C.N. Gil's Blog, page 77
April 20, 2015
...e amodos que foi mais ou menos assim...
Um grande abraço e agradecimento ao FATifer não só pela presença mas pela paciência de fazer isto :)
(Entretanto foi a estreia da Persephone ao vivo... e a menina gritou nas horas...)
:)
Published on April 20, 2015 02:46
April 17, 2015
É ké já amanhã
Published on April 17, 2015 00:23
April 16, 2015
Acabei de saber...
...uma noticia que me deixou perplexo, mas contente.
Aqui há uns tempos atrás falei aqui sobre a "Greeny" uma Les Paul de 1959, guitarra iconica do Senhor Peter Green, guitarrista de Fleetwood Mac, que quando parou de tocar a vendeu a um jovem pela quantia simbolica de 200 libras, um tal de Gary Moore.
O Gary Moore, antes de morrer, chegou a ter de a vender pela modica quantia de US$ 1.200.000.
Soube-se depois que tinha sido revendida a um coleccionador privado por US$ 2.000.000. Foi esse coleccionador que levou a guitarra até ao Royal Albert Hall aquando do concerto "Tour de Force" do Sr. Joe Bonamassa que a tocou em palco, numa cover de uma música de Gary Moore "Blues for Greeny".
Pois que a guitarra, ao fim de dez anos fechada e tendo sido vista em publico apenas aquela única vez, voltou à ribalta, por mãos improváveis!
Para os mais dispistados que não conheçam a criatura na foto acima, é o Sr, Kirk Hammett de Metallica, e não a tem, simplesmente; Esta a tocar com ela ao vivo!
Tenho de confessar que não consigo imaginar o "Enter Sandman" tocado com ela, mas é bom saber que a voz dela se continua a ouvir e que este pedaço da história da música em geral, e do Blues/Rock em particular não está perdido num cofre qualquer. Aparentemente, aos 56 anos, a menina virou metaleira...
Rock On "Greeny"
:)
Aqui há uns tempos atrás falei aqui sobre a "Greeny" uma Les Paul de 1959, guitarra iconica do Senhor Peter Green, guitarrista de Fleetwood Mac, que quando parou de tocar a vendeu a um jovem pela quantia simbolica de 200 libras, um tal de Gary Moore.
O Gary Moore, antes de morrer, chegou a ter de a vender pela modica quantia de US$ 1.200.000.
Soube-se depois que tinha sido revendida a um coleccionador privado por US$ 2.000.000. Foi esse coleccionador que levou a guitarra até ao Royal Albert Hall aquando do concerto "Tour de Force" do Sr. Joe Bonamassa que a tocou em palco, numa cover de uma música de Gary Moore "Blues for Greeny".
Pois que a guitarra, ao fim de dez anos fechada e tendo sido vista em publico apenas aquela única vez, voltou à ribalta, por mãos improváveis!

Para os mais dispistados que não conheçam a criatura na foto acima, é o Sr, Kirk Hammett de Metallica, e não a tem, simplesmente; Esta a tocar com ela ao vivo!
Tenho de confessar que não consigo imaginar o "Enter Sandman" tocado com ela, mas é bom saber que a voz dela se continua a ouvir e que este pedaço da história da música em geral, e do Blues/Rock em particular não está perdido num cofre qualquer. Aparentemente, aos 56 anos, a menina virou metaleira...
Rock On "Greeny"
:)
Published on April 16, 2015 07:34
April 14, 2015
FATiferando...: Ontem acabei de ler… XV
Quando lemos um "post" assim acerca de algo que foi escrito pela nossa mão, é difícil não ficar com a alma cheia.
FATifer, não citaste demais, e não, não creio que esse tal editor tivesse razão...
Um forte abraço :)
(PS: Espero poder rever-te no próximo Sábado na sede do Moto Clube de Corroios...
...e desta vez não há cá "acusticidades" e a Persephone vai ser estreada em palco!)
FATiferando...: Ontem acabei de ler… XV: Gostei mas sou suspeito porque por várias vezes já afirmei que gosto do estilo de escrita do autor que tenho a honra de poder tratar po...
FATifer, não citaste demais, e não, não creio que esse tal editor tivesse razão...
Um forte abraço :)
(PS: Espero poder rever-te no próximo Sábado na sede do Moto Clube de Corroios...
...e desta vez não há cá "acusticidades" e a Persephone vai ser estreada em palco!)
FATiferando...: Ontem acabei de ler… XV: Gostei mas sou suspeito porque por várias vezes já afirmei que gosto do estilo de escrita do autor que tenho a honra de poder tratar po...
