filho” — se ter que cuidar da parada se equivale a paternidade, um carro e uma unha encravada são meus filhos também? –, tampouco como minha propriedade.


Eu pelo menos vejo como um companheiro. Como um amigo. Um amigo meio filho da puta às vezes, mas que amigo não é?


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Published on November 03, 2014 09:21

November 1, 2014

[ Frugalidade ] Como controlar as finanças DE VERDADE

piggy


Em todos os sites/podcasts de frugalidade, repete-se o conselho unânime da necessidade de catalogar seus gastos — o que logo de cara me fazia torcer o nariz. Eu não tenho a paciência pra sair anotando TODOS os gastos que tenho, o que por si só já deixa implícito que eu ando gastando mais do que devia, e que não estou tão comprometido com a frugalidade quanto eu deveria ser.


Entretanto, há um motivo pelo qual todos os blogs que abordam frugalidade pregam a necessidade desse hábito. O catálogo cuidadoso das despesas é o skill primordial do estilo de vida frugal. Só mesmo vendo a grana saindo que bate o ímpeto de economizar a qualquer custo.


Mas como fazer esse catálogo? Pra algumas coisas eu sou bem antiquado — tentei fazer esse controle inicialmente usando papel e caneta. Um caderninho no bolso e ir anotando todos os meus gastos. O caderninho me lembrava minhas escrituras infantis, aliás: sempre adorei escrever, e qualquer caderninho que passava pela minha mão virava um bloco de notas de idéias pros livrinhos que eu escrevia quando criança.


O problema é que eu esquecia essa porra de caderno em casa mais do que trazia comigo. E canetas são infamemente o objeto mais fácil de perder do mundo. O caderninho foi abandonado após poucos dias.


Tentei a versão digital do caderninho: o aplicativo Notes no celular. Como vivo colado com meu iPhone, seria impossível deixa-lo em casa. O problema é que a tarefa se sair anotando todas as suas despesas, e somar tudo no final pra deixar catalogado seu custo de vida diário, continua uma tarefa sacal. Imprescindível, sim, mas chato pra caralho.


Foi aí que voltei minha atenção pro Mint.com, um serviço online de controle de finanças. Ouvi falar do serviço há MUITOS anos (desde quando ele nem estava disponível no Canadá, aliás) mas como a parada requer que você logue nas suas contas bancárias dentro do site/app deles, meu espírito de total paranóia recusou a solução com a intensidade de mil sóis.


Screen Shot 2014-11-01 at 2.55.18 PM


De lá pra cá, o serviço se tornou um padrão da indústria (sendo até mesmo recomendado pela Apple na seção “Essentials” da AppStore) e é considerado bastante seguro pelos especialistas da indústria. Há alguns caveats, claro — você sempre sacrifica um pouquinho de segurança por conveniência, e ao entregar as “chaves” pra terceiros, tecnicamente as chances de dar merda aumentam um pouco.


Como tudo que o Mint permite é CATALOGAR as finanças, e que os caras levam segurança tão a sério que a sede do banco de dados não tem placa nenhuma identificando a função do prédio, pra entrar no servidor o cara tem que escanear a mão inteira igual nos filmes de espiões, e que além pra chegar na porta que dá acesso ao servidor, tem que passar por um longo corredor que pode ser trancado por fora caso eles suspeitem que você é o Tom Cruise com aquelas máscaras super realistas tentando roubar dados. Em suma, o Mint oferece um risco mínimo que aceito.


Uma vez instalado no meu celular, o Mint pede acesso às minhas contas — cartão de crédito, conta bancária, de investimentos, tudo. Ele consolida tudo de forma simples: Você tem X mas deve Y; está recebendo Z de pagamento, W de investimentos, e andou gastando A, B e C com besteiras ein! Prestenção aí fela da puta!


iPhone Mint apps

Clica pra ver grandão. A interface é antiga mas não achei um screenshot do iOS8, vai esse mesmo!


O app é incrível; mal comecei a usar e já lamento não ter adotado-o como solução financeira antes. O app é tipo um contador particular que fica monitorando o que entra e o que sai, catalogando cada despesa de acordo com categorias pré-determinadas e customizáveis (meus amigos que frequentam puteiros vão gostar de bolar nomes engraçados pras casas de meretrício dentro do app, aposto). O app vai te mostrando gráficos que mostram EXATAMENTE quanto você tá gastando com roupas, com gasolina, com comida, quanto os juros dos cartões de crédito estão te fodendo, tudo.


