Izzy Nobre's Blog, page 38
May 21, 2014
[ Dossiê HBD ] Dan Bilzerian, o homem que eu nunca serei
Antes de mais nada: vocês me REENERGIZARAM a escrever após o apoio em massa que recebi ontem. MUITO obrigado a todos por ter tirado um momentinho do seu dia pra me ajudar naquele dilema, e pretendo tirar um dia pra responder TODOS os comentários. Mas vamos ao assunto de hoje!
Este cidadão barbudo chama-se Dan Bilzerian. O físico imponente não é por nada — o sujeito treinou pra se tornar um Navy SEAL, e foi chutado da parada. Que tipo de maluquice ele fez pra ser expulso do programa de treinamento não é um dado conhecido pela internet; entretanto, as estripulias do sujeito (bem documentadas em seu Instagram) te darão uma idéia.
Pra ganhar a vida, o cara joga poker. Ele já começou, rico, claro — seu pai é um desses figurões do mundo capitalista a la O Lobo de Wall Street. O poker deixou o cara ainda mais rico, a ponto de poder se dar ao luxo de disputar corridas valendo aposta de quase US$ 400.000 com outros amigos ricos.
E quando ele inevitavelmente ganhou (eu duvido que um sujeito dessa envergadura social e financeira tenha a capacidade de perder alguma coisa), foi assim que ele celebrou ao sair do carro:

Repare o tapinha no final
Eu mencionei envergadura social, né? Então, se você já passou lá no instagram dele, você verá fotos como estas:
Um programa comum do sr Bilzerian é beber e jogar poker com seus amigos em sua mansão, sendo servido birita por modelos que você conhece apenas em formato .jpg.
Quando Dan tirou essa foto, você estava jogando League of Legends de cueca no seu computador com a tampa lateral removida.
Quando estou entediado, jogo um pouco de GTA5 ou leio quadrinhos do Homem Aranha e do Batman (frequentemente colocando uma do lado da outra pra fingir que eles estão interagindo no mesmo universo). Dan Bilzerian, na mesma situação, pega quatro gostosas e leva-as pra um passeio em seu iate.
Lembra naquele feriadão que você foi pra Praia Grande de ônibus, sentado do lado de gente que desconhece a invenção do desodorante, não comeu ninguém e ainda foi assaltado?
Neste mesmo feriado o Dan dirigiu seu 300c (é um Bentley na verdade, ou seja, ainda mais boss) até o aeroporto onde pegou um jatinho pra ir fazer snowboard nas montanhas.
Enquanto você passa dias procurando as melhores fotos (tiradas sob as melhores condições de temperatura, pressão, atrito, iluminação e ângulo) e atirando pra todo lado no Tinder na esperança de talvez descolar uma saída no fim de semana com uma garota que vai te achar feio logo de cara e inventar uma desculpa pra ir pra casa mais cedo, o Dan pega seu telefone, seleciona as últimas sete meninas que o mandaram mensagens naquele dia em particular, e as leva pro seu já mencionado iate.
Acho que é desnecessário mencionar aqui que o músculo que este sujeito mais exercita é a piroca.
Eu descobri um arranhão na tela do meu celular (que já tem 2 anos de idade) e passei a tarde inteira lamentando minha sorte e minha pobritude, que me obrigará a continuar usando essa porra até o próximo iPhone ser lançado sabe-se lá quando.
Dan Bilzerian arregaçou uma Ferrari e achou isso engraçado. Seu único comentário sobre a parada é que a garota que estava com ele no momento do acidente não curtiu a coisa.
O Dan Bilzerian malha de uma forma completamente diferente da nossa. A nossa é uma rotina semi-ocasional de ir na academia um dia sim, dois meses não, onde levantamos os pesinhos mais leves por 14 minutos e passamos 5 dias nos recuperando da surra. E na volta de ônibus pra casa você é assaltado de novo.
Já o Dan, bem. Olha a foto mano. Para que essa foto existisse, ou seja, só no dia em que ela foi tirada, o Dan já comeu mais mulher do que você talvez comeu na VIDA.
Olhe a última foto que você postou no Facebook. Olhe as últimas 10 fotos. Olhe todas as fotos do seu Facebook, e foda-se se o seu chefe não gostar da forma como você está gastando o expediente. Pode dizer pra ele que eu mandei.
Agora olha essa foto do Dan Bilzerian. Nela, ele comenta casualmente que está levando as 4 garotas pra um rolé no México.