Published on April 14, 2015 00:24
April 13, 2015
Estes rapazes eram tão timidos...
...e comedidos...
Aliás, ainda são!!!
Aliás, ainda são!!!
Published on April 13, 2015 14:35
April 11, 2015
Cancelem...
...os vossos planos para o próximo sábado, dia 18.
XXL Blues ao vivo na sede do Moto Clube de Corroios, em Stª Marta do Pinhal.
Bora lá rockar...
XXL Blues ao vivo na sede do Moto Clube de Corroios, em Stª Marta do Pinhal.
Bora lá rockar...
Published on April 11, 2015 16:50
April 10, 2015
O Estado já não não pode ser considerado nem é uma pessoa de bem, na relação jurídica que têm com os cidadãos. Se calhar está mesmo na hora de reformular o estado...
Vi isto no Quadripolaridades e não resisto a partilhar por aqui, porque situações destas devem ser conhecidas. Deve-se saber como lidar com o Estado que já não está ao serviço dos cidadãos.
Todos temos obrigações, é verdade! Mas também temos direitos e algo de muito, muito errado se está a começar a passar neste país, quando a impunidade "à tromba estendida" de uns, porque, por exemplo, são funcionários pagos pelos cidadãos através de cargos eleitos, por exemplo, o de primeiro ministro (sim, ele é um assalariado do estado, tal e qual como um médico, um enfermeiro, ou o funcionário das finanças), e de outros que vêem a sua vida descambar da maneira ignóbil que está descrita abaixo!
Envergonho-me de viver num país assim! Envergonho-me que sejamos representados por gente sem um pingo de moral e vergonha na cara!
MAS, TAMBÉM, DE UM PAÍS QUE CONDENA UM POLICIA POR FAZER O SEU TRABALHO E O OBRIGA A PAGAR UMA INDEMNIZAÇÃO AO VERDADEIRO CULPADO, UM PAÍS ONDE A JUSTIÇA TEM UM PREÇO POR NORMA DEMASIADO ALTO PARA QUE A JUSTIÇA SEJA FEITA POR IGUAL A TODOS, NÃO SE PODE ESPERAR GRANDE COISA, POIS NÃO?
A história de uma família de Massamá, com três crianças, que está a ver a vida virada do avesso por conta da cobrança no IVA de recibos verdes desde 2008. O casal fez um pagamento de 5 mil euros da dívida numa repartição (possuem recibos a comprovar) e, oito meses depois, as finanças só dão como pagos 2.800 euros. Os salários estão penhorados e a casa deve ir a leilão.
Mário Pereira & Andreia Dias
Este texto destina-se a dar a conhecer a forma desumana como num país democrático uma família pode ser tratada pela Autoridade Tributária e seus funcionários.
Somos uma família de 5 pessoas, mãe , pai e 3 filhos, o Manuel de 10 meses, o Miguel de 3 anos e a Beatriz de 11 anos, até ao final de 2013 vivíamos como a maior parte da chamada classe média portuguesa, não fazíamos grandes aventuras financeiras mas vivíamos sem grandes dificuldades.
De repente o mundo colapsou, não ao início porque sempre acreditámos que a justiça prevalece sempre e que num estado democrático as famílias não poderiam ser destruídas em nome do saque a favor do estado.
Enganámo-nos e de que forma. No final de 2013 foi a minha esposa notificada pela repartição de finanças de Queluz sobre um processo de IVA, aparentemente e segundo as finanças, ela, trabalhadora por conta de outrem mas também a recibos verdes, deveria no ano de 2008 ter alterado o seu regime de IVA passando a cobrar IVA às entidades para as quais trabalhava.
Recebemos a notificação, confesso que ficámos apreensivos mas não desesperados, pensámos sempre “ok não cobrámos o IVA, as empresas também não o deduziram, mas quer dizer, não roubámos nem lesámos o estado em nada, já que não ficámos com nenhum imposto” eventualmente vamos ter de pagar multas pela não entrega das declarações ou por não termos mudado o regime tributário, sim porque multas isso há sempre, e o regime tributário é automático para o que lhe interessa mas para o que convém não o é…
Ora se verificaram pelas nossas declarações de rendimentos que a minha esposa tinha ultrapassado os limites nos recibos verdes porque não mudaram o regime de forma automática, porque não a notificaram de imediato logo em 2008? Na nossa perspectiva não o fizeram propositadamente de forma a cobrar mais ao contribuinte.
Passado pouco tempo após a notificação fomos junto da repartição de finanças onde nos foi comunicado que não tendo ela cobrado o IVA às entidades teria de o suportar integralmente e portanto tinha agora 30 dias para entregar todo o IVA de 2008 a 2013 sobre todo o rendimento via recibos verdes, sem direito a deduções e com multas e juros associados, um valor de cerca de 15.000€ a que acresciam juros e coimas.
