Roberto Denser's Blog, page 13

June 4, 2013

June 2, 2013

Um pé nos anos 50...

É possível sentir saudades de fazer amor no drive-in sem nunca ter ido a um drive-in?

Sim, é possível, e o sinto com uma frequência maior do que seria razoável.

Não, não me venha falar em reencarnação. Eu não acredito em reencarnação, metempsicose, nada disso. Digo, não da forma como o kardecismo prega, nem o budismo. O eterno retorno sim, esse sim me faria abrir bem os ouvidos, prestar a máxima atenção, assentir em silêncio e pensar meu deus, é isso. E talvez ficasse em pânico, um pânico silencioso, resignado, como o do condenado que percebeu enfim que de nada adiantará espernear e decidiu, pois não?, subir ao patíbulo com o máximo de classe. Morrer como um cavalheiro.

E a transformação da matéria? Ouço alguém perguntar. Sim, é verdade: os átomos que hoje me pertencem um dia farão parte do bigode de um gato, da lama de um mangue, dos lábios de uma puta, dos olhos de talvez um poeta, talvez um cego, um poeta cego ou ambos. Na natureza tudo se transforma, veja você. Aprendemos isso na escola (eu não, eu aprendi no bar, entre amigos), a mais essencial das verdades.

Mas não é sobre isso que quero falar.

Ontem conversava com a Nina:

— Eu fui piloto durante a grande guerra, sabia? É, pois é. Piloto. Pertenci à RAF, combati os alemães num spitfire. Eles ficavam loucos com nossos cuspidores de fogo, você precisava ter visto. Foi uma época gloriosa. É verdade que perdemos muitos parceiros, mas era a guerra, não era? Quer dizer, eu mesmo quase fui abatido uma vez. A luftwaffe não estava pra brincadeira não senhora.

— Sua vida passada essa? Tão bonita...

— Eu tinha uma namorada, sabe? Tive que deixá-la, mas prometi que nos casaríamos quando eu voltasse. Claro, isso nunca chegou a acontecer. Ela se casou com um professor e mudou para os Estados Unidos. Pelo menos foi o que ouvi falar. E pensar que eu escrevia todos os dias... não, não, eu nunca recebi nenhuma resposta, nem sei por que insisti. Acho que eu a amava. É a única explicação. Acabei me casando com Alice, uma amiga de infância que eu não via desde os quinze anos, algo assim. Nós fomos felizes, sabe? Jamais esquecerei os anos 50, foi nessa década que vivi o apogeu de minha juventude e força. Nós havíamos vencido Hitler, pelo amor de deus! Você não faz ideia de como nos sentíamos. Éramos heróis, éramos imortais, os salvadores do mundo. Os americanos e os comunistas não venceram a guerra sozinhos, não senhora.

E aos poucos, sei lá como, mudamos de assunto.

— Boy George continua fodão, né? Já ouviu o cover de video games?

E ela responde com um link da Rita Hayworth cantando Put the blame on mame.

— Diva eterna.

— Essa música é para cantarolar no banho...

E ela tem razão.

 

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Published on June 02, 2013 16:38

May 5, 2013

A Rosa Adoecida: Parte II (e novidades)

Durante o início de 2012 escrevi para a Carta Potiguar aquilo que chamei de webfolhetim, que nada mais era que uma versão para internet dos antigos folhetins que eram publicados periodicamente em jornais. Dividi a noveleta em 5 partes, publiquei aos sábados, e foi uma experiência marcante, sobretudo porque muitos leitores queridos acompanharam ansiosos a saga da jovem Adriele, me mandando mensagens elogiosas, críticas e até mesmo algumas intimações para que eu lhes contasse o que diabos aconteceria a seguir.

Acredito que esse reconhecimento seja a coisa mais gratificante para qualquer autor.

De qualquer forma, durante o processo de escrita descobri que não estava nada satisfeito com a história e que em alguma oportunidade futura me dedicaria a reescrevê-la, estendendo-a e modificando sobretudo o precoce e, na minha opinião ridículo, final.

Está perto agora: em breve me sentarei diante da página em branco e retomarei as vozes daquele aspirante a escritor e entregador de jornais, daquela jovem advogada com crises existenciais que decide largar tudo e passar dois anos mochilando pela Europa.

Dessa vez, espero alcançar um resultado satisfatório.

O texto que segue é a segunda parte, das cinco a minha favorita. A novela inteira foi dedicada a minha querida amiga Indi, a quem mando um beijo.

Espero que gostem.

