Denise Bottmann's Blog, page 89
December 4, 2011
entrevista

hoje saiu uma entrevista minha ao cidadão quem? - está disponível aqui. agradeço muito ao pessoal do CQ pelo espaço e pela divulgação dessa praga que ainda não desapareceu, a cópia fraudulenta de traduções.
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Published on December 04, 2011 15:49
prêmio de tradução: petição à fbn
À Presidência da Fundação Biblioteca Nacional
Exmo. Sr. Presidente Galeno Amorim:
Todos sabemos como é importante a mais ampla difusão do conhecimento em escala mundial. É nesse processo de difusão que se patenteia a enorme relevância do trabalho de tradução. E todos sabemos como é grato que haja um reconhecimento institucional da relevância da tradução, como trabalho de criação intelectual que propicia a universalização da cultura e do saber.
Atualmente, existem no Brasil as seguintes premiações a obras de tradução: Paulo Rónai (FBN), Jabuti (CBL), Monteiro Lobato (FNLIJ), União Latina (UL) e ABL (ABL, por sistema de indicação).
Nota-se que um segmento fundamental – as traduções de obras da área de humanidades ou de grandes clássicos do pensamento universal – é contemplado apenas uma vez a cada três anos, e por iniciativa de uma instituição transnacional, a União Latina.
Uma das provas do enriquecimento e amadurecimento editorial brasileiro consiste na publicação de obras clássicas, de importância fundamental na história cultural: exemplos precípuos de lançamentos em data recente são, entre outros, a grandiosa empreitada de tradução das Vidas de Vasari e do Livro da Alma de Avicena. Obras de produção mais recente também são da maior importância, como os escritos de Nietzsche, Freud e tantos outros.
Cremos que a Fundação Biblioteca Nacional, pelo próprio escopo de sua atuação, poderia contribuir para preencher tal lacuna. Assim, sugeriríamos o desdobramento do Prêmio Paulo Rónai, que passaria a contemplar as duas modalidades: tradução de literatura e tradução de humanidades em geral.
Confiantes de que a presidência da FBN será sensível à importância de um gesto de reconhecimento pela contribuição cultural da tradução de humanidades em nosso país,
Atenciosamente subscrevemo-nos,
Adail SobralAdriana LisboaAlba OlmiAna Helena SouzaAndityas Soares de MouraAndré Malta CamposAndré Medina CaroneAndré ValliasAntonio EngelkeAntonio Ribeiro de Azevedo SantosBeatriz Viégas-FariaBento Prado NetoCarlos Alberto da FonsecaCarmem CacciacarroClaudia BerlinerClaudio Alves MarcondesClaudio WillerCristiana Cocco CarvalhoCristina MacedoDenise BottmannDilma MachadoDirce Waltrick do AmaranteDoralice LimaEbréia de Castro AlvesEleonora G. BottmannElvira SerapicosEric NepomucenoFabiana Leone ZardoFábio de Souza AndradeFátima VascoFederico CarottiFelipe LindosoFernando SantoroFlávia NascimentoFrancisco Araujo da CostaGisele Alves LoboHenrique ChaudonHilton F. SantosHugo da Gama CerqueiraIvo BarrosoIvone C. Benedetti
Jiro TakahashiJorge FurtadoJorio DausterJosé Alexandre da SilvaJosé EisenbergJosé Ignacio Coelho Mendes NetoJosé LiraJúlio César GonçalvesLeila Rosane Kommers
Leonardo FróesLia LevyLina C. CerejoLourdes SetteLucas AngioniLúcia LopesLuís DolhnikoffLuís Alberto de BoniLuiz Barros Montez
Luiz Costa LimaLuiz MarquesMamede JaroucheMarcelo BackesMarcelo CâmaraMárcio H. BadraMarcus MazzariMaria Beatriz de MedinaMarija Rosa Savelli BragaMario M. GonzálezMarion Luiza PfefferMarisa AshikawaMarlova AseffMatteo RaschiettiMauro GamaMichel SleimanMilana PenavskiMonica S. MartinsOlívia A. Niemeyer SantosPatricia Chittoni Ramos ReuillardPaulo BezerraPaulo Henriques BrittoPedro de Quadros du BoisPedro MacielPedro Maia SoaresPetê RissattiRenato Guimarães
Renato MottaRoberto Grey
Rodrigo Farias de AraújoSaulo von Randow JúniorSérgio F. G. BathSergio FlaksmanSérgio MedeirosSergio PacháSilnei S. SoaresSonia AugustoStella MachadoTelma Franco DinizTelma Miranda GomesThereza Christina Rocque da MottaValter Mendes Junior

Exmo. Sr. Presidente Galeno Amorim:
Todos sabemos como é importante a mais ampla difusão do conhecimento em escala mundial. É nesse processo de difusão que se patenteia a enorme relevância do trabalho de tradução. E todos sabemos como é grato que haja um reconhecimento institucional da relevância da tradução, como trabalho de criação intelectual que propicia a universalização da cultura e do saber.
