Roberto Denser's Blog, page 6
October 23, 2015
Notas de uma sexta silenciosa
#1
Às vezes nos consumimos por uma impaciência imotivada e daí não conseguimos fazer nada, nem mesmo o que mais gostamos. No meu caso, falta paciência para a literatura, para o cinema, e até mesmo a música, diante da qual quase sempre sou tão passivo. Sequer sei o que me leva a escrever no blog agora, visto que estou assim… De qualquer forma, cá estou, cheio de pensamentos sobre coisas do passado, de hesitação quanto a coisas do presente, expectativas quanto ao futuro e, bom, impaciência quanto a todo o resto. O que isso significa? Um estado de inércia semelhante, em um nível baixíssimo, ao que sentimos na depressão.
#2
E por falar em depressão, comecei a ler o Demônio do meio-dia, do Andrew Solomon, que versa sobre o tema. É excelente, mas me obrigo a ir devagar, o livro me faz lembrar uma época difícil de minha vida, quando sofri uma depressão aguda que causou sérios danos à minha saúde (e dos quais felizmente me recuperei). Só resolvi fazer essa leitura agora, após cerca de 7 anos tentando ignorar o tema, por causa do meu livro atual (no momento em que escrevo esse post: 48.104 palavras, cerca de um terço do que planejo): dois dos meus principais personagens sofrem com isso em níveis distintos.
#3
Sobre o livro: é a melhor coisa que já escrevi, mas não vou adiantar nada do enredo, personagens nem nada do tipo. Fiz isso com Bernardo, que seria o meu primeiro romance, e acabei desistindo dele. Pode parecer uma surpestição boba, mas confesso que tenho medo de que isso se repita.
#4
Ainda sobre o livro: vai ficar pronto. E eu prometo, PROMETO que será infinitamente melhor do que A Orquestra dos Corações Solitários.
#5
Mudando de assunto: vi com minha esposa esses dias o filme The end of the tour (O final da turnê), que narra o encontro do David Foster Wallace com o David Lipsky, da Rolling Stones, jornalista que iria entrevistá-lo durante a última viagem da book tour de Infinite Jest (Graça Infinita, no Brasil), e ó: foi maravilhoso conhecer um pouco mais daquela mente tão brilhante. No final das contas o livro me deixou com uma sensação de vazio, como se um amigo tivesse ido embora ou algo assim. Se você for do tipo que sente empatia por pessoas solitárias e perturbadas em algum nível (eu basicamente sou o mestre dessa arte), creio que irá gostar bastante do filme. Fica aí a dica.
#6
Por fim, uma dica de livro: li A história do olho (Bataille) e, bom, me diverti bastante. Não garanto que o mesmo vai acontecer com você. Acho até que algumas pessoas reagirão de forma esquisita ou com certa repulsa a esse livro, apesar de ser um clássico e tudo o mais. De todo modo, dei boas risadas, talvez aconteça o mesmo com você.
Até a próxima.
July 26, 2015
Je suis un putain de cliché
Confesso: sou um cliché.
Não tenho personalidade. Gosto de escrever bebendo café e ouvindo jazz, e só não fumo porque já fumei demais, porque tenho o fôlego curto. Uso barba (é verdade que uso desde muito tempo antes de virar modinha hipster, mas uso mesmo assim), gosto de máquinas-de-escrever, e só não as uso porque a vida que eu levo me obriga a ser prático (se morasse no interior da Itália, se vivesse entre vacas leiteiras e vinho produzido por mim e meus 8 filhos, talvez usasse; se meu café da manhã fosse leite recém-ordenhado e queijo batido por minha esposa, talvez; se tivesse um cavalo chamado Enzo, se...).
Há mais, claro que há: uso camisa de flanela (só tenho uma, mas uso como se fosse a única que tenho e ó, peloamordedeus: não é porque sou grunge, não é porque sou hipster, não é porque sou lumpersexual ou lenhador, e sim porque é CONFORTÁVEL), conheço palavras intraduzíveis em alemão, e cito frases em francês e inglês às vezes porque soam melhor assim, às vezes porque consigo identificar a injustiça de qualquer tradução (como traduzir de forma adequada the ultimate inspiration is the deadline? O prazo? Não, não, precisamos da morte no meio dessa frase para ter o efeito apropriado).
Gosto de filmes antigos, de filmes que ninguém (além da minha esposa e de alguns pobres-diabos) gosta (mas de vez em quando também gosto de filmes que todo mundo gosta, não sou tão chato assim).
Sim, sou um cliché, li os beatniks (deus me perdoe), tive meu cepticismo alimentado por Nietzsche e minha espiritualidade por Buda. Li Hesse e me identifiquei com Harry Haller (por favor, deus), depois com Sinclair, e acho que Dostoiévski é o maior escritor de todos os tempos.
Fui rebelde na adolescência, e na vida adulta sou um careta.