A Rosa Adoecida Parte II

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“QUANDO CONVERSAMOS PELA ÚLTIMA VEZ eu estava decidida a acabar com minha vida. Tudo estava planejado: iríamos nos encontrar como quase nunca fazíamos, transar como sempre transávamos quando isso acontecia, conversar como sempre conversávamos após nossas transas, e nos despedir como sempre nos despedíamos após nosso café da manhã improvisado e com sabor de uma intimidade ancestral: um beijo leve no rosto, um abraço apertado, e a promessa de que nos veríamos em breve. Após a despedida, eu iria até o Best Western Premier Majestic, onde estava hospedada, avisaria para não me transferirem nenhuma ligação, pois estava com uma cólica terrível e precisava descansar, me trancaria em minha luxuosa suíte com decoração neoclássica e vista para o Morro do Careca escolhida cuidadosamente para aquela ocasião, me deitaria na cama arrumada com esmero, e injetaria na veia cinquenta mililitros de ar de uma única vez com uma seringa comprada previamente numa farmácia Dia e Noite por seis reais e oitenta e sete centavos. Ar, porque foi a forma mais limpa na qual consegui pensar, e pensei em várias: me atirar da varanda, me enforcar, cortar os pulsos, preparar um coquetel de leite com Racumin, Ratonil, Bromy-L ou outro raticida qualquer, e um pouco de talvez Nescau talvez Nesquik morango talvez pedaços de maçã e banana cujo único objetivo seria dar um pouco de sabor docinho, sabor de infância, de inocência à vida que então se iria. Não sei. E de todas as formas que consegui pensar, a mais conveniente delas me pareceu injetar ar na veia e provocar assim um ataque cardíaco que me retiraria a agonia provocada por não sei quê, e que me tomava a vida.

Foi com o propósito de vê-lo pela última vez que vim aqui, e como não gosto de despedidas, fiz todo o possível para que aquele encontro jamais ganhasse esse tom. Escovei os cabelos, fiz as unhas, vesti minha melhor roupa, meu melhor lingerie, me depilei cuidadosamente para ficar do jeito que, eu sabia, você gostava, usei o creme mais afrodisíaco, pitadas do perfume mais delicado, e comprei uma garrafa de La Linda Malbec na Loja Vinhedos do Midway Mall por que um dia você havia provado e dito que era magnífico e que quando fosse um autor consagrado teria dinheiro suficiente para beber daquele vinho sempre que quisesse. Você, porém, grande observador que sempre foi, deformado por essa vocação que lhe obriga a sê-lo, percebeu cada detalhe, do vermelho-sangue do esmalte ao cheiro da nova marca de shampoo que eu havia começado a usar alguns meses antes. E também percebeu que algo não estava bem, que eu, a garota que segundo suas palavras vivia procurando motivos para sorrir, ainda segundo suas palavras sorria apenas com os lábios.  Que os olhos, nos quais você costumava dizer que queria se afogar, traziam o brilho desesperado do olhar dos loucos, perdidos e ensimesmados. Foi ao ouvi-lo dizer isso que me dei conta de que pouco antes, enquanto você me penetrava com força e rapidez porque assim o meu corpo pedira, porque logo eu gozaria e você havia percebido isso apenas interpretando o ritmo do meu corpo sem que eu precisasse dizer ou fazer nenhum sinal, ao mesmo tempo em que me olhava nos olhos e eu distinguia neles não apenas prazer e desejo, mas também o amor que você nunca me prometeu e a compreensão que nunca tive de nenhuma outra parte, foi nesse momento em que me dava conta disso que veio a explosão: e joguei meu quadril para frente e meu tronco para trás ao mesmo tempo em que meus braços agarraram tuas costas, puxando teu corpo com força para perto e dentro do meu, e minha vagina teve uma série de contrações e se encheu ainda mais de secreção enquanto as pernas, erguidas para te receber melhor, espasmavam descontroladas do mesmo modo que minha respiração. E espasmava também o meu corpo, e os gemidos que irromperam da minha garganta saíam sem que eu me desse conta deles, e eu já não te via, e meu corpo já não me pertencia, e meu coração socava o peito num ritmo descompassado e tudo isso não parecia ter fim, pois recomeçava de forma mais ou menos intensa sem nenhum intervalo que me pudesse dar um tempo para pensar a respeito do que estava acontecendo, e eu nunca havia gozado de forma tão intensa e avassaladora, e presa a esse êxtase que parecia não ter fim e que terminaria por me matar, você gozou e eu senti e, mesmo que fosse impossível, puxei você com ainda mais força porque o queria ainda mais dentro de mim. E foi só no momento em que você quedou me abraçando e eu senti seu pênis perder um pouco a rigidez que tomei consciência de várias coisas ao mesmo tempo: que eu já não tinha forças pra nada, que minha visão estava turva, embaçada como se eu estivesse em vias de desmaiar, e que estivera chorando durante todo o orgasmo.

