Izzy Nobre's Blog, page 42
April 4, 2014
[ Pergunta do Dia ] Que pergunta mais te irrita?
Todos temos aquela pergunta que nos incomoda. Pra muitos, é o clássico “porque você é tão quieto?”; boa parte dos introvertidos o faz JUSTAMENTE por timidez ou por não querer chamar atenção, aí o meliante vai e chama atenção a esse fato. Uma ironia irritante.
Pra algumas pessoas, a pergunta que irrita é o “mas então, quando vocês vão ter bebê?”. Eu e minha esposa nos casamos há quase dois anos, então obviamente recebemos essa pergunta constantemente. Eu particularmente não me irrito, mas imagina um casal que é infértil e não quer expor esse fato…? Ou que tem objeções à idéia de ter filhos? Pra não entrar numa discussão de duas horas que se resumirá na outra pessoa repetindo “credo, você não quer ter filhos? Que maluquice, todo mundo tem que ter filhos!”, o sujeito se veria obrigado a inventar alguma mentira qualquer.
Pra mim, a pergunta mais irritante não é uma pergunta específica, mas um grupo de perguntas. Eu as categorizo como “perguntas vagas e irrespondíveis sobre a vida no Canadá”.
Não me ententam mal. Eu gosto muito de falar sobre as particularidades na vida em outro país (aliás, eu gostaria de viajar mais pra conhecer as idiossincracias de OUTROS países/culturas). O problema é que 97% das vezes, as perguntas sobre o Canadá assumem dois formatos clássicos:
1) A pergunta completamente vaga que você teria que ter uma bola de cristal pra responder
Qualquer pessoa que almeja morar no exterior é curioso sobre suas chances de sucesso na imigração. Por isso, 90% das perguntas que recebo (ou que leio em grupos de brasileiros no Canadá) é mais ou menos assim:
“Quanto vou precisar pra me sustentar aí?”
“Será que vou conseguir emprego rápido quando chegar no Canadá?”
“Vou sofrer preconceito no Canadá por ser imigrante?”
Uma por uma:
Eu não tenho como saber quanto você precisa pra se sustentar aqui porque não sei NADA sobre você! Não conheço seus hábitos alimentares, se você tem vícios, se você depende de uma vida noturna agitada, se compra roupas ou come fora com frequência, se depende de carro ou se vira com transporte público, se vem sozinho ou com família, quanto custará o seu aluguel, se seus hobbies são caros… eu simplesmente não tenho informação suficiente pra responder isso.
Eu não sei nem qual é o orçamento doméstico de membros da minha família (não faço a MENOR idéia de quanto meu irmão gasta por mês, por exemplo, e tenho apenas uma noção vaga de quanto ele ganha), como saberei o seu?!
Eu não tenho como saber quanto tempo vai demorar pra você encontrar emprego aqui. A pessoa que pergunta isso raramente nos informa sua área de atuação, quantos anos de experiência ela tem nela, qual o seu nível de inglês, em que estado está o seu currículo, ou qualquer outra informação que nos ajudaria a ter uma idéia de que tipo de profissional ela é.
E ainda que ela nos informasse tudo isso, na real que importância tem o chute de um desconhecido qualquer na internet? “Acho que você vai arrumar um emprego rápido sim!” não tem qualquer valor de planejamento. Você vai basear seu plano de mudar de país porque um desconhecido na internet acha que vai dar certo…? Esta pergunta me irrita particularmente porque é notável que o que o sujeito quer é um encorajamento vazio e desconexo com a realidade.
Você se fode não importa a resposta. Se você encoraja o sujeito (“vai dar tudo certo, aqui não é difícil arrumar emprego!”), o cara de fato se muda pro exterior e as coisas não dão certo, sabe quem será o filho da puta da história? Outros imigrantes que “pintaram tudo como se fosse um mar de rosas! Cheguei aqui e me fodi!”.
Se você diz que não sabe se ele arrumará trabalho, você é um filho da puta que não quer ajudar.
E eu não sei se você sofrerá preconceito aqui por ser estrangeiro. É literalmente impossível eu te responder isso. É como se um gringo te perguntasse “quero visitar o Brasil durante a Copa, serei assaltado?” Há violência no nosso país, sim, mas você não é o Oráculo de Delfos pra saber se isso vai ser um fator da visita dele ao Brasil.
Ninguém seria capaz de responder isso. Um cara que já foi assaltado alertaria o gringo dos perigos, já alguém que nunca foi assaltado “apesar de não morar numa área muito boa da cidade” diria que isso é exagero da mídia e que “pode vir de boa”.
Quem está certo?
O outro tipo de pergunta é…
2) A pergunta facilmente respondível no Google, sem necessidade de ficar monitorando horas por uma resposta, com um grau muitíssimo maior de certeza
Essas são as perguntas que revelam que o sujeito precisa que segurem sua mão e o ajudem a atravessar a rua. Perguntas que indicam que ele não fez o MENOR esforço pra encontrar as respostas, seja por preguiça ou inabilidade (não saber navegar sites instituicionais e/ou não falar inglês).
O problema é que todos esses dois fatores (preguiça e inabilidade) inviabilizam a idéia de uma imigração pra outro país, criando a curiosa situação de “se o sujeito faz essa pergunta ele está provando que jamais será capaz de imigrar”.
Vou dar um exemplo prático.
O sujeito não se deu ao menor trabalho pra descobrir algo, que é digitar a palavra chave no Google e apertar ENTER. Ele poderia ter dito “quero imigrar, alguém pode preencher os formulários pra mim e enviar?” que dá mais ou menos no mesmo.
Quando eu fiz college aqui sabe qual pesquisa eu fiz? “Nome da cidade” + “College” no Google. Achando o site das instituições de ensino, comecei a procurar por cursos que interessassem. Ao achar o curso, começo a fuçar sobre os prerequerimentos. E por aí vai, a cada link uma pecinha a mais se encaixa no quebra-cabeças, até que você entenda tudo que precisa.
O mesmo vale pra “como andam as profissões do ramo X?”. Se este não é meu ramo, como diabos eu saberei ao certo? Na melhor das hipóteses o que eu serei capaz de responder é um achismo meio “ahhh ouvi falar que tem um mercado bom pra isso aqui, viu!”. Você vai comprar suas passagens pro Canadá baseado nisso? Claro que não.
Então, seria mais produtivo procurar “ramo ou emprego” + “nome da cidade” + “jobs” no Google. Você vai cair em sites de empregos, e ver vagas REAIS, com os nomes das empresas contratantes, salários, e assim ter uma resposta bem mais concreta pra sua dúvida.
“Mas qual o nome da minha profissão em inglês?” se você não sabe isso e sequer é capaz de descobrir por conta própria, cai de novo naquele paradigma que sugere que você não seria capaz de imigrar de qualquer forma então.
Nossa, relendo esse texto eu pareço um rabugento filho da puta. É isso que passar 11 anos ouvindo as mesmas perguntas fazem com você
Que perguntas te irritam?