Eu poderia falar mais aqui, mas acho que já provei meu ponto. O sujeito é MILIONÁRIO, bonito, forte, comedor, coleciona carros, armas, conquistas sexuais, e viaja pelo mundo com a mesma casualidade que você vai à geladeira ver se tem algo pra comer. Tudo bem que ele vai morrer cedo pra caralho (pelo menos é o meu diagnóstico de um cara que teve DOIS ataques cardíacos aos 30), e que dinheiro não compra coisas essenciais à condição humana, como caráter, amor, um bom relacionamento com a família e etc, mas mano. Dê uma bela olhada ao seu redor neste EXATO momento, reveja as fotos que eu postei aqui, e me diga na minha cara que você não trocaria seu testículo esquerdo pra viver um mês como este indivíduo.
Sabe o tipo de vida que a gente imagina que teria se fosse podremente rico? O Dan Bilzerian vive essa vida.
Ao contrário de ficar de butthurt com a óbvia ostentação que o cara toca em seu instagram, eu fico é motivado a estudar mais ainda e malhar.
Aí eu lembro que ninguém fica rico estudando e que eu muito provavelmente morrerei gordo mesmo.
Que merda de vida.
Ah, e eu postei aqui as fotos mais “família” que o maluco divulga. Sério, passe no Instagram dele. Se você é um homem heterossexual, é matematicamente impossível não ter inveja do cara.

May 20, 2014
[ Pergunta do Dia ] Você ainda lê o HBD?
Sei que perguntar isso NO PRÓPRIO HBD é meio contra-senso, mas acompanhe o raciocínio aqui. E mais importante que isso, participe da conversa — essa parte será essencial.
Antes de mais nada, um pequeno histórico sobre o HBD para os recém chegados.

Um screenshot do meu site, como ele aparentava em 2003
Eu comecei este blog em 2002, no finado Weblogger. Na época, eu estava habitando aquele limbo de “terminei o terceiro ano mas o resultado do vestibular não saiu ainda”. Ou seja: eu não tinha NADA pra fazer em casa, nenhuma obrigação estudantil ou trabalhística, e a internet ainda não era tão interessante (embora o fato de que eu já passava todo o meu tempo livre nela pareca contradizer isso).
Eu descobri os blogs nessa época. Eram blogs de raíz — garotos compartilhando suas vidas. E os mais engraçados, mais inteligentes, que tinham mais insight sobre as coisas, eram os famosinhos da época. As proporções eram bem diferentes: ter mil acessos por dia era INACREDITÁVEL nessa época. A turma mais notável daquele período tinha lá seus 2 mil acessos por dia em seus blogs.
Eu sempre gostei de escrever, então abri o meu próprio. Os textos eram bem medíocres, mas fui aos poucos ganhando atenção da comunidade. Um ou outro texto se tornaram populares, e atraiam muitos novos leitores (aposto que você mesmo chegou aqui por causa de algum texto meu compartilhado no seu Facebook).
Em 2008 conheci os vlogs, e igualmente entrei nessa “indústria”. Hoje meu canal no YouTube é minha principal atividade na internet; é onde consegui o maior espaço, inúmeras oportunidades insólitas, o maior retorno financeiro. Já comentei isso no meu Twitter, mas foi uma mudança muito curiosa quando eu parei de ouvir “gosto muito do seu site” e comecei a ouvir “gosto muito dos seus vídeos”. Historicamente, o HBD era meu xodó, meu projeto principal, o motivo pelo qual alguém na internet conhece meu nome.
E por isso, quando o meu canal passou a receber mais atenção e ser mais visitado que o HBD, eu senti um estranho “ciúme de mim mesmo”. Mesmo aqui em Calgary, por haver um núcleo grande de brasileiros, eu sou rotineiramente reconhecido e invariavelmente o sujeito fala “pô cara, adoro seu canal!”. Minha reação externa era agradecer, claro, mas internamente eu pensava “pô… e o site, cara? Cê não curte o site…? Você sequer SABE que eu tenho um site…?”
E isso pouco a pouco foi erodindo a minha motivação pra escrever aqui. Escrever é uma arte morte, e ler — pelo que percebo — é um hábito esquecido. O retorno do HBD é bastante baixo em todas as esferas, fazendo — compreensivelmente — que eu acabe me focando mais nos vídeos. Se ao entrar no HBD você só vê textos derivados dos meus vídeos, agora você entende por que.
E isso me entristece um pouco. Como já comentei em algum post que já me esqueço o link mas certamente os leitores com melhor memória colocaram nos comentários pra mim, eu sempre tive uma motivação intrínsica pra manter meu site — eu gosto de imaginar que o dia de alguém foi, ainda que apenas levemente, melhorado ao entrar no meu site e dar de cara com um texto novo. Me inspiro muito numa anedota sobre o Steve Wozniak em que ele conta sobre um disk-piadas rudimentar que ele desenvolveu quando estava na faculdade. A cena aparece no filme Piratas do Vale do Silício, que foi celebrado pelo próprio Woz por ser bem fiel aos eventos daquele período.