Atualmente, existem no Brasil as seguintes premiações a obras de tradução: Paulo Rónai (FBN), Jabuti (CBL), Monteiro Lobato (FNLIJ), União Latina (UL) e ABL (ABL, por sistema de indicação).
Nota-se que um segmento fundamental – as traduções de obras da área de humanidades ou de grandes clássicos do pensamento universal – é contemplado apenas uma vez a cada três anos, e por iniciativa de uma instituição transnacional, a União Latina.
Uma das provas do enriquecimento e amadurecimento editorial brasileiro consiste na publicação de obras clássicas, de importância fundamental na história cultural: exemplos precípuos de lançamentos em data recente são, entre outros, a grandiosa empreitada de tradução das Vidas de Vasari e do Livro da Alma de Avicena. Obras de produção mais recente também são da maior importância, como os escritos de Nietzsche, Freud e tantos outros.
Cremos que a Fundação Biblioteca Nacional, pelo próprio escopo de sua atuação, poderia contribuir para preencher tal lacuna. Assim, sugeriríamos o desdobramento do Prêmio Paulo Rónai, que passaria a contemplar as duas modalidades: tradução de literatura e tradução de humanidades em geral.
Confiantes de que a presidência da FBN será sensível à importância de um gesto de reconhecimento pela contribuição cultural da tradução de humanidades em nosso país,
Atenciosamente subscrevemo-nos,
Adail SobralAdriana LisboaAlba OlmiAna Helena SouzaAndityas Soares de MouraAndré Malta CamposAndré Medina CaroneAndré ValliasAntonio EngelkeAntonio Ribeiro de Azevedo SantosBeatriz Viégas-FariaBento Prado NetoCarlos Alberto da FonsecaCarmem CacciacarroClaudia BerlinerClaudio Alves MarcondesClaudio WillerCristiana Cocco CarvalhoCristina MacedoDenise BottmannDilma MachadoDirce Waltrick do AmaranteDoralice LimaEbréia de Castro AlvesEleonora G. BottmannElvira SerapicosEric NepomucenoFabiana Leone ZardoFábio de Souza AndradeFátima VascoFederico CarottiFelipe LindosoFernando SantoroFlávia NascimentoFrancisco Araujo da CostaGisele Alves LoboHenrique ChaudonHilton F. SantosHugo da Gama CerqueiraIvo BarrosoIvone C. Benedetti
Jiro TakahashiJorge FurtadoJorio DausterJosé Alexandre da SilvaJosé EisenbergJosé Ignacio Coelho Mendes NetoJosé LiraJúlio César GonçalvesLeila Rosane Kommers
Leonardo FróesLia LevyLina C. CerejoLourdes SetteLucas AngioniLúcia LopesLuís DolhnikoffLuís Alberto de BoniLuiz Barros Montez
Luiz Costa LimaLuiz MarquesMamede JaroucheMarcelo BackesMarcelo CâmaraMárcio H. BadraMarcus MazzariMaria Beatriz de MedinaMarija Rosa Savelli BragaMario M. GonzálezMarion Luiza PfefferMarisa AshikawaMarlova AseffMatteo RaschiettiMauro GamaMichel SleimanMilana PenavskiMonica S. MartinsOlívia A. Niemeyer SantosPatricia Chittoni Ramos ReuillardPaulo BezerraPaulo Henriques BrittoPedro de Quadros du BoisPedro MacielPedro Maia SoaresPetê RissattiRenato Guimarães
Renato MottaRoberto Grey
Rodrigo Farias de AraújoSaulo von Randow JúniorSérgio F. G. BathSergio FlaksmanSérgio MedeirosSergio PacháSilnei S. SoaresSonia AugustoStella MachadoTelma Franco DinizTelma Miranda GomesThereza Christina Rocque da MottaValter Mendes Junior
Published on December 04, 2011 09:02
prêmio de tradução de humanidades
creio ser inegável que as obras de tradução têm um peso considerável no brasil. as cifras indicando a participação das obras de tradução no total de obras publicadas anualmente no país não são muito exatas: variam de um mínimo de 24% a um máximo de 80%, dependendo dos critérios adotados, dos universos analisados, das fontes utilizadas. acho 40% um número razoável, e bastante elevado, se considerarmos os percentuais de obras traduzidas na produção editorial americana (cerca de 2 a 4%) e europeia em geral (de 12 a 16%).