Nossos corpos ficaram abraçados por um ou dois minutos, pegajosos de suores, secreções e lágrimas, mas nossas almas estavam longe dali. Não sei bem se isso é verdade ou se você se sentiu da mesma forma, mas foi a impressão que tive naquele momento. Então você se levantou, saiu de mim, esticou-se para a mesa-de-cabeceira, pegou um cigarro, acendeu, deu um trago demorado, deliciando-se talvez com o sabor do cigarro talvez com o seu desempenho na cama, e me ofereceu em seguida. Eu não aceitei. Você continuou fumando em silêncio, depois perguntou o que havia de errado, o que estava acontecendo comigo, por que eu estava triste.

E então você me alojou em seus braços desnudos e eu encostei minha cabeça em seu peito, e enquanto você se distraía amassando o cigarro no cinzeiro sobre a pequena cômoda ao lado da cama, uma lágrima caiu e ficou presa no emaranhado dos seus pelos. Não sei se você percebeu, mas logo em seguida afagou meus cabelos delicadamente e beijou minha cabeça e após alguns segundos de silêncio disse simplesmente que me entendia, e isso foi assustador, foi pior do que qualquer coisa que eu poderia esperar, foi como o golpe imprevisto da faca de Brutus no peito de César. E então não me contive, e as lágrimas acumuladas durante tanto tempo voltaram a jorrar dos meus olhos como se uma represa tivesse rompido dentro deles, e você me abraçou com mais força, e me beijou com mais carinho, e tentou limpar minhas lágrimas com a mão livre pacientemente enquanto eu desviava meu rosto do seu, meus olhos dos seus, ao mesmo tempo em que não queria te largar. E foi esse abraço nervoso que aos poucos me acalmou, e eu te falei que não sabia, que minha vida não era ruim, que eu era jovem bonita saudável e bem sucedida, que havia conseguido conquistar tudo aquilo que me propus, do domínio de três idiomas à carreira jurídica bem sucedida, que tinha dinheiro e uma mãe maravilhosa que me amava incondicionalmente e que não era apenas mãe, mas também amiga e cúmplice, e que além dela tinha outras amigas que também não eram apenas amigas, mas irmãs com as quais podia não apenas curtir, mas também contar. Tinha tudo pelo que a maioria das pessoas luta, mas era tão infeliz e vazia quanto, achava, alguém que não tinha nada. Então você ergueu sua espada sempre tão afiada e certeira e aplicou o golpe impiedoso que mudou a minha vida para sempre: Você disse ‘Van Gogh’, eu perguntei ‘O quê?’, e você repetiu: ‘Van Gogh’. E acrescentou logo em seguida que era preferível ter o espírito ardente, por mais que tenhamos que cometer mais erros, do que ser mesquinho e demasiado prudente, e voltou a repetir Van Gogh e me contou a história do grande pintor neerlandês e me falou sobre suas cartas. E disse ainda que eu me encontrava numa zona de conforto, e que eu precisava de sofrimentos reais e de uma vida que fosse sobretudo minha, que a melhor coisa para uma pessoa na minha situação seria não ter um amanhã de modo que eu pudesse viver o hoje sem pretensões com o futuro, que eu era uma prisioneira, que precisava ganhar e gritar minha liberdade do púlpito mais alto que conseguisse encontrar, gritar, gritar, gritar, para que todos pudessem ouvir, para que não restassem dúvidas, que a partir do momento que eu vivesse minha vida sinceramente e fosse verdadeiramente livre eu talvez, e só talvez, compreendesse que a felicidade não passa de um mito, mas mesmo assim podemos viver com tranquilidade ou satisfação ou qualquer coisa que torne nossas horas mais suportáveis. ‘Lenitivos’, disse você, ‘pois que uma cura não há’, e me falou em tom de desafio que eu deveria largar tudo o que tinha, pegar todo o dinheiro que estava economizando desde que terminara a faculdade para comprar um apartamento com vista pro mar, colocar uma mochila nas costas e viajar pela Europa. Eu perguntei incrédula o que você estava sugerindo e você sorrindo disse ‘Eu sei, falo da Europa por causa do meu romantismo incorrigível, mas pode ser qualquer lugar, de preferência um de língua não apenas estrangeira, mas também estranha, no meu caso escolheria a Europa ou a Ásia. Mais precisamente a Índia’. E eu perguntei de novo o quê e você pareceu não ouvir, pois continuou falando sobre o quanto era importante que eu fizesse isso sozinha e sem planejar meus passos de modo que pudesse aceitar todas as coisas que se pusessem em meu caminho. E eu questionava incrédula e no fundo já cogitava a possibilidade e já pensava é mesmo por que não? Eu iria me matar mesmo, não tinha nada a perder, quais os riscos que o mundo poderia oferecer a alguém nessas condições?

