Roberto Denser's Blog, page 14
April 18, 2013
Os pais do Superman
NOTA:
Hoje é o aniversário de 75 anos de um dos meus personagens favoritos, o Superman. Cresci lendo suas histórias, colecionando como podia (minha família era muito pobre) suas revistas em edições baratas, e sonhando com superpoderes e uma capa vermelha. Como não terei tempo de escrever algum texto bacana sobre ele hoje, traduzi o artigo abaixo do El País. Espero que gostem.
Boa leitura.
Traduzido do El País. Clique aqui para ler o texto original.
Superman nasceu como um vilão com poderes telepáticos e uma obsessão: dominar o mundo. Nenhuma relação com a figura de herói propagada nos últimos 75 anos. Seu primeiro pai ficcional foi um cientista louco (que posteriormente se converteria em Lex Luthor) e sua personalidade foi inspirada no Übermensch (Super-homem), que Nietzsche idealizou em Assim Falou Zaratustra: um homem racional, com moralidade própria, que defende seus valores acima dos demais para alcançar o que deseja. Um início complicado para o que hoje se tornou o super-herói mais universal da história. Essa versão maligna nasceu em 1933 pelas mãos de Jerry Siegel em um fanzine que o mesmo editava com Joe Shuster, e que logo caiu no esquecimento, até recuperarem a ideia, dando um giro de 180 graus no protagonista, cinco anos depois.
Superman, tal como conhecemos hoje, veio à luz em 18 de abril de 1938 no número 1 da revista Action Comics, da DC Comics. 75 anos depois, são milhares as histórias em quadrinhos, e dezenas as séries de TV e adaptações cinematográficas baseadas no personagem. A última, Man of Steel, chegará aos cinemas em junho, com o selo de Christopher Nolan e David S. Goyer (responsáveis pela exitosa reinvenção de Batman nas telonas), e Zack Snyder (que trabalhou a temática dos super-heróis em Watchmen).
Superman é o pai do gênero super-heróis, mas ele, por sua vez, teve diversos pais, fictícios ou não, que ajudaram a torná-lo um dos maiores mitos da história dos últimos 100 anos.
Joe Shuster, Jerry Siegel, e o vilão Ernest Smalley
O verdadeiro berço do Superman está em Cleveland, e não no planeta Krypton ou no Kansas. Ali se conheceram o escritor Jerry Siegel (1914-1996) e o caricaturista Joe Shuster (1914-1992), que uniram seu amor pelas aventuras e pela ficção científica com a criação de vários fanzines. Baseando-se em ideias de Nietzsche, em um deles publicaram uma pequena história intitulada O Reino do Super-homem, na qual um cientista com poderes telepáticos, Ernest Smalley, convence um mendigo a ser objeto de um experimento a troco de comida. Após beber uma poção, o mendigo adquire poderes telepáticos que acabam convertendo-o em um homem muito poderoso.
Após passados cinco anos, Siegel recuperou a ideia do Super-homem invencível e insistiu junto com Shuster (que estava a ponto de abandonar tudo, diante da falta de oportunidade no mercado editorial) que alguém lhes publicasse, em formato de histórias em quadrinhos, a história desse super-homem, porém numa versão boazinha. Eles não conseguiram, até que encontraram as chaves para o herói que conhecemos hoje: o planeta Krypton destruído, os superpoderes, a vida dupla do herói (Siegel foi redator no jornal de sua escola), a aparição de Lois Lane, a capa (que com seus movimentos fazia com que os desenhos das cenas de ação ficassem mais reais)... Depois de várias lutas com editores, que viam o herói como “demasiado sensacionalista”, e que havia “coisas demasiado incríveis”, em palavras de Siegel, foi que eles conseguiram. A publicação do primeiro número, vendido a 10 centavos a cópia, foi um êxito. Em 2010, um exemplar original dessa primeira revista foi vendido por um milhão e meio de dólares. A revista em quadrinhos mais cara da história.
Hércules, Tarzan, Clark Gable...
Além das ideias de Nietzsche sobre um super-homem, Siegel teve claras influências em seu trabalho com o homem de aço. Do mais clássico e mitológico, como a força de Hércules, ao bíblico, como Sansão e seu poder sobrenatural. Na literatura, o pai adotivo dos criadores de Superman foi Edgar Rice Burroughs. Ambos devoraram em sua juventude todos os romances de seus personagens principais, os heroicos Tarzan (um homem forte, musculoso, defensor de suas ideias) e John Carter de Marte (um herói em um planeta que não é o seu, capaz de dar grandes saltos, quase como se voasse...). Na parte visual, há muito do aspecto do aventureiro dos anos 30 e 40, Doc Savage, e do herói dos cinemas, Douglas Fairbanks, bem como de Clark Gable, de onde os autores tiraram o nome para o seu personagem.
Jor-El / Jonathan Kent
Os pais de Superman na ficção: Jor-El, o pai biológico do herói, é um cientista que prevê o fim de seu planeta, Krypton, e salva seu filho enviando-lhe à Terra em uma nave espacial. O pai que o herói nunca conheceu pessoalmente, mas a quem deve tudo. Jonathan Kent, por sua vez, é o pai adotivo, o que encontra sua nave e o cria como Clark Kent. Graças aos filmes, conhecemos o rosto de ambos. Marlon Brando é o primeiro, e Glenn Ford o segundo. Ao menos até agora. Com a nova versão do filme, que tentará fazer esquecer o fiasco de Superman returns (2006), estes dois pais possuem os rostos de Russel Crow e Kevin Costner.
O filme original e a trilha sonora de Williams
Superman já era universal antes de converte-se em filme nos cinemas, mas a adaptação de 1978 com Christopher Reeve nos eternizou a imagem do herói vestido de azul e vermelho. São muitas as gerações que, à menção de Superman, cantarolam a trilha sonora que John Williams então criou. É também o filme-pai das posteriores adaptações das histórias em quadrinhos.
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Feliz aniversário, Kal-El.
Technorati Marcas: Superman,Man of Steel,Tradução,Roberto Denser,quadrinhosApril 17, 2013
Apenas mais uma Maria
No final da tarde de Sábado do dia 22 de Setembro de 2007, Maria N. de B. F., doméstica, na época com 35 anos, deu um cuidadoso banho em sua filha, Raísa L. da S. B. — que recém-completara um ano e oito meses —, perfumou-lhe as virilhas e o pescoço com talco, e os bracinhos com perfume infantil Johnson’s Baby. Após perfumá-la, vestiu-lhe uma roupinha cor-de-rosa de passeio, prendeu um laço em seus cabelos, colocou-a em um carrinho de bebê e a levou para passear.
O que a princípio parecia um prosaico passeio de final de tarde entre mãe e filha, transformou-se na maior tragédia do município de Santa Rita daquele ano. Maria, que levava na cintura uma faca-peixeira com cabo de madeira e lâmina cega, ligeiramente enferrujada, ao chegar em frente à casa do ex-marido, o pai da pequena Raísa, olhou para os lados desconfiada — algumas pessoas conversavam tranquilas na frente de suas casas —, puxou a faca-peixeira, e com ela degolou a perfumada criança.
Como a faca se encontrava cega, Maria teve que fazer mais força do que gostaria para poder rasgar a pele e a cartilagem. Também não esperava que uma criança tão pequena pudesse verter tanto sangue, e após ver que o este inundava o carrinho, salpicava nas jantes brancas de plástico reforçado, e sujava sua própria roupa — e enquanto vizinhos corriam em sua direção para impedi-la de continuar a atrocidade que já estava finalizada (a pequena Raísa já estava morta, apesar de sua cabeça ainda estar presa ao corpo por um frágil pedaço de pele) —, Maria golpeou a própria barriga, numa tentativa frustrada de suicídio.
O que se seguiu foi um completo charivari: alguns desmaiaram, outros irromperam em lágrimas; alguns queriam matar Maria — que estrebuchava no chão —, enquanto outros queriam socorrê-la. Em meio ao tumulto, um dos homens mais controlados chamou a emergência e a polícia, e após o que pareceu muito tempo, Maria foi levada para o Hospital de Emergência e Trauma da capital, onde foi salva por um médico cirurgião.
Maria sofria — segundo foi alegado mais tarde — de distúrbios psicóticos, mas nunca havia dado nenhum sinal de ser uma pessoa violenta, assim como não tinha nenhum antecedente criminal. Pelo contrário, era considerada boa pessoa, vizinha, dona-de-casa, cidadã... mãe.
Poderia finalizar essa narrativa — um caso real, caso não tenha ficado evidente — com algumas considerações acerca do fato, mas não o farei. Prefiro deixar o leitor com suas próprias conclusões.
Para os que se perguntaram o que me fez relembrar o ocorrido, eis a resposta: o caso aconteceu na rua de trás, e hoje, enquanto caminhava, me peguei pensando a respeito. Na época me interessei pelos acontecimentos ao ponto de escrever uma matéria que hoje jaz no limbo das matérias não publicadas — “muito sangue, muita... literatura”, disseram.
Minha intenção, na época, era fazer o leitor participar um pouco dos acontecimentos. Chocá-los tanto quanto eu mesmo fiquei.
E pensar que a coisa mais apavorante que existia por essas bandas na minha infância eram os lobisomens. Hoje, nem eles são vistos mais. Foram todos exterminados por nós.
Ou fugiram, claro, essa é a outra possibilidade.
Technorati Marcas: Crônica
April 13, 2013
A Garota que lia Clarice Lispector demais¹ #4
NOTA:A crônica a seguir foi escrita e publicada originalmente em 2010. Depois de uma pequena repercussão positiva aqui no blog, recebi a proposta para publicá-la no Contraponto (periódico local) e também numa antologia bilíngue, publicada nos Estados Unidos no ano passado, com tradução de Rafa Lombardino. Decidi repostá-la por aqui, apesar de ter perdido um pouco, só um pouco, de sua atualidade (lembrem-se que 2010 foi o auge da onda Crepúsculo).
Os que tiverem interesse em adquirir o livro com sua versão em inglês, poderão comprá-lo na página da Amazon. Lembro, contudo, que se trata de uma obra de autoria coletiva, como o próprio título deixa claro: Contemporary Brazilian Short Stories.
No mais, boa leitura.
Estava no ponto de ônibus da universidade, e para passar o tempo relia o livro Entrevista com o Vampiro, da Anne Rice. Relia porque o li pela primeira vez em meados do ano 2000, e porque estava disposto a ler toda sua obra, de quem só conhecia, até então, o referido livro.
Como eu ia dizendo, estava lá, cara enfiada na trágica aventura de Louis e Babette, quando uma garota parou ao meu lado e me desejou bom dia. Retribuí o cumprimento e observei que ela segurava o livro A Paixão Segundo G.H., de minha querida Clarice Lispector. Resolvi puxar assunto:
— Ah, Clarice Lispector! Legal. Já fui leitor assíduo da Clarice, mas hoje em dia tenho lido bem menos, quase nada para falar a verdade.
Ela sorriu.
— Bem menos por quê?
Dei de ombros.
— Sei lá, devo ter enjoado. Talvez seja apenas uma fase, provavelmente voltarei a ler mais depois de um tempo.
Ela assentiu, depois olhou para a capa do meu livro e perguntou:
— E o que você tá lendo?
— Entrevista com o Vampiro — respondi.
Ela ergueu as sobrancelhas numa expressão de quem acaba de confirmar uma conclusão a qual já havia chegado.
— Ah, é, a modinha dos vampiros…
A princípio, apenas franzi o cenho. Depois, ao constatar que o tom de desprezo com o qual enunciara a frase não fora apenas uma impressão, sorri, educado.
— Exato. Modinha.
A mudança foi instantânea, ela assumiu um ar de superioridade, inflou os pulmões e declarou, soberba:
— Isso, para mim, é subliteratura.
Olhei para o outro lado e vi que meu ônibus estava se aproximando. Não perdi tempo:
— Subliteratura, né? Engraçado. Essa não era a opinião da Clarice, afinal de contas, quem traduziu ESTE livro foi ela — E, abrindo-o, mostrei a folha de rosto, onde se lia: “Tradução de Clarice Lispector” — Não é o máximo?
A garota não respondeu, apenas olhou boquiaberta para a página do livro, como se tentasse entender o que o nome da sua deidade literária estava fazendo escrito naquela obra de “subliteratura”. O ônibus parou.
— Bem, tenho que ir. Boa leitura.
E, sempre com um sorriso, subi no ônibus levando comigo uma maravilhosa sensação de xeque-mate. Ou touché, caso prefiram.
A moral da história é aquela de sempre: antes de criticar, não custa nada se informar um pouco a respeito.
O título desse post é baseado no título do filme O Homem que Sabia Demais, de Alfred Hitchcock.
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April 10, 2013
Eu TAMBÉM vi a criatura #3
Já faz alguns meses: sonhei que uma criatura pálida, nua, sem pelo algum no corpo, agachada ao lado de uma muralha no meio de um deserto, comia o seu próprio coração e cantava. Seu canto, na verdade, estava mais para um choro, um lamento ou... um choro cantado, creio que isso defina melhor. Ao final do sonho — numa dessas transições sem nenhum nexo causal que se possa notar —, eu me encontrava numa roda de amigos e uma das presentes, ao que tudo indicava nossa anfitriã, falava acerca da criatura, revelando que se tratava de um projeto experimental de um jovem artista, que queria testar a reação das pessoas diante de uma cena tão, digamos, bizarra. “Tudo aquilo era maquiagem e interpretação”, dizia, e concluía com a notícia de que a experiência não dera certo, pois um dia um sujeito armado, ao se ver diante da “abominável criatura”, puxou um revólver e descarregou-lhe alguns tiros no peito.
Até aí tudo bem, foi apenas um sonho.
Ocorre que, semana passada, comecei a ler Four past midnight, do Stephen King, um livro que reúne quatro novelas, incluindo Secret Window, Secret Garden, que deu origem ao filme estrelado por Johnny Depp, e que todos conhecem bem. Seria apenas uma leitura como qualquer outra, não fosse o seguinte detalhe, a epígrafe do livro:
Clique na imagem para ampliá-la.