apesar dessa presença significativa de obras traduzidas no país, o reconhecimento do ofício de tradução está muito aquém do que se poderia esperar. uma das formas de reconhecimento público, em todo o mundo, é a outorga de prêmios a obras de destacada qualidade. no brasil, porém, conta-se nos dedos de uma das mãos o número de prêmios de tradução.
a situação atual dos prêmios de tradução no brasil é a seguinte:
jabuti (CBL, tradução literária)
paulo rónai (FBN, tradução literária)
monteiro lobato (FNLIJ, tradução literária, duas categorias: "criança" e "jovem")
abl (ABL, tradução literária, por indicação interna)
união latina (UL, tradução técnica e científica, trienal)
vê-se que a única entidade que contempla a tradução não literária é a transnacional União Latina, sediada na espanha, que promove sua premiação no brasil uma vez a cada três anos!
em vista do processo de dinamização pelo qual vem passando a fundação biblioteca nacional, com a nova gestão de galeno amorim, e por ocasião da outorga do prêmio paulo rónai 2011 da fbn, creio que é um momento adequado para sugerir a criação de um prêmio nacional para obras de tradução na área de humanidades, tão fundamental e tão solenemente negligenciada entre nós.
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apesar dessa presença significativa de obras traduzidas no país, o reconhecimento do ofício de tradução está muito aquém do que se poderia esperar. uma das formas de reconhecimento público, em todo o mundo, é a outorga de prêmios a obras de destacada qualidade. no brasil, porém, conta-se nos dedos de uma das mãos o número de prêmios de tradução.
a situação atual dos prêmios de tradução no brasil é a seguinte:
jabuti (CBL, tradução literária)
paulo rónai (FBN, tradução literária)
monteiro lobato (FNLIJ, tradução literária, duas categorias: "criança" e "jovem")
abl (ABL, tradução literária, por indicação interna)
união latina (UL, tradução técnica e científica, trienal)
vê-se que a única entidade que contempla a tradução não literária é a transnacional União Latina, sediada na espanha, que promove sua premiação no brasil uma vez a cada três anos!
em vista do processo de dinamização pelo qual vem passando a fundação biblioteca nacional, com a nova gestão de galeno amorim, e por ocasião da outorga do prêmio paulo rónai 2011 da fbn, creio que é um momento adequado para sugerir a criação de um prêmio nacional para obras de tradução na área de humanidades, tão fundamental e tão solenemente negligenciada entre nós.
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Published on December 04, 2011 06:48
December 3, 2011
December 2, 2011
zaratustra, editora escala V
finalmente recebi a edição do zaratustra pela editora escala que eu queria. os dois textos da escala, na "série filosofar" e nas "grandes obras do pensamento universal", são iguais entre si. assim, voltando à primeira pulga, que foi o release, de fato não sei de onde o tiraram. mas a pulga foi útil, pois levou à pesquisa que desvendou não só a existência da cópia, como também as tentativas de disfarçá-la.
a "série filosofar" é para fins didáticos, com cronologia, resumos, exercícios, propostas de atividade em sala de aula e roteiro de estudo. é assustador que a escala educacional lance mão de tais estratagemas para seus livros didáticos.
acompanhe a história aqui:
editora escala educacional
livro do professor
zaratustra, editora escala I
zaratustra, editora escala II
zaratustra, editora escala III
zaratustra, editora escala IV
sobre as traduções de nietzsche no brasil, veja aqui: pesquisa "nietzsche no brasil"
imagem: fake
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Published on December 02, 2011 15:08
December 1, 2011
the shakespearean insult kit, via ricardo paoletti:
Published on December 01, 2011 04:16
November 30, 2011
ecce homo, martin claret
ecce homo tem sofrido um bom pouco no brasil. houve a fraude descabelada da editora rideel em 2005, que publicou uma cópia atamancada da tradução portuguesa de artur morão, atribuindo-a ao nome de "heloísa da graça burati". ver aqui.
[image error] diz a editora que recolheu essa edição espúria após o desmascaramento da fraude, mas alguns milhares de exemplares circularam e foram vendidos, e certamente continuam a integrar bibliotecas pessoais e públicas.
desde 2000, a martin claret publica ecce homo em sucessivas reedições, incansavelmente atribuindo a autoria da tradução a pietro nassetti:
[image error]
neste caso, o autor da tradução legítima que serviu de base para a fraude nassetti-claretiana é lourival de queiroz henkel. ela foi publicada por volta de 1936 pela edições e publicações brasil, com prefácio de afonso bertagnoli. a brasil lançou quatro edições da obra, até 1959.

mais tarde, a tradução de lourival de queiroz henkel trafegou para a tecnoprint e ediouro, com inúmeras reedições, e agora consta como "temporariamente" esgotada:

veja-se uma rápida comparação entre a tradução de lourival de queiroz henkel e a cópia de pietro nassetti. nietzsche está comentando sua obra a origem da tragédia:
esse patético ecce homo da martin claret se encontra disponível para download em vários sites, por exemplo aqui. se a pessoa quiser uma tradução legítima, o supracitado ecce homo de artur morão, garfado pela rideel, se encontra, por exemplo, aqui..

[image error] diz a editora que recolheu essa edição espúria após o desmascaramento da fraude, mas alguns milhares de exemplares circularam e foram vendidos, e certamente continuam a integrar bibliotecas pessoais e públicas.
desde 2000, a martin claret publica ecce homo em sucessivas reedições, incansavelmente atribuindo a autoria da tradução a pietro nassetti:
[image error]
neste caso, o autor da tradução legítima que serviu de base para a fraude nassetti-claretiana é lourival de queiroz henkel. ela foi publicada por volta de 1936 pela edições e publicações brasil, com prefácio de afonso bertagnoli. a brasil lançou quatro edições da obra, até 1959.

mais tarde, a tradução de lourival de queiroz henkel trafegou para a tecnoprint e ediouro, com inúmeras reedições, e agora consta como "temporariamente" esgotada:

veja-se uma rápida comparação entre a tradução de lourival de queiroz henkel e a cópia de pietro nassetti. nietzsche está comentando sua obra a origem da tragédia:
O início é sobremodo singular. Pela minha experiência íntima, fora-me dado descobrir o único símbolo e paralelo que à história é dado possuir, tendo sido o primeiro também a conceber o maravilhoso fenômeno dionisíaco. Ao mesmo tempo, pelo fato de ter reconhecido Sócrates como um decadente, experimentara de maneira indubitável quão pouco o meu instinto psicológico estava ameaçado por qualquer idiossincrasia moral: a própria moral, considerada como sintoma da decadência, é uma inovação, uma particularidade de primeira ordem na história da consciência. Como passara alto, de um só pulo, em todos os dois casos, acima das conversas fiadas do otimismo contra o pessimismo! ... Eu anuncio o advento de uma era trágica: a arte mais sublime na afirmação da vida, a tragédia, renascerá quando a humanidade, sem sofrimento, tiver atrás de si a consciência de ter sustentado as guerras mais rudes e mais necessárias.(LQH)
Este início é sobremodo singular. Pela minha experiência íntima, fora-me dado descobrir o único símbolo e paralelo que à história é dado possuir, tendo sido o primeiro também a conceber o maravilhoso fenômeno dionisíaco. Ao mesmo tempo, pelo fato de ter reconhecido Sócrates como um decadente, experimentara de maneira indubitável quão pouco o meu instinto psicológico estava ameaçado por qualquer idiossincrasia moral: a própria moral, considerada como sintoma da decadência, é uma inovação, uma particularidade de primeira ordem na história da consciência. Como passara alto, de um só pulo, em todos os dois casos, acima das conversas fiadas do otimismo contra o pessimismo! ... Eu anuncio o advento de era trágica: a arte mais sublime na afirmação da vida, a tragédia, renascerá quando a humanidade, sem sofrimento, terá atrás de si a consciência de ter sustentado as guerras mais rudes e mais necessárias. (PN)aliás, essa edição claretiana do ecce homo traz também o prefácio de afonso bertagnoli à edição de c.1936. a coisa está meio confusa, pois aparentemente o editor da martin claret achou que o prefácio seria do próprio nietzsche e o apresentou em "versão de affonso bertagnoli, adaptada por mauro araujo de souza" (p. 25).