April 3, 2014
Daily Drive com a GoPro!
Olhaí um vlog novo, turma! Vamos assistir juntinhos aí:
Como sempre, imploro: deixe joinhas, favorite, espalhe o vídeo entre seus amiguinhos pra ajudar essa porra a crescer. Quanto mais feedback um vídeo recebe, mais empolgado eu fico pra criar mais. Não te custa nada, porra!
Caso você prefira assistir no youtube, basta clicar aqui!
Grato e tenha um belo dia.

[ Vergonha Alheia da Semana ] Os ladrões de refri do Burger King atacam novamente
DUAS Vergonhas Alheias da Semana essa semana? Abril começou forte, viu!
E sim, esta parada é meio antiga, mas só descobri agora, então foda-se: falarei agora.
Em outubro do ano passado, eu descobri um vídeo em que uns rapazes “burlavam o sistema” do Burger King pra abusar do sistema de refill de refrigerantes oferecido pelo Burger King. Eis o vídeo, caso você não tenha visto:
http://www.youtube.com/watch?v=5CheeBoBCnE
No post eu essencialmente denuncio a “brincadeira” como uma pilantragem cretina e vergonhosa que, se fosse emulado por um número significativo de pessoas — e o vídeo de certa forma estimula isso — acabaria resultando na suspensão desse privilégio para o resto dos consumidores (porque quando rolam abusos, é isso que costuma acontecer). O post se tornou bastante compartilhado, com 4500 shares no Facebook.
(Fui bastante criticado pela fauna infanto-juvenil do YouTube, aliás, por ter promovido uma suposta “guerra de deslikes (sic)” contra o canal dos meninos ou algo assim. Pra turminha sub-18, deslike é coisa séria, embora eu não tenha convocado naquele texto nenhuma cruzada contra as positivações do vídeo dos rapazes)
Talvez pela popularidade daquele texto, o post acabou indo parar no monitor do idealizador da brincadeira. Ele se manifestou nos comentários defendendo a palhaçada e finalizou revelando uma surpresa: ele conhece o meu trabalho, e se sentiu de certa forma lisonjeado por aparecer no site.
E nem foi uma cutucadinha irônica passiva-agressiva, não. Ele pareceu legitimamente satisfeito por se ver aqui. Além de mencionar isso durante todo o comentário, ele concluiu com:
Um dos argumentos do rapaz no mesmo comentário foi:
A intenção desse vídeo foi mostrar para as pessoas que quando você tem um senso crítico mais aguçado, você pode enxergar além do que tá na sua cara, você consegue ler nas entrelinhas, e fazer disso algo positivo para você.
Ok.
Ele ignorou que no processo ele está lesando uma empresa (foda-se se a empresa é “rica”, isso não te dá o direito de lesa-la, caralho) e possivelmente os outros clientes para benefício próprio. Ou seja, apesar de aparentemente eloquente, o argumento do garoto é uma releitura generosa da boa e velha Lei de Gérson.
Quando ele diz “você pode enxergar além do que tá na sua cara, você consegue ler nas entrelinhas, e fazer disso algo positivo para você”, o que ele está REALMENTE falando é:
http://www.youtube.com/watch?v=93wi5JjTsd0
Em sua defesa, apesar desse argumento do qual eu discordo, ele se mostrou bastante ponderado e educado na sua resposta ao meu post. Isso, aliado ao fato de que o rapaz é um fã do meu trabalho, me deixou de coração mole. Pensei “ah, essas jumentices da juventude fazem parte do processo de aprendizado, né? Fazer o que.”
Hoje, meses depois, percebi que o moleque migrou de “abusos relativamente leves de regulamentos sem definições claras que definem os limites de consumo daquilo pelo qual você pagou” pra literalmente “roubando mercadoria”.
Acompanhem o vídeo.
http://www.youtube.com/watch?v=0ZSUxtD_d4Q
Perceba o que te recepciona logo de cara quando você abre o vídeo:
Ahhh, eles são almas altruístas! De acordo com o espírito white hat, os youtubers estão simplesmente testando os protocolos anti-abuso dos restaurantes para então os alertarem e assim melhorarem o sistema! É uma missão nobre (mas é ao mesmo tempo um “tipo de humor”…?) e se você vê algum problema com isso, você é um moralista conservador bolsonarístico filho da puta.
Ok. No que consiste então a parada?
Os garotos orbitam um quiosque de sorvete do McDonalds, em busca de um comprovante de compra que esteja intacto (já que a prática no restaurante é carimbar ou rasgar o recibo). Uma vez com o recibo em mãos, os rapazes vão lá e literalmente, sem qualquer atenuante semântico para o termo, roubam sorvetes.
No caso do refrigerante do Burger King, que já era um espírito de porco aproveitador do caralho, pelo menos eles de fato tinham pago um lanche e tinham direito de ALGUNS refis. Extrapolar isso pra encher um galão de 20L é uma claríssima e indefensável picaretice, mas novamente — pelo menos em algum momento antes da lamentável sacanagem que dá razão ao estereotipo huehuebrbrbrbr, eles tinham sido consumidores legítimos.
Nesta nova brincadeira, no entanto, os rapaz partiram direto pro roubo descarado. Não há outra forma de definir o que aconteceu nesse vídeo, senão fraude e roubo.
E se na presepada de antes eles tentavam se amparar na tecnicalidade literal do regulamento do refil, na pontinha dos pés numa fina área cinza moral, talvez por notar que não colou, dessa vez eles se pintaram como ativistas procurando vulnerabilidades para “reformular o sistema”.
Guess what, moleques? Já existe um sistema pra identificar quem comprou o sorvete. Se chama “aquele recibo do qual você se aproveitou para levar vantagem”. O próprio pentelho lembra aos espectadores que existe um sistema de carimbar ou rasgar a nota, JUSTAMENTE pra identificar as que já foram usadas. Já existe um sistema pra impedir abusos, e o único motivo pelo qual ele falhou é porque (presumivelmente) o atendente cometeu uma breve desantenção.
E vocês agora divulgaram isso pra internet, incentivando outros malandros a fazer o mesmo. E tenho certeza que em nenhum momento vocês imaginaram que a brincadeira poderia custar ao pobre atendente desatento seu emprego.
E se havia qualquer presunção de um suposto ativismo em prol da segurança corporativa do McDonalds, nem mesmo o mais palerma dos espectadores poderia comprar essa justificativa após terminar de ver o vídeo. Em nenhum momento os garotos retornam ao McDonalds pra pagar pelos sorvetes roubados, ou pra informar o atendente do seu presumível vacilo.
Eles aparecem eufóricos porque comeram sorvete de graça (ao mesmo tempo que lamentam terem conseguido apenas e só.
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Fig1: Dois rapazes que hidratam o rosto com óleo de peroba
Ok, lembro que deixei passar da primeira vez porque o moleque é fã do HBD e é jovem, e quando se é jovem se faz cagada mesmo. É fazendo merda que se aduba a vida, mas meu filho, pode parar que a sua já tá bastante fértil.
E acho que ele nunca parou pra pensar que se divulgando fazendo esse tipo de imbecilidade, o garoto está essencialmente se livrando do risco de um dia ter um emprego sério. Basta um possível empregador resolver dar uma pesquisada na vida online dele.
Na moral, que tipo de mongolóide se filma ROUBANDO e posta isso na internet pra 50+ mil pessoas assistirem?!
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Este tipo.
Legal vai ser quando os pais (porque eu tenho CERTEZA que esses moleques ainda moram na casa dos pais, sujeitos à sua disciplina) descobrirem o que os filhotinhos andam fazendo por aí.
Se bem que com esse comportamento, sinto a sensação de que disciplina paterna não foi uma constante na vida destas crianças.