Dois dias após nos terem apurado estes valores, e porque estávamos no inicio de Dezembro de 2013 e em período de perdão de juros dado pelo governo, emitimos algumas guias de pagamento via site das finanças e com a poupança da família tentámos reduzir esta divida injusta, a nosso ver, se não recebemos o imposto porque temos de o entregar?
Foi-nos dito pela repartição de finanças que teríamos de pagar porque o IVA era crime e levava a penhoras imediatas, X% do vencimento , 100% dos valores recebidos em recibos verdes, e penhora imediata de qualquer bens que estivessem em nome da minha esposa.
Assim pegámos em 5.000,00€ das nossas poupanças (todas as que tínhamos) e fomos com as devidas guias (emitidas via site AT pelo acesso da minha esposa) à repartição de finanças de Queluz para efectuar aquele pagamento que não só reduziria a divida como retirava os juros do montante liquidado.
Aqui começou o horror.
Quando fomos para pagar as guias no valor de 5.000,00€ inexplicavelmente o funcionário da repartição de finanças de Queluz disse que não podiam ser pagas, pedimos para chamar o responsável que nos veio dizer que não podiam ser pagas aquelas guias porque não estavam ainda em sistema (as guias foram retiradas do portal da AT).
Incrédulos com a situação e porque legalmente podemos pagar as guias em qualquer repartição de finanças, fomos à repartição de finanças da Amadora com as guias, contámos a situação e as funcionárias nem acreditaram no que estávamos a dizer, assim receberam os 5.000,00€ processaram as guias e colocaram as vinhetas de liquidação das mesmas.
Três dias depois verificámos que a divida que constava no site da AT era exactamente a mesma, dirigímo-nos novamente à repartição de finanças de Queluz com as guias devidamente validadas pelo sistema da AT como pagas e pedimos que fosse retirado ao valor em divida o valor pago nas guias e os respectivos juros, dado que foram pagas ao abrigo do regime dado pelo governo.
Foi-nos dito que não o poderiam fazer porque não conseguiam verificar o pagamento das guias por não ter sido feito naquela repartição (relembro que as guias estavam à frente deles com o selo de pagamento emitido pela repartição da Amadora), apesar disso foi-nos dito que teríamos de esperar e que teríamos de realizar um requerimento a pedir que fosse considerado aquele pagamento, porque a sr.ª da repartição não iria à procura nos extractos bancários da AT do nosso pagamento.
Nós ainda dissemos “pois não precisa de procurar porque temos as guias pagas que fazem prova de pagamento” ao que nos respondeu ”para nós não fazem, e se querem que esses valores sejam deduzidos têm de provar que os pagaram” era o que estávamos ali a provar com as guias validadas pela repartição, mas inexplicavelmente não aceitaram e a divida apesar de amortizada não foi reduzida.
Assim, dos 15.000€ que reclamavam, já tínhamos pago 5.000€ e continuávamos, segundo eles, a dever tudo na mesma, só que agora com as poupanças da família gastas.
Entretanto, e porque não tínhamos possibilidades de pagar o valor reclamado pela AT e as cartas de ameaças não paravam de chegar, realizámos um plano prestacional para irmos pagando o que reclamavam.
Um erro, porque ao fazermos isto assumimos que devemos o dinheiro. A malha fiscal é pior que qualquer esquema fraudulento que exista.
Os planos vieram mas com o valor total em divida mais juros e coimas e afins, mas e então os 5.000€ pagos aos quais eram ainda retirados juros e coimas onde estão abatidos?
Não estavam, continuavam sem reconhecer o pagamento desse valor e fizeram os planos prestacionais pelos valores totais que eles apuraram.
Mais surpresas para ajudar, para além de termos gasto os 5.000€ das poupanças da família continuávamos a dever tudo segundo eles e como era um processo de IVA o prazo máximo de pagamento prestacional era de apenas 24 meses o que dava uma prestação de cerca de 1.000€/mês. Nesse momento a nossa vida colapsou, 3 filhos, casa para pagar e 815€ de ordenados da minha esposa e 500,00€ meus, com uns extras em recibos verdes sempre inconstantes, como poderíamos pagar uma prestação de 1000€?