E eram esses os pensamentos que saltitavam em minha cabeça quando nos despedimos algumas horas depois: você não aceitando muito bem a ideia de que não dormiríamos juntos, eu respondendo que precisava correr para resolver uma coisa urgente e que tornaríamos a nos falar em breve. Então você disse espere, foi até a estante de livros, pegou um exemplar bastante envelhecido de Cartas a Théo, rabiscou uma dedicatória, e me entregou dizendo que eu só deveria ler quando estivesse longe. ‘A dedicatória?’, perguntei. ‘Sim’, você respondeu e eu disse então tudo bem. E sorri, e você sorriu de volta dizendo ‘Assim tá melhor, bem melhor, um sorriso de verdade.’ E eu fui embora, e por algum motivo não abri o livro até que me encontrasse deitada na poltrona da varanda da suíte do Best Western Premier Majestic, de onde podia ver uma escurecida Ponta Negra, um sombrio Morro do Careca, um mar imperscrutável, e um céu que parecia dizer ‘não tente’ enquanto o vento gelado e salgado da noite, do mar, congelava meu rosto e principalmente meu nariz e minhas orelhas.

E quando abri o livro na folha de rosto dei de cara com sua dedicatória, a dedicatória que não era sua, era, descobri mais tarde, do Van Gogh, mas que mesmo sendo dele era sua, tão sua que pude ouvi-lo dizendo ‘Ache belo tudo o que puder, a maioria das pessoas não acha belo o suficiente.’

E eu fechei o livro e fiquei na varanda fumando e pensando sobre aquelas palavras, e foi naquele momento, só naquele momento, que eu decidi: faria exatamente o que você me aconselhou.”

 

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Published on May 05, 2013 18:01

May 4, 2013

Memórias de um Escritor em Construção

Young _Jovem_Roberto Denser_Criança Na foto, aos 6 anos. Já apaixonado pela leitura.

Estudei o primário na Escola Municipal Machado de Assis, no bairro do Tibiri II, em Santa Rita – PB, cidade onde cresci e onde passei quase toda a vida. Na época em que cursei a 4ª série do primário, as aulas eram ministradas por uma professora polivalente (Português, Matemática, Ciências e Estudos Sociais) de quem, por mais que me esforce, não consigo lembrar o nome — apesar de desconfiar que se chamasse Vânia ou algo do tipo —, mas que foi responsável por uma das experiências mais marcantes de minha vida. Quero falar sobre ela.

Era uma sexta-feira, portanto largávamos às 15h00 em ponto (não sei se as coisas ainda funcionam assim nas sextas-feiras do Machado de Assis), e como não tínhamos nenhuma tarefa de casa, a professora resolveu passar uma redação de no mínimo trinta linhas e com tema livre: “Escrevam sobre qualquer coisa”, disse, “e me tragam na segunda-feira”. A reação comum aos meus colegas de sala foram os resmungos e a insatisfação de ter que escrever o que na época parecia algo monstruoso: “Táááá, tia?! Trinta linhas?!”, reclamavam. Eu, por outro lado, não conseguia imaginar nada melhor para fazer no final de semana e, intimamente, agradecia por ela não ter passado alguns problemas matemáticos enfadonhos. Ora, o que mais eu iria querer fazer nos finais de semana? Não era o tipo de garoto que vivia na rua, tampouco gostava de futebol ou me identificava com os, nas palavras de Vinícius de Moraes, “impávidos colossos do esporte” de minha vizinhança. Não, minhas alternativas eram muito limitadas: reler os gibis da Turma da Mônica que ganhara de minha mãe (Nosso trato era simples: eu comeria toda a comida durante a semana e, aos sábados, ela me presentearia com um gibi), ler os livros infantis que surrupiava da escola (eles não emprestavam, então eu surrupiava e, após algumas leituras e releituras, os devolvia e pegava outros) ou então brincar no quintal com alguns bonecos dos Comandos em Ação.

Logo, escrever uma redação de trinta linhas seria algo muito divertido de se fazer. Assim, após chegar em casa, tomar banho e comer alguma coisa, me sentei diante da mesa com um caderninho de capa mole e algumas canetas Bic com a tampa mastigada, e comecei a escrever. Foi o meu primeiro contato com a página em branco: a encarava como se olhasse nos olhos do meu destino, e percebê-la branca era ser tomado, ao mesmo tempo, por um desejo de vencê-la e um medo de ser vencido por ela. Este anseio ambíguo ainda hoje persiste sempre que me coloco na iminência de trabalhar em um novo texto. Aquele, porém, logo foi tomando forma: era a história de um garoto órfão chamado Rafael que fugia do orfanato para as ruas e começava a se envolver com jovens delinquentes, os chamados cheira-colas — que naquela época me chamavam a atenção e me assustavam bastante, pois minha mãe sempre segurava minha mão com mais força e me puxava mais para perto de si quando estávamos próximos deles —, e acabava procurado e preso pela polícia (em minha cabeça de então, até mesmo uma criança poderia ser presa como se fosse um criminoso comum). Na penitenciária, o jovem Rafael se arrependia de todos os seus delitos e era salvo por Deus que, derrubando os muros de sua cela, o libertava e o perdoava de seus pecados (uma espécie de Deus ex machina inconsciente). Assim, Rafael se transformava num “homem de bem” e voltava aos seus antigos amigos com a missão de fazê-los enxergar a luz e testemunhar a benção com a qual fora privilegiado. Não lembro com exatidão qual era o final, mas lembro-me que se tratava de um final tão feliz que seria capaz de fazer inveja à Cinderela.