Um cliché, em suma... A maior prova disso não é porque vivo a bater latas e tambores por aí (sequer lembro de já ter chegado perto de um tambor alguma vez na vida), mas porque li Rimbaud e até decorei alguns de seus versos, porque dancei jazz como se estivesse possuído, e principalmente porque escrevo sobre esse tipo de coisa.
O outro lado da moeda é que sou um cliché feliz, um cliché que gosta do que gosta, um cliché sincero (nunca dei meio sorriso que fosse pra agradar quem me desagrada, nunca quis chegar ao fim da vida com o mesmo remorso de Rimbaud: par délicatesse j’ai perdu ma vie) e um cliché que nada se importa com que os outros pensem disso.
July 9, 2015
e-Conto novo: Uma noite de eterna duração
Para participar do concurso Brasil em Prosa, promovido pela Amazon e O Globo, publiquei pelo sistema KDP o conto Uma noite de eterna duração, onde o narrador relembra um dos últimos momentos de um ator brilhante encontrado morto por overdose de remédios e cocaína.
O conto é exclusivo pra usuários de aparelhos Kindle, e custa apenas R$ 1,99 (menos que um pacote de biscoito – ou bolacha, se você for paulista – Trakinas). Então se você for usuário Kindle e tiver interesse em contribuir com, ham-ham, minha ascendente carreira literária, aqui vai o link: Roberto Denser – Uma noite de eterna duração. T’obrigado.
Sobre meu processo criativo
O André Timm me convidou para expor alguma coisa sobre meu processo criativo no projeto 2 Mil Toques. Falei sobre como era antes, como foi depois, e como tento fazer com que seja agora. Aqui vai o link: Roberto Denser – 2 Mil Toques.
Tem muita gente boa por lá. Minha sugestão é que se você gosta desse tipo de curiosidade, veja todos.
As coisas que aprendi sobre a escrita:Já o Tiago Pereira, do Escriba Encapuzado, me pediu para falar sobre 7 coisas que aprendi sobre o ato de escrever – ou o ofício do escritor, expressão que prefiro –, e aqui vai o link pra quem quiser conferir: Roberto Denser – 7 Coisas que Aprendi.
Repito a dica acima: muita gente boa ensinando muita coisa útil. Sugiro a leitura completa.
Enjoyem.
July 2, 2015
De repente 10, 15, 20, 25 e 30: sobre o que sobra, sobre o que sofre, e sobre ser escritor
Então um dia alguém lê algo que você escreveu e diz nossa, que texto magnífico, foi você mesmo quem escreveu? Está verdadeiramente surpreso, pois pra ele escrever tem um quê de misticismo e ter alguém tão próximo que escreve com naturalidade, desenvoltura, fluidez não é apenas inesperado, é também fascinante. Daí você diz, lisonjeado pela surpresa e ofendido pela dúvida, ora, mas é claro que fui eu, quem mais teria sido, visto que eu aqui o exponho, visto que eu aqui solicito pareceres? Você é jovem e, dizem agora, talentoso, talvez até mesmo precoce, superdotado, um prodígio, dizem, e o motivo para afirmarem isso vem da soma de tua idade ao resultado de uma breve investigação: não houve uma influência externa que te causou esse ímpeto de pegar a caneta e rabiscar numa página em branco qualquer coisa que se aproxime de “Era uma vez um garoto que...”, pelo contrário: há em tua natureza introspectiva a presença perene, nascida contigo, de um cacoethes scribendi, uma coceira, uma ânsia por combinar palavras, criar universos, pegar o verbo, que era no princípio, trazê-lo para o teu domínio e transformá-lo em qualquer coisa que quiseres — com ele crias vidas, com ele brincas de deus —, o que fazes às vezes quando a musa senta em teu colo e sopra em teus ouvidos “vai”, ou mesmo quando tu é quem pega ela pelo pescoço e diz “vem”, obrigando-a a sentar em teu colo e ali permanecer. E você cresce com essa convicção, e aos 15 anos percebe que não é Rimbaud. Que você tem a fome de Rimbaud e a sede de Rimbaud, talvez até mesmo as disposições de espírito de Rimbaud, a aspiração mística de Rimbaud e até quem sabe a intuição e a vidência de Rimbaud, mas não, você não é Rimbaud e isso te frustra e você diz para si mesmo que ainda está em seu caminho, que é para não ter pressa, murmura algum cliché motivacional do tipo Caminante, no hay camino, pero... que nada mais é do que uma maneira bonita de dizer que devagar se vai ao longe, que para chegar só é preciso ir. E você vai, vai com tudo o que tem, acredita, superestima seu futuro, faz escolhas de vida que, você crê, te aproximarão de teu destino — você ainda acha que tem um —, mas que na prática só servem pra te levar ainda mais longe do lugar que — você não sabe se onde quer chegar ou se te pertence por alguma disposição pré-existencial. Então chegam os 20 anos, você então é imortal e mesmo que há muito você aceite que não é Rimbaud, algo em seu coração ainda