Mas era a única solução ou tiravam-nos tudo, dinheiro dos bancos, carros e casa… enfim com a ajuda dos amigos e da família fomos conseguindo cumprir todos os meses os planos, mas o bullying não parou, todos os meses somos bombardeados com penhoras, ameaças de venda da nossa casa entre outras ameaças, apesar de cumprirmos sempre com os pagamentos dos planos prestacionais, todos os meses nos penhoram 1/6 do ordenado da minha esposa (cerca de 160€ de um ordenado de 815€) mandam penhoras para todos os locais onde ela está a recibos verdes para lhe penhorarem os recibos, e durante 8 meses todo o dinheiro que foi penhorado, assim como os 5.000€ pagos e respectivos juros nunca apareceram.
Passados 8 meses começou então , depois da intervenção de uma advogada que já vai numa despesa de 2.000€ que o meu pai vai pagando, a aparecer algum dinheiro, fomos novamente à repartição de Queluz para vermos a melhor forma de se aplicar o dinheiro.
Idealmente amortizarem prestações nos planos para nos aliviarem mensalmente um orçamento agora muitíssimo apertado era a nossa ideia, mas quando lá chegámos as finanças já tinham aplicado o dinheiro, parte do dinheiro porque não apareceu todo (estranho porque os 5.000€ foram pagos todos ao mesmo tempo mas eles só acharam parte desse dinheiro), onde queriam e como queriam, e assim amortizaram umas prestações finais e nós continuávamos a pagar mensalmente o mesmo só que agora por menos meses.
Mas nós precisávamos era de liquidez um mês ou dois para podermos comprar leite para os miúdos que ia escasseando cá por casa.
O facto é que apesar de todos os meses, nem sei bem como, irmos pagando os planos prestacionais, o dinheiro das penhoras só agora passado mais de um ano começou a ser aplicado, ainda assim neste momento já sem poupanças nenhumas, com cartões de credito estoirados, com dinheiro emprestado de amigos e família que não sabemos como iremos pagar ou quando poderemos pagar, continuamos mês após mês a receber cartas de penhora de ameaças, surgem novos processos que nem sabemos o que são porque nunca nos conseguem explicar, temos bancos a ligar, rendas atrasadas compras por fazer e a AT só quer receber, receber, receber algo que nunca lhes tirámos nem recebemos.
Nunca quiseram notificar as entidades para que assumissem o pagamento do IVA porque não lhes queriam dar o direito às respectivas deduções, mandaram-nos a nós fazer isso. Imagine o que é chegar à entidade patronal e dizer “olhe tem de entregar os ivas desde 2008 porque eu devia ter cobrado e não cobrei…. “
Ontem, dia 07/04/2015, recebemos mais uma notificação agora para além de tudo o que pagámos e do que pagámos mas ainda não apareceu ou foi deduzido à divida, querem mais 2.000€ de multas por falta de entrega das declarações desde 2009 (sim porque entretanto conseguimos impugnar por prescrição o ano de 2008, mas eles tentaram receber claro) isto no mês de pagamento do IMI , é impossível.
A AT tem feito de tudo para que entremos em incumprimento e vai conseguir, recebemos 1.300€ cá em casa temos de pagar neste momento 700€ ás finanças, agora mais 2.000€ e mais o IMI não conseguimos e no mês de Março já não fomos capazes de pagar um dos planos prestacionais, agora não sabemos se nos vão vender a casa, já nos enviaram uma notificação a dizer que sim que vão vende-la em leilão, que vão proceder à penhora dos vencimentos em 1/6 e dos recibos verdes na totalidade e assim vão tirar-nos o pouco rendimento que temos, deixamos de poder pagar agua, luz, gás e renda, deixamos de poder comprar comida para os nossos filhos e claro deixamos de poder pagar-lhes e ai vêm mais multas, juros e coimas e nunca mais teremos vida, futuro ou qualquer tipo de perspectiva… estamos desesperados, fortíssimos enquanto família mas precisamos de ajuda a divulgar o bullying de que estamos a ser alvos, temos provas documentais de tudo e podemos provar que estamos a ser alvo de perseguição da AT, destruíram-nos a vida, acabaram connosco e continuam até nos matar de vez… por favor ajudem-nos a divulgar esta situação em nome da nossa sobrevivência e dos nossos filhos!
Todos temos obrigações, é verdade! Mas também temos direitos e algo de muito, muito errado se está a começar a passar neste país, quando a impunidade "à tromba estendida" de uns, porque, por exemplo, são funcionários pagos pelos cidadãos através de cargos eleitos, por exemplo, o de primeiro ministro (sim, ele é um assalariado do estado, tal e qual como um médico, um enfermeiro, ou o funcionário das finanças), e de outros que vêem a sua vida descambar da maneira ignóbil que está descrita abaixo!
Envergonho-me de viver num país assim! Envergonho-me que sejamos representados por gente sem um pingo de moral e vergonha na cara!