Pra evitar a fadiga, copiarei aqui o que já escrevi sobre a história:
Em 1973, o Wozniak bolou um sisteminha de Disque Piadas (isso ainda existe?) na casa em que ele dividia com o Jobs. Ele gambiarrizou um gravador a um telefone; este tocava uma mensagem pré-gravada sempre que o telefone não era atendido após X toques. Uma espécie de secretária eletrônica rudimentar..
Todo dia o Woz gravava uma piadinha diferente, e pessoas ligavam o dia inteiro pra ouvir a “piada do dia” dele — algo que ele conta ao Jobs com muito orgulho. Ele adiciona que comprou um novo livro de piadas de polonês (piadas de polonês são o equivalente americano das nossas piadas de português, pra quem não sabe) só pra diversificar mais o serviço.
Jobs, sempre businessman da dupla (e caso você goste do seu iPod ou iPhone ou iPad, saiba que esse instinto do cara foi o responsável pela existência desses aparelhos e da própria Apple), indagou qual era o propósito daquilo, já que não havia como “vender” o serviço — de fato, o serviço custava dinheiro ao Woz em vez de dar qualquer lucro.
O Woz responde, da forma dócil e levemente infantil que era marca registrada dele, que ele não tinha interesse em ganhar dinheiro com aquilo. Ele explica que pessoas ligam o dia todo pro serviço dele só pra ouvir a piada do dia, e que, mais importante que isso — e essa foi a parte que me pegou –, que esse serviço torna o dia da pessoa melhor.
O indivíduo liga, ouve a piada, dá uma risada talvez, e através de um gesto tão pequeno o dia da pessoa agora é um pouco melhor. E, por menor que seja essa melhoria, ela foi causada pelo trabalho do Woz em manter o serviço. Ele se satisfazia com a idéia de que era um agente de mudança positiva, por menor que fosse essa mudança, na vida de pessoas que ele nem conhecia. O Jobs julgou esse sentimento pueril, idealista, e talvez seja mesmo.
Aquela cena me marcou na primeira vez que assisti o filme, e olha que o HBD nem existia ainda. Agora, ela é ainda mais importante pra mim. Sempre que eu entro no painel de controle do HBD pra escrever um texto, eu tenho em mente VOCÊ, um leitor hipotético que vai abrir a home do site aleatoriamente na expectativa de um novo post, e vai se alegrar ao ver o site atualizado. É assim que me sinto quando acesso meus sites favoritos, e eu me senti devastado quando um site outrora favorito foi definhando em atualizações até a inevitável morte.
Resumindo essa ladainha: esse leitor hipotético que fica feliz ao entrar num HBD atualizado ainda existe, ou é fruto da minha imaginação? Os leitores fiéis já debandaram, ou migraram pra outro tipo de humor na web brasileira, ou ficam só nos vídeos mesmo, como é? Devo continuar gastando tempo E dinheiro mantendo esse site (hospedagem na web, ao contrário da casa da minha avó quando foi em Fortaleza, não é grátis), quando vlog é uma atividade infinitamente mais rentável e de maior reconhecimento?

Engrish Challenge: Run of the mill
Hoje eu ensino outro termo em inglês pra vocês: “run of the mill”!
http://www.youtube.com/watch?v=BVYwCpRuFCo
Tem uma sugestão? Coloca aí nos comentários

Reboot do HBDtv: o primeiro vlog do cenário youtube brasileiro voltou!
(Me mostre outro vlog brasileiro que começou em 2008 e eu fico na minha)
E você achando que o programa tinha acabado pra sempre!
http://www.youtube.com/watch?v=vw25SaadZbQ
Os mais atentos perceberão que houve uma forte influência do The Izzy Nobre Show, meu programa gringo, neste reboot do HBDtv. Como eu falei quando abri o canal em inglês, aquilo é um laboratório pra mim. É tudo experimental lá, e o que eu achar que ficou legal, vou implementar no meus programas “principais”.
Voltando ao assunto do vídeo: como falei no meu primeiro vídeo sobre a escalação do Affleck, estou cautelosamente otimista (e olha que nem gostei do filme do Superman). A roupa, sendo tão diferente da visão do Nolan, me empolga também. Pra reimaginar o personagem tão pouco tempo após sua última passada nas telas, é preciso ir numa direção diferente mesmo.
E vamos perdoar o queixo-bundinha do Affleck galera, não é culpa dele.

Minha resenha de Amazing Spider-Man 2
Eita, porra. Este foi meu vídeo com maior número de dislikes, ou “deslikes” como a galera descolada insiste em falar contrariando todo o bom senso e lógica humana que nos separa dos animais que comem terra e jogam cocô uns nos outros.
http://www.youtube.com/watch?v=K2WhX_7OaiI
[ SPOILER ABAIXO!!!!!!! ]
E eu não me desculpo por NADA que eu falei nesse vídeo. NADA. Reitero que paguei para ver um filme com HOMEM ARANHA no título, e este título nao era (500) Dias De Homem Aranha. O que eu mais queria ver, a ação Aranhística, rola por 3 cenas, menos de 40 minutos num filme de mais 2 horas.