April 2, 2014
[ A Hora da Justiça ] Tiozão arruma briga no trânsito, apanha, e vai preso (e tem vídeo de tudo!)
O vídeo de hoje é saboroso, amigos. Se segurem aí.
O vacilão da história chama-se Bradley Turner.
Num belo dia, o Bradley aí foi ”cortado” por um garoto dirigindo uma caminhonete. Em outras palavras, embora pareça a pior das ofensas à honra de alguém, na prática tudo que aconteceu é que um rapaz passou na frente dele com o carro. Só isso.
O sujeito, levado a uma cólera descomunal por tamanho desrespeito, decidiu seguir os garotos na caminhonete por mais de quarenta minutos, o que já deixa claro que o indivíduo estava com uma coceira pra confusão.
Os garotos da caminhonete, inocentemente, seguem pra casa (com o psicopata aí no encalço). Eles param o carro, o tiozão desce e vai lá extrair satisfação do motorista.
Só que você deve substituir “satisfação” na frase anterior por “os dentes”. À base de socos na fuça. Acompanhe o vêtê:
http://www.youtube.com/watch?v=6pZHwCMx4zw
O que o gordinho não esperava é que os dois jovens reagiriam como que impulsionados por molas no momento em que ele resolveu escalar os ânimos desferindo o primeiro soco. Ambos pularam da caminhonete feito o atletas competindo naquelas competições atléticas que pessoas pulam com total atletismo e competitividade. Pulo Atleta Competitivo, acho que esse é o nome categoria.
Neste momento, perfeitamente embasados na sagrada e universal doutrina da auto-defesa, os dois jovens entraram com tudo na tarefa de moer a face e alguns órgãos vitais do seu agressor. Vi alguns socos na orelha, nariz e têmporas; em um determinado ocorreu também uma joelhada no pâncras. A dupla dinâmica então arremessa o bully contra o próprio carro, amassando tanto a lataria quando a sua vértebra L5.
Já adquirindo a posição de segurança, os dois rapazes exibem considerável auto-controle e se afastam da encrenca. Nisso chega a esposa do Bradley, provavelmente envergonhada pela surra homérica que seu marido acabou de levar na sua frente por causa de uma briga trivial que ele mesmo comprou. A mulher vai e torna a situação 84 vezes pior:
Ela entrega ao marido sua arma.
Rapidinho, antes que você fale alguma bobagem nos comentários — este respeitável senhor não poderia, EM HIPÓTESE ALGUMA, empunhar aquela pistola e/ou dispara-la sob a premissa de “auto-defesa”. Este conceito não está em vigor quando você segue alguém por quarenta minutos até a casa deles, sai do carro, vai discutir agressivamente com a pessoa e em menos de 2 segundos de conversa toma a decisão de projetar seu punho contra a órbita ocular do outro debatedor.
MESMO depois de levar aquela coça formidável, o simples fato de que os dois rapazes se removeram da situação assim que subjugaram o homem usando força proporcional (eram dois, sim, mas BEM menores que o homem, e pararam assim que ele caiu) desativa o direito de auto-defesa. Se o cara engaja os dois nesse ponto, vira uma “briga consensual”.
Bradley, com orgulho (e o nariz, boca, orelhas, rins, nádegas e antebraço) ferido, aceita a arma e efetua disparos contra a caminhonete dos meninos.
Ele vai embora, mas retorna mais tarde e atira de novo na caminhonete do moleque e até na sua casa; uma das balas acertou a casa do vizinho.
E o resultado dessa putaria que poderia ter matado alguém (por um motivo completamente banal)?
Ambos foram presos e estão indo a julgamento por diversos crimes. Se condenados, poderão pegar 4 anos de cadeia.
Essa atinge 8.7 pontos na Escala Capitão América de Justiça.