acredita que há muito de Rimbaud em você, e por acreditar nisso e por ser imortal, você quer revolucionar o mundo, reorganizar as estrelas, gritar aos quatro cantos o brado do Deus-Furacão de modo a ensurdecer os que te ouvem (ou deveriam ouvir), já que é pra isso que eles estão ali. E você louva Dionísio, e você vive a vida como quem bebe o vinho, e entre orgias vazias de sentido você pensa em Nietzsche, no bigode de Nietzsche e na solidão de Nietzsche, na enxaqueca de Nietzsche e na loucura de Nietzsche, e em Nietzsche dançando nu no quarto de alguma pousada barata cantando uma música tribal e dizendo Eu sou Dionísio, Eu sou O Anticristo, Eu sou Zaratustra. E você pensa em seu colapso final, no cavalo e no açoite, em Raskolnikov e seu machado manchado de crime. Você pensa em você encarando o abismo, você pensa no abismo te encarando de volta. E volta a pensar em Nietzsche, Nietzsche sentado inerme numa cadeira, com um bigode que lhe cai ao queixo e os olhos enlouquecidos de quem viu o os milhões de infernos que queimam dentro de si. E você abre os olhos e percebe que está em seu quarto, cercado por livros, e que já não tem 20 anos, e sim 25, que continuou a acreditar, que continuou fazendo escolhas que pareciam certas, mas se mostraram erradas, que o futuro outrora superestimado finalmente se fizera presente e não se parecia em nada com o que tua imaginação arrogante de adolescente previra. Já não há crença em Destino, e é quando você percebe que não é Thomas Mann, e que não é imortal, e começa a pensar em Rimbaud com um misto de cinismo e desprezo, um desprezo que no fundo não é direcionado a Rimbaud, mas a você mesmo e ao que de fato, agora você sabe, vocês têm em comum. E algo deixa de queimar em você, o incêndio dos teus 20 anos se transforma numa faísca, e você já não grita DIONÍSIO!, você simplesmente murmura ‘apolo…’, você diz para si mesmo, Cresça, você diz que agora vai, que é preciso, que já não há tempo a perder. E, moderado, você vai, como quem caminha pela primeira vez, como quem anda no escuro, como quem dirige um carro que não é seu, como quem come em casa alheia, cheio de dedos, delicadezas. Mas algo no fundo de você, uma voz que você finge não reconhecer, murmura que por delicadeza ele — a voz — perdeu a vida, e diz ainda que antigamente, se bem se lembra, a sua vida era um festim onde se abriam todos os corações e corriam todos os vinhos. E depois de ouvir isso sabe-se lá por quantas vezes sendo gritado por uma voz que nada mais é que um murmúrio distante, você aceita o fato de que é a voz de Rimbaud, um Rimbaud jovem e poeta e dionisíaco e louco, e pederesta, e cheio de vida, de fome e de sede, e não de um Rimbaud bigodudo, traficante de armas e escravos, preocupado em juntar dinheiro, um Rimbaud que desistiu e que, talvez até por ter desistido, em breve morreria sem as pernas as quais outrora sonhara em não precisar. E você acorda de mais esse delírio, e você encara o seu rosto no espelho e você pensa, Meu Deus, tenho trinta anos. E você vê que está ficando calvo, que sua barba tem um ou outro pêlo grisalho, que suas costas estão se curvando, que seus olhos parecem os de um alucinado — e você sabe por quê, porque como Nietzsche você também ousou olhar para os seus infernos —, que o grau de sua miopia aumentou, e seus tendões estão estropiados por duas décadas de datilografia e digitação frenéticas. E você pensa em Henry Miller, Henry Miller em seus pijamas e seu roupão branco, Henry Miller rindo de tudo, rindo da desgraça dos escritores, da sua própria desgraça, do abismo e de todos nós. E você pensa em Henry Miller chamando a cidade de Nova York de puta, e Henry Miller mendigando centavos, e Henry Miller procurando emprego, e Henry Miller passando fome em Nova York nos anos 20, e em Paris nos anos 30. E você pensa em Henry Miller martelando uma velha máquina de escrever que ganhou de Anaïs Nin enquanto morre de fome em Paris, enquanto dorme entre piolhos e carrapatos em Paris, enquanto cata algo para comer nos lixos de Paris, enquanto diz para si mesmo que falhar como escritor seria falhar como homem. E você pensa em Henry Miller se comparando a Rimbaud, e nas ânsias de Miller e Rimbaud, e nas suas próprias ânsias, e você chora em silêncio, e você respira fundo uma, duas, três vezes, e você pensa que é uma pena que já não fume, do contrário você acenderia um cigarro agora mesmo, e você enxuga a lágrima silenciosa, e você sai para enfrentar mais um dia, e venha o que vier você enfrentará. Com coragem, amor, cinismo ou apatia você enfrentará. É só mais um dia, você diz para si, é só mais um aniversário, acrescenta. É só.