MAS, TAMBÉM, DE UM PAÍS QUE CONDENA UM POLICIA POR FAZER O SEU TRABALHO E O OBRIGA A PAGAR UMA INDEMNIZAÇÃO AO VERDADEIRO CULPADO, UM PAÍS ONDE A JUSTIÇA TEM UM PREÇO POR NORMA DEMASIADO ALTO PARA QUE A JUSTIÇA SEJA FEITA POR IGUAL A TODOS, NÃO SE PODE ESPERAR GRANDE COISA, POIS NÃO?
A história de uma família de Massamá, com três crianças, que está a ver a vida virada do avesso por conta da cobrança no IVA de recibos verdes desde 2008. O casal fez um pagamento de 5 mil euros da dívida numa repartição (possuem recibos a comprovar) e, oito meses depois, as finanças só dão como pagos 2.800 euros. Os salários estão penhorados e a casa deve ir a leilão.
Mário Pereira & Andreia Dias
Este texto destina-se a dar a conhecer a forma desumana como num país democrático uma família pode ser tratada pela Autoridade Tributária e seus funcionários.
Somos uma família de 5 pessoas, mãe , pai e 3 filhos, o Manuel de 10 meses, o Miguel de 3 anos e a Beatriz de 11 anos, até ao final de 2013 vivíamos como a maior parte da chamada classe média portuguesa, não fazíamos grandes aventuras financeiras mas vivíamos sem grandes dificuldades.
De repente o mundo colapsou, não ao início porque sempre acreditámos que a justiça prevalece sempre e que num estado democrático as famílias não poderiam ser destruídas em nome do saque a favor do estado.
Enganámo-nos e de que forma. No final de 2013 foi a minha esposa notificada pela repartição de finanças de Queluz sobre um processo de IVA, aparentemente e segundo as finanças, ela, trabalhadora por conta de outrem mas também a recibos verdes, deveria no ano de 2008 ter alterado o seu regime de IVA passando a cobrar IVA às entidades para as quais trabalhava.
Recebemos a notificação, confesso que ficámos apreensivos mas não desesperados, pensámos sempre “ok não cobrámos o IVA, as empresas também não o deduziram, mas quer dizer, não roubámos nem lesámos o estado em nada, já que não ficámos com nenhum imposto” eventualmente vamos ter de pagar multas pela não entrega das declarações ou por não termos mudado o regime tributário, sim porque multas isso há sempre, e o regime tributário é automático para o que lhe interessa mas para o que convém não o é…
Ora se verificaram pelas nossas declarações de rendimentos que a minha esposa tinha ultrapassado os limites nos recibos verdes porque não mudaram o regime de forma automática, porque não a notificaram de imediato logo em 2008? Na nossa perspectiva não o fizeram propositadamente de forma a cobrar mais ao contribuinte.
Passado pouco tempo após a notificação fomos junto da repartição de finanças onde nos foi comunicado que não tendo ela cobrado o IVA às entidades teria de o suportar integralmente e portanto tinha agora 30 dias para entregar todo o IVA de 2008 a 2013 sobre todo o rendimento via recibos verdes, sem direito a deduções e com multas e juros associados, um valor de cerca de 15.000€ a que acresciam juros e coimas.
Dois dias após nos terem apurado estes valores, e porque estávamos no inicio de Dezembro de 2013 e em período de perdão de juros dado pelo governo, emitimos algumas guias de pagamento via site das finanças e com a poupança da família tentámos reduzir esta divida injusta, a nosso ver, se não recebemos o imposto porque temos de o entregar?
Foi-nos dito pela repartição de finanças que teríamos de pagar porque o IVA era crime e levava a penhoras imediatas, X% do vencimento , 100% dos valores recebidos em recibos verdes, e penhora imediata de qualquer bens que estivessem em nome da minha esposa.
Assim pegámos em 5.000,00€ das nossas poupanças (todas as que tínhamos) e fomos com as devidas guias (emitidas via site AT pelo acesso da minha esposa) à repartição de finanças de Queluz para efectuar aquele pagamento que não só reduziria a divida como retirava os juros do montante liquidado.
Aqui começou o horror.
Quando fomos para pagar as guias no valor de 5.000,00€ inexplicavelmente o funcionário da repartição de finanças de Queluz disse que não podiam ser pagas, pedimos para chamar o responsável que nos veio dizer que não podiam ser pagas aquelas guias porque não estavam ainda em sistema (as guias foram retiradas do portal da AT).