Tu pode até definir que quer gastar apenas X dólares por mês comendo fora, por exemplo. Se estiver chegando perto desse limite — o que certamente aconteceria sem você nem perceber –, o app manda uma notificação tipo “aê corno maldito, cê tá ligado que já comeu no McDonalds cinco vezes esse mês né? Vamo parar com essa porra aí por favor?”, que é justamente o que eu preciso pra que esses gastos frequentes com comida se tornem mais perceptíveis.


Esses limites funcionam pra todas as categorias, o que é excelente.


Infelizmente, o app não funciona pra bancos brasileiros. Me informaram que existe um serviço similar chamado GuiaBolso, mas pelo que vi amigos que manjam de segurança de informação discutindo, ele não tem a mesma credibilidade do Mint. Uma pena, realmente, porque eu acho que serviços como esse são uma mão na roda inacreditável pro sujeito que está querendo prestar mais atenção em relação o vai e vem da sua grana.


(Suspeito até, sendo um pouco teórico da conspiração, de que há bons motivos pros bancos brasileiros não facilitarem a vida de serviços como esses…)


Seja Mint, ou caderninho no bolso de trás da calça, ou GuiaBolso, uma coisa é garantida: você NÃO vai conseguir tomr controle das suas finanças sem monitoramento cuidadoso e detalhado. Não pense que você vai. Você não vai. A única solução é pôr tudo na ponta do lápis.


A propósito, certamente devem haver apps offline pra esse tipo de monitoração. São menos convenientes, claro — o grande mote do Mint é ser todo automático; só loguei minhas contas e cartões de crédito em segundos ele me deu uma análise FODA de tudo que eu gastei no mês passado, quantos juros eu paguei, etc — mas bem mais seguros.


Vocês recomendam algum?


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Published on November 01, 2014 14:36

October 28, 2014

Amigos da direita: Ela ganhou. O jeito agora é aceitar.

dilma


Eu não costumo escrever sobre política aqui, por alguns motivos bem simples.


Primeiro, eu não entendo porra nenhuma de política. Embora isso não sirva como empecilho pra muita gente que fala sobre política, pra mim serve. Não entendo nem a política canadense, que afeta DIRETAMENTE a minha vida, que dirá então a política de um país onde eu não moro desde 2003.


Em segundo lugar, política é uma parada CHATA. Sim, eu sei que você vai dizer que é tolice não se educar politicamente por ser algo “chato”. Assim como quase todas as outras coisas que precisamos estudar, política é chata, mas necessária.


E aqui vem o problema principal do meu desinteresse político. Não é porque eu teria que estudar a campanha dos candidatos, as filosofias do partido ou seus históricos de governo; é porque não importa quanto eu estude e me dedique a compreender o assunto, mais ou menos metade de todas as pessoas que me ouçam falando sobre política vão me chamar de ignorante de qualquer forma.


É inevitável. Eu podia passar dois anos lendo biografias da Dilma ou do Aécio, entrevistando seus amigos e famílias, acompanhando suas jornadas políticas, analisando as estatísticas resultantes dos governos de cada um. Imagine que eu recebesse uma bolsa de estudos (totalmente apartidária) e me falassem “aqui estão 100 mil dólares pra cobrir todas as suas despesas pelos próximos dois anos. Daqui pra lá você não vai fazer NADA da vida senão analisar os dois candidatos”.


Mesmo nesse cenário completamente impossível em que eu me tornaria literalmente um EXPERT nos dois candidatos, mesmo que eu fosse um ser de pureza apartidária angelical e analisasse ambos candidatos com completa objetividade… se no final desse período eu declarasse “com base em toda a minha pesquisa em decidi que o melhor candidato para o Brasil é ______”, aproximadamente 50% do povo me vilificaria pela decisão.


Não haveria escapatória. Se no final dessa experiência hipotética eu chegasse à conclusão de que a Dilma fará uma presidente melhor, serei chamado de comunista, estadista, economicamente cego e sustentado pelo Bolsa Família. Se em vez disso eu desse apoio ao Aécio, serei chamado de coxinha reacionário ignorante a causas sociais. Por mais que a tal experiência sem dúvida me desse um insight maior sobre política do que o seu amigo que bota o nome do candidato na própria CARA nas redes sociais (voto secreto pra quê?), se minha decisão favorecesse o outro político, ele provavelmente me demonizaria de imediato, sem concessões.


Mesmo sabendo tudo que se há de saber sobre os dois, inevitavelmente eu estarei “errado” pra metade do país. Isso pra mim é como se um médico e um completo leigo tivessem chances iguais de diagnosticar um paciente.