May 1, 2015
Sinal de Fumaça
Enquanto repousava os tendões inflamados, pesquisei sobre tendinite e a melhor forma de tratá-la em casa etc., e acabei lendo que as máquinas de escrever não causavam tendinite como os computadores. Posso atestar que isso é verdade, pois eu mesmo comecei a escrever numa Olivetti e naquela época nunca cheguei a ter problemas dessa natureza. Ora, você deve estar se perguntando, como a máquina de escrever, com seu teclado mais duro, poderia ser menos prejudicial que os modernos computadores e seus teclados de seda? Também me perguntei isso, e a explicação que li foi que na máquina nós tínhamos que fazer vários movimentos alternados (retornar o carro ao final de cada linha, trocar de folha, alinhar o papel etc.), daí não sobrecarregávamos uma única região, como acontece com o uso dos computadores, nos quais às vezes esquecemos até mesmo de respirar.
Já falei por aqui sobre o quanto eu gosto de máquinas de escrever (são mais efetivas para a escrita em si e agora descobri que também são mais saudáveis), mas acho que nunca falei que também gosto de computadores.
Sério, adoro computadores.
Quero dizer, tenho minhas reservas, claro, mas elas estão mais relacionadas à forma como eu costumava usar o computador do que com o computador isoladamente considerado. Explico: antes eu tinha problemas para focar no trabalho porque ao sentar diante do computador eu geralmente estava mais interessado em navegar por portais de notícias e redes sociais do que em abrir o Word e encarar a página em branco por algumas horas. Sei que você, leitor, me entende, sobretudo se também for escritor.
Mas informo, com grande alívio, que isso foi ontem, e que hoje não tenho mais esse problema. Consegui, com esforço diário, me disciplinar, adestrar meu cérebro em relação ao uso dos computadores, e o resultado não foi apenas excelente, mas também engrandecedor: em 30 dias, aumentei minha novela* em mais de 60k palavras, e escrevi um conto do qual gostei muito. Mas não foi só isso: sem redes sociais com as quais perder tempo, aumentei exponencialmente a quantidade de livros lidos e retomei a prática da corrida (ainda não sou um corredor como o Murakami, mas quem sabe chegue lá um dia).
Em relação à escrita, que é o que interessa aqui, escrevi mais em Abril do que em todos os outros meses de Dezembro até o final de Março. É verdade que durante o processo troquei o Word pelo Scrivener, mas isso não influenciou tanto no resultado quanto alguém pode acusar num primeiro momento: apenas me ajudou a organizar melhor as ideias, pois já que meu livro tem duas linhas narrativas e uma boa quantidade de personagens, trabalhar no Word teria sido menos efetivo (não que não pudesse fazê-lo, tenho um cérebro bastante flexível). O verdadeiro diferencial, isso sim, foi ter mudado a forma como uso o computador. Como Umberto Eco e o paralelo do carro (não entro no carro simplesmente pra entrar no carro, tampouco pra ficar rodando em círculos, mas entro porque preciso chegar a algum lugar), passei a usá-lo principalmente para escrever, pesquisar e mandar e-mails e, bom, no mais tardar em meados de Junho terei um first draft com cerca de 120k palavras após os primeiros cortes.
Então acho que isso se não chega a justificar, pelo menos explica minha ausência das redes sociais, certo?
* Sobre a distinção que faço entre Novela e Romance, leia esse post aqui.
March 31, 2015
Roda Viva dos Pobres entrevista Roberto Denser
Aí, pessoal, no domingo tive a oportunidade de participar de um batepapo bem legal na Flipobre com os escritores Diego Moraes, Roberto Menezes, André Ricardo Aguiar, Tiago Germano e Norma de Souza Lopes. Rolou de tudo um pouco e foi bastante divertido.
Abaixo segue o link pra quem perdeu, mas gostaria de assistir. Enjoy!
Technorati Marcas: Entrevista,Roberto Denser,Flipobre,Literatura BrasileiraMarch 23, 2015
Literatura, Cigarros e Facebook
Não sei qual foi o motivo que me levou a fumar. Não lembro quando ou como fumei meu primeiro cigarro. Tudo o que sei é que o fiz durante algum tempo, talvez influenciado pela imagem mental que eu fazia do escritor solitário, martelando sua Remington 1980 num quarto sujo e mal iluminado, com as mangas arregaçadas e tendo diante de si, além da máquina, apenas um cinzeiro transbordando bitucas. Esse escritor, claro, possuído pela influência de Calíope, musa-mor da criação literária, sempre trazia no canto da boca um cigarro mais da metade fumado, meio amassado, com as cinzas quase a se desprender de sua extremidade queimada.