April 1, 2014
[ Vergonha Alheia da Semana ] Ninjas da Pesada… no mau sentido.
A internet é de fato uma faca de dois gumes. Aliás, peraí: essa expressão “faca de dois gumes” (sendo usado pra descrever algo que tem um lado positivo, mas também tem um lado negativo) não faz sentido, porque ela serve pra basicamente qualquer coisa se tu parar pra pensar.
Até uma faca de um gume, tecnicamente falando, é uma “faca de dois gumes” — por um lado (o fio) ela corta, mas do outro lado ela não corta… Logo, tem uma aplicação produtiva, e uma inútil: justamente uma “faca de dois gumes”.
Mas voltando ao assunto: na internet a gente vê uma dualidade sinistra. Ao conectar as pessoas e dar a elas uma voz e um veículo, ela permite que pessoas de impressionante talento sejam expostos às massas. E ao mesmo tempo, pelos mesmos motivos, ela permite que pessoas sem qualquer talento nato pra coisa alguma exponham suas pífias tentativas ao mundo, para o deleite daqueles que curtem doses cavalares de Vergonha Alheia daquelas que fazem até seus dentes doerem de tão intensas.
E o vídeo de hoje cai nessa segunda categoria.
http://www.youtube.com/watch?v=MWuejOrnzF0
Antes de mais nada me permitam adicionar aqui que este estilo de edição deste vídeo é mais irritante que essa nova tendência de Hollywood de filmar cenas de ação dando a câmera pra um portador de Mal de Parkinson. Por algum motivo que certamente fez sentido para o editor desta peça (ou talvez por uma limitação do software e/ou de suas habilidades de cineasta), todas as tomadas terminam num freeze frame de 1 segundo na última imagem de cada cena. Eu não consigo explicar por que isso me enche de fúria.
Mas então, vamos ao vídeo. Na sequência, vemos uma porção de rapazes praticando o que eles certamente acreditam ser alguma arte marcial extremamente séria e efetiva pra combate. O problema é que em boa parte, esta tal arte marcial parece alguém correndo desesperado enquanto é picado no rosto por abelhas:

Se a sua arte marcial é indistinguível dos movimentos desesperados de uma criança que caiu num arbusto e está sendo atacado pela fauna indígena do local, repense a prática.
Tinha que ser um gordinho, ainda por cima, né?
Já que o vídeo original foi tirado do ar e este mirror que postei ali em cima não dá nome à esta arte marcial, chamarei-a de ESTAPEAFU, derivado do fato de que o principal golpe da parada parece ser uma sequência de tapas que talvez provocasse um leve incômodo em um possível agressor.
Então, em outro trecho do o praticante do estapeafu sujeito desfere tapas numa luva de foco; o problema é que tais tapas parecem mais aptos a reproduzir rudimentalmente a batucada daquela música lá do William Tell do que de fato agir como uma técnica de auto-defesa.

Assiste o vídeo de novo que encaixa quase perfeito, com um leve aumento de BPM.
Eu estou com uma fortíssima impressão que este rapaz assistiu mais horas de Naruto e Inuyasha do que cirurgiões precisam estudar pra obter seus diplomas.
E aí pinta o tiozão sem camisa — suspeito que é algum mestre ou autoridade no esporte, porque está exercendo sua posição de macho alfa da manada — e apresenta umas variações importantes na técnica: tapas no próprio peito (caso você queira facilitar o trabalho de um possível bully) e um chutinho de lado que não tem a força suficiente pra derrubar um castelo de cartas.

