[ Frugalidade ] Como controlar as finanças DE VERDADE
Em todos os sites/podcasts de frugalidade, repete-se o conselho unânime da necessidade de catalogar seus gastos — o que logo de cara me fazia torcer o nariz. Eu não tenho a paciência pra sair anotando TODOS os gastos que tenho, o que por si só já deixa implícito que eu ando gastando mais do que devia, e que não estou tão comprometido com a frugalidade quanto eu deveria ser.
Entretanto, há um motivo pelo qual todos os blogs que abordam frugalidade pregam a necessidade desse hábito. O catálogo cuidadoso das despesas é o skill primordial do estilo de vida frugal. Só mesmo vendo a grana saindo que bate o ímpeto de economizar a qualquer custo.
Mas como fazer esse catálogo? Pra algumas coisas eu sou bem antiquado — tentei fazer esse controle inicialmente usando papel e caneta. Um caderninho no bolso e ir anotando todos os meus gastos. O caderninho me lembrava minhas escrituras infantis, aliás: sempre adorei escrever, e qualquer caderninho que passava pela minha mão virava um bloco de notas de idéias pros livrinhos que eu escrevia quando criança.
O problema é que eu esquecia essa porra de caderno em casa mais do que trazia comigo. E canetas são infamemente o objeto mais fácil de perder do mundo. O caderninho foi abandonado após poucos dias.
Tentei a versão digital do caderninho: o aplicativo Notes no celular. Como vivo colado com meu iPhone, seria impossível deixa-lo em casa. O problema é que a tarefa se sair anotando todas as suas despesas, e somar tudo no final pra deixar catalogado seu custo de vida diário, continua uma tarefa sacal. Imprescindível, sim, mas chato pra caralho.
Foi aí que voltei minha atenção pro Mint.com, um serviço online de controle de finanças. Ouvi falar do serviço há MUITOS anos (desde quando ele nem estava disponível no Canadá, aliás) mas como a parada requer que você logue nas suas contas bancárias dentro do site/app deles, meu espírito de total paranóia recusou a solução com a intensidade de mil sóis.
De lá pra cá, o serviço se tornou um padrão da indústria (sendo até mesmo recomendado pela Apple na seção “Essentials” da AppStore) e é considerado bastante seguro pelos especialistas da indústria. Há alguns caveats, claro — você sempre sacrifica um pouquinho de segurança por conveniência, e ao entregar as “chaves” pra terceiros, tecnicamente as chances de dar merda aumentam um pouco.
Como tudo que o Mint permite é CATALOGAR as finanças, e que os caras levam segurança tão a sério que a sede do banco de dados não tem placa nenhuma identificando a função do prédio, pra entrar no servidor o cara tem que escanear a mão inteira igual nos filmes de espiões, e que além pra chegar na porta que dá acesso ao servidor, tem que passar por um longo corredor que pode ser trancado por fora caso eles suspeitem que você é o Tom Cruise com aquelas máscaras super realistas tentando roubar dados. Em suma, o Mint oferece um risco mínimo que aceito.
Uma vez instalado no meu celular, o Mint pede acesso às minhas contas — cartão de crédito, conta bancária, de investimentos, tudo. Ele consolida tudo de forma simples: Você tem X mas deve Y; está recebendo Z de pagamento, W de investimentos, e andou gastando A, B e C com besteiras ein! Prestenção aí fela da puta!

Clica pra ver grandão. A interface é antiga mas não achei um screenshot do iOS8, vai esse mesmo!
O app é incrível; mal comecei a usar e já lamento não ter adotado-o como solução financeira antes. O app é tipo um contador particular que fica monitorando o que entra e o que sai, catalogando cada despesa de acordo com categorias pré-determinadas e customizáveis (meus amigos que frequentam puteiros vão gostar de bolar nomes engraçados pras casas de meretrício dentro do app, aposto). O app vai te mostrando gráficos que mostram EXATAMENTE quanto você tá gastando com roupas, com gasolina, com comida, quanto os juros dos cartões de crédito estão te fodendo, tudo.
Tu pode até definir que quer gastar apenas X dólares por mês comendo fora, por exemplo. Se estiver chegando perto desse limite — o que certamente aconteceria sem você nem perceber –, o app manda uma notificação tipo “aê corno maldito, cê tá ligado que já comeu no McDonalds cinco vezes esse mês né? Vamo parar com essa porra aí por favor?”, que é justamente o que eu preciso pra que esses gastos frequentes com comida se tornem mais perceptíveis.
Esses limites funcionam pra todas as categorias, o que é excelente.
Infelizmente, o app não funciona pra bancos brasileiros. Me informaram que existe um serviço similar chamado GuiaBolso, mas pelo que vi amigos que manjam de segurança de informação discutindo, ele não tem a mesma credibilidade do Mint. Uma pena, realmente, porque eu acho que serviços como esse são uma mão na roda inacreditável pro sujeito que está querendo prestar mais atenção em relação o vai e vem da sua grana.
(Suspeito até, sendo um pouco teórico da conspiração, de que há bons motivos pros bancos brasileiros não facilitarem a vida de serviços como esses…)
Seja Mint, ou caderninho no bolso de trás da calça, ou GuiaBolso, uma coisa é garantida: você NÃO vai conseguir tomr controle das suas finanças sem monitoramento cuidadoso e detalhado. Não pense que você vai. Você não vai. A única solução é pôr tudo na ponta do lápis.
A propósito, certamente devem haver apps offline pra esse tipo de monitoração. São menos convenientes, claro — o grande mote do Mint é ser todo automático; só loguei minhas contas e cartões de crédito em segundos ele me deu uma análise FODA de tudo que eu gastei no mês passado, quantos juros eu paguei, etc — mas bem mais seguros.
Vocês recomendam algum?

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