E aí está o problema fundamental nessas disputas que envolvem algum tipo de filosofia — algo extremamente subjetivo por natureza. É difícil então tratar do assunto de forma objetiva e ponderada, vira rivalidade de torcida de futebol. Eu digo com plena certeza que não fui o único que perdeu amigos ao se manifestar em relação a um dos candidatos (e olha que eu nem apoiei nenhum, no máximo falei coisas como “Mas o Aécio até que fez aquilo lá, né? Por outro lado a Dilma fez isso aqui também, então tem isso”).


Mas pra quem só aceita apoio incondicional das suas ideologias políticas, QUALQUER palavra positiva em relação ao oponente já te rende status de inimigo da democracia que não sabe votar; o real culpado do estado atual do Brasil.


Esse maniqueísmo é o que me desinteressa na política. Mais ainda do que a certeza inabalável de que não importa quem ganhe, de uma forma ou de outra o Brasil continuará a mesma merda (cê acha MESMO que um presidente é diretamente responsável por TODO o governo…?), é o fato de que é uma discussão extremamente polarizadora que não convence ninguém a nada e finda amizades.


Eu não tenho nada ganhar debatendo política.


A Dilma venceu. Não sei o que isso significa para o Brasil num longo prazo; espero o melhor possível. Sendo totalmente apolítico, eu espero que ela tenha o melhor governo possível. Sair postando screenshtos da Bolsa de Valores em queda/dólar disparando num espírito meio “BEM QUE EU AVISEI EIN, QUE DELÍCIA O PAÍS INDO PRO CARALHO, ASSIM POSSO PROVAR QUE EU ESTAVA CERTO, SERIA TERRÍVEL SE A DILMA FIZESSE ALGO BOM PARA O PAÍS E ASSIM MINHAS IDEOLOGIAS FOSSEM CONTRARIADAS” me faz questionar MUITO suas motivações políticas.


Qualquer pessoa que se delicia com “desgraça” nacional porque isso a faz se sentir vindicada me faz pensar o que o sujeito REALMENTE quer pro país.


A propósito, vamo parar com esse maniqueísmo imbecil de “buáááá mas vocês fizeram protestos e reelegeram a Dilma!!!!!1111“? Claramente quem protestou o governo dela não deve ter votado 13. Acontece que existem 200 milhões de pessoas no Brasil, e você certamente não viu todas elas na rua — porque quem está satisfeito/indiferente com a coisa, duh, ficou em casa mesmo. A observação que “mas vocês protestaram a Dilma e votaram nela de novo COMO É POSSÍVEL ISSO” é de uma miopia incrível; é como ver uma torcida chorando pela eliminação de seu time do campeonato e comentar “mas eu estava olhando praquele outro lado do estádio e todos estavam celebrando o mesmo jogo, não compreendo!”


Vou me repetir aqui: Não sou de esquerda. Não sou de direita. Sou ignorante sobre ambos os governos. O direita teria feito um trabalho melhor pelo nosso crescimento econômico (ou pelo menos é o que alegam meus amigos aecistas), enquanto a esquerda tem melhorado de forma geral a condição dos brasileiros mais miseráveis (ou pelo menos é o que dizem meus amigos dilmistas).


Como em toda discussão, acredito que ambos os lados estão pelo menos parcialmente certos, mas pelo menos por enquanto é a causa social, e não a econômica, que venceu.


Se esse não era o seu ideal nessas eleições, convido-o a ao menos ver o melhor lado disso (menos pessoas irão dormir com fome, talvez?), porque afinal de contas não há outra alternativa.


Se regozijar na hipotética desgraça do país porque assim todos verão que você estava certo apenas prova que você está mais preocupado com o próprio ego do que o futuro do Brasil, e se essas são suas motivações nas urnas eu o convido a ficar em casa daqui quatro anos.


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Published on October 28, 2014 10:55

October 24, 2014

[ Frugalidade ] Como vencer o inimigo de comer na rua

Pink Piggy Bank On Top Of A Pile Of One Dollar Bills


No último post dessa série, eu comentei que o meu principal obstáculo na vida frugal é comer fora. Aliás, é curioso que muitos pensem que eu sou esbanjador porque compro gadgets, mas a matemática do último post é inegável.


Conforme calculei aqui, eu gastei 3932.88 dólares canadenses comendo fora em 2013. Ao mesmo tempo, eu gastei apenas um quarto disso com gadgets no mesmo ano — apenas o iPad mini e o PS3. E esse ano foi atípico, porque geralmente eu compro apenas UM gadget por ano. Neste ano inteiro, comprei um novo celular, e só.


