[ Frugalidade ] Como vencer o inimigo de comer na rua
No último post dessa série, eu comentei que o meu principal obstáculo na vida frugal é comer fora. Aliás, é curioso que muitos pensem que eu sou esbanjador porque compro gadgets, mas a matemática do último post é inegável.
Conforme calculei aqui, eu gastei 3932.88 dólares canadenses comendo fora em 2013. Ao mesmo tempo, eu gastei apenas um quarto disso com gadgets no mesmo ano — apenas o iPad mini e o PS3. E esse ano foi atípico, porque geralmente eu compro apenas UM gadget por ano. Neste ano inteiro, comprei um novo celular, e só.
Definitivamente, comer fora é o hábito que eu mais preciso podar. Especialmente, comer no hospital (onde uma refeição custa aproximadamente CAD$ 10/dia).
A solução principal é preparar comida pra levar pro trabalho, mas essa saída se torna complicada por causa dos horários dos meus plantões. Frequentemente tenho plantões começando às 5:30 da manhã, o que significa que eu preciso acordar às 4 pra cozinhar alguma coisa. Pra essa alternativa se tornar viável, eu teria que ir dormir MUITO mais cedo do que eu frequentemente vou — lá pras 9 da noite. Um pouco complicado.
Então, a solução alternativa é preparar comida na noite anterior. Uma solução infinitamente melhor, que poupa bastante tempo, e bastante mais saudável, embora resulte numa refeição não tão fresquinha.
Mas é a melhor solução, all things considered. Então, eu preciso focar e me disciplinar a sempre cozinhar na noite anterior, não importa como esteja minha agenda. Em todas as ocasiões que deixei pra cozinhar na manhã seguinte, antes de sair pro trabalho, aqueles dez dólares que eu economizaria me valiam menos que continuar dormindo por outra meia hora. “Foda-se”, eu pensava, virando pro outro lado debaixo das cobertas. “Vou dormir mais um pouco, vale os 10 contos”.
O problema é quando eu levo comida pro trabalho, como, e na segunda folga (tenho duas por expediente, de 40 minutos cada), bate uma fominha de novo. Frequentemente não levei comida suficiente, e acabo passando no refeitório pra comer alguma porcaria.
Neste caso é preciso definir bem o tal “fominha”. Uma coisa que eu percebi é que nós gordos temos o (péssimo) hábito de comer quando estamos entediados. Uma boa estratégia que eu adotei pra curvar esse ímpeto de comer por simples inércia — mano, não é a toa que eu fiquei gordo — é levar uma fruta pro trabalho. Se eu estiver DE FATO com fome, aquela banana na minha mochila será a coisa mais suculenta em minha posse. Comerei sem hesitar.
Agora, se eu olho pra banana e penso “hmmm um hamburger lá no refeitório seria melhor, ein… já essa banana sem graça, blergh“, isso é um importante alerta que me informa que eu não estou de fato com fome. É comodismo, gula e tédio; aprender a identificar essa pseudo-fome pelo que ela realmente é talvez será um passo importantíssimo não apenas em economizar dinheiro, mas também em reduzir refeições desnecessárias e… qual o antônimo de saudável? Bom, são as refeições que eu como por preguiça.
Pra todo objetivo que você queira alcançar, é importante colocar em ação um plano tangível. Dizer simplesmente “ok eu quero economizar mais dinheiro” sem um framework bem definido de como alcançar isso é apenas devaneio que jamais se concretizará. No meu caso, o framework específico é “cozinhe SEMPRE na noite anterior ao plantão, e adicionalmente leve uma fruta como lanche pra usar como teste de fome”.
Vou tentar me ater a essa estratégia simples pelo próximo mês. É até simples: cozinhe na noite anterior do plantão, além de levar uma fruta ou alguma coisa similar (uma barrinha de cereal, talvez?) pra servir de lanche “backup”. Se na hora da “fome” eu torcer o nariz pro lanchinho, então já sei que não é fome de verdade e segurarei meus dez dólares.
Estabelecer essa estratégia fará toda a diferença se eu realmente usa-lo como molde nas minhas decisões daqui em diante. Em vezes de perder tempo com qualquer outra bobagem, uma hora antes de dormir, preparar o almoço do dia seguinte será prioridade. Preciso lembrar todo dia que essa estratégia é, no momento, minha ferramenta número um pra viver um estilo mais frugal.
Então, esse é o primeiro passo. Se seu principal problema de gastar dinheiro é semelhante ao meu — comer fora por conveniência –, estabeleça uma estratégia que combata isso diretamente e tente transformar em rotina.
Lembre-se que não é um exercício vazio de auto-renúncia: você não está apenas abrindo mão de comer fora, você está se treinando a diferenciar gastos que valem a pena, dos gastos desnecessários por conveniência.
Afinal de conta esses são, na maior parte do tempo, os principais gastos que podemos cortar sem grandes consequências. Vamos pôr isso em prática.

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