Incrédulos com a situação e porque legalmente podemos pagar as guias em qualquer repartição de finanças, fomos à repartição de finanças da Amadora com as guias, contámos a situação e as funcionárias nem acreditaram no que estávamos a dizer, assim receberam os 5.000,00€ processaram as guias e colocaram as vinhetas de liquidação das mesmas.
Três dias depois verificámos que a divida que constava no site da AT era exactamente a mesma, dirigímo-nos novamente à repartição de finanças de Queluz com as guias devidamente validadas pelo sistema da AT como pagas e pedimos que fosse retirado ao valor em divida o valor pago nas guias e os respectivos juros, dado que foram pagas ao abrigo do regime dado pelo governo.
Foi-nos dito que não o poderiam fazer porque não conseguiam verificar o pagamento das guias por não ter sido feito naquela repartição (relembro que as guias estavam à frente deles com o selo de pagamento emitido pela repartição da Amadora), apesar disso foi-nos dito que teríamos de esperar e que teríamos de realizar um requerimento a pedir que fosse considerado aquele pagamento, porque a sr.ª da repartição não iria à procura nos extractos bancários da AT do nosso pagamento.
Nós ainda dissemos “pois não precisa de procurar porque temos as guias pagas que fazem prova de pagamento” ao que nos respondeu ”para nós não fazem, e se querem que esses valores sejam deduzidos têm de provar que os pagaram” era o que estávamos ali a provar com as guias validadas pela repartição, mas inexplicavelmente não aceitaram e a divida apesar de amortizada não foi reduzida.
Assim, dos 15.000€ que reclamavam, já tínhamos pago 5.000€ e continuávamos, segundo eles, a dever tudo na mesma, só que agora com as poupanças da família gastas.
Entretanto, e porque não tínhamos possibilidades de pagar o valor reclamado pela AT e as cartas de ameaças não paravam de chegar, realizámos um plano prestacional para irmos pagando o que reclamavam.
Um erro, porque ao fazermos isto assumimos que devemos o dinheiro. A malha fiscal é pior que qualquer esquema fraudulento que exista.
Os planos vieram mas com o valor total em divida mais juros e coimas e afins, mas e então os 5.000€ pagos aos quais eram ainda retirados juros e coimas onde estão abatidos?
Não estavam, continuavam sem reconhecer o pagamento desse valor e fizeram os planos prestacionais pelos valores totais que eles apuraram.
Mais surpresas para ajudar, para além de termos gasto os 5.000€ das poupanças da família continuávamos a dever tudo segundo eles e como era um processo de IVA o prazo máximo de pagamento prestacional era de apenas 24 meses o que dava uma prestação de cerca de 1.000€/mês. Nesse momento a nossa vida colapsou, 3 filhos, casa para pagar e 815€ de ordenados da minha esposa e 500,00€ meus, com uns extras em recibos verdes sempre inconstantes, como poderíamos pagar uma prestação de 1000€?
Mas era a única solução ou tiravam-nos tudo, dinheiro dos bancos, carros e casa… enfim com a ajuda dos amigos e da família fomos conseguindo cumprir todos os meses os planos, mas o bullying não parou, todos os meses somos bombardeados com penhoras, ameaças de venda da nossa casa entre outras ameaças, apesar de cumprirmos sempre com os pagamentos dos planos prestacionais, todos os meses nos penhoram 1/6 do ordenado da minha esposa (cerca de 160€ de um ordenado de 815€) mandam penhoras para todos os locais onde ela está a recibos verdes para lhe penhorarem os recibos, e durante 8 meses todo o dinheiro que foi penhorado, assim como os 5.000€ pagos e respectivos juros nunca apareceram.
Passados 8 meses começou então , depois da intervenção de uma advogada que já vai numa despesa de 2.000€ que o meu pai vai pagando, a aparecer algum dinheiro, fomos novamente à repartição de Queluz para vermos a melhor forma de se aplicar o dinheiro.
Idealmente amortizarem prestações nos planos para nos aliviarem mensalmente um orçamento agora muitíssimo apertado era a nossa ideia, mas quando lá chegámos as finanças já tinham aplicado o dinheiro, parte do dinheiro porque não apareceu todo (estranho porque os 5.000€ foram pagos todos ao mesmo tempo mas eles só acharam parte desse dinheiro), onde queriam e como queriam, e assim amortizaram umas prestações finais e nós continuávamos a pagar mensalmente o mesmo só que agora por menos meses.
Mas nós precisávamos era de liquidez um mês ou dois para podermos comprar leite para os miúdos que ia escasseando cá por casa.
