Roberto Denser's Blog

September 22, 2021

Roberto Denser fala sobre Colapso

 


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Published on September 22, 2021 08:07

July 19, 2021

Colapso - Book trailer 1

Saiu o primeiro book trailer do meu novo livro. Espero que gostem.


 

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Published on July 19, 2021 18:39

November 2, 2020

Panorama

Às vezes eu esqueço que sou lido. Daí um dia abro minha caixa de entrada e me deparo com: Adoro as coisas que você escreve. Por que parou? Respondo que, na verdade, não parei, muito pelo contrário, acabo de publicar Para Elisa, uma novela de aproximadamente 20.000 palavras, e voltei a trabalhar em Estrelas Mortas, que em sua versão original foi uma novela, mas está prestes a se tornar um romance. E há as outras coisas, claro: um romanção que de vez em quando aumento mais, e um ou outro conto, alguns que concluo, outros que não. Mas é verdade que deixei o blog meio largado, e minha leitora confessou que só me conhecia daqui.

Achei curioso que ela conhecesse meus textos justamente do lugar que considero mais improvável: um blog subnutrido que, sim, já teve seus momentos, mas que hoje nada mais é do que uma forma de exercitar o desapego criativo. Não me considero cronista, não tenho muita vocação para o gênero. Às vezes tento escrever algo sobre determinado tema “do momento”, mas a triste verdade é que em geral eu não me importo. Sou introspectivo, rabugento, meio caipira, meio selvagem, características que costumam resultar em cronistas mais odiados que qualquer outra coisa — Não que eu me importe: Mencken e Nelson Rodrigues são dois homens cuja obra admiro, não me importaria de ser tão odiado quanto eles foram (são).

Mas prometi que voltaria, e voltarei. Certamente “nada será como antes” (abraço, Milton), mas vou tentar aparecer por aqui pelo menos duas vezes por semana para que os eventuais leitores deste blog saibam que sim, “ainda estou aqui”. Para os que preferem me acompanhar “bem de perto” (como era mesmo o nome daquele personagem de King... Norman?), ainda tô sendo manipulado pelo Instagram; e na minha Página de Autor, da Amazon, vocês podem ficar sabendo em primeira mão quando algo novo aparecer por lá: é só clicar em seguir e voilá.

Acho que é isso. Vejo vocês dentro de alguns dias.

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Published on November 02, 2020 06:21

August 13, 2020

Plantação de mim


Tenho visões. Elas não são comuns no dia a dia, mas de vez em quando se impõem aos meus olhos “do nada”. Às vezes elas vêm em sonhos, noutras quando estou acordado, e só são comuns de fato quando faço uma meditação verdadeiramente profunda. Naturalmente, evito falar ou escrever sobre elas, mas talvez esteja na hora.
Hoje, enquanto meditava, vi o seguinte: eu estava sentado em posição de lótus no alto de um totem de mármore, cujo capitel era semelhante ao de uma coluna jônica, mas em cujo fuste estavam esculpidas a cabeça de vários animais. São alguns que identifiquei: coruja, lobo, galo, águia. Na base, dois leões brancos, também de mármore, rugiam, erguidos em suas patas traseiras. Eu me via de longe, como se me sobrevoasse, e na medida em que me afastava, pude perceber que na verdade havia, separadas por uma distância de 30 metros uma da outra, centenas, milhares, milhões de outras colunas nas quais eu mesmo meditava em posição de lótus.
Eram várias versões de mim: magro, gordo, forte, fraco, barbudo, imberbe, cabeludo, calvo, careca, jovem, velho, adulto, criança, bebê. Eram tantas as versões que em muitas delas era impossível identificar alguma diferença óbvia. O céu era negro por todos os lados, mas de vez em quando uma serpente de fogo cruzava a escuridão, às vezes numa direção, às vezes noutra. Era uma serpente enorme e assustadora, mas estava ocupada exclusivamente em serpentear por toda aquela vasta negritude. Todas as minhas versões meditavam de olhos fechados.
Vale explicar: essas visões não são coisas que eu construo de forma consciente. São imposições, como num sonho. Acontecem, e apesar de eu sentir que tenho o poder de fugir delas, simplesmente não consigo (ou não quero o suficiente). Deslumbrado com sua força, normalmente me limito a explorar todos os cenários de forma ativa, mas sem refletir a respeito, formar juízos, esse tipo de coisa.
Hoje, contudo, me obriguei a refletir: tenho lido Schopenhauer, tenho tentado refazer minhas pazes com Buda, enfrentado alguns imprevistos, ansiado por soluções e caminhos (para a vida e para o que considero ser a minha vocação), e buscado, todos os dias e acima de todas as coisas, seguir o conselho de Apolo: γνῶθι σεαυτόν.
E talvez essa visão seja um desafio nesse sentido: todos os tu estão aqui plantados e ensimesmados, mas quem és tu?
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Published on August 13, 2020 08:49

August 5, 2020

O fim de uma era pessoal


Ouvíamos seu grito de longe: “Olha o dooooooooooooce!”, e era como se viesse de todos os lados ao mesmo tempo. Ele sempre gritava duas vezes: na primeira, “Olha o dooooooooooooooce!”; na segunda, algo que até hoje soa em minha imaginação e memória como “Olha o doce-ah!”
Era sinal de que nos aproximávamos das duas da tarde. Lá fora, o sol rachava ainda mais o barro batido, chão de nossa rua; e dentro de casa minha mãe corria catando moedas.
“Rápido, rápido”, dizia ofegante, “o véio do doce!”
E era exatamente assim que o víamos já naquela época: o véio do doce.
Ela me punha em mãos algumas moedas e dizia:
“Compre um de coco. De coco, tá? De coco.”
 Ela sempre enfatizava o sabor.
Eu saía de casa correndo, sem camisa, desesperado como se minha vida dependesse disso, às vezes alcançando-o quase a dobrar a esquina com seu carrinho.
“Seu galego, tem de quê?”, eu perguntava os sabores mesmo sabendo que 1., minha mãe queria de coco e 2., os sabores eram sempre coco e batata.
Pedia então de coco. Ele cortava o pedaço com sua espátula (ou seria uma faca?), raspando a superfície de alumínio, colocava o doce em um pedaço de papel dobrado, eu lhe entregava as moedinhas tilintantes e voltava pra casa, com cuidado para não derrubar a guloseima. Sendo eu um cliente fiel, ele muitas vezes caprichava, e antes de chegar em casa eu já havia devorado algum pedaço das bordas do doce de coco da minha mãe.
Apenas uma vez comprei de batata, contrariando-a. É que queria provar aquele doce branco, de aparência agradável e textura cremosa, e sabia que ela jamais o permitiria. Tive que mentir:
“Só tinha de batata”, falei, evitando encará-la.
Não sei se ela acreditou ou apenas fingiu acreditar, mas naquela tarde comemos doce de batata, e eu descobri que preferia o de coco.
Antonio Ramos de Oliveira, o “galego do doce”, faleceu. Não sei de quê, não sei se ontem ou hoje (estou longe no tempo e no espaço, as informações aqui me chegam com algum atraso), mas vi nas redes sociais: foi adoçar o céu. Nascido em 1939, não sobreviveu a 2020, o ano da peste. Na imagem que lhe prestava homenagens e comunicava seu passamento, uma máquina do tempo: sua foto, com seu bigode branco, seu chapéu de palha, sua pele queimada de sol. Lembrei não só das inúmeras duas da tarde, mas também das crianças da rua que o imitavam gritando, com ele, “Olha o dooooooooooce!”, ou pulando à sua volta com alegria (seu Dadá, outra lenda do bairro, mas no caso um vendedor de sorvete, era o único que causava efeito semelhante na molecada).
Foi uma sensação estranha por vários motivos: porque percebi que de algum modo o “galego do doce” marca a passagem do tempo em minha própria história. Quando eu era criança, ele passava todos os dias, queimado de sol e sem chapéu; quando eu era adolescente, ele passava de vez em quando e com chapéu; e adulto, poucas vezes o vi passar. Já se vão 35 anos. Talvez o bairro tenha ficado maior ou suas forças diminuído, não sei, mas sei que me alegrava com o fato de sabê-lo vivo. Brincava dizendo que “caminhada faz mesmo bem à saúde”. Descobri-lo morto, agora, me obriga a escrever alguma coisa. E não sendo o suficiente, sugeri a Sandra, minha amiga, que tentasse fazer ecoar, hoje, pelas ruas de Tibiri, o imortal grito de “Olha o dooooooooooooce! Olha o doce-ah!”, o que a meu ver seria uma bela e merecida homenagem. Mesmo que o grito conjunto não ocorra, me agrada imaginá-lo. Que seu Antonio descanse em paz.
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Published on August 05, 2020 10:54

August 3, 2020

Essas pessoas esquisitas que nunca rabiscam seus livros

Ontem peguei meu exemplar de As Dores do Mundo, do Schopenhauer, e reli as primeiras páginas. Já no primeiro capítulo encontrei anotações sobre minha novela Estrelas Mortas (o narrador é de algum modo um discípulo do pessimista alemão), observações sobre determinada frase ou parágrafo, uma ou outra nota pessoal do tipo “pensar a respeito” ou um simples “risos” ao lado de algum trecho particularmente engraçado. Foi um duplo prazer: a releitura de um filósofo que gosto — e que me provoca, faz rir — e as anotações do leitor que eu era quando li aquele livro pela primeira vez.

E terminei o primeiro capítulo refletindo sobre essas pessoas esquisitas que jamais rabiscam seus livros. Conheço várias: o livro é um item sagrado, que leem com todo o cuidado do mundo, como se algum movimento brusco ou um pouco mais duro pudesse reduzi-lo a pó.  Eu fui uma dessas pessoas quando tinha por volta dos 15 anos, mas 20 anos depois eu ando rabiscando até os livros da Cosac, que no Brasil viraram coisa de colecionador.

O que me transformou num rabiscador compulsivo não sei bem, mas talvez tenha sido a consciência de que ars longa, vita brevis; ou então um livro que certa vez me caiu em mãos, datado dos anos 30 e ainda em boas condições; talvez o livro que uma amiga me emprestou um dia e que estava cheio de anotações, e que me causou uma experiência de leitura até então inédita; talvez o conjunto de todas essas coisas.

Quando advoguei em defesa do rabisco em público pela primeira vez (Bar do Péla, Abril de 2006) só faltaram me chamar de nazista: livro não se rabisca, gritavam os colegas de mesa, depois disso o próximo passo é jogá-los na fogueira.

Mas eu dizia: Ei, ninguém aqui vai viver pra sempre, certo? Os homens passarão, os livros passarinho (Abraços, Quintana). De modo que voarão em direção a outros leitores, outros ninhos, e no caso de quem vai deixar herança (ou seja: vai MORRER e deixar os livros pra seja lá quem for), pense no seguinte: quem sobrar vai ter muito de você em suas anotações. E isso é fofo.

Continuarei, portanto, um rabiscador convicto, e seguirei sem entender essas pessoas esquisitas que jamais rabiscam seus livros. São como tardígrados e física quântica: jamais compreenderei por completo.

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Published on August 03, 2020 06:45

June 18, 2020

Brasil Surreal

Prenderam o Queiroz. Eu sei que vocês estão bem informados, a crônica não é sobre isso. A crônica é sobre verossimilhança.