Esse chutinho de lado é versátil porque em um momento ele finge que o usa como ataque, e em outro ele usa pra dar um salto Prince of Persia-style usando uma coluna pra se propulsionar.
Desde meus tempos de juventude, impulsionado por Cybercops e Power Rangers, eu não via um grupo de pessoas tentando avidamente reproduzir o que eles achavam que era uma arte marcial após ter provavelmente visto algo semelhante na TV.
Em algum lugar neste planeta, esses caras estão lá se estapeando e dando chutinhos em escadas de piscina na completa convicção de que com este skill eles poderão se defender num confronto físico. E se ensinando coisas malucas, como…

“Sabe aquela parte frágil da sua perna, que dói absurdamente quando você a esbarra de leve contra qualquer coisa? Então, se jogue pra cima de um adversário com todo o peso do seu corpo usando essa parte como pivô de impacto”
Supondo que isto não é apenas um bando de amigos bêbados que acabaram de assistir um filme do Van Damme e falaram “opa galera vamo gravar uns negócio aqui”, e sim um movimento organizado ou quiça algum tipo de dojo “profissional do esporte — como eles propagandeiam a eficácia da arte marcial pra obter novos praticantes…?

“Como praticante de Estapafu você será uma eficiente máquina de matar. Você será capaz até mesmo de quase rasgar uma página de uma revista em duas!”
Que MERDA mano.

O resultado do meu Patreon! :O
Olhaí um vlog novo, turma! Vamos assistir juntinhos aí:
Como sempre, imploro: deixe joinhas, favorite, espalhe o vídeo entre seus amiguinhos pra ajudar essa porra a crescer. Quanto mais feedback um vídeo recebe, mais empolgado eu fico pra criar mais. Não te custa nada, porra!
Caso você prefira assistir no youtube, basta clicar aqui!
Grato e tenha um belo dia.