Assim, fumei apenas durante tempo suficiente para perceber que eu não gozava da saúde necessária para durar muito tempo, caso continuasse com isso. Eu, que tenho sinusite crônica e fôlego curto, jamais faria carreira como cowboy em propagandas de cigarro. Por isso decidi parar, substituir o tabaco por vícios mais saudáveis como o café e a prática de atividades físicas, e quando o fiz não encontrei grandes dificuldades como imagino passe a maioria dos que aspiram ao título de ex-fumantes. Talvez tenha fumado pouco — cerca de dois anos —, ou talvez o meus círculos social e familiar, em sua quase totalidade não-fumantes, tenham ajudado a me livrar do vício de forma mais efetiva. Quero dizer, por não querer incomodá-los com a minha fumaça ou o meu cheiro de cinzeiro, parar não foi tão difícil, a despeito de ter quase duplicado a quantidade diária de café que passei a beber. De qualquer forma, dizem os amigos que sou muito bom em me livrar de vícios (já me livrei de alguns, a maioria bobos ou circunstanciais, nunca graves ou particularmente danosos), apesar de achar que finalmente encontrei um com o qual devo me preocupar de verdade: ele, o Facebook.
Sei que parece exagerado falar dessa rede social nesses termos, mas deixe-me expor alguns fatos. Primeiro, costumo dizer que eu tinha um futuro promissor, então surgiram as redes sociais e acabaram com tudo. O motivo? Bom, eu sou um cara muito dispersivo, que se distrai com muita facilidade e está sempre com os pensamentos em algum lugar nas imediações de Wonderland. Escrevi meus primeiros textos com uma caneta Bic, os segundos com uma Olivetti ET Personal 50 que ganhei do meu pai, os terceiros com um computador sem conexão com a internet, e os quartos com um laptop conectado a uma rede Wi-Fi. A diferença entre os três primeiros way of writing e o quarto é basicamente o fato de que uma caneta escreve, uma máquina de escrever escreve, um computador sem conexão com a internet faz algumas coisas legais, mas, principalmente, escreve — ou pelo menos era o que eu fazia quando me sentava diante dele —, mas um laptop com uma conexão Wi-Fi banda larga, além de escrever, canta, dança, representa, solta raios laser e, diabos, coloca o mundo diante de você para que você faça praticamente qualquer coisa (escute música, converse com o seu amigo de infância que atualmente mora no Sudão, tenha acesso aos seus filmes favoritos, viaje sem sair da poltrona, atualize-se acerca de tudo o que ocorre no mundo em qualquer área, conheça novas pessoas etc. etc. etc. etc., não sei nem se há um limite, além da experiência real de fazer algumas dessas coisas!), exceto escrever. Quero dizer: no MEU caso. Trata-se de um problema específico meu. Tenho amigos que conseguem escrever numa boa, até melhoram o desempenho se estiverem entre uma aba do Facebook, Twitter, Tumblr ou o que quer que seja, mas não e o meu caso. Definitivamente.
Até gostaria de fazer uma comparação: quando eu me sentava diante de um daqueles três primeiros instrumentos de trabalho, trabalhava. Meus contos escritos à época da Olivetti, por exemplo, eram enormes, isso para não falar de duas novelas (‘Carnificina’ era a minha favorita) e alguma coisa que podemos chamar de romance. Isso acontecia porque eu não me sentava diante da máquina de escrever para assistir vídeos no Youtube ou ficar de papo com algum amigo, eu me sentava diante da máquina de escrever para, isso mesmo, escrever! O que acontece hoje? Mais uma vez, isso mesmo!, me sento diante do computador e a última coisa que faço é escrever. O mesmo cara que em outros tempos passava horas inventando histórias diante de sua querida Vetti, hoje não consegue fazê-lo por meia hora sem parar pra olhar quem diabos curtiu a porra da foto recém-compartilhada no Facebook.
Então, naturalmente, decidi, mais uma vez, colocar um ponto final nessa história. Mais uma vez porque não é a primeira que tento me livrar dessa rede social maldita: acabo tendo recaídas por causa de algum motivo inventado por mim mesmo para me convencer de que devo dar ‘só uma olhadinha’ (como qualquer dependente em recuperação). Isso precisa mudar, e sei que vai ser mais difícil do que foi com o cigarro (as tentativas mostram isso, e dessa vez não contarei com a ajuda dos meus círculos social e familiar). Ocorre que sempre quis ser escritor, e tenho milhares de ideias para contos e romances nas quais preciso, e quero, trabalhar. Não vou colocar minha carreira literária a perder por causa do que posso chamar de distrações inúteis.
Assim, deletei meu perfil pessoal (deletei mesmo, não desativei) e resolvi manter apenas a página (que é praticamente unilateral e permite a divulgação dos meus textos, novidades, publicações etc.). O Twitter não tem sido um problema, portanto o manterei numa boa. Caso venha a se tornar um, também darei um jeito de utilizá-lo apenas de forma unilateral, nem que para isso precise deixar de seguir algumas pessoas queridas. Sei que isso me torna ainda mais antissocial, é meio rude etc., mas afinal de contas é por um bom motivo. Quero dizer, é por um motivo MUITO importante para mim. Sei que muitos dos meus amigos e leitores constantes serão compreensivos a esse respeito.
Sei que sim.
No mais, creio que se eu for bem sucedido nessa nova investida aparecerei mais vezes por aqui do que de costume, seja para falar a respeito das coisas que tenho feito, seja para mostrá-las. E espero encontrá-lo, amigo-leitor e leitor-amigo, como sempre encontrei quando apareci cá por essas bandas com alguma novidade, informação, opinião ou qualquer coisa que o valha.
Obrigado pela presença constante e pela paciência.
Roberto Denser
March 20, 2015
Sobre bons e maus escritores: de Dostoiévski ao amigo do prefeito da província
Em seu livro On Writing, Stephen King pontua que a maioria dos escritores consegue lembrar o primeiro livro que deixaram de lado pensando: “Eu posso fazer melhor que isso. Diabos, eu faço melhor que isso!”, e nos deixa uma pergunta: O que pode ser mais encorajador para o aspirante do que perceber que seu trabalho é inquestionavelmente melhor do que aquele pelo qual alguém foi pago?
Quando li o trecho citado, sublinhei o parágrafo inteiro e me pus a questionar se de fato lembrava qual o primeiro livro que me causou essa sensação. Não demorou muito e me vi deitado no sofá, de pernas pra cima, a cabeça apoiada numa almofada enquanto lia o livro de um autor local que caíra em minhas mãos, e cujo título não citarei por motivos éticos. Naquela época, não tinha dinheiro para comprar livros e lia qualquer coisa que aparecesse pela frente, tendo como único critério que fosse escrito em língua portuguesa, pois ainda não conhecia nenhum outro idioma.
Lembro que a quarta capa do livro trazia a informação de que o autor recebera uma quantia exorbitante (para mim, ao menos) da prefeitura para que sua obra fosse publicada. Fiquei intrigado: “Como assim a prefeitura pagou pra publicar essa porcaria?”
Eu era um garoto — calculo que algo entre 11 e 12 anos —, mas já conseguia distinguir, um pouco institivamente, um livro bom de um livro ruim. Claro que meus critérios, na maioria das vezes, eram essencialmente subjetivos, o que quer dizer que não valiam para todas as pessoas. Em relação ao tal autor local, entretanto, eu conseguia sair um pouco da minha subjetividade para encarar o fato de que aquele livro era um verdadeiro lixo. O autor era viciado em dizer o óbvio da forma mais patética possível, e, para piorar, seu estilo era entediante e pretensioso; suas máximas, rasas como uma poça de lama (uma delas tão inacreditavelmente ridícula que jamais consegui esquecer: “Por mais sábios que sejam os homens, eles nunca serão capazes de saber quantas estrelas existem no céu.”), e erros gramaticais primários davam conta de transformar aquelas páginas mal diagramadas num verdadeiro circo de horrores.
Lembro de ter ficado tão impressionado que mostrei o livro a todos os meus amigos com os quais podia debater a questão (não eram todos, para a maioria dos meus amigos da época um livro era igual a qualquer outro), e eles, claro, ficaram tão embasbacados quanto eu.
Foi essa a primeira vez que pensei poder escrever melhor que alguém, mas não foi a única. Muitas vezes me vi pensando isso ou algo parecido, como quando ao ler determinado autor, me ocorreu que, bom, eu ainda não escrevia melhor que ele, mas eu era jovem, dedicado e, se vivesse o suficiente, um dia o colocaria no chinelo.
Vaidade boba e imatura, claro.
Ocorre que, se algo existe, existe também o seu oposto, não? É a impressão que tenho. Quando li Dostoiévski pela primeira vez, fiquei dias inteiros em uma espécie de catatonia: não falava com ninguém, não conseguia dormir, andava e ia à escola como um zumbi, esse tipo de coisa. Como, por Deus, alguém podia escrever daquele jeito? Era algo para além da arte, para além do belo! Quase desisti de escrever. Se alguém como Dostoiévski existira e publicara seus livros, por que algum outro livro seria necessário?
O tempo passou e outros choques vieram (Hesse, Rimbaud, Nietzsche, Miller), autores que pareciam escrever mais para me esbofetear do que para qualquer outra coisa. Eu era nocauteado por cada livro, às vezes já no primeiro round, sem chance alguma de reação, e por muitas vezes me vi catatônico pela casa, deprimido por saber que eu jamais escreveria tão bem.