Isto é uma completa sacanagem que apenas os senis e/ou gente que aceita tudo na boa conseguiria perdoa. Pessoas que pagaram pra ver esse filme e têm a pachorra de dizer que “ahh foi bacana Izzy!” é o mesmo tipo de gente que chega no prédio e nota alguém estacionado na sua vaga, e ao subir pro apartamento descobre que o dono do carro está também comendo sua esposa, e pensa “ahh, nem é tão ruim assim, vai”.
E eu não ACEITO esse papinho rola-na-bunda de que “aiiinnnn Izzy mas é que precisavam mostrar quase 1 hora de dramalhão romântico adolescente pra que a morte da Gwen fosse impactante pra ele!”. Ah, você quer dizer aquela morte que traumatizou o Peter e foi resolvido literalmente 3 minutos depois…?
ESSE era o grande dilema de desenvolvimento de personagem com o qual precisaram gastar metade do filme? Algo que foi resolvido em menos tempo que demora pra ouvir uma música das Spice Girls? Essa menina não era o amor da vida dele, caralho?! Então porque ele superou mais rápido que levar um fora numa balada?!??! O filme parece não se decidir se esse evento é marcante na carreira do Spidey, ou se é alguma bobagem tangente.
Olha, é um filme de merda, e não é a toa que teve a pior crítica E a pior bilheteria de 5 filmes.
Diga-se de passagem que nem gostei tanto assim do primeiro.
O que mais eu preciso te falar? É um filme de bosta. Quase duas horas e meia desperdiçadas num romancezinho bunda cujo final “trágico” (aquela mãozinha de teia foi apenas a cereja num bolo de desnecessaridades) acabou sendo chutado pra baixo do tapete tão rapidamente que você se pergunta se teve qualquer importância.
Aceite a inevitável realidade.

May 17, 2014
Cantinho do Quadrinho: Superman Red Son (Entre a Foice e o Martelo)
Aê turma! Você viviam pedindo mais vídeos sobre HQs e mais sorteios, então eu resolvi botar as duas coisas no liquidificador e saiu o CANTINHO DO QUADRINHO!
Manjaí o primeiro episódio:
http://www.youtube.com/watch?v=gLW5tA0Medk
Vou começar com os meus quadrinhos favoritos, e depois começarei a abranger coisas novas. E esse mecanismo de comentário com mais joinhas será aplicado apenas nesta edição inicial-experimental, podem ficar tranquilo!
E se quiser recomendar revisitnhas pra eu resenhar/sortear, os comentários estão aí!

May 13, 2014
Amazon compra Comixology, e logo em seguida caga o app
A Patroa Du Mayrink estava curiosa sobre uma mudança recente do Comixology (que era até pouco tempo o melhor app existente pra comprar, ler e colecionar quadrinhos) e me perguntou sobre a coisa no grupo secreto do Facebook para Patrões.
Ora, não posso deixar uma Patroa na curiosidade, então resolvi então explicar a história! Aí está, Du — um post exclusivo pra você!
No dia que o iPad foi apresentado, os nerds passaram rapidamente por todos os estágios do modelo Kübler-Ross:
Negação (“Não acredito que esperei tanto tempo pra Apple me mostrar um iPod tamanho família!”);
Raiva (“FILHOS DA PUTA, ainda por cima deram um nome ridículo pra essa porra?!?!”);
Barganha (“Quem sabe esse é o típico modelo beta, o do ano passado vai ser o tablet que a gente realmente quer!”);
Depressão (“Mano, pra que fui entrar nesse hype. Que merda.”) e, finalmente;
Aceitação (“Ok, cadê meu cartão de crédito?”).
O único grupo de nerds que viu IMEDIATAMENTE, sem ressalvas, um incrível valor no iPad foram os nerds de quadrinhos. Assim que vi aquela telona, a PRIMEIRA coisa que imaginei é um iPad lotado dos meus quadrinhos favoritos; quiça uma loja nos moldes da AppStore/iTunes Store que me permitisse comprar HQs no próprio aparelho com facilidade e praticidade.
Eu já estava perfeitamente a baixar scans, mas eu queria algo que tornasse o consumo mais prático. Ouvir uma recomendação de um determinado encadernado num podcast qualquer e sair caçando seeds individuais pra cada edição do quadrinho era o cúmulo da falta de praticidade.
Meus desejos se concretizaram com o advento do Comixology, um app que era basicamente o que eu tinha em mente: um iTunes Store pra quadrinhos.
E a parada estava funcionando. Neste artigo do Vox, vemos que os downloads no aplicativo estavam em franca ascendência:
Aí veio a merda.
Em abril, a Amazon comprou o Comixology. A notícia passou meio despercebida, eu nem lembro de ter lido nada sobre ela. Um belo dia eu abro o meu Comixology pra comprar alguma revista qualquer do Batman e percebo que o app está vazio, com um convite para que eu baixe a nova versão do aplicativo.
“Que maneira mais esquisita de atualizar a parada”, eu pensei inocentemente. E ao baixar o novo Comixology eu percebi que não era exatamente um mecanismo de update, e sim, uma forma da Amazon remover uma das principais features — aliás, A PRINCIPAL — que me converteu a cliente da loja online de HQs.
No novo app, é impossível comprar quadrinhos. Aliás, as HQs que você tinha até sumiram da sua coleção. Ele serve apenas para guardar as que você já comprou; pra comprar apps agora, é preciso sair do app, entrar no site, logar, escolher os quadrihos, colocar o cartão de crédito, finalizar a compra, aí voltar pro app. E as HQs que você já tinha no aparelho, na versão antiga do app, precisam também ser baixadas novamente.
É uma gambiarra e um inconveniente tão inaceitável na era do one-click purchase que demorou alguns instantes pra eu processar a parada; parei por um momento e pensei “não, tem algo errado, não é possível”.
Mas era. A Amazon comprou o app que lidera os rankings de aplicativos com in-app purchases mais rentáveis, e aniquila essa função.
E o motivo é simples: a Amazon não quer dar pra Apple os 30% que a empresa cobra pela participação na AppStore. Considerando a infraestrutura e a base instalada, eu diria que a Amazon deveria fazer como TODOS os outros publishers/devs e simplesmente engolir o choro e aceitar que you gotta spend money to make money.
Imagina a MERDA que seria se toda empresa na AppStore decidisse abandonar a lojinha da Apple pra conduzir suas vendas in-app e adotasse esse modelo da Amazon?
Basicamente, a Amazon resolveu sacrificar o user-experience em prol dos lucros. Ouvi alguns poucos defensores dizendo que “ahhh mas agora os artistas ganham um pouquinho mais!”, como se esse altruísmo mecenático todo fosse a motivação por trás da mudança.
Trair consumidores de longa data é falta grave, e é por isso que há semanas eu estivesse recebendo emails do Comixology me alertando que tenho US$5 de crédito na lojinha deles. Usarei os US$5 da Amazon, e em seguida nunca mais gastarei um centavo na loja do Comixology.
Depois reclamam da pirataria. Voltei pros scans com FORÇA, e recomendo a TODOS que façam o mesmo. Quero ver o gráfico de vendas do Comixology indo pro INFERNO, pra que a Amazon entenda que é melhor ganhar 70% de milhões de dólares, do que 100% de nada, e que trair clientela antiga é a pior cagada que um serviço pode cometer.
[ Update ] Os criadores de HQs não estão muito felizes com a parada, não. Veja o que o Gerry Conway teve a dizer sobre o fiasco (ele é o co-criador do Justiceiro, caso você não conheça o nome, além de ter escrito da história em que a Gwen Stacy morreu. Perdão pelo spoiler).

Bebba Lê a Internet: Militares, Cavalos e Milhões
Uma das minhas recompensas do Patreon era o retorno do Bebba Lê a Internet, e aqui está o novo episódio! Clica rápido no play aí.
http://www.youtube.com/watch?v=dFTcrQWRVUI
Aos curiosos, a Bebba conhece o Faustão (que ela pensa ser a epítome da rede Globo de uma forma geral, e se você parar pra pensar ela não está tão errada) porque, e pode se preparar pra ficar revoltado, eu sempre assisto o Domingão do Faustão quando vou ao Brasil. Mesmo longe do país há 11 anos, e por extensão distante também do cenário da TV aberta nacional, há um senso de familiaridade em ver o ex-gordo soltando seus bordões já icônicos.
(Ah, e ela sabe da polêmica desse vídeo, aliás. Ela teceu seus comentários neste BLI, inclusive, mas eu cortei porque o vídeo estava ficando muito longo)
Se você tem sugestões pros próximos BLI, deixe nos comentários deste post e eu avaliarei todos com carinho.
E não esqueça que agora tem vídeo toda segunda, quarta e sexta (salvo pequenos atrasos por situações fora do meu controle, como um terremoto ou diarréia).

May 10, 2014
[ Dossiê HBD ] Ulillillia, um dos maiores malucos internéticos da nossa geração
A internet é um terreno fértil para maluquices, e este é um dos motivos pelos quais eu a amo — ela me faz sentir perfeitamente normal em comparação com os seres humanos irreversivelmente desajustados que perambulam por aí.
Por exemplo, o Time Cube. Você já ouviu falar do Time Cube? Trata-se de um site completamente maluco criado em 1997 que tenta explicar uma alternativa à realidade/leis da física como as conhecemos. É absolutamente incompreensível e indica que o sujeito responsável pelo site provavelmente passa boa parte de seu tempo berrando para as paredes de sua casa e comendo cascas de árvores.
Do outro lado temos o Alex Chiu, um chinês absolutamente maluco que acredita ter inventado, entre outras coisas, artefatos que garantem imortalidade ao usuário, além de pílulas que mudam a aparência física de quem as toma (e eu trabalhava com um cara que tinha comprado essas porras. Fiquei estupefato ao descobrir que alguém mais conhecia o Chiu).
Tem também o Vincent Ocasla, responsável por construir (ao longo de QUATRO ANOS) a Magnasanti, uma cidade “perfeita” em SimCity. Ele basicamente zerou um jogo que não é programado pra ser zerado; se houvesse alguma dúvida de que ele usou encantamentos satânicos para atingir esse objetivo, o vídeo da cidade a remove:
http://www.youtube.com/watch?v=NTJQTc-TqpU
E além disso, tem seja lá quem for este indivíduo (que pela minha própria segurança eu espero que more o mais longe possível de Calgary)
http://www.youtube.com/watch?v=5M6dPcaQ68s
Cruz credo.
Então. Mesmo neste mar inacabável de internautas malucos, nosso amigo Ulillillia consegue se destacar.
Vamos compreender o mundo de Nick Smith. A vida do cidadão (e sua mente, aliás) é como uma gaveta completamente bagunçada – eu não sei nem por onde começar a compreender a desordem.
Este nerd de cabelo seboso é Nick Smith, melhor conhecido entre os “fãs” de internet como “Ulillillia”. Acho que uma lista será a forma mais eficiente de catalogar as infindáveis excentricidades do rapaz.
- O seu username já dá o primeiro insight de suas incontáveis maluquices — Nick criou esse nick juntando a palavra repetindo a palavra “ill” (que significa “doente”) e jogando mais algumas letras aleatórias ao redor.
Ou seja, ele já propagandeia seus problemas mentais no próprio nickname de internet.
Não sei como exatamente o Uli (a versão carinhosa de seu apelido) foi descoberto pela internet. Entrei em contato com a “obra” do do rapaz pela primeira vez no fórum Something Awful.
- Antes de mais nada, Nick é um autor. Seu livro, “The Legend of the 10 Elemental Masters“, é quase completamente ilegível. Nele, o rapaz conta a história de Knuckles, uma espécie de mago de poderes literalmente ilimitados que percorre a trama do livro em God Mode, pondo fim em qualquer conflito imediatamente sem qualquer esforço.
Veja a capa dessa bagaça:
Com uma estranha e autística obsessão por quantificação, o Uli descreve todas as mais minuciosas e triviais ações do livro com qualquer unidade de medida que seja levemente relevante (“Fulano de tal colocou a mão no bolso com uma força de 0,94 Newtons”), e descreve cores através de sua representação hexadecimal. Os personagens tem hit point e fichas de personagens, e há um glossário e tabela de referência o final do livro pra ajudar a entender a bagaça.
Em suma: é um livro que ninguém, além de seu próprio autor, se interessaria em ler. De acordo com o próprio Uli em sua página no FB, o livro vende aproximadamente 8 cópias por mês pra internautas dispostos a pagar 20 dólares para participar da “história” do Ulillillia. Essa é a única fonte de renda do rapaz.
- O Uli tem inúmeros medos irracionais. Você talvez ache que ter medo de aranhas é um medo irracional, mas saca essa: este filho da puta tem medo de ESPELHOS. Numa página entitulada “Major Fears“, o Uli descreve (com a precisão e detalhismo que lhe é familiar) os inúmeros medos que o afligem — medo de CADEIRAS mano…! –, e as maneiras completamente enlouquecedoras que ele contorna esses medos.
Por exemplo, ele tem medo das palavras PEOPLE e PERSON, e portanto ele sequer as escreve. Agora deu até vontade de comprar o livro maluco dele pra ver quantos sinônimos diferentes pra essas duas palavras ele usou.
- Voltando à insana quantificação/RPGzação com a qual o rapaz se martiriza, ele inventou um sistema de “compatibilidades e motivação“, que assinala valores a ações de acordo com o quão atraente essas ações são pro Uli. Compatibilidade é o nível de afinidade que ele nutre por uma uma determinação ação. Motivo são as razões pelas quais ele teria que realizar alguma ação. Se uma ação tem compatibilidade alta e motivação alta, ele QUER fazer e PRECISA fazer. Se tem Compabilidade baixa e motivação alta, ele NÃO QUER fazer, mas PRECISA fazer. E por aí vai.
E aí entramos no fato de que…
- O Uli toma entre 3 e 6 banhos POR MÊS. Como ele explica na sessão “Showers are rare” da página “Major issues” (o maior documento já escrito na história humana pra justificar evitar um chuveiro), banhos tem compatibilidade -12 e motivação -12. Somado a outros motivos (ele racionaliza que um banho rouba 3 horas da vida dele), banhos são raros.
Leve em consideração que quando ele escreveu isso o moleque não estudava nem trabalhava; ele tem literalmente o dia inteiro livre.
Na mesma página, vemos que…
- O Uli se submete a um ciclo de dormir e acordar completamente insano. Ele passa alguns dias acordando de manhã e indo dormir às noite, e depois inverte — e além disso, ele dorme muito pouco. Somado a todos os seus outros problemas, isso garante que o maluco é virtualmente incapaz de ser um membro produtivo da sociedade, perenemente dependente de seus pais e, mais recentemente, da irmã.
Caralho, já escrevi isso tudo e ainda estamos vendo a ponta do iceberg.

O quarto do desgraçado. Ainda estou tentando compreender essa película que ele sempre aparece usando em cima do computador. Vou perguntar pra ele no Facebook, sou amigo dele lá hahahaha.
E a saúde desse maluco, que ao que seus relatos indica foi quase que completamente negligenciado pelos pais (apesar de ter sido diagnosticado com problemas mentais quando criança)?
Bem…
- O Uli só come basicamente duas coisas: pizza de queijo, e Hamburger Helper, que é um tipo de macarrão instantâneo. Aparentemente ciente de que essa dieta o fará morrer antes dos 40 anos, o Uli pelo menos TENTA aliviar a situação — usando um processo que ele apelida de “desgorduramento”, ou seja: ele pressiona guardanapos contra a pizza pra ir absorvendo a gordura da parada. Ele acredita que a massa e o queijo são perfeitamente saudáveis sem a gordura, e por isso come pizza congelada em praticamente TODAS as refeições.
Quando EU critico a dieta de alguém é porque a coisa tá muito feia.
- Ele acredita ter poderes especiais.
- Ele adora aparentar ter conhecimentos matemáticos avançados e costuma enfiar números e cálculos em quase tudo que fala. Neófitos talvez se impressionem com isso; já a maioria dos Ulillilliologistas experientes como eu sabem que isso é a versão numérica de evangélicos falando em línguas — nada do que está sendo dito faz sentido.
- Ele está, há mais de 5 anos, desenvolvendo um jogo chamado Platform Masters. Tendo aprendido a programar em C sozinho (a única coisa digna de nota que Uli fez na vida inteira), ele tem sonhos de um dia lançar o jogo para a legião de fãs/observadores da sua vida lamentável.
Acredita-se que o jogo é programado na base de gambiarra tão intensa que ele jamais rodaria num PC que não fosse o do Uli. E provando essa teoria, o jogo parou de funcionar quando ele migrou pra Windows 7.
Apesar de uam lista imensa de features, até hoje o jogo só tem o mais básico gameplay. Uli passa MESES retocando detalhes do background, ou escrevendo 500 linhas de código pra implementar uma função que um programador mais eficiente resolveria com 3.
- Uli passa a maior parte do seu tempo livre levelando em RPGs clássicos, como Final Fantasy 6, ou jogando games conhecidos por nada além do fato de que são insuportavelmente horríveis, como Bubsy 3D. O seu canal no youtube mostra alguns de seus feitos videogâmicos.
- O único tipo de música que o Uli ouve é (olha que surpresa…) música de jogos. E ele ouve a mesma música, em repeat, por vários dias sem parar. Ele também tem o hábito de acelerar o diminuir o ritmo da música através de softwares especiais, sabe-se lá com que finalidade.
A maluquice do Uli é infindável, mas esse post tem que terminar em algum momento (mesmo me sentindo que só abordei uns 30% do que eu poderia falar sobre essa alma sebosa), então termino-o agora. Pra se deleitar mais nas maluquices do jovem, dê um pulo no site ou no youtube dele.
Eu duvido que exista alguém na internet mais maluco que esse coitado.
[ Update ] Ah! Estavam fazendo um documentário sobre a vida do cara, mas como os cineastas são tão competentes em cinematografia quanto o Uli é competente em qualquer coisa, o filme nunca foi lançado.
[ Update 2 ] Perguntei pro Uli no FB (ele adiciona qualquer pessoa como amigo) sobre o esquema lá do teclado dele. Fui respondido por outro fã do maluco:
Pronto, solucionado o mistério.