March 31, 2014
3 hábitos que se perderam para sempre
Este ano eu faço 30 anos. Trinta anos, mano! Puta que o pariu!
Você imaginaria que lá pelos 26, 27 anos a ficha do “yep, eu também envelheço, igual literalmente todos os outros seres humanos neste planeta, e a invulnerabilidade que eu acreditava ter era senão uma cruel ilusão” já teria caído. Mas por algum motivo, chegar numa idade redondida carimba aquela noção da iminente meia idade fortemente no seu cérebro.
E é quando tu fica velho que tu começa a refletir sobre um mooooonte de hábitos que marcaram a sua juventude, e que pela exceção de arqueólogos sociais serão esquecidos para sempre por baixo das Areias do Tempo. E em vez das Areias do Tempo legais do Prince of Persia, que te salvam após você cair num buraco e ter o fígado trespassado por espinhos enferrujados, estas Areias do Tempo da Vida Real fazem apenas a sua pança e seus triglicerídios aumentarem, e sua definição capilar diminuir.
Lembra quando a gente tinha que…
Usar Discman
Eu cheguei a ter um Walkman (que assim como o avião, tem supostamente um inventor brasileiro que o mundo não celebrou suficientemente), mas tendo “apenas” 29 anos estes já eram até um pouco defasados quando eu era pivete. O esquema legal mesmo era o DISCMAN.
Só fui ter um em 2002, se não me falha a memória; um presente da minha mãe. Aliás, eu era daquelas famílias em que só se dava um presente bacana pra um dos filhos se podia-se dar um idêntico pro irmão. E assim, em 2002 (porra, 12 anos atrás, PRA ONDE FOI MINHA JUVENTUDE E MINHA CAPACIDADE CARDIOVASCULAR), eu e o meu irmão ganhamos um Discmanzinho Lyra azul-com-cinza.
Eu devo ter até uma foto daquela porra aqui. Ou no mínimo, minha mãe deve ter. Pera.
Vamo ver se ela acha a foto. Enfim.
O Discman, como literalmente toda tecnologia “sonho de consumo” daquela época, é hilariamente inferior ao que temos atualmente. A parada rivalizava o Game Gear no quesito “destrói pilhas avidamente, te obrigando a transplantar as pilhas do controle remoto”, te limitada a um único álbum, e era menos portátil do que os atuais consoles portáteis, que inclusive são frequentemente criticados pelo mal emprego do termo pra se auto-descrever.
Manja como era um rolê com o Discman:
Era como sair por aí carregando um prato no bolso.
Ir à locadora
Fiz uma pesquisa rápida no Twitter pra saber se locadoras também entraram em extinção no Brasil, como aqui. Lembro que quando mencionei isso na rede social há uns 2 ou 3 anos, me informaram que a indústria do home video baseado em lojas físicas ainda seguia firme e forte aí na ex-Terra de Santa Cruz.
Aqui, as locadoras começaram a agonizar lá por 2009, acho. Elas foram fechando em efeito dominó, uma atrás da outra, até que DE REPENTE todas se foram. A gente acompanhou no começo, com um “ué, tão fechando tudo, né? Meh” até que um dia olhamos em volta e já era. E todo o hábito relacionado — o esquema de passear pela loja, procurando um bom filme pra ver numa tarde de sábado — morreu.
O sinistro é que os prédios em que elas existiam, agora como cadáveres desabitados pela a “alma” do estabelecimento que ali jaz, ficaram igual o defunto dessa analogia — ninguém quer chegar perto, como se fossem tabus ou amaldiçoados/assombrados. Tinha uma Rogers Video (a minha operadora de celular é ao mesmo tempo prestadora de TV a Cabo e rede de locadoras. No caso deste último, ERA) perto de onde eu morava que fechou há uns três anos e até hoje nenhum outro comércio ocupa o prédio, e o mesmo acontece com os restos mortais das Blockbusters da minha região. Como se fosse um ambiente amaldiçoado pela morte prematura de um modelo de negóçios moribundo!
É foda, porque eu tenho uma longa relação com locadoras. Meu pai, tecnófilo inveterado e early adopter de quase tudo, foi um dos primeiros da sua galera a comprar um videocassete, e por isso cresci alugando filmes em VHS. Sinto falta do hábito de ir à locadora escolher um filme, ou pelo menos ALEGO sentir falta quando penso na morte desse business model, porque pensando bem meeeeesmo… anos antes da sua morte, eu já não frequentava mais locadoras tanto assim.
E talvez isso seja parte do problema. Talvez é por isso mesmo que elas morreram: porque apesar de quase todos suspirarmos nostalgicamente pelas lembranças das locadoras, não estávamos mais contribuindo tanto assim pro seu funcionamento. Malditos torrents!
E gostaria de registrar o descontentamento com a minha mãe, que até agora não achou a foto do meu antigo Discman. E isso é um efeito colateral do fato de que antigamente, a gente tinha que…
Tirar fotos físicas
Lembro quando as câmeras digitais surgiram. A minha PRIMEIRA reação foi “ah, legal, uma foto na tela do computador. Como vou mostrar essa foto pros meus amigos…?” É um pensamento curioso, porque já existia email, instant messengers e tudo; é realmente um testamento do fato de que o hábito de trocar fotos (alguns diriam “de expôr nossa intimidades/trivialidades exageradamente), que é possível há MUITOS anos, só veio se tornar um fenômeno cultural de fato com o advento das redes sociais.
E mais curioso ainda é perceber que aquele paradigma mudou totalmente. Em 2002, quando meu pai comprou aquela sua primeira câmera digital (movido pela tecnofilia/early adoptismo das quais que sofreu), a câmera era nada além de um brinquedo, uma curiosidade, um “gimmick”, porque produzia fotos que eu não podia levar pra mostrar pros amigos da escola ou algo assim.
Legal — eu pensava — são fotos reveladas! Essas eu posso montar num álbum que capturará perfeitamente aquela viagem pro interior, pra eu poder então mostrar pra colegas de trabalho desinteressdos eOPA, minha mãe respondeu!

Ok mãe, não era essa mas tá valendo
Hoje, como eu ia dizendo, é totalmente o contrário. Uma câmera de filme só tem desvantagem. Primeiro, exige a sacal tarefa de ir em algum lugar revelar o filme por meio de algum processo químico que não é bom pro meio ambiente (eles nunca são. Nem um singelo peido tem pegada ecológica neutra, eu aposto, ainda mais se for peido de feijão! Esses são tensos).
Segundo, porque daquelas 36 poses do seu filme Kodak, 3 eram desfocadas, 2 tinham um dedão na frente da câmera (ou talvez era um pênis, aquela viagem pro interior foi LOUCA mano), 4 queimavam e em todas as outras a turma parecia coelhos da páscoa, tamanha era a vermelhidão nos olhos de todo mundo. Novamente, não sei se o flash é principal culpado deste artefato fotográfico, porque viagens pro interior né mano… São loucas, conforme supracitado.
Além de todas essas desvantagens, fizemos o caminho inverso no que diz respeito ao compartilhamento das fotos. Outrora, o útil era um álbum de fotos na mão pra levar pra galera. Hoje, isso seria um fardo — ter que escanear as fotos uma por uma ou, mais comumente, tirar fotos desfocadas pra jogar no Insta com algum filtro sem sentido.
Foi uma total inversão daquele hábito. Nem sei se sinto falta do método antigo, pra ser sincero.
Que outros hábitos ficaram pra trás sob as Areias do Tempo?