Aqui vai uma traição minha (traduzir poesia é sempre traição):
No deserto¹
(Stephen Crane)
No deserto
eu vi uma criatura, nua, bestial
que, de cócoras no chão,
segurava nas mãos seu coração
e o comia.
Eu disse, “Isso é bom, amigo?”
“Isso é amargo — amargo,” ela respondeu;
“Mas eu gosto disso
porque é amargo
e porque é meu coração.”
Assustador, não? Vocês também notaram a semelhança entre o poema e meu sonho? Eu não o conhecia, tampouco havia ouvido falar de Stephen Crane, que só conheci graças a isso. Quando o li, naturalmente fiquei todo arrepiado com a — sombria — coincidência, depois fui procurar outros poemas de Crane. Gostei de quase todos, mas permaneço intrigado.
O livro de King, por sua vez, é excelente. Taí um autor que descobri muito cedo — o primeiro dele, Pet Sematary, li aos 14 anos —, mas que certamente lerei enquanto tiver algo disponível. Sorte minha que o mestre seja tão prolífico.
Minha, e de todos os seus leitores.
¹ Tradução Roberto Denser, 2013.
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April 9, 2013
Notas Cinematográficas #2
É isso aí, acaba de sair o novo trailer.
Margaret White mais assustadora do que nunca. A Chlöe como Carrie ficou tão engraçadinha, ninguém cometeria bullying com uma gracinha dessas, vai…Por mim, um dos filmes mais esperados dos últimos anos. Li o livro em minha adolescência, vi as adaptações (inclusive tive o DVD original, no auge da minha coleção de filmes de horror, que agora jaz abandonada), mas sempre achei que nenhuma delas chegou sequer perto de fazer justiça ao livro. Minhas expectativas são altas em relação a essa, mas sei, pelo trailer, que ainda ficarei com o livro.
De qualquer forma, adorei o clima da bagaça.
Before midnghtOkay, EIS o filme mais esperado dos últimos anos para mim (coladinho com o Nymphomaniac, do Trier): clique aqui.
É que sou fã do casal faz tempo, sacumé? Motivos não me faltam (sobretudo o fato de Jesse ser escritor, mesmo que no primeiro filme o seja apenas em potencial).
Que mais?Ando com vontade de rever The Dreamers e Gainsbourg (Vie héroïque), talvez faça isso hoje.
Technorati Marcas: Carrie,Before Midnight,Stephen King,Cinema.April 7, 2013
De volta ao front #1
Foto by Roberto Menezes, 2011.
Sim, eu tinha desistido do blog.
Aconteceu comigo algo parecido com o que eu costumava encontrar, desapontado, em alguns dos blogs que lia e acompanhava há anos: um belo (ou não tão belo assim) dia, ao fazer uma costumeira visita, me deparava com uma mensagem que anunciava algo como: “Desculpem, queridos leitores, mas eu já não tenho tempo para escrever. O trabalho e a faculdade estão me consumindo etc.”.
O primeiro pensamento que então me ocorria era: Espero que isso nunca aconteça comigo. Gosto do meu blog e adoro meus leitores. Além disso, não ter tempo para o blog talvez signifique também não ter tempo para a Literatura, o que seria um verdadeiro pesadelo.
E aconteceu que o pesadelo se tornou realidade: o trabalho e a faculdade começaram a me consumir. As ‘responsabilidades da vida adulta’, apesar do atraso, acabaram chegando, e com elas vieram as contas a pagar e a necessidade de trabalhar para conquistar um futuro mais confortável. Eu, que sempre temi me tornar uma daquelas pessoas que esperam ansiosas a chegada da sexta-feira, comemorava sua vinda como um prisioneiro inocente comemoraria sua liberdade.
Atentem para o detalhe: inocente.
Sim, eu fui – e em certo nível ainda sou – um prisioneiro inocente das circunstâncias. Isso, entretanto, não vem ao caso no momento. Não escrevo para lamentar, resmungar nem nada do tipo – sei bem o que me trouxe até aqui, e o que me mantém.
Escrevo para deixar claro que decidi resistir. Parafraseando o grande Álvaro de Campos, talvez o heterônimo do Pessoa com o qual eu mais me identifico: Enquanto o Destino mo conceder, continuarei escrevendo. E o farei. No blog, nos caderninhos que me acompanham desde sempre, no Word, em qualquer lugar. Voltei por aqui não apenas para cumprir mais uma das metas da minha To do list 2013, voltei porque senti falta, como quem há tempos não vê sua terra natal.
Como quem há tempos se encontra longe de casa.
Escrevo para dizer que voltei, e dessa vez não planejo partir.
Technorati Marcas: Roberto Denser,Pessoal,Literatura,Blog,2013.