Os últimos autores que me derrubaram — não é surpresa pra ninguém que me conheça — foram José Saramago e Roberto Bolaño, talvez o melhor boxeador que já encarei nos últimos anos. Após terminar a leitura de 2666, de fato morri de vergonha e amaldiçoei tudo o que já havia escrito até então (confesso que tive vontade de juntar todos os meus textos numa única pasta e apagá-los para todo o sempre, o que por pouco não fiz), e cheguei a ficar meses inteiros sem conseguir escrever uma linha sequer: aquilo não era um livro, era uma humilhação (mais tarde, li uma crítica na qual o autor dizia quase a mesma coisa), e sempre que eu me sentava para escrever, lá estava o fantasma de Bolaño a me dizer que eu teria muito trabalho pela frente se quisesse chegar aos seus pés. Não preciso dizer que o choque se repetiu quando li Os Detetives Selvagens. Na época, eu estava para terminar a primeira versão de Bernardo, o que pretendia ser meu primeiro romance, mas fiquei tão sobressaltado que não tive o menor receio de mandar o arquivo para a lixeira... e recomeçar do zero.
Se não parei de escrever foi tão somente porque não consigo. Porque ainda jovem, sem titubear, gritei um retumbante “SIM!” em resposta a Rilke, porque minha vida inteira girou em torno disso, e a escrita SEMPRE esteve presente: das cartas de amor (ridículas!) aos poemas amor-com-dor, diários, contos, e até mesmo às peças processuais que escrevo sobretudo por obrigação.
Obviamente, devo minha insistência aos bons e maus autores: aos primeiros, por querer igualá-los, aos últimos, por me sentir capaz de superá-los. O tempo e os leitores dirão ao lado dos quais deverei figurar. Espero que dos primeiros.
Technorati Marcas: Escrever,Escritores,Literatura,Stephen King,Dostoiévski,Roberto Bolaño
March 18, 2015
19 Conselhos de escritores brasileiros contemporâneos para novos autores
Inspirado pelo post anterior, no qual expus alguns conselhos de escritores já consagrados para novos escritores, e me dando conta de que todos os conselhos foram dados por autores anglófonos (o que é normal, visto que é pelo menos um milhão de vezes mais fácil encontrar material sobre a escrita em inglês do que em português), resolvi fazer uma versão apenas com escritores brasileiros e saí enchendo o saco a inbox de meus colegas perguntando o que teriam a aconselhar a jovens que estejam começando a explorar os labirintos e desertos da escrita.
Deixo meu agradecimento registrado a todos os colegas que contribuíram.
"Eu não seria escritor se não fosse por ela. Faz trinta anos que escrevo para uma única mulher. Desde a primeira sílaba até hoje. Para ela me ouvir. O resto é a vida vivida aos trancos e barrancos, centenas de outros autores lidos e relidos, e a literatura como pretexto. Ela virou um livro que virou outra(s) mulher(es) que viraram outros livros. Um conselho? Bem, meu problema certamente foi de comunicação. Eu devia ter procurado uma fonoaudióloga no lugar de um editor. Pense nisso antes de se meter a escrever livros. Você pode até se transformar no maior escritor de sua geração. Mas vai terminar seus dias falando de amor para as pessoas erradas".
(Marcelo Mirisola)
"Ler, escrever, pensar. Todos os dias, o tempo todo, com ênfase em cada um, de acordo com o momento."
(Braulio Tavares)
"Esperar que abracem sua literatura é uma das piores formas de carência. Apenas escreva. Não puxe saco de nenhum autor consagrado para chamar atenção. Quem gosta de padrinhos é filho órfão. Não almeje nada. Prêmios é para escritores carentes. Escreva, escreva, escreva. O resto é lorota."
(Diego Moraes)
"Poucas pessoas vão te levar a sério enquanto você não ganhar o Nobel de literatura, mas você não deve deixar de se levar a sério enquanto escritor apesar disso. Só não exagere, pessoas que se levam a sério demais são chatas pra cacete."
(Roberto Denser)
"Não tenha medo de perturbar os padrões e tendências morais, éticos ou estilísticos; o escritor está aí exatamente parar subvertê-los"
(Wander Shirukaya)
"Concluído o [seu] texto, releia-o, à caça de possessivos e demonstrativos, [essas] categorias insidiosas. Dá para eliminar quase todas as ocorrências."
(Antonio Carlos Secchin)
"Busque um meio termo entre a ânsia de ser publicado e a paralisia pelo medo na véspera de expor-se a um 'não' editorial."
(Maria Valéria Rezende)
"Leia os grandes autores do gênero pelo qual você optou. Leia-os bebendo a frase, vendo a construção de cada obra. Conviva com as obras deles. E escreva procurando a palavra mais exata, mais precisa para a sua frase. Não faça concessões ao seu texto - empenhe-se o máximo possível para dar forma a ele."
(Rinaldo de Fernandes)
"Existem referências além da própria literatura. Use-as. O universo se expande pra dentro dos livros, não o contrário."