March 30, 2014
Oi. Eu sou o Izzy Nobre e eu estou aqui para que você me contrate.
Oi, pessoa da internet que talvez se chame Gabriel ou Camila ou Lívia ou Lucas. Como vai você? Eu vou bem, exceto por um probleminha.
Eu preciso que você me contrate.
Pera, deixa eu explicar melhor.
Como você talvez saiba, estive mantendo este site (e o meu canal no YouTube) por muitos anos. Entretanto, meu retorno aos estudos vai exigir de mim tempo que eu atualmente não tenho. Equilibrar trabalho, estudos e vida social já é difícil — tenho certeza que vários de vocês conhecem este inferno! –, imagina então pra um cara que tem um “trabalho secundário” de ficar horas na frente de um computador escrevendo textos e editando vídeos pra pessoas que ele nem conhece!
A única solução pra que eu mantenha minha saúde física e mental é abrir mão do meu site e do meu canal pra focar inteiramente na minha carreira e nos livros. Só que essa não é uma opção muito favorável, porque eu não queria abrir mão do meu trabalho na internet, e (penso eu, num arroubo de arrogância) que alguns de vocês também ficariam tristes se visitassem o HBD amanhã e encontrassem uma plaquinha dizendo “FECHOU PARA SEMPRE, AQUELE ABRAÇO”.
Então. Situação meio foda, né? Mas eu pensei numa solução. Vou deixar este cara bonitão aí embaixo explicar melhor a situação.
http://www.youtube.com/watch?v=WMd-lniYejA
Entendeu como funciona? SE você gosta do meu trabalho e acredita, de fato, que ele tem ALGUM valor financeiro — por menor que este valor seja; não ficarei triste se você pensa que tudo que eu faço vale apenas 1 ou 2 dólar por mês –, agora você pode contribuir para que meus textos e vídeos continuem.
Basta clicar no meu perfil no Patreon. Lá, você poderá se comprometer a financiar o meu trabalho, mensalmente, com qualquer quantia que você achar válida. Ou nenhuma, se você não puder ou não achar que eu mereço.
É a democratização total do ressarcimento financeiro, um conceito que é sempre elogiado em massa na internet quando adotado por alguma banda ou produtora de games, e que eu finalmente posso dizer que faço parte.
E que fique claro, o meu conteúdo será grátis pra todo mundo, pra sempre (caso eu continue o produzindo, o que depende da adesão de um número significativo de vocês — é, afinal, o propósito do meu Patreon); só que a galera que me “contratar” vai ganhar um monte de coisinhas extras, como sorteios, aparições no meu vlog, ligações no Skype, esse tipo de mimos. É uma forma justíssima de recompensar aqueles que tornarão possível que meu conteúdo continue rolando!
E aí? Venha ser meu Patrão!

March 29, 2014
SEJA O MEU PATRÃO!
Olhaí um vlog novo, turma! Vamos assistir juntinhos aí:
Como sempre, imploro: deixe joinhas, favorite, espalhe o vídeo entre seus amiguinhos pra ajudar essa porra a crescer. Quanto mais feedback um vídeo recebe, mais empolgado eu fico pra criar mais. Não te custa nada, porra!
Caso você prefira assistir no youtube, basta clicar aqui!
Grato e tenha um belo dia.

March 27, 2014
Buscas malucas que fazem no Google!
Olhaí um vlog novo, turma! Vamos assistir juntinhos aí:
Como sempre, imploro: deixe joinhas, favorite, espalhe o vídeo entre seus amiguinhos pra ajudar essa porra a crescer. Quanto mais feedback um vídeo recebe, mais empolgado eu fico pra criar mais. Não te custa nada, porra!
Caso você prefira assistir no youtube, basta clicar aqui!
Grato e tenha um belo dia.

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