esse patético ecce homo da martin claret se encontra disponível para download em vários sites, por exemplo aqui. se a pessoa quiser uma tradução legítima, o supracitado ecce homo de artur morão, garfado pela rideel, se encontra, por exemplo, aqui..
Published on November 30, 2011 16:40
via federico carotti
Published on November 30, 2011 06:58
November 29, 2011
zaratustra, martin claret
aliás, aproveitando a ocasião, vejamos a edição da martin claret, assim falou zaratustra, em suas várias capinhas:
no começo aparecem "alex marins" e pietro nassetti se revezando como supostos tradutores, além de uma "equipe de tradutores" , capa de 1999
a "equipe de tradutores" se intercala com os outros dois e depois some; nassetti fica até 2002; depois volta "alex marins", que fica até hoje; capa desde 1999 até 2010
[image error]2010 e 2011, constando como "nova edição inteiramente revisada". não sei o que isso pode significar; o velho "alex marins" de guerra continua a aparecer como o pretenso tradutor.
outra capita de 2011
abaixo segue o texto na pretensa tradução intermitentemente atribuída a pietro nassetti nas edições de 1999 a 2002, disponível aqui.
mais um trechinho, na sequência do prólogo:
para essa curiosa indecisão nos créditos de tradução de assim falou zaratustra pela martin claret, vejam-se alguns exemplos colhidos no google:

no começo aparecem "alex marins" e pietro nassetti se revezando como supostos tradutores, além de uma "equipe de tradutores" , capa de 1999
a "equipe de tradutores" se intercala com os outros dois e depois some; nassetti fica até 2002; depois volta "alex marins", que fica até hoje; capa desde 1999 até 2010[image error]2010 e 2011, constando como "nova edição inteiramente revisada". não sei o que isso pode significar; o velho "alex marins" de guerra continua a aparecer como o pretenso tradutor.
outra capita de 2011abaixo segue o texto na pretensa tradução intermitentemente atribuída a pietro nassetti nas edições de 1999 a 2002, disponível aqui.
Preâmbulo de Zaratustra
Aos trinta anos Zaratustra afastou−se da sua pátria e do lago da sua pátria, e dirigiu−se à montanha. Durante dez anos gozou por lá do seu espírito e da sua solidão sem se cansar. Variaram, no entanto, os seus sentimentos, e uma manhã, erguendo−se com a aurora, pôs−se em frente do sol e falou−lhe da seguinte maneira: "Grande astro! Que seria da tua felicidade se te faltassem aqueles a quem iluminas? Faz dez anos que te apresentas à minha caverna, e, sem mim, sem a minha águia e a minha serpente, haver−te−ias cansado da tua luz e deste caminho. Nós, porém, te aguardávamos todas as manhãs, tomávamos−te o supérfluo e bendizíamos−te. Pois bem: já estou tão enfastiado da minha sabedoria, como a abelha quando acumula demasiado mel. Necessito mãos que se estendam para mim. Quisera dar e repartir até que os sábios tornassem a gozar da sua loucura e os pobres, da sua riqueza. Por essa razão devo descer às profundidades, como tu pela noite, astro exuberante de riqueza quando transpôes o mar para levar a tua luz ao mundo inferior. Eu devo descer, como tu, segundo dizem os homens a quem me quero dirigir. Abençoa−me, pois, olho afável, que podes ver sem inveja até uma felicidade demasiado grande! Abençoa a taça que quer transbordar, para que dela jorrem as douradas águas, levando a todos os lábios o reflexo da tua alegria!se compararmos com a tradução feita ou revista por josé mendes de souza (1950), disponível para download aqui, é fácil constatar o grau de semelhança:
Olha! Esta taça quer novamente esvaziar−se, e Zaratustra quer tornar a ser homem". Assim principiou o ocaso de Zaratustra. (PN)
Preâmbulo de Zaratustra