O facto é que apesar de todos os meses, nem sei bem como, irmos pagando os planos prestacionais, o dinheiro das penhoras só agora passado mais de um ano começou a ser aplicado, ainda assim neste momento já sem poupanças nenhumas, com cartões de credito estoirados, com dinheiro emprestado de amigos e família que não sabemos como iremos pagar ou quando poderemos pagar, continuamos mês após mês a receber cartas de penhora de ameaças, surgem novos processos que nem sabemos o que são porque nunca nos conseguem explicar, temos bancos a ligar, rendas atrasadas compras por fazer e a AT só quer receber, receber, receber algo que nunca lhes tirámos nem recebemos.
Nunca quiseram notificar as entidades para que assumissem o pagamento do IVA porque não lhes queriam dar o direito às respectivas deduções, mandaram-nos a nós fazer isso. Imagine o que é chegar à entidade patronal e dizer “olhe tem de entregar os ivas desde 2008 porque eu devia ter cobrado e não cobrei…. “
Ontem, dia 07/04/2015, recebemos mais uma notificação agora para além de tudo o que pagámos e do que pagámos mas ainda não apareceu ou foi deduzido à divida, querem mais 2.000€ de multas por falta de entrega das declarações desde 2009 (sim porque entretanto conseguimos impugnar por prescrição o ano de 2008, mas eles tentaram receber claro) isto no mês de pagamento do IMI , é impossível.
A AT tem feito de tudo para que entremos em incumprimento e vai conseguir, recebemos 1.300€ cá em casa temos de pagar neste momento 700€ ás finanças, agora mais 2.000€ e mais o IMI não conseguimos e no mês de Março já não fomos capazes de pagar um dos planos prestacionais, agora não sabemos se nos vão vender a casa, já nos enviaram uma notificação a dizer que sim que vão vende-la em leilão, que vão proceder à penhora dos vencimentos em 1/6 e dos recibos verdes na totalidade e assim vão tirar-nos o pouco rendimento que temos, deixamos de poder pagar agua, luz, gás e renda, deixamos de poder comprar comida para os nossos filhos e claro deixamos de poder pagar-lhes e ai vêm mais multas, juros e coimas e nunca mais teremos vida, futuro ou qualquer tipo de perspectiva… estamos desesperados, fortíssimos enquanto família mas precisamos de ajuda a divulgar o bullying de que estamos a ser alvos, temos provas documentais de tudo e podemos provar que estamos a ser alvo de perseguição da AT, destruíram-nos a vida, acabaram connosco e continuam até nos matar de vez… por favor ajudem-nos a divulgar esta situação em nome da nossa sobrevivência e dos nossos filhos!
Published on April 10, 2015 01:14
April 7, 2015
Dos Sonhos e coisas afins
Compreendo perfeitamente que cada ser humano tenha em si sonhos.
Eu sempre os tive. Quando era miúdo queria ser astronauta…
…e mais tarde cientista.
Depois fui crescendo e fui sonhando com muitas coisas. Ainda hoje sonho…
Sonhar é algo de bom, faz-nos ter aspirações, provoca-nos paixões, faz-nos mexer para atingir objectivos. Mas sonhar pode ter um lado mau…
Como disse atrás, quando era miúdo queria ser astronauta. Queria um dia ter a hipótese de ir a órbitra terrestre, ou mesmo para além dela, sentir o corpo sem peso, ver o planeta azul de cima…
…mas não era um sonho realizável. Apesar disso, hoje em dia estamos à beira da altura em que o meu sonho pode ser realizável, acessível a qualquer um que o possa pagar, sem ter de passar por anos de treino, sem ter de comer o pão que o diabo amassou…
…apenas pagar um bilhete e ir!
Isto, para mim, não seria realizar o sonho. Poderia ser bonito ir, ver o mundo, sentir a ausência de peso, mas, se pensar bem, é capaz de não ser algo muito diferente de pagar um bilhete para a montanha russa.
O que faz de um sonho um sonho é o seu carácter quase alcançável e o facto de, se conseguirmos vencer todas as barreiras que se nos atravessam à frente e o conseguirmos realizar sentirmos a alma cheia. Deu trabalho, foi por vezes difícil, por vezes quase impossível, mas há aquela sensação de superação quando chegamos ao fim. Quando tomamos um atalho e passamos ao lado das dificuldades, a realização do sonho deixa um tanto a desejar, é algo incompleto, acaba por não ter significado duradouro. Há aquele momento… e depois o momento passou e fica o vazio de já não se ter aquele sonho.
Compreendo perfeitamente aqueles que sonham ser estrelas musicais ou escritores. Eu, embora toque desde os catorze anos e esteja em constante aprendizagem desde então, nunca sonhei ser um “Rockstar”, ter o mundo aos meus pés e ter as gajas todas que quero com um estalar de dedos.