É que o roteirista do Brasil não está pra brincadeira e Queiroz — respira fundo antes de ler o que vem em seguida, pois vou encher de vírgulas — foi encontrado na casa do advogado da família Bolsonaro, em um sítio em Atibaia; advogado esse que estaria de algum modo envolvido no Caso Evandro, também conhecido como As Bruxas de Guaratuba, que foi, grosso modo, o seqüestro e assassinato de um garoto de seis anos em um ritual de magia negra no início dos anos 90. Aparentemente, o tal advogado, segundo informa uma edição do Jornal do Brasil de 1992, resgatada e divulgada na rede social de certo jornalista, era membro divulgador da seita LUS — que foi responsável pelo sacrifício e emasculação de várias crianças em meados do início dos anos 90. Em sua casa, além do Queiroz, também encontraram — pois não falta humor ao nosso roteirista — um cartaz pedindo AI-5 ao lado de, pasme, pasme muito, duas miniaturas de Tony Montana, Tony Fucking Montana, o Scarface.

Em qual roteiro de ficção isso seria aceitável? Creio que nenhum. Fosse um filme, série ou livro, diríamos: “Ah, vá! Você quer que eu acredite que...”, mas é no Brasil, e a realidade brasileira é mais inacreditável do que qualquer obra de ficção.

Vou esperar que nos próximos capítulos apareça alguém com um dragão cuspidor de fogo ou algo que o valha, mas não um dragão qualquer: o nosso dragão será cor-de-rosa, terá chifre de unicórnio e, como estamos no Brasil, torcerá para o Sport Club Atibaia, um time cujo escudo e uniforme são na improvável cor de... laranja.

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Published on June 18, 2020 11:27

June 17, 2020

Crônica é o que sai

Um dos motivos pelos quais voltei a escrever crônicas é bem simples: queria recriar o hábito de escrever todos os dias sem qualquer outro compromisso. É preciso que se diga: trata-se de um hábito difícil de manter em condições normais, agora imagine no atual contexto de pandemia e isolamento social, quando optei por não fazer caminhadas reflexivas acerca de eventuais temas, e evitar os políticos. Sim, é verdade que o problema da caminhada seria fácil de resolver se eu simplesmente colocasse uma máscara no rosto e saísse por aí, mas aqui temos grupos de risco e considerei uma decisão sábia diminuir ao máximo as possibilidades de contágio, o que implica em não fazer saídas desnecessárias. Quanto ao problema dos temas políticos: sou um homem emocional quando se trata de política, por isso é melhor não.

De todo modo, eu sabia que haveria dias em que eu não teria assunto, portanto o assunto seria a própria crônica; e sabia que a velocidade e a freqüência com a qual se escreve e se publica crônicas requer, inevitavelmente, o que chamo de desapego criativo. Explico em fórmula sartreana: escrever é essencial, publicar é contingente.  Mas publico. Publico e portanto preciso estar desapegado do texto. A crônica ficou mais ou menos? Publico. Passou erro de revisão? Publico. Ficou mal desenvolvida? Publico. Teria algo mais a dizer sobre o assunto? Publico e talvez revisite o tema em crônica futura.

O apego restará guardado e cultivado principalmente para meus outros trabalhos (romances, novelas, contos). É uma estratégia, é claro, pois assim mato minha ânsia de publicar alguma coisa e, amaciado, dedico as energias remanescentes ao que me é mais caro.

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Published on June 17, 2020 08:32

June 16, 2020

Algumas paixões merecem a eternidade

Dizem que se um escritor se apaixonar por você, você jamais morrerá. Não estou seguro de que seja uma verdade absoluta, mas reconheço nessa frase alguma verdade. É que há paixões e paixões: algumas merecem a eternidade, outras não.

É igual a tudo na vida: há o que ficará contigo até o fim, e há o que se perderá. E até onde consegui entender a questão, quem sai de uma paixão já não é o mesmo que nela entrou, de modo que o tempo da obra, da eternização, também conta, inclusive em seus termos. Principalmente em seus termos.

Se eu, escritor, tivesse decidido te imortalizar quando me apaixonei por ti, tua imortalidade seria uma. Se decidisse te imortalizar hoje, outra. Como será a imortalidade que te darei amanhã?