Aos trinta anos Zaratustra apartou−se da sua pátria e do lago da sua pátria, e foi-se até a montanha. Durante dez anos gozou por lá do seu espírito e da sua soledade sem se cansar. Variaram, porém, os seus sentimentos, e uma manhã, erguendo−se com a aurora, pôs−se em frente do sol e falou−lhe deste modo: "Grande astro! Que seria da tua felicidade se te faltassem aqueles a quem iluminas? Faz dez anos que te abeiras da minha caverna, e, sem mim, sem a minha águia e a minha serpente, haver−te−ias cansado da tua luz e deste caminho. Nós, porém, esperávamos-te todas as manhãs, tomávamos−te o supérfluo e bemdizíamos−te. Pois bem: já estou tão enfastiado da minha sabedoria, como a abelha que acumulasse demasiado mel. Necessito mãos que se estendam para mim. Quisera dar e repartir até que os sábios tornassem a gozar da sua loucura e os pobres da sua riqueza. Por isso devo descer às profundidades, como tu pela noite, astro exuberante de riqueza quando transpões o mar para levar a tua luz ao mundo inferior. Eu devo descer, como tu, segundo dizem os homens a quem me quero dirigir. Abençoa−me, pois, olho afável, que podes ver sem inveja até uma felicidade demasiado grande! Abençoa a taça que quer transbordar, para que dela manem as douradas águas, levando a todos os lábios o reflexo da tua alegria!
Olha! Esta taça quer de novo esvaziar−se, e Zaratustra quer tornar a ser homem".
Assim principiou o ocaso de Zaratustra. (JMS)
mais um trechinho, na sequência do prólogo:
II
Zaratustra desceu sozinho das montanhas sem encontrar ninguém. Ao chegar aos bosques deparou−se−lhe de repente um velho de cabelos brancos que saíra da sua sagrada cabana para procurar raízes na selva. E o velho falou a Zaratustra desta maneira: "Este viandante não me é estranho: passou por aqui há anos. Chamava−se Zaratustra, mas mudou. Nesse tempo levava as suas cinzas para a montanha. Quererá levar hoje o seu fogo para os vales? Não temerá o castigo que se reserva aos incendiários? Sim; reconheço Zaratustra. O seu olhar, no entanto, e a sua boca não revelam nenhum enfado. Parece que se dirige para aqui como um bailarino! Zaratustra mudou, Zaratustra tornou−se menino, Zaratustra está acordado. Que vais fazer agora entre os que dormem? Como no mar vivias, no isolamento, e o mar te levava. Desgraçado! Queres saltar em terra? Desgraçado! Queres tornar a arrastar tu mesmo o teu corpo?"
Zaratustra respondeu: "Amo os homens".
"Pois por que − disse o santo − vim eu para a solidão? Não foi por amar demasiadamente os homens? Agora amo a Deus; não amo os homens. O homem é, para mim, coisa sobremaneira incompleta. O amor pelo homem matar−me−ia".
Zaratustra retrucou: "Falei de amor! Trago uma dádiva aos homens".
"Nada lhes dês − disse o santo. − Pelo contrário, tira−lhes algo e eles logo te ajudarão a levá−lo. Nada lhes convirá melhor de que quanto a ti de convenha. E se pretendes ajudar não lhes dês mais do que uma esmola, e ainda assim espera que te peçam".
"Não − respondeu Zaratustra; − eu não dou esmolas. Não sou bastante pobre para isso".
O santo pôs−se a rir de Zaratustra e falou assim:
"Então vê lá como te arranjas para te aceitarem os tesouros. Eles desconfiam dos solitários e não acreditam que tenhamos força para dar. As nossas passadas ecoam solitariamente demais nas ruas. E, ao ouvi−las, perguntam assim como de noite, quando, deitados nas suas camas, ouvem passar um homem muito antes de nascer o sol: Aonde irá o ladrão? Não vás ao encontro dos homens! Fica no bosque! Prefere à deles a companhia dos animais! Por que não queres ser como eu, urso entre os ursos, ave entre as aves?"
"E que faz o santo no bosque?", perguntou Zaratustra.