(Roberto Menezes)
"Afaste a palavra 'ansiedade' da sua vida."
(Ricardo Lísias)
"Escreva como se um louco estivesse apontando uma escopeta na sua cabeça. Não pare. Se parar, ele atira. Na hora da revisão, respire. Desarme o louco. Pegue a escopeta e aponte para o texto: arregace os neurônios dos adjetivos, ênclises, voz passiva, pronomes, excesso de informação e gerúndios, e tudo o que não presta. Agora faça isso todos os dias: parabéns, você é um escritor."
(Bruno Ribeiro)
"Trabalhe e leia. Conheça o assunto de seu trabalho – poucas coisas são tão estúpidas quanto um escritor que escreve sobre o que não conhece. E o mais importante: ignore o conselho e a companhia de outros escritores. Dos escritores, que não são poucos, bastam os livros."
(André Rodrigues)
"Escreva e reescreva. Depois, reescreva para, então, reescrever. Feito isso, basta reescrever. E aí, talvez, o texto estará bom."
(Raphael Montes)
"Os escritores devem se considerar parte de uma guilda e agir de acordo, honrando os mestres, colaborando com os companheiros e orientando os aprendizes."
(Ana Lúcia Merege)
"Escrever deve ser um momento de satisfação pessoal e profissional. Não se preocupe com o mercado ou com modismos: crie com a sua alma, segundo as suas convicções e verdades. Faça bem feito, com esmero e identidade. O público perceberá essa qualidade e respeito; e o círculo virtuoso estará completo."
(Eduardo Massami Kasse)
"Escreva três páginas por dia. Ao final do mês serão noventa páginas feitas. Depois de três ou quatro meses, se você for disciplinado(a), terá um livrão prontinho. Acha demorado? É nada. Tente!"
(André Vianco)
"Meu conselho é simples: leia tudo o que puder e tente sempre melhorar um pouquinho toda vez que escrever. Pode ser que demore um tempo para que você chegue no ponto que deseja. Contudo, basta lembrar que escrever é um trabalho como qualquer outro e exige dedicação. E o modem de internet desligado, porque ele pode devorar a sua alma."
(Jim Anotsu)
Além do Joedson, que enviou seu conselho em versos:
FORMA
melhor é saber das técnicas todas
e usá-las à vontade mas sem fanatismo
que há contrarregras pra qualquer dos ismos
e o sexo mais sadio eu chamo de foda
reescrever a escrita do estabelecido
pro pré virar pós num tira e bota
de pensar palavras qual se cada fora
o poema inteiro e um desconhecido
pesquisar o assunto ao último som
mas sem que a ideia perca o que tem de louca
e o mal o poder de também ser bom
qualquer coisa pode se a arte não é pouca
vale é o dom pro momentâneo tom
passado e futuro estopa e nós nova roupa
CONTEÚDO
qualquer coisa serve se foi inspirada
por não sei o quê que deu na tua verve
ou se planejada com aquele tu deves
andar por aqui em cada passada
os motes são milhões portanto não há greve
pro detalhe que calhe pra contar a cagada
mas em geral os temas são poucos e fadas
apenas sob o dom e a rédea do almocreve
escolhe sem olhar no que metes a mão
ou cego te menta pra musa te mostrar
a ideia que tem a elite e o povão
mas dos dois só sairá a poeisis a ars
se das mãos dum único que clareie o carvão
em energia eterna enquanto homens há
GRAMÁTICA
ei-la enclausurada na elite sem piedade
que sou eu o supremo que lhe sanciona o onde
aqui uma beleza que mostra e esconde
milênio de misturas minutos de unidade
sempre presa a mim pois sou quem responde
à prima palavra e indago eternidade
através da vontade da hora um vade
retrô ou vanguarda de reação ao bonde
que se foda o erudito e o povo se fode
a fala do mendigo e do rei portuga
me servem igualmente pra escrita da ode
se submetem a mim pra apressada fuga
da arcaica casa ou da cadeia não pode
se soltam selvagens ou ficam por pulgas
INSPIRAÇÃO
por mais que alguém nunca da técnica esqueça
ou se está onde o vento redemunha
ou nem serve pra texto de servil testemunha
e o onde é sempre dentro da cabeça
ou se é mistura de antena que empunha
de tudo o que está na memória da espécie
do ido ao que dirá na praça da pressa
ou não se faz nada senão roer as unhas
mas quando a voz vem não tem nem ateu
o artista para e escuta todo ouvidos
a língua libertária do único deus
o ele-mesmo cego tão desconhecido
que se reconheceu ao mínimo sou eu
e se escreve em poema ou império o ungido
(Joedson Adriano)
E do Solha, cujo conselho ficou por último por um motivo óbvio…
"Depois de obedecer a todas essas regras, quebre-as, se lhe der vontade. Essa vontade é o que se chama Revolução, Criação."
(W. J. Solha)
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