Você talvez pensasse que fosse algo pra proteger o teclado de um possível hábito masturbatório; entretanto, o Uli é completamente assexual. Ao documentar sua vida em minúcias no FB, ele frequentemente descreve o que é facilmente interpretado como polução noturna, sem entender o fenômeno ou por que ele está acontecendo.

May 7, 2014
Daily Vlog: O problema com os linchamentos
Sempre que eu toco nesse assunto, sou criticado por uma quantia considerável de leitores e inscritos no YouTube. Por um lado eu até entendo o argumento que eles fazem — o que não é uma justificativa do comportamento, que fique claro –; por outro, quando acontece algo como o que acabou de acontecer no Guarujá, seria omissão quase criminosa não se pronunciar.
Eis os frutos da sua histeria justiceira de “TEM QUE MATAR MESMO!!!!”: nesta semana, mataram uma mãe de família com histórico de problemas mentais. O crime cometido foi… bom, nenhum. Ela teria sido confundida com uma suposta sequestradora de crianças. Não há registro sequer dos tais sequestros; ao que indica a história inteira foi fabricada como um boato de Facebook que, numa fatalidade, saltou da internet pro mundo real e vitimou uma mulher inocente.
http://www.youtube.com/watch?v=vPQffCX8dLk
É exatamente dessas cenas que pessoas como eu, que se opõe incondicionalmente a cultura de linchamentos (seja o sujeito culpado do crime ou não), têm medo. E sim, eu sei que depois da reforma ortográfica o “tem” plural não tem mais acento circunflexo mas EU VOU CONTINUAR DIGITANDO ASSIM E NÃO HÁ NADA QUE VOCÊ POSSA FAZER. Idéia, pára, pêlo, asteróide, lingüiça!
Mas voltando ao assunto. Essas cenas horríveis de assassinato covarde de inocentes (você pode ver o linchamento mulher aqui, se tiver a disposição. Desnecessário adicionar que são imagens fortes e revoltantes) vão continuar se repetindo enquanto vocês continuarem com esse brado de “bandido bom é bandido morto, dane-se o devido processo legal porque ninguém jamais foi acusado de algo que não cometeu, não é mesmo?”
E eu sei que é impossível corrigir isso de um ponto de vista macroscópico; esse pensamento é endêmico, especialmente entre as classes mais baixas e sem educação (o fato de que esses linchamentos geralmente acontecem em periferias não é coincidência).
Mas VOCÊ, leitor do meu site, que as estatísticas de uso do meu site indicam ter um nível razoável de educação civil e formal, não deveria se unir ao coro dos linchadores. Uma pessoa instruída não deveria precisar testemunhar a cruel tortura e morte de uma mulher indefesa pra concluir “é, pelo jeito há um motivo pelo qual inventamos um sistema jurídico…”.
“Ah, mas o sistema jurídico é ineficiente”
Não se troca um sistema ineficiente por um de completa brutalidade e troglodice. É uma substituição imbecil. Alguns criminosos não cumprem suas penas, então por isso deveríamos abolir o sistema legal completamente e dar o poder de execução a populares, embasados em nada além de uma mera acusação?
Diz-se muito que pessoas como eu não seriam tão “bonzinhos” com marginais se as vítimas de seus crimes fossem nossos familiares. Eu então volto o questionamento a você — e se a mulher assassinada pela multidão fosse sua mãe, pelo crime de se parecer um pouco com uma mulher suspeita de um crime que sequer foi provado…?
Você ainda estaria justificando a execução vox populi?
“Dessa vez a população errou, mas às vezes pegam a pessoa certa”
Não. Você precisa entender que desgraças como essas acontecem JUSTAMENTE pelo pensamento endêmico de que “às vezes” matam a pessoa certa; legitimizar as vezes em que a execução “acerta” é um mal que precisamos cortar pela raiz. Tenha em mente que mesmo quando matam um criminoso, essa execução continua sendo ILEGÍTIMA quando é aplicada fora da lei, e pela mesma entidade responsável por acusar o indivíduo de um crime; por que você acha que existe uma separação entre poderes…?)
Pelo simples fato desse hábito (que horror chamar o linchamento de pessoas em plena luz do dia de “hábito”, mas não há outro termo pra isso considerando o quão frequente é essa merda) transformar pessoas comuns em assassinas e tornar o terreno fértil pra morte de inocentes, ele deveria ser combatido.
Não vá na onda dos Alborghettis da vida. Aliás, se você é um desses que ainda defende que TEM QUE MATAR MESMO BANDIDO BOM É BANDIDO MORTO, eu insisto que você assista o vídeo da execução da mulher e tente internalizar o inegável fato de que você está legitimizando a morte de inocentes como se eles fossem uma casualidade aceitável no combate à violência.
Como se a vida humana não tivesse qualquer valor.
Dessa forma, totalmente despido da empatia pelo seu próximo, você se tornou indistinguível do monstro a quem você odeia.

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