O santo respondeu: "Faço cânticos e canto−os, e quando faço cânticos rio, choro e murmuro. Assim louvo a Deus. Com cânticos, lágrimas, risos e murmúrios louvo ao Deus que é meu Deus. Mas, deixa ver: que presente nos trazes?".
Ao ouvir estas palavras, Zaratustra cumprimentou o santo e disse−lhe:
"Que teria eu para vos dar? O que tens a fazer é deixar−me caminhar, correndo, para vos não tirar coisa nenhuma".
Separam−se um do outro, o velho e o homem, rindo como riem duas criaturas. Zaratustra, porém, ao ficar sozinho falou assim ao seu coração: "Será possível que este santo ancião ainda não ouviu no seu bosque que Deus já morreu?" (PN)
II
Zaratustra desceu sozinho das montanhas sem encontrar ninguém. Ao chegar aos bosques deparou−se−lhe de repente um velho de cabelos brancos que saíra da sua santa cabana para procurar raízes na selva. E o velho falou a Zaratustra desta maneira: "Este viandante não me é estranho: passou por aqui há anos. Chamava−se Zaratustra, mas mudou. Nesse tempo levava as suas cinzas para a montanha. Quererá levar hoje o seu fogo para os vales? Não temerá o castigo que se reserva aos incendiários? Sim; reconheço Zaratustra. O seu olhar, porém, e a sua boca não revelam nenhum enfado. Parece que se dirige para aqui como um bailarino! Zaratustra mudou, Zaratustra tornou−se menino, Zaratustra está acordado. Que vais fazer agora entre os que dormem? Como no mar vivias, no isolamento, e o mar te levava. Desgraçado! Queres saltar em terra? Desgraçado! Queres tornar a arrastar tu mesmo o teu corpo?"
Zaratustra respondeu: "Amo os homens".
"Pois por que − disse o santo − vim eu para a solidão? Não foi por amar demasiadamente os homens? Agora amo a Deus; não amo os homens. O homem é, para mim, coisa sobremaneira incompleta. O amor pelo homem matar−me−ia".
Zaratustra retrucou: "Falei de amor! Trago uma dádiva aos homens".
"Nada lhes dês − disse o santo. − Pelo contrário, tira−lhes qualquer coisa e eles logo te ajudarão a levá−la. Nada lhes convirá melhor, de que quanto a ti de convenha. E se queres dar, não lhes dês mais do que uma esmola, e ainda assim espera que ta peçam".
"Não − respondeu Zaratustra; − eu não dou esmolas. Não sou bastante pobre para isso".
O santo pôs−se a rir de Zaratustra e falou assim:
"Então vê lá como te arranjas para te aceitarem os tesouros. Eles desconfiam dos solitários e não acreditam que tenhamos força para dar. As nossas passadas ecoam solitariamente demais nas ruas. E, ao ouvi−las, perguntam assim como de noite, quando, deitados nas suas camas, ouvem passar um homem muito antes de alvorecer: Aonde irá o ladrão? Não vás para os homens! Fica no bosque! Prefere à deles a companhia dos animais! Por que não queres ser como eu, urso entre os ursos, ave entre as aves?"
"E que faz o santo no bosque?", perguntou Zaratustra.
O santo respondeu: "Faço cânticos e canto−os, e quando faço cânticos rio, choro e murmuro. Assim louvo a Deus. Com cânticos, lágrimas, risos e murmúrios louvo ao Deus que é meu Deus. Mas, deixa ver: que presente nos trazes?".
Ao ouvir estas palavras, Zaratustra cumprimentou o santo e disse−lhe: "Que teria eu para vos dar? O que tens a fazer é deixar−me caminhar, correndo, para vos não tirar coisa nenhuma".
E assim se separaram um do outro, o velho e o homem, rindo como riem duas criaturas. Quando, porém, Zaratustra se viu só, falou assim ao seu coração: "Será possível que este santo ancião ainda não ouvisse no seu bosque que Deus já morreu?" (JMS)
para essa curiosa indecisão nos créditos de tradução de assim falou zaratustra pela martin claret, vejam-se alguns exemplos colhidos no google:
NIETZSCHE, Friedrich. Assim falou Zaratustra. Tradução Pietro Nassetti. São Paulo: Martin Claret, 1999
NIETZSCHE, Frederich. Assim falou Zaratustra. Trad. Alex Marins. São Paulo: Martin Claret, 1999.