Vale ressaltar, também, que muitas vezes multiplicamos, diluímos, dividimos tudo aquilo que nos serve de... Inspiração? Não gosto desse termo. Percebemos bem o que nos encobre e abriga, observamos tudo o que interage conosco e com que interagimos, e é verdade: damos atenção especial ao que queima, arde, inflama; ao que de algum modo nos fere, seja com carícias ou sevícias — E antes que me corrijam: carícias também ferem, muitas vezes mais do que qualquer ofensa.

E na hora de sentar finalmente, reviramos toda a lama que cresceu em nós à procura de algo sobre o qual tenhamos o que dizer. Às vezes é uma paixão, mas de vez em quando acontece de ser uma pedra. Matéria prima é, portanto, um termo mais justo que inspiração. É que tira, pelo menos um pouco, o caráter místico da arte literária (e não se engane: há sim algo de místico em qualquer trabalho criativo, o problema é reputar a isso uma conditio sine qua non), deixando mais espaço tanto para o que é emocional quanto para o que é racional.

Mas estou tergiversando. Voltemos à paixão. O que fazer com aquela que se extinguiu em cinzas? A que não passou de um erro de juízo, da qual nada se pode aproveitar, nem mesmo uma pedra? Creio que é difícil aceitar que isso seja possível, afinal de contas, tudo o que vivemos de algum modo nos compõe, e até mesmo o que ignoramos em nós estará presente enquanto também estivermos. Por que não estaria em nossas letras? Tudo bem. É um ótimo argumento com o qual concordo: de algum modo tudo vai ficando, não tem escapatória. Mas esse texto não é sobre isso: é sobre a vontade consciente de trabalhar a questão literariamente, e sobre o que, deste modo, merece aspirar, junto com a obra, o limitado panteão do que habita a eternidade.

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Published on June 16, 2020 09:36

June 15, 2020

A cafeína nossa de cada dia

Eu sou viciado em cafeína. Sei disso porque se eu passar um único dia sem café, inevitavelmente terei dor de cabeça. Uma dor de cabeça, diga-se, bem característica: lado esquerdo, sentido diagonal, quase na divisória entre o lobo frontal e parietal. É o que eu chamo de “minha dor de café”.

Mas em virtude de uma gastrite desagradável que me acompanha mais ou menos desde 2010, reduzi consideravelmente o consumo, e hoje não passo de no máximo três xícaras por dia, sendo a mais sagrada delas pela manhã, logo após o desjejum. Não uso nenhuma espécie de adoçante, e advogo a tese de que quem gosta de açúcar no café na verdade não gosta de café, mas de açúcar.

Gosto de bebê-lo, portanto, puro e desacompanhado (no máximo um cookie levemente adocicado). De preferência em silêncio, apreciando o sabor, ou numa conversa agradável com alguém querido. Acho que cafés são ótimos acompanhantes não apenas para uma boa conversa, mas também para uma boa solidão. Este é o motivo pelo qual considero um Café mais ou menos vazio o lugar de trabalho ideal para um escritor, principalmente se tiver um smooth jazz em som ambiente tornando tudo mais agradável.

Por esse motivo, não gosto do Starbucks Café, aquele lugar impossível, apesar de adorar o café do Starbucks. Ou melhor: os cafés. Gosto de todos que já bebi ali.

Meu temperamento, entretanto, me obriga a freqüentar locais mais sorumbáticos, o que vale não só para Cafés. É que excessos de barulho, de sorrisos, de gritos e alegrias também costumam fazer arder a minha gastrite.

No âmbito doméstico, freqüento o Café Varanda, com uma frustrante vista para o bloco de apartamentos em frente. Por isso me ocupo sobretudo da minha paisagem interior, com a qual, apesar de velha conhecida, jamais me entedio. Coisa de gente introspectiva: ensimesmar-se e ali se perder ao ponto de precisar ser resgatado de si. Às vezes, quando não estou a fim de navegar a mim mesmo, levo um livro, que na maioria das vezes é a companhia ideal para qualquer contexto. É o meu momento sagrado, minha meditação, eis o motivo pelo qual em meu pai-nosso não se fala em pão, mas em cafeína.

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Published on June 15, 2020 09:55