Definitivamente, comer fora é o hábito que eu mais preciso podar. Especialmente, comer no hospital (onde uma refeição custa aproximadamente CAD$ 10/dia).


A solução principal é preparar comida pra levar pro trabalho, mas essa saída se torna complicada por causa dos horários dos meus plantões. Frequentemente tenho plantões começando às 5:30 da manhã, o que significa que eu preciso acordar às 4 pra cozinhar alguma coisa. Pra essa alternativa se tornar viável, eu teria que ir dormir MUITO mais cedo do que eu frequentemente vou — lá pras 9 da noite. Um pouco complicado.


Então, a solução alternativa é preparar comida na noite anterior. Uma solução infinitamente melhor, que poupa bastante tempo, e bastante mais saudável, embora resulte numa refeição não tão fresquinha.


Mas é a melhor solução, all things considered. Então, eu preciso focar e me disciplinar a sempre cozinhar na noite anterior, não importa como esteja minha agenda. Em todas as ocasiões que deixei pra cozinhar na manhã seguinte, antes de sair pro trabalho, aqueles dez dólares que eu economizaria me valiam menos que continuar dormindo por outra meia hora. “Foda-se”, eu pensava, virando pro outro lado debaixo das cobertas. “Vou dormir mais um pouco, vale os 10 contos”.


O problema é quando eu levo comida pro trabalho, como, e na segunda folga (tenho duas por expediente, de 40 minutos cada), bate uma fominha de novo. Frequentemente não levei comida suficiente, e acabo passando no refeitório pra comer alguma porcaria.


Neste caso é preciso definir bem o tal “fominha”. Uma coisa que eu percebi é que nós gordos temos o (péssimo) hábito de comer quando estamos entediados. Uma boa estratégia que eu adotei pra curvar esse ímpeto de comer por simples inércia — mano, não é a toa que eu fiquei gordo — é levar uma fruta pro trabalho. Se eu estiver DE FATO com fome, aquela banana na minha mochila será a coisa mais suculenta em minha posse. Comerei sem hesitar.


Agora, se eu olho pra banana e penso “hmmm um hamburger lá no refeitório seria melhor, ein… já essa banana sem graça, blergh“, isso é um importante alerta que me informa que eu não estou de fato com fome. É comodismo, gula e tédio; aprender a identificar essa pseudo-fome pelo que ela realmente é talvez será um passo importantíssimo não apenas em economizar dinheiro, mas também em reduzir refeições desnecessárias e… qual o antônimo de saudável? Bom, são as refeições que eu como por preguiça.


Pra todo objetivo que você queira alcançar, é importante colocar em ação um plano tangível. Dizer simplesmente “ok eu quero economizar mais dinheiro” sem um framework bem definido de como alcançar isso é apenas devaneio que jamais se concretizará. No meu caso, o framework específico é “cozinhe SEMPRE na noite anterior ao plantão, e adicionalmente leve uma fruta como lanche pra usar como teste de fome”.


Vou tentar me ater a essa estratégia simples pelo próximo mês. É até simples: cozinhe na noite anterior do plantão, além de levar uma fruta ou alguma coisa similar (uma barrinha de cereal, talvez?) pra servir de lanche “backup”. Se na hora da “fome”  eu torcer o nariz pro lanchinho, então já sei que não é fome de verdade e segurarei meus dez dólares.


Estabelecer essa estratégia fará toda a diferença se eu realmente usa-lo como molde nas minhas decisões daqui em diante. Em vezes de perder tempo com qualquer outra bobagem, uma hora antes de dormir, preparar o almoço do dia seguinte será prioridade. Preciso lembrar todo dia que essa estratégia é, no momento, minha ferramenta número um pra viver um estilo mais frugal.


Então, esse é o primeiro passo. Se seu principal problema de gastar dinheiro é semelhante ao meu — comer fora por conveniência –, estabeleça uma estratégia que combata isso diretamente e tente transformar em rotina.


Lembre-se que não é um exercício vazio de auto-renúncia: você não está apenas abrindo mão de comer fora, você está se treinando a diferenciar gastos que valem a pena, dos gastos desnecessários por conveniência.


Afinal de conta esses são, na maior parte do tempo, os principais gastos que podemos cortar sem grandes consequências. Vamos pôr isso em prática.


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Published on October 24, 2014 17:01

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Izzy Nobre
Izzy Nobre isn't a Goodreads Author (yet), but they do have a blog, so here are some recent posts imported from their feed.
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