NIETZSCHE, F. W. Assim Falou Zaratustra. Tradução: Equipe de tradutores da editora Martin Claret – São Paulo, SP. Editora: Martin Claret – 2000.
NIETZSCHE, Friedrich. Assim falou Zaratustra, tradução Pietro Nassetti. São Paulo. Martin Claret, 2002
NIETZSCHE, Friedrich. Assim falou Zaratustra. Trad. De Alex Marins. São Paulo, SP. Martin Claret, 2002
NIETZSCHE, Friedrich. Assim Falou Zaratustra. Trad. Alex Marins. São Paulo:Martin Claret, 2003.
NIETZSCHE, Friedrich. "Assim falou Zaratustra". Tradução de Alex Marins. São Paulo: Martin Claret, 2004.
NIESTZCHE, Friedrich. Assim Falou Zaratustra. Tradução Alex Marins.São Paulo: Ed.Martin Claret, 2005
NIETZSCHE, Friederick. Assim falou Zaratustra. Tradução: Alex Marins. São Paulo: Martin Claret, 2006
Assim falou Zaratustra. Tradução Alex Marins. São. Paulo: Martin Claret, 2007
NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Assim falou Zaratustra. Trad. Alex Marins. 2. reimp. São Paulo: Martin Claret, 2008.
Published on November 29, 2011 03:09
November 28, 2011
zaratustra, editora escala IV
aqui mostrei alguns exemplos de inexplicável identidade entre as duas traduções de assim falava zaratustra, uma feita ou revista por josé mendes de souza e outra em nome de ciro mioranza.agora apresento outro tipo de caso, que parece indicar alguma manipulação deliberada no começo e no fim de um aforismo, enquanto todo o corpo principal mantém a identidade do texto de base. o exemplo dado abaixo é o aforismo 30 de "das antigas e das novas tábuas":
Ó tu, vontade, necessidade minha, trégua de toda a miséria! Livra-me de todas as pequenas vitórias!
Azar da minha alma a que chamo destino! Tu que estás em mim e sobre mim, livra-me e reserva-me para um grande destino!
E tu, última grandeza, vontade minha, conserva-a para um fim, para que sejas implacável na tua vitória! Ai! Quem não sucumbirá à sua vitória?
Ai! Que olhos se não têm turvado nessa embriaguez de crepúsculo? Que pé não tem tropeçado e perdido sua firmeza na vitória?
A fim de estar preparado e maduro quando chegar o Grande Meio-Dia, preparado e maduro como o bronze reluzente, como a nuvem cheia de relâmpagos e o seio cheio de leite.
Preparado para mim mesmo e para a minha vontade mais oculta. Um arco anelante da sua flecha, uma flecha anelante da sua estrela.
Uma estrela preparada e madura no seu meio-dia, ardente e trespassada, satisfeita da flecha celeste que a destrói.
Sol e implacável vontade de sol, pronta a destruir na vitória.
Ó vontade, necessidade minha, trégua de toda a miséria! Reserva-me para uma grande vitória!"
Assim falava Zaratustra. (JMS)
Ó minha vontade, vértice de todas as necessidades, necessidade minha, livra-me de todas as vitórias pequenas!imagem: aqui
Ó sorte de minha alma, a que chamo destino! Tu que estás em mim e sobre mim, livra-me e reserva-me para um grande destino!
E tu, última grandeza, vontade minha, conserva-a para um fim, para que sejas implacável em tua vitória! Ai! Quem não sucumbirá à sua vitória?
Ai! Que olhos não se têm turvado nessa embriaguez de crepúsculo? Que pé não tem tropeçado e perdido sua firmeza na vitória?
A fim de estar preparado e maduro quando chegar o grande meio-dia, preparado e maduro como o bronze reluzente, como a nuvem cheia de relâmpagos e o seio cheio de leite.
Preparado para mim mesmo e para minha vontade mais oculta. Um arco anelante de sua flecha, uma flecha anelante de sua estrela.
Uma estrela preparada e madura em seu meio-dia, ardente e trespassada, satisfeita da flecha celeste que a destrói.
Sol e implacável vontade inexorável de sol, pronta a destruir na vitória.
Ó vontade, vértice de toda necessidade, ó minha necessidade! Reserva-me para uma só grande vitória!"
Assim falava Zaratustra. (CM)
.
Published on November 28, 2011 14:12
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