Aprendi a tocar porque desde que me lembro sempre o quis fazer, porque a música foi uma constante na minha vida, porque me lembro das tardes que passava com o meu pai a ouvir os nossos velhos vinis que iam desde a música clássica ao Quim Barreiros (na altura, em minha opinião, com muito maior qualidade do que as coisas que faz hoje), porque o meu irmão, dezoito anos mais velho que eu me entrava pela casa adentro com discos de música não comercial de bandas como os Deep Purple, os Led Zeppelin…
…lembro-me da primeira vez que ouvi o solo do “Another Brick in the Wall pt II” e de ficar apaixonado…
…lembro-me de estar a brincar na varanda ao lado da minha mãe que costurava para fora e que tinha sempre o radio ligado e de estar a ouvir Beatles, Simon and Garfunkle…
Tornei-me guitarrista por adorar a música e por querer fazê-la.
Já em relação à escrita, sempre adorei ler. Aprendi com quatro anos e li tudo o que havia para ler em casa. Todos os anos havia uma visita obrigatória à feira do livro e ia sempre carregado para casa. Mas nunca por nunca me passou pela cabeça escrever um livro!
O primeiro que escrevi (que não foi nem será editado) foi a minha maneira de pôr algo de muito pessoal em perspectiva. De uma maneira algo estranha, funcionou. Foi uma catarse. Escrevê-lo fez-me reconciliar-me comigo, numa altura em que não gostava particularmente de mim (ainda hoje não tenho uma relação fácil comigo, mas enfim…).
O segundo começou como um “post” num “blog” que se transformou num conto que se transformou num romance.
Houve quem o lesse, quer no “blog” onde foi sendo publicado, quer as folhas impressas e as opiniões surpreenderam-me. Não tanto as opiniões das pessoas que eu conhecia (as opiniões dos amigos são sempre favoráveis) mas mais das pessoas que eu não conhecia de lado nenhum. Algumas, sem me conhecerem nem saberem quem eu era deram-se ao trabalho de me pôr em contacto com outras pessoas e foram divulgando a existência do manuscrito.
Através de uma dessas pessoas o livro esteve para ser editado pela “esfera do caos”, o que acabou por não se concretizar. Mas, por muita insistência das pessoas próximas, acabei por submeter o livro a uma série de editoras. As respostas foram invariáveis. Davam-me um orçamento ou seja, aceitavam publicar desde que eu comprasse um número pré-determinado de livros. Quando eu fazia as contas, não raras as vezes, descobria que mesmo que vendesse todos os meus exemplares e a edição esgotasse, ainda assim, ficaria com um balanço negativo.
Percebi perfeitamente este negócio. Fez-me lembrar, de imediato, o contacto que tinha tido com pequenas editoras de música que operavam dentro deste estilo. Qualquer um que assim o desejasse pode chegar ao pé de uma dessas editoras e gravar um álbum completo. Eles tratam de tudo…
…por uma módica quantia. Se há uns anos era complicado gravar algumas pessoas, hoje em dia o “auto-tune” resolve quase tudo!
Estas editoras não são editoras. Vivem à custa dos sonhos das pessoas.
O Zé Toino gostava de ser cantor, mas nunca aprendeu a tocar coisa nenhuma, nunca se empenhou, nunca andou a tocar em bares estranhos ou entalado entre a vitrine dos bolos e a porta de entrada num café no meio do Alentejo. Nunca perdeu dias a aprender a tocar uma música, nunca teve os dedos em sangue pela fricção das cordas da guitarra. No entanto, a Maria dele diz que, quando ele está no duche canta que é uma maravilha. O Zé Toino gasta €6000 e de repente até aparece na televisão, num dia qualquer, com duas matulonas, a cantar uma treta qualquer que não foi ele que escreveu e cumpriu o seu sonho de ser cantor!
O Manel Jaquim escreve uns poemas desde que se apaixonou pela miúda que se sentava atrás dele na aula de físico-química no sétimo ano, quando começou a sentir umas ânsias estranhas. Desde que se juntou ao “livro das caras” que publica aquelas coisas do tipo
“as rosas são encarnadas
e as violetas são violeta
Já me vites bem
Esta quadra da treta”
…e todos os amigos põem “likes” e dizem que ele é um poeta! Gasta €1500 e tem um livro na estante com o seu nome! Sonho cumprido!
Bem, eu não sou nem nunca fui poeta. Faço uns versos volta e meia porque ficam melhor com música do que prosa…
Não sou escritor! Sou quanto muito um gajo que gosta de contar histórias e que, graças ao advento da palavra escrita, