C.N. Gil's Blog, page 72
June 19, 2015
Mas estranho, estranho, mas mesmo incrivelmente estranho...
...é que este blog teve hoje, até há momentos 161 visualizações de página, coisa que em si até nem é estranha...
...mas quando dessas 95 são dos Estados Unidos e apenas 66 são de Portugal, e levando em conta que este blog está escrito em Português, dá que pensar...
...mas quando dessas 95 são dos Estados Unidos e apenas 66 são de Portugal, e levando em conta que este blog está escrito em Português, dá que pensar...
Published on June 19, 2015 08:02
http://www.rtp.pt/noticias/index.php?......
http://www.rtp.pt/noticias/index.php?...
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH
AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH
HAAAAAAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!
A sério? Mesmo? Mesmo, mesmo, mesmo?
Acho que algumas das pessoas deste governo têm futuro no "Stand Up"
:D
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH
AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH
HAAAAAAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!
A sério? Mesmo? Mesmo, mesmo, mesmo?
Acho que algumas das pessoas deste governo têm futuro no "Stand Up"
:D
Published on June 19, 2015 02:25
Estranho!
Não é que tenha concordado ou deixado de concordar com a greve dos pilotos da TAP! Aliás, até tenho problemas que me sobrem para me dar ao trabalho de estar preocupado com algo que teve um impacto nulo na minha vida!
Claro que até podia ter uma opinião sobre o assunto (afinal sou Tuga e nós, os Tugas, temos sempre uma opinião acerca de tudo, mesmo que nem sequer tenhamos ideia do assunto...) mas como acho que o assunto é complexo e eu não conheço os três lados da história (a saber, a versão da TAP, a versão dos pilotos e a verdade, que deverá ser uma mescla de ambas) não me pronuncio.
Não deixo no entanto de achar estranho que num país supostamente democrático com uma suposta constituição alguém possa ter um processo disciplinar instaurado por usufruir de um direito, no caso o direito à greve.
As greves são chatas? São!
As greves dão-me cabo da vida, às vezes? Dão!
Não obstante continuam a ser um direito!
Quer isto dizer que posso não concordar com o motivo da greve, pode-me chatear que uma greve seja feita, mas defendo o direito de quem a faz a fazê-la!
Mas isto tudo porquê?
Ah!
Se eu fosse aos trabalhadores do Metro começava a repensar esta história de fazer greve uma ou duas vezes por semana, que se os outros só fizeram uma vez e estão com processos, imaginem os do Metro...
Claro que até podia ter uma opinião sobre o assunto (afinal sou Tuga e nós, os Tugas, temos sempre uma opinião acerca de tudo, mesmo que nem sequer tenhamos ideia do assunto...) mas como acho que o assunto é complexo e eu não conheço os três lados da história (a saber, a versão da TAP, a versão dos pilotos e a verdade, que deverá ser uma mescla de ambas) não me pronuncio.
Não deixo no entanto de achar estranho que num país supostamente democrático com uma suposta constituição alguém possa ter um processo disciplinar instaurado por usufruir de um direito, no caso o direito à greve.
As greves são chatas? São!
As greves dão-me cabo da vida, às vezes? Dão!
Não obstante continuam a ser um direito!
Quer isto dizer que posso não concordar com o motivo da greve, pode-me chatear que uma greve seja feita, mas defendo o direito de quem a faz a fazê-la!
Mas isto tudo porquê?
Ah!
Se eu fosse aos trabalhadores do Metro começava a repensar esta história de fazer greve uma ou duas vezes por semana, que se os outros só fizeram uma vez e estão com processos, imaginem os do Metro...
Published on June 19, 2015 00:56
June 18, 2015
Chego ao balcão e fico atónito.Enquanto espero uma das tr...
Chego ao balcão e fico atónito.
Enquanto espero uma das três empregadas confere qualquer coisa na caixa registadora e as outras falam uma com a outra.
Espero.
Demora quase uma eternidade até que elas deixam de falar e quando finalmente uma parece que me vai dar atenção a que estava na caixa volta-se para ela e diz:
-Vou ao armazém conferir umas coisas e volto já.
A que me ia dar atenção é distraída, a atenção desviada, e eu continuo ali, atónito.
Fixo o olhar numa delas, com o sobrolho meio levantado, até que, finalmente, incomodada me dá atenção.
-Boa tarde. – Diz-me.
-Boa tarde. Quero um café cheio em chávena fria.
Um tipo qualquer chega ao balcão, num lado que é perpendicular a mim e pede, sem cerimónias, uma imperial.
O meu café chega, finalmente, dou um trago e deixo o amargo envolver-me a língua, fecho os olhos e sinto o deleite por instantes.
O tipo ao meu lado dá um trago ruidoso na imperial. Pousa o copo em cima do balcão e começa.
-Quando eu cheguei a Lisboa era só um catraio, pá.
Perguntei-me se falaria para mim. Não. Nem para nenhuma das empregadas…
…e não havia aqui mais ninguém.
-Isto era tudo tão diferente… - continuou ele – Por exemplo, não estavam ali aquelas palmeiras que apareceram ali de um dia para o outro.
Continuou o seu discurso para ninguém. Tentei não lhe ligar, mas já foi impossível saborear o café da mesma maneira. Assim que acabei o café pus uma moeda de cinquenta e uma de dez cêntimos em cima do balcão branco e afastei-te.
O homem lá continuou o seu discurso, que começou a subir de tom, no meio dos golos de imperial.
Entrei sala de embarque para o barco. Fiquei de pé junto da porta. Ao pé de mim dois miúdos a quererem ser mais do que eram, a falar de gajas e a mostrarem fotos nos respectivos telemóveis das ditas.
Nisto o homem entra e continua o seu discurso.
-E se eu quiser gastar cinquenta ou cem euros? Qual é o problema? Não tenho ninguém nem satisfações a dar… - Dizia – Posso bem gastá-los.
Os putos notaram e interromperam as suas considerações.
-Heina, topa lá o cota?
-He, he! Tá completamente marado…
O homem continuava.
-A culpa é dessa corja de bandidos. Ladrões. Porque é que o vinte cinco de Abril não pode ser amanhã?
Os miúdos gozavam. Eu percebi-o.
Tão intempestivamente como entrou, o homem saiu e deixou a sala sem ter onde se focar.
A indiferença voltou.
Ninguém o percebeu…
…a não ser eu!
Enquanto espero uma das três empregadas confere qualquer coisa na caixa registadora e as outras falam uma com a outra.
Espero.
Demora quase uma eternidade até que elas deixam de falar e quando finalmente uma parece que me vai dar atenção a que estava na caixa volta-se para ela e diz:
-Vou ao armazém conferir umas coisas e volto já.
A que me ia dar atenção é distraída, a atenção desviada, e eu continuo ali, atónito.
Fixo o olhar numa delas, com o sobrolho meio levantado, até que, finalmente, incomodada me dá atenção.
-Boa tarde. – Diz-me.
-Boa tarde. Quero um café cheio em chávena fria.
Um tipo qualquer chega ao balcão, num lado que é perpendicular a mim e pede, sem cerimónias, uma imperial.
O meu café chega, finalmente, dou um trago e deixo o amargo envolver-me a língua, fecho os olhos e sinto o deleite por instantes.
O tipo ao meu lado dá um trago ruidoso na imperial. Pousa o copo em cima do balcão e começa.
-Quando eu cheguei a Lisboa era só um catraio, pá.
Perguntei-me se falaria para mim. Não. Nem para nenhuma das empregadas…
…e não havia aqui mais ninguém.
-Isto era tudo tão diferente… - continuou ele – Por exemplo, não estavam ali aquelas palmeiras que apareceram ali de um dia para o outro.
Continuou o seu discurso para ninguém. Tentei não lhe ligar, mas já foi impossível saborear o café da mesma maneira. Assim que acabei o café pus uma moeda de cinquenta e uma de dez cêntimos em cima do balcão branco e afastei-te.
O homem lá continuou o seu discurso, que começou a subir de tom, no meio dos golos de imperial.
Entrei sala de embarque para o barco. Fiquei de pé junto da porta. Ao pé de mim dois miúdos a quererem ser mais do que eram, a falar de gajas e a mostrarem fotos nos respectivos telemóveis das ditas.
Nisto o homem entra e continua o seu discurso.
-E se eu quiser gastar cinquenta ou cem euros? Qual é o problema? Não tenho ninguém nem satisfações a dar… - Dizia – Posso bem gastá-los.
Os putos notaram e interromperam as suas considerações.
-Heina, topa lá o cota?
-He, he! Tá completamente marado…
O homem continuava.
-A culpa é dessa corja de bandidos. Ladrões. Porque é que o vinte cinco de Abril não pode ser amanhã?
Os miúdos gozavam. Eu percebi-o.
Tão intempestivamente como entrou, o homem saiu e deixou a sala sem ter onde se focar.
A indiferença voltou.
Ninguém o percebeu…
…a não ser eu!
Published on June 18, 2015 07:29
...entretanto, no ultimo concerto de XXL Blues...
Published on June 18, 2015 04:22
In "Conscientização"
Published on June 18, 2015 03:05
O Sistema III
III
Hugo e Jorge haviam nascido e crescido naquele bairro. Os seus pais tinham ido para lá aquando da construção e por ali ficaram. O bairro da sua infância e juventude tinha desaparecido à muito. À medida que se foi degradando, foi-se transformando num território de lutas entre gangues rivais e um local onde a segurança tinha desaparecido, onde a toxicodependência e a prostituição reinavam e onde as pessoas viviam com medo.
Quando, há dois anos atrás, Hugo ficou desempregado, começou a querer ocupar o seu tempo livre com algo de proveitoso para a comunidade, cansado como estava de ver a degradação do sitio onde sempre vivera, e começou a tentar dinamizar aquela comunidade.
As pessoas, como reconhecimento do seu esforço, foram-lhe fazendo as penhoras das suas cartas locais, sabendo que se ele conseguisse mais peso, a sua voz seria ouvida com mais facilidade. E Hugo foi fazendo a sua voz ser ouvida, o mais que pôde.
Foi então que apareceu Jany.
Jany era, à superfície, uma pessoa ligada à construção e ao imobiliário, mas toda a gente dizia que ele não era só isso. Na verdade, Jany era o Chefe da cidade. Tudo quanto se passava de ilegal estava de alguma maneira ligado a ele, embora nunca ninguém o tivesse conseguido provar.
Num dia como outro qualquer, um mercedes enorme entrou no bairro e parou à porta de Hugo. Saiu de lá de dentro um tipo qualquer que entregou um pequeno envelope a Hugo e ficou à espera enquanto este lia. Era uma “solicitação” de Jany para que Hugo se encontrasse com ele.
Hugo pensou em dizer que não estava interessado. Sabia bem quem era Jany. Aliás, a maior parte dos problemas do bairro deviam-se às actividades dele. Mas Hugo sabia que as fundações de muitos edifícios da cidade estavam cheios de pessoas que tinham dito que não, por isso entrou para o carro.
Quando chegaram ao destino, uma mansão nos arredores, Hugo foi conduzido a um escritório que revelava uma falta de gosto extrema, em que peças, presumivelmente de alto valor, estavam praticamente encavalitadas umas nas outras num arranjo estético que causava estranheza e desconforto.
-Boa tarde Sr. Hugo – recebeu-o Jany, com um ar simpático, amável mesmo, num contraste notável com aquilo que Hugo sabia dele.
-Boa tarde – Respondeu timidamente.
-Sente-se, por favor. Posso oferecer-lhe algo para beber?
-Apenas se for beber algo também.
-Mas claro. O que vai desejar?
-Aquilo que for tomar também. Faço-lhe companhia.
Jany serviu dois copos de Vodka, pura, entregou um a Hugo e deu a volta a seguir, sentando-se à secretária, sendo o gesto imitado por Hugo.
-Deve estar a perguntar-se porque é que eu quero falar consigo…
-Sim, estou curioso.
-Pois bem. Já ouvi dizer que é um homem directo, um homem de palavra. Já não há muitos assim, como nós…
“Como nós?” pensou Hugo.
-…e por isso vou directo ao assunto. Quase todo o bairro dos Alamos lhe penhorou os votos, não é verdade?
-Sim, quase todo.
-Seja lá o que for que está a fazer, deve estar a fazê-lo bem…
-Vou tentando, mas há demasiada burocracia…
-Pois. Eu sei. Tenho o mesmo problema com os meus empreendimentos. Dai eu ter pensado que, se juntássemos os nossos esforços talvez conseguíssemos alguma coisa…
-Juntar os nossos esforços?
-Sim, Sr. Hugo. Preto no branco, quero as suas cartas.
Hugo olhou-o, procurando uma resposta para lhe dar. Era óbvio que lhe queria dizer um “não” bem redondo, mas essa era capaz de não ser a melhor opção para a sua saúde.
-Compreendo a sua hesitação, Sr. Hugo. Acredite que compreendo mesmo. Sei tão bem como o senhor as calunias que circulam por aí a meu respeito.
-Calunias?
-Vá lá, Sr. Hugo, não precisa de estar com pezinhos de lã. Mas posso dizer-lhe que são só mesmo isso, calunias, mentiras sem qualquer fundamento. Sou só um emigrante de origens humildes que tenta cuidar da sua família…
-Tenta com muita eficácia…
-Tenho uma família grande… - disse com um sorriso cínico.
-Nota-se…
-De qualquer forma, acredito que se me ceder as suas cartas, poderei ficar em posição de resolver alguns problemas meus, bem como muitos dos seus.
-Mas compreenderá que, se eu lhe ceder as cartas, vou perder a confiança de quem as penhorou em mim. Não creio que os meus vizinhos tenham alguma confiança em si.
-Claro, não me conhecem…
“mas sentem na pele o resultado dos ”negócios” que fazes” pensou Hugo.
-…daí eu querer falar consigo pessoalmente. Se o Hugo falar com eles, por certo que reconsiderarão. Além disso, não serão para mim, as cartas. Tenho uma vida muito preenchida e ocupada, não teria tempo para cargos públicos. Serão, como é óbvio, para alguém da minha inteira confiança.
-Pois, compreendo. Mas, sinceramente, não sei até que ponto posso ajudá-lo.
Jany ficou sério, com um frio glacial nos olhos, que causou um arrepio a Hugo. Depois o sorriso voltou, não quente e convidativo, mas cínico e ameaçador.
-Sr. Hugo, acredite-me, eu sei como me pode ajudar. Além disso, aparte resolvermos problemas que ambos temos, há sempre a hipótese de o Hugo ganhar algo para si…
-Acredite, Sr. Jany, não quero nada para mim. Posso não ter muito, mas o que vou tendo chega-me…
-Ora, ora, caramba, não estava a falar de dinheiro. Sei que não tem muito, mas também sei que consideraria um insulto da minha parte. É um homem de palavra, como já disse, um homem de honra. Faço questão de saber sempre muito bem com quem falo.
-Se sabe que assim é…
-Claro que sei. Mas também sei de outra coisa: cada homem tem um preço. A única coisa que precisava de saber era qual é o seu. – pegou no auscultador do telefone e disse – Agora.
E eis que ela entrou na sala, fazendo o coração de Hugo saltar uma batida e trazendo-lhe à memória as noites e noites que tinha passado acordado a sonhar com um mero beijo daquela mulher.
A visão de Júlia, ali, naquele momento, era, simplesmente, arrebatadora…
Hugo e Jorge haviam nascido e crescido naquele bairro. Os seus pais tinham ido para lá aquando da construção e por ali ficaram. O bairro da sua infância e juventude tinha desaparecido à muito. À medida que se foi degradando, foi-se transformando num território de lutas entre gangues rivais e um local onde a segurança tinha desaparecido, onde a toxicodependência e a prostituição reinavam e onde as pessoas viviam com medo.
Quando, há dois anos atrás, Hugo ficou desempregado, começou a querer ocupar o seu tempo livre com algo de proveitoso para a comunidade, cansado como estava de ver a degradação do sitio onde sempre vivera, e começou a tentar dinamizar aquela comunidade.
As pessoas, como reconhecimento do seu esforço, foram-lhe fazendo as penhoras das suas cartas locais, sabendo que se ele conseguisse mais peso, a sua voz seria ouvida com mais facilidade. E Hugo foi fazendo a sua voz ser ouvida, o mais que pôde.
Foi então que apareceu Jany.
Jany era, à superfície, uma pessoa ligada à construção e ao imobiliário, mas toda a gente dizia que ele não era só isso. Na verdade, Jany era o Chefe da cidade. Tudo quanto se passava de ilegal estava de alguma maneira ligado a ele, embora nunca ninguém o tivesse conseguido provar.
Num dia como outro qualquer, um mercedes enorme entrou no bairro e parou à porta de Hugo. Saiu de lá de dentro um tipo qualquer que entregou um pequeno envelope a Hugo e ficou à espera enquanto este lia. Era uma “solicitação” de Jany para que Hugo se encontrasse com ele.
Hugo pensou em dizer que não estava interessado. Sabia bem quem era Jany. Aliás, a maior parte dos problemas do bairro deviam-se às actividades dele. Mas Hugo sabia que as fundações de muitos edifícios da cidade estavam cheios de pessoas que tinham dito que não, por isso entrou para o carro.
Quando chegaram ao destino, uma mansão nos arredores, Hugo foi conduzido a um escritório que revelava uma falta de gosto extrema, em que peças, presumivelmente de alto valor, estavam praticamente encavalitadas umas nas outras num arranjo estético que causava estranheza e desconforto.
-Boa tarde Sr. Hugo – recebeu-o Jany, com um ar simpático, amável mesmo, num contraste notável com aquilo que Hugo sabia dele.
-Boa tarde – Respondeu timidamente.
-Sente-se, por favor. Posso oferecer-lhe algo para beber?
-Apenas se for beber algo também.
-Mas claro. O que vai desejar?
-Aquilo que for tomar também. Faço-lhe companhia.
Jany serviu dois copos de Vodka, pura, entregou um a Hugo e deu a volta a seguir, sentando-se à secretária, sendo o gesto imitado por Hugo.
-Deve estar a perguntar-se porque é que eu quero falar consigo…
-Sim, estou curioso.
-Pois bem. Já ouvi dizer que é um homem directo, um homem de palavra. Já não há muitos assim, como nós…
“Como nós?” pensou Hugo.
-…e por isso vou directo ao assunto. Quase todo o bairro dos Alamos lhe penhorou os votos, não é verdade?
-Sim, quase todo.
-Seja lá o que for que está a fazer, deve estar a fazê-lo bem…
-Vou tentando, mas há demasiada burocracia…
-Pois. Eu sei. Tenho o mesmo problema com os meus empreendimentos. Dai eu ter pensado que, se juntássemos os nossos esforços talvez conseguíssemos alguma coisa…
-Juntar os nossos esforços?
-Sim, Sr. Hugo. Preto no branco, quero as suas cartas.
Hugo olhou-o, procurando uma resposta para lhe dar. Era óbvio que lhe queria dizer um “não” bem redondo, mas essa era capaz de não ser a melhor opção para a sua saúde.
-Compreendo a sua hesitação, Sr. Hugo. Acredite que compreendo mesmo. Sei tão bem como o senhor as calunias que circulam por aí a meu respeito.
-Calunias?
-Vá lá, Sr. Hugo, não precisa de estar com pezinhos de lã. Mas posso dizer-lhe que são só mesmo isso, calunias, mentiras sem qualquer fundamento. Sou só um emigrante de origens humildes que tenta cuidar da sua família…
-Tenta com muita eficácia…
-Tenho uma família grande… - disse com um sorriso cínico.
-Nota-se…
-De qualquer forma, acredito que se me ceder as suas cartas, poderei ficar em posição de resolver alguns problemas meus, bem como muitos dos seus.
-Mas compreenderá que, se eu lhe ceder as cartas, vou perder a confiança de quem as penhorou em mim. Não creio que os meus vizinhos tenham alguma confiança em si.
-Claro, não me conhecem…
“mas sentem na pele o resultado dos ”negócios” que fazes” pensou Hugo.
-…daí eu querer falar consigo pessoalmente. Se o Hugo falar com eles, por certo que reconsiderarão. Além disso, não serão para mim, as cartas. Tenho uma vida muito preenchida e ocupada, não teria tempo para cargos públicos. Serão, como é óbvio, para alguém da minha inteira confiança.
-Pois, compreendo. Mas, sinceramente, não sei até que ponto posso ajudá-lo.
Jany ficou sério, com um frio glacial nos olhos, que causou um arrepio a Hugo. Depois o sorriso voltou, não quente e convidativo, mas cínico e ameaçador.
-Sr. Hugo, acredite-me, eu sei como me pode ajudar. Além disso, aparte resolvermos problemas que ambos temos, há sempre a hipótese de o Hugo ganhar algo para si…
-Acredite, Sr. Jany, não quero nada para mim. Posso não ter muito, mas o que vou tendo chega-me…
-Ora, ora, caramba, não estava a falar de dinheiro. Sei que não tem muito, mas também sei que consideraria um insulto da minha parte. É um homem de palavra, como já disse, um homem de honra. Faço questão de saber sempre muito bem com quem falo.
-Se sabe que assim é…
-Claro que sei. Mas também sei de outra coisa: cada homem tem um preço. A única coisa que precisava de saber era qual é o seu. – pegou no auscultador do telefone e disse – Agora.
E eis que ela entrou na sala, fazendo o coração de Hugo saltar uma batida e trazendo-lhe à memória as noites e noites que tinha passado acordado a sonhar com um mero beijo daquela mulher.
A visão de Júlia, ali, naquele momento, era, simplesmente, arrebatadora…
Published on June 18, 2015 01:26
June 17, 2015
Há muitos, muitos, muitos, mas mesmo muitos anos atrás, m...
Há muitos, muitos, muitos, mas mesmo muitos anos atrás, mais concretamente em meados da década de oitenta do seculo passado houve uma onda de solidariedades que varreu o mundo musical.
Começou em Inglaterra com um projecto chamado “Band Aid”, algo que se pode traduzir como “penso-rápido” e esta música:
Depois espalhou-se para os Estados Unidos com o projecto USA for Africa e esta sobejamente conhecida música:
E depois foi a vez da malta do Hard’n’Heavy fazer um projecto chamado Hear ‘n Aid e lançar um hino metaleiro:
Entretanto já houve remakes do primeiro e segundo projectos, com novas gerações de artistas.
Todos estes projectos foram altamente meritórios e tiveram as virtudes de não apenas recolher dinheiro com a venda de discos para ajudar populações em risco, mas também de chamar a atenção para os problemas graves de pessoas que não tinham nada, e quando se fala de nada, é mesmo nada! Nem sequer comida ou água em muitos casos.
Passados trinta anos a situação não melhorou grande coisa!
Mas falo disto não pelos méritos ou desméritos destas acções (se bem que não veja aqui desméritos) mas porque já na altura eu dizia que estes projectos eram uma espécie de lenitivo para as pessoas que compravam os discos. E o que quero eu dizer com isto?
Bem, para muita gente comprar estes discos foi uma espécie de descargo de consciência. “O quê, há crianças a morrer de fome em Africa? É pá, eu já comprei o disco para os ajudar e estou a ouvi-lo enquanto como o meu New York Strip Steak!”. Alguns nem nunca gostaram das músicas, mas ainda assim tinham o disco e, se surgia em conversa, apregoavam aos sete ventos como tiveram de correr umas quantas lojas de discos para o conseguir porque estava esgotado em todo o lado!
E agora vou directo ao assunto, após esta nota introdutória.
A verdade é que as eleições em Portugal são um bocado como estes discos. Todos olham para a situação do país e dizem cobras e lagartos. Todos olham para os políticos e vêem claramente que a Assembleia da Republica é uma espécie de casa de alterne onde há os que apenas trabalham lá e os outros que estão à venda pela melhor oferta! Todos criticam o estado do país, o roubo que nos é feito nos ordenados, o facto de se sustentar empresas privadas, os bancos sobretudo, com dinheiro retirado do bolso dos contribuintes. Todos dizem tudo acerca das parcerias publico-privadas…
…mas depois, chegam as eleições, e há os que nem se dão ao trabalho de ir votar (e que para mim perdem todo o direito a refilar – estes são os que fazem lembrar a anedota do pastor alentejano que passava a vida a queixar-se a Deus que não lhe saia o euromilhões e um dia, estava ele nas lamentações, o céu fecha-se, escurece e das nuvens vem uma voz que diz “Ao menos joga, porra!”), os que em consciência não conseguem votar em ninguém mas vão votar, que são meia dúzia, e os restantes, os que elegem a assembleia e o governo, mas que quando as coisas correm mal (e as coisas por cá correm sempre mal) se escudam no “Mas eu não votei neles!”, sendo certo que, de certeza, alguém votou.
Para estes últimos ir votar é uma espécie de “We are the world” da política. É um descargo de consciência e não uma escolha reflectida e profunda. É como ser do Benfica ou do Sporting. Não há nenhum motivo racional para isso; É-se porque sim! Não se vota no PCP, ou no PS, Ou no BE, ou no PP, ou no PSD por se achar que as ideias que apresentam (já agora, alguém sabe quais são, concretamente, por detrás de discursos políticos ultra-floreados?) são as melhores, vota-se porque se é “do clube”!
O problema é que, tal como nestas músicas, cada vez que se comprava o single os direitos de autor iam para ajuda humanitária…
…mas as companhias discográficas, as fabricas, as distribuidoras e as lojas de discos foi quem ficou mesmo com a fatia de leão.
Na política quem fica com a fatia de leão são os grandes grupos financeiros!
Portanto, este ano, que estamos em ano de eleições, ide. Ide pôr uma cruzinha naqueles que nos roubaram, ide pôr a cruzinha nos outros que prepararam o caminho para sermos roubados cegamente, ide pôr uma cruzinha nos que não apresentam opções realistas (e eles próprios sabem disso e têm pavor a que um dia tenham votações suficientes para integrarem um governo e terem de engolir tudo o que disseram, porque os Portugueses não são os Gregos).
Vão ganhar os do costume, vai continuar tudo em família e vamos continuar a ser roubados!
Mas, temos o que merecemos! Refilar para quê?
Começou em Inglaterra com um projecto chamado “Band Aid”, algo que se pode traduzir como “penso-rápido” e esta música:
Depois espalhou-se para os Estados Unidos com o projecto USA for Africa e esta sobejamente conhecida música:
E depois foi a vez da malta do Hard’n’Heavy fazer um projecto chamado Hear ‘n Aid e lançar um hino metaleiro:
Entretanto já houve remakes do primeiro e segundo projectos, com novas gerações de artistas.
Todos estes projectos foram altamente meritórios e tiveram as virtudes de não apenas recolher dinheiro com a venda de discos para ajudar populações em risco, mas também de chamar a atenção para os problemas graves de pessoas que não tinham nada, e quando se fala de nada, é mesmo nada! Nem sequer comida ou água em muitos casos.
Passados trinta anos a situação não melhorou grande coisa!
Mas falo disto não pelos méritos ou desméritos destas acções (se bem que não veja aqui desméritos) mas porque já na altura eu dizia que estes projectos eram uma espécie de lenitivo para as pessoas que compravam os discos. E o que quero eu dizer com isto?
Bem, para muita gente comprar estes discos foi uma espécie de descargo de consciência. “O quê, há crianças a morrer de fome em Africa? É pá, eu já comprei o disco para os ajudar e estou a ouvi-lo enquanto como o meu New York Strip Steak!”. Alguns nem nunca gostaram das músicas, mas ainda assim tinham o disco e, se surgia em conversa, apregoavam aos sete ventos como tiveram de correr umas quantas lojas de discos para o conseguir porque estava esgotado em todo o lado!
E agora vou directo ao assunto, após esta nota introdutória.
A verdade é que as eleições em Portugal são um bocado como estes discos. Todos olham para a situação do país e dizem cobras e lagartos. Todos olham para os políticos e vêem claramente que a Assembleia da Republica é uma espécie de casa de alterne onde há os que apenas trabalham lá e os outros que estão à venda pela melhor oferta! Todos criticam o estado do país, o roubo que nos é feito nos ordenados, o facto de se sustentar empresas privadas, os bancos sobretudo, com dinheiro retirado do bolso dos contribuintes. Todos dizem tudo acerca das parcerias publico-privadas…
…mas depois, chegam as eleições, e há os que nem se dão ao trabalho de ir votar (e que para mim perdem todo o direito a refilar – estes são os que fazem lembrar a anedota do pastor alentejano que passava a vida a queixar-se a Deus que não lhe saia o euromilhões e um dia, estava ele nas lamentações, o céu fecha-se, escurece e das nuvens vem uma voz que diz “Ao menos joga, porra!”), os que em consciência não conseguem votar em ninguém mas vão votar, que são meia dúzia, e os restantes, os que elegem a assembleia e o governo, mas que quando as coisas correm mal (e as coisas por cá correm sempre mal) se escudam no “Mas eu não votei neles!”, sendo certo que, de certeza, alguém votou.
Para estes últimos ir votar é uma espécie de “We are the world” da política. É um descargo de consciência e não uma escolha reflectida e profunda. É como ser do Benfica ou do Sporting. Não há nenhum motivo racional para isso; É-se porque sim! Não se vota no PCP, ou no PS, Ou no BE, ou no PP, ou no PSD por se achar que as ideias que apresentam (já agora, alguém sabe quais são, concretamente, por detrás de discursos políticos ultra-floreados?) são as melhores, vota-se porque se é “do clube”!
O problema é que, tal como nestas músicas, cada vez que se comprava o single os direitos de autor iam para ajuda humanitária…
…mas as companhias discográficas, as fabricas, as distribuidoras e as lojas de discos foi quem ficou mesmo com a fatia de leão.
Na política quem fica com a fatia de leão são os grandes grupos financeiros!
Portanto, este ano, que estamos em ano de eleições, ide. Ide pôr uma cruzinha naqueles que nos roubaram, ide pôr a cruzinha nos outros que prepararam o caminho para sermos roubados cegamente, ide pôr uma cruzinha nos que não apresentam opções realistas (e eles próprios sabem disso e têm pavor a que um dia tenham votações suficientes para integrarem um governo e terem de engolir tudo o que disseram, porque os Portugueses não são os Gregos).
Vão ganhar os do costume, vai continuar tudo em família e vamos continuar a ser roubados!
Mas, temos o que merecemos! Refilar para quê?
Published on June 17, 2015 04:08
Sim, sou um imbecil!
Published on June 17, 2015 00:52
June 16, 2015
O Sistema II
II
Na reunião tinha dito o possível.
“Depois de longa ponderação…”, “Pesando os prós e os contras…”, “Creio que vai de encontro às nossas aspirações…”. As pessoas olharam para ele, de forma séria, não de todo agradada, mas ainda assim confiaram nele e no seu julgamento e não retiraram as penhoras que tinham feito nele.
Tinha-se sentido um traste, uma farsa.
Agora estava sentado na cadeira do seu escritório, em casa, apenas com o seu irmão à frente enquanto beberricavam um whisky reles.
-Podes ter enganado toda aquela gente, mas…
-Mas…? – Sentia-se desconfortável. O seu irmão sabia lê-lo de uma maneira quase telepática. Chegava a ter medo dos seus pensamentos quando estava ao pé dele.
-…mas estas mesmo convencido de que fizeste o melhor?
Encarou o seu irmão, que o olhava de forma séria e penetrante. Bebeu o whisky que ainda tinha no copo de um único trago.
-Não sei. Provavelmente não…
-Entregares as penhoras a esse… Porquê?
-Pareceu-me a melhor maneira de resolver os nossos problemas. Há anos que reclamamos e ninguém nos dá saída. Ele garantiu que se conseguisse as penhoras necessárias daria atenção aos nossos problemas. Não gostavas de ver o bairro com outro aspecto? De voltar a ter policiamento? De poderes sair à rua descansado? Estou farto… Estamos todos fartos de viver com medo.
-Pois, mas segundo muitos dizem, quem lucra com os assaltos é ele. Caramba. Quase toda a gente sabe que esse gajo tem o nariz metido em tudo o que mexe com dinheiro.
-Nunca ninguém provou isso…
-Estás a querer mandar-me areia para os olhos Hugo? A mim?
Ficou em silêncio. Se calhar até já tinha falado demais.
-Há mais algum motivo?
-Não, pá, não há. Ele foi o único que ofereceu uma esperança…
-Ele quer alguma coisa.
-Não queremos todos?
-E o que é que tu queres? O que é que ganhaste com isto?
-Fiz o que achei melhor para a comunidade…
O irmão olhou-o daquela maneira que sempre o tinha feito sentir desconfortável. Encolheu-se na cadeira.
-Olha para mim. – olhou – Diz-me, por favor, diz-me que isto não teve nada a ver com a Júlia.
Não foi capaz de dizer nada. Não foi capaz de mentir.
-Eu sabia. Essa tua paixão assolapada por essa gaja só te fez mal a vida inteira. O que é que ele te prometeu? Uma noite com ela? Vendeste-te por tão pouco?