O resultado final do meu texto, porém, passava em muito às trinta linhas recomendadas pela professora: trinta e duas páginas do caderninho de capa mole e lombada de mola se encontravam diante de mim. Estava tão orgulhoso de meu trabalho que o reli várias vezes e quis mostrar para todo mundo, mas meus pais não se mostraram muito interessados em minha redação e acabei tendo que esperar ansioso para entregá-la à professora. No outro dia, comprei cartolina, desenhei e pintei uma capa — as grades de uma janela de presídio sendo atravessadas por uma luz dourada —, escrevi o título “O Destino de Rafael” abaixo do meu nome completo, e o encadernei.

Até hoje me divirto tentando imaginar o que se passava em minha cabeça naquela época e o que eu queria dizer com esse título, e tenho cá minhas teorias...

Chegando à segunda-feira, alguns entregaram, emburrados, suas redações (as caligrafias forçadamente inchadas), enquanto outros inventaram mil desculpas pelo fato de não as terem escrito. Acanhado, depositei meu livrinho em cima do birô da professora e disse: “Aqui, tia, minha redação”. Ela me encarou com ar interrogativo, eu confirmei com a cabeça e voltei para o meu lugar. Mal via a hora da correção, mas, para minha infelicidade, ela as levou para corrigir em casa. No outro dia, após eu ter passado por uma péssima noite de sono, ela entregou a redação de todos com um visto escrito em vermelho e acrescido de algum comentário do tipo “bom”, “ótimo”, “muito bem”, etc., mas não entregou a minha. Fiquei preocupado e confuso, mas não comentei nada. Talvez ela ainda não tivesse terminado a leitura, claro, o que era bastante aceitável, uma vez que eu muito extrapolara o limite estabelecido por ela. Quando o alarme tocou anunciando o recreio, porém, ela pediu para que eu ficasse um pouco na sala, pois queria falar comigo. Esperei todos saírem e me dirigi ao seu birô, onde ela me olhou por sobre os óculos e perguntou: “Essa história foi você mesmo quem escreveu?”, olhei e vi meu livreto, ligeiramente amassado em sua mão suja de giz. “Sim, tia”, respondi. “Sozinho? Alguém lhe ajudou?” “Não, tia, ninguém me ajudou”. Inflei o peito, orgulhoso; ela ficou pensativa, sem dizer nada por alguns instantes, e só depois do que pareceu uma boa ponderação, falou: “Nunca deixe de escrever, viu? Se você continuar escrevendo, ainda se tornará um grande escritor. Gostei muito de sua história”. Aquelas palavras explodiram como fogos de artifício em minha mente e tudo o que consegui dizer em resposta foi: “Obrigado, tia”. “De nada”, disse ela, “agora vá lanchar”.

Roberto Denser_WritingAos 16 anos, com minha segunda máquina de escrever, a boa e

velha Olivetti, que ainda conservo em algum lugar do meu escritório.

É impossível explicar a importância que essa experiência teve em minha vida, mas creio que se trata de uma das experiências escolares mais importantes que tive — ao lado do jornalzinho Vírgulas Aéreas, no Ensino Médio, que editei ao lado do velho Toupeira — e pela qual sempre serei grato à professora de quem sequer lembro o nome, mas que, em minhas recordações, se chama Vânia. Talvez tenha sido naquele momento que decidi me tornar escritor, independente dos caminhos que tivesse que trilhar para chegar a isso — do curso incompleto de Letras ao atual curso de Direito, do trabalho como vendedor ambulante de produtos magnéticos, passando pelo de açougueiro e tantos outros —, e, um dia, escrever histórias que, quem sabe, pudessem encantar ou desencantar algumas pessoas que, como eu, jamais conseguiriam passar sem elas.

Hoje me peguei pensando sobre isso. Olho para minha mesa e vejo algumas páginas soltas, não revisadas, de Bernardo (meu primeiro romance), assim como olho para o futuro e vejo os tantos outros livros que escreverei depois dele, então lembro que tudo isso começou lá naquele dia, e que, em parte, devo isso àquela professora a quem, agora, deixo um recado:

Cresci, tia Vânia, mas ainda sou aquela criança magricela e míope que, um dia, a senhora aconselhou a jamais parar de escrever. Não parei, não pararei, mas parafrasearei Pessoa e sempre repetirei: enquanto houver vida, continuarei escrevendo. Muito obrigado, professora. Por tudo. Mesmo.

 

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Published on May 04, 2013 13:00

April 27, 2013

Dedicatórias Manufaturadas & Buquinagens

tumblr_me93j456y01rog1pro1_1280Imagem retirada do tumblr Eu te dedico, link no final do texto.

Buquinar é o verbo que designa o ato de procurar e comprar livros em sebos, costume que deve ser preservado por qualquer bibliófilo e amante dos alfarrábios. É nas buquinagens que encontramos os achados mais inacreditáveis. Eu, por exemplo, já cheguei a encontrar O Lobo da Estepe (Hesse) por R$ 1,00 e Lolita (Nabokov) por R$ 3,00. Além do preço, também há a possibilidade de encontrarmos livros que, por vezes, se encontram há muito fora de catálogo: O Despertar dos Mágicos (Louis Pauwels e Jacques Bergier) foi um dos que já encontrei, para citar um exemplo.

Uma das coisas que mais gosto em procurar livros usados — apesar de não gostar desse termo — é quando encontro uma dedicatória escrita à mão por alguém que, um dia, comprou aquele livro com a intenção de presentear uma pessoa querida. Já cheguei, inclusive, a comprar livros apenas por causa da dedicatória. Sei que soa esquisito, mas garanto que é mais forte do que eu. Adoro imaginar todas as histórias por trás daquela simples dedicatória: Quem a escreveu? Quem é (ou foi) a pessoa a quem ele/ela o dedicou? Eram amigos? Amantes? Será que ainda estão vivos? Será que estão juntos? São inúmeras as perguntas, e às vezes encontro na própria dedicatória a resposta para algumas delas. Outras, porém, me deixam tão intrigado que já senti ganas de empreender uma verdadeira odisseia em busca de uma daquelas pessoas.

O problema, na maioria das vezes, é a intimidade com que se dedica um livro:

“Ana, esse livro mudou a minha vida. Espero que gostes.

Ass. Kinho”.

Esse é um exemplo dos que tenho aqui — dedicado em uma edição de O Grande Gatsby (Fitzgerald) da coleção Grandes Sucessos, de 1980 —, mas é um exemplo do tipo de dedicatória que detesto encontrar: fico querendo saber quem é Ana, quem é Kinho, como diabos esse livro mudou a vida dele, qual era a relação entre os dois... coisa de doido.

As minhas favoritas são sempre mais apaixonadas, mais esquisitas ou, simplesmente, mais carinhosas... Dentre todas elas, as duas pelas quais sinto um carinho especial foram encontradas, respectivamente, em O Dia do Coringa (Gaarder) e O Sol Também se Levanta (Hemingway), vejam:

“Peixinho não mostra segredo da ilha, mas pãozinho sim.”

(Encontrada em O Dia do Coringa, de Jostein Gaarder, e assinada por uma tal de Juliana)

“Ando tão angustiada, Francisco, tanto que já nem sinto vontade de nada. Feliz aniversário”.

(Encontrada em O Sol Também se Levanta, de Hemingway, assinada por Alice Maria e datada de 1976)

A primeira me deixou tão intrigado que tirou meu sono durante noites inteiras — mas esse problema foi resolvido com a leitura do livro —, já a segunda... a segunda tirou minha paz! Ainda hoje me pergunto sobre a Alice, que atualmente ou é Dona Alice ou, simplesmente, saudosa Alice.

Se tivesse uma única pista além de seu nome, provavelmente já teria saído à sua procura. Chegaria à sua porta e, acanhado, lhe mostraria o livro que ela, em 1976, dera de presente ao seu Francisco. Pediria para que me contasse sua história, a história de suas angústias e de como as superara... e lhe devolveria o livro, claro, pois certamente jamais encontraria alguém mais digno daquele exemplar.

Ah, e para quem ainda não conhece, o tumblr “Eu te dedico” vem organizando o maior acervo de dedicatórias manufaturadas da internet! Se você quiser contribuir, basta entrar em contato com a Mariana.

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Published on April 27, 2013 15:54

April 26, 2013

Uma das cenas mais belas da literatura mundial

maos-dadas"A essa altura, eles passeavam pelo parque de mãos dadas e de vez em quando Ingeborg parava e beijava Reiter na boca, e quem houvesse visto os dois teria pensado que eram apenas um jovem soldado e sua namorada que não tinham dinheiro para ir a outro lugar, que estavam muito apaixonados e que tinham muitas coisas para se contar. Não obstante, se esse observador hipotético tivesse se aproximado do par e olhado em seus olhos teria se dado conta de que a moça era louca e de que o jovem soldado sabia disso e no entanto não ligava. Na realidade, a essa altura do encontro, já não importava a Reiter que a jovem fosse louca, muito menos ainda o endereço de seu amigo Hugo Halder, ele só queria saber de uma vez por todas quais eram as poucas coisas que pareciam dignas de um juramento a Ingeborg. De modo que perguntou e perguntou e citou, numa tentativa, as irmãs da moça, a cidade de Berlim, a paz no mundo, as crianças do mundo, os pássaros do mundo, a ópera, os rios da Europa, as imagens, ai, de ex-namorados, sua própria vida (a de Ingeborg), a amizade, o humor e tudo mais o que lhe ocorreu, recebendo uma resposta negativa depois da outra, até que por fim, depois de darem voltas por todos os recantos do parque, a moça lembrou duas coisas pelas quais ela dava por válido um juramento."


(Roberto Bolaño in 2666)

A cena descrita acima está no capítulo A parte de Archimboldi, o quinto – e para mim mais importante – livro dessa magnífica obra que é 2666, do escritor chileno. Trata-se do primeiro encontro entre o soldado Hans Reiter e a jovem Ingeborg, que mais tarde se tornaria sua esposa. Nenhuma outra cena do livro se fixou em minha imaginação com tanta insistência e clareza. Se fechar os olhos, ainda sou capaz de ver os dois estranhos de mãos dadas, caminhando pelo parque, conversando sobre juramentos, astecas e grandes tempestades. Para mim, uma das mais belas cenas da literatura mundial.

Sinto saudades do Bolaño.

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Published on April 26, 2013 18:08

Marionetes não são legais

Puppet Master Dubstep blade1Quando eu era criança, poucas coisas me assustavam tanto quanto marionetes. Não faço a menor ideia de como DIABOS algumas pessoas chegaram à conclusão de que marionetes são engraçadas, divertidas, que as crianças adoram.

Não, tenho certeza que não adoram. Afirmo baseado não apenas na minha própria experiência, mas na de alguns amigos. Muitos, na verdade. Os mais imaginativos.

O motivo? Isso sim eu falo com base, exclusivamente, na minha experiência: bonecos articulados, que se movimentam como se tivessem vida própria, que falam com vozes caricaturais, e que, não importa o que tentem expressar, mantêm sempre a mesma expressão no rosto, não são nada legais. Muito pelo contrário: são desconfortáveis.

Pegou? Desconfortáveis.

Isso para não falar na figura emblemática do titereiro, que sempre associarei a Andre Toulon, o simpático velhinho que fez um colega meu – não direi o nome, não insista – desmaiar bonito e virar a piada local daquele ano de 1996 (?).

Eu, claro, nunca achei a menor graça: o compreendia demais, meu caro colega de infância. E ainda o compreendo.

Você aí lendo isso pode achar marionetes legais, que eu sou paranóico ou que vi mais filmes de horror do que o que é recomendável e esse tipo de coisa. Tudo bem, leve algumas para o seu quarto, durma com elas, acorde no meio da madrugada para ir ao banheiro e, bem, as encare por algum tempo, com seus sorrisos inacreditáveis e seus olhos vidrados. Talvez você compreenda um pouco o que sinto quando olho pra elas (mesmo durante o dia), talvez não. Gosto de acreditar que sim, que, como disse certa vez o Stephen King, nobody likes a clown at midnight. E que isso vale pra marionetes também, deve valer.

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Published on April 26, 2013 15:56

April 25, 2013

Necessária Solidão

Hoje amanheceu chovendo, chovendo muito, o que me fez ficar deitado na rede da varanda por uma hora inteira, entre as 5:00 e 6:00am, sonhando com uma xícara de café (estou dando um tempo com a cafeína, recomendação médica), folheando, sem ler, o Poesia Completa de Álvaro de Campos – Do Pessoa, o heterônimo com o qual mais me identifico –, e ouvindo o CD da Birdy no meu pequeno player.

Birdy:

Essa livraria do início do vídeo é um encanto, não? Adoro livrarias assim.

Foi a Larissa Ventura quem primeiro me falou dela. Gostei de cara, não precisei ouvir duas vezes. Tenho esse fraco por vocais femininos desde sempre. Hoje, enquanto a ouvia, me senti em paz comigo, com minha solidão, essa conditio sine qua non de todo e qualquer escritor. Talvez de todo e qualquer artista.

DSC00625Tô naquele grupo que ainda compra CDs.

Chamam, desde tempos imemorais, de solidão necessária. Eu concordo, claro. Minhas melhores ideias vieram à luz em silêncio. Um silêncio muitas vezes quebrado apenas pelo barulho do trovão.

Tenho essa coisa com a chuva: ela me acalma, me traz paz de espírito. Me inspira.

Technorati Marcas: Cotidiano,Roberto Denser
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Published on April 25, 2013 08:39

April 23, 2013

A Vingança de Agatha Christie

501 Grandes Escritores é um desses livros que fico folheando aleatoriamente quando estou entediado. Hoje, por acaso, fui parar na página sobre Agatha Christie, a “decana da ficção policial britânica”, e li, divertido, o seguinte destaque:

O Misterioso Desaparecimento

agatha-christie-british-mystery-writer-and-her-first-husband-col-archibald-christie-in-1919

Em 1926, depois de casada por 12 anos, Agatha descobriu que o marido tinha um caso. Em um grande golpe publicitário, Christie desapareceu. Seu carro acidentado foi descoberto com malas e manchas de sangue, mas sem qualquer vestígio da dona. Os jornais ofereceram recompensa para quem a encontrasse. Archibald Christie ficou sob suspeita de ter assassinado a esposa. Depois de 11 dias de busca, ela foi descoberta em um hotel em Harrogate, no norte da Inglaterra, registrada  com o sobrenome da amante do marido, alegando ter perdido a memória.

501 Grandes Escritores, editora Sextante.

Genial, não? Isso é o que eu chamo de vingança digna. Ao lado, uma foto do casal tirada em 1919.

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Published on April 23, 2013 17:04

April 19, 2013

Novos Fantasmas do Século Passado

Antes de mais nada: parei com a numeração dos posts (#1, #2, #3). É que eu sempre esqueço, então é melhor parar, né? Sem falar que deixa o título feiozão.

Agora vamos ao que interessa:

LIVRO-Os-Fantasmas-do-Secul

Hoje finalizei a leitura de Fantasmas do Século XX, do Joe Hill. Fazia alguns meses que não lia contos – exceto de amigos –, e confesso que estava até um pouco sem saco pra textos curtos. Decidi ler por vários motivos, mas o principal foi ter gostado de Heart-Shaped Box (A Estrada da Noite, no Brasil – sim, eu também achei o título brasileiro meio waddafuck, mas que se pode fazer?).

Como é fácil perceber, gostei do livro (1. Eu não estaria escrevendo a respeito se não tivesse gostado; 2. Eu não sou, não mais, o tipo de cara que continua lendo a contragosto. Sabem como é: So many books, so little time, como diria o velho… Zappa?). Não quero dizer com isso que gostei de todos os contos, naturalmente, mas posso afirmar que gostei de boa parte, talvez a maior parte. Destaco, entretanto, o primeiro – O Melhor do Novo Horror –, que na minha opinião abriu a coletânea com chave de ouro, e me fez virar cada página achando que encontraria outro conto tão bom.

Joe Hill é um escritor com boas ideias e grandes sacadas, apesar de notarmos, em alguns momentos, sua inexperiência como autor, como quando cai na narrativa gratuita, desnecessária, ou seja, o famoso enrolation inconsciente e/ou inconsequente, algo deveras inadequado para contos.

(E para textos de blog também, eu sei. Eu sei.)

Essa, porém, não é a regra. E Joe é jovem, né? E aos jovens, como diz meu amigo, o escritor Roberto Menezes, é permitido cometer erros. Ou isso ou algo parecido com isso, mas que dá no mesmo: jovens podem errar porque supostamente possuem um mundaréu de tempo diante de si, um futuro inteiro para errar, aprender, e corrigir os erros. E Joe Hill é o tipo de cara que aprende rápido. Sua história mostra isso. Apesar de ser filho de Stephen King, um dos maiores autores do gênero, trilhou o caminho rumo ao sucesso com suas próprias pernas (tanto que nem faz uso do sobrenome King, que certamente lhe garantaria uma maior visibilidade, sobretudo no início da carreira) e publicou seus contos sem que o editor soubesse nada a seu respeito, apenas que “gostava dos textos”.

Como consequência desse andar com as próprias pernas, Joe teve que aprender por sua própria conta, com seus próprios erros, e foi com isso que conquistou a curiosidade e o respeito de muitos leitores fiéis ao seu pai – ao contrário de Tabitha King, que não pareceu funcionar muito bem como romancista, a despeito do King como sobrenome, e da benção do marido.

De minha parte, notei sim uma influência de King em seu estilo, mas é muito mais notável a influência de Neil Gaiman, e de histórias em quadrinhos em geral. Joe não nega: sempre foi aficcionado por quadrinhos, é fã (e amigo) de Neil Gaiman, e também escreve roteiros para HQs.

Se eu fosse solicitado a dar uma nota, uma que fosse de uma a cinco estrelas, ou de 0 a 10 pontos, daria algo entre três (estrelas) ou 7 (pontos). Talvez 6. Não é uma nota excelente? Não, não é, mas é uma nota boa o bastante para me fazer ler seus próximos livros, recomendar aos amigos, escrever a respeito.

Avaliar os contos isoladamente seria outra história: alguns tirariam 10, outros tirariam 2, mas nenhum tiraria 0.

Para quem gosta de histórias de horror, como eu (um viciado sem chance de recuperação), é uma excelente leitura. Recomendo.

Technorati Marcas: Stephen King,Roberto Denser,Neil Gaiman,Joe Hill,Contos de Terror,Fantasmas do Século XX,resenhas,livros,leituras.
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Published on April 19, 2013 17:45