Manteve o silêncio. Não porque quisesse esconder os factos, mas porque não queria admitir perante si próprio a desilusão que tinha tido. Tinha vivido iludido por tantos anos que se queria ainda agarrar a essa ilusão, embora esta se escapasse cada vez mais rapidamente, como se não passasse de fumo que se desvanecia lentamente no ar. Trocara tudo e empenhara a confiança que tantos tinham depositado nele a troco de um punhado de nada.
-Jorge, talvez ainda daqui saia algo de bom…
-Hugo, marca aquilo que te digo. Tudo o que começa mal, acaba pior. – e com isto bebeu o resto que tinha no copo que pousou na secretária com um estrondo, como que a querer mostrar o seu profundo desagrado com a atitude do irmão, levantou-se, foi direito à porta, abriu-a para sair, voltou-se e disse – Tu podes ser o gajo mais inteligente que eu conheço, mas quando algo mete essa gaja pelo meio, és estupido como o caralho. – e bateu fortemente com a porta, deixando-o só.
“Já não…” pensou para si com a tristeza de quem abre mão de um sonho…
Na reunião tinha dito o possível.
“Depois de longa ponderação…”, “Pesando os prós e os contras…”, “Creio que vai de encontro às nossas aspirações…”. As pessoas olharam para ele, de forma séria, não de todo agradada, mas ainda assim confiaram nele e no seu julgamento e não retiraram as penhoras que tinham feito nele.
Tinha-se sentido um traste, uma farsa.
Agora estava sentado na cadeira do seu escritório, em casa, apenas com o seu irmão à frente enquanto beberricavam um whisky reles.
-Podes ter enganado toda aquela gente, mas…
-Mas…? – Sentia-se desconfortável. O seu irmão sabia lê-lo de uma maneira quase telepática. Chegava a ter medo dos seus pensamentos quando estava ao pé dele.
-…mas estas mesmo convencido de que fizeste o melhor?
Encarou o seu irmão, que o olhava de forma séria e penetrante. Bebeu o whisky que ainda tinha no copo de um único trago.
-Não sei. Provavelmente não…
-Entregares as penhoras a esse… Porquê?
-Pareceu-me a melhor maneira de resolver os nossos problemas. Há anos que reclamamos e ninguém nos dá saída. Ele garantiu que se conseguisse as penhoras necessárias daria atenção aos nossos problemas. Não gostavas de ver o bairro com outro aspecto? De voltar a ter policiamento? De poderes sair à rua descansado? Estou farto… Estamos todos fartos de viver com medo.
-Pois, mas segundo muitos dizem, quem lucra com os assaltos é ele. Caramba. Quase toda a gente sabe que esse gajo tem o nariz metido em tudo o que mexe com dinheiro.
-Nunca ninguém provou isso…
-Estás a querer mandar-me areia para os olhos Hugo? A mim?
Ficou em silêncio. Se calhar até já tinha falado demais.
-Há mais algum motivo?
-Não, pá, não há. Ele foi o único que ofereceu uma esperança…
-Ele quer alguma coisa.
-Não queremos todos?
-E o que é que tu queres? O que é que ganhaste com isto?
-Fiz o que achei melhor para a comunidade…
O irmão olhou-o daquela maneira que sempre o tinha feito sentir desconfortável. Encolheu-se na cadeira.
-Olha para mim. – olhou – Diz-me, por favor, diz-me que isto não teve nada a ver com a Júlia.
Não foi capaz de dizer nada. Não foi capaz de mentir.
-Eu sabia. Essa tua paixão assolapada por essa gaja só te fez mal a vida inteira. O que é que ele te prometeu? Uma noite com ela? Vendeste-te por tão pouco?
Manteve o silêncio. Não porque quisesse esconder os factos, mas porque não queria admitir perante si próprio a desilusão que tinha tido. Tinha vivido iludido por tantos anos que se queria ainda agarrar a essa ilusão, embora esta se escapasse cada vez mais rapidamente, como se não passasse de fumo que se desvanecia lentamente no ar. Trocara tudo e empenhara a confiança que tantos tinham depositado nele a troco de um punhado de nada.
-Jorge, talvez ainda daqui saia algo de bom…
-Hugo, marca aquilo que te digo. Tudo o que começa mal, acaba pior. – e com isto bebeu o resto que tinha no copo que pousou na secretária com um estrondo, como que a querer mostrar o seu profundo desagrado com a atitude do irmão, levantou-se, foi direito à porta, abriu-a para sair, voltou-se e disse – Tu podes ser o gajo mais inteligente que eu conheço, mas quando algo mete essa gaja pelo meio, és estupido como o caralho. – e bateu fortemente com a porta, deixando-o só.
“Já não…” pensou para si com a tristeza de quem abre mão de um sonho…
Published on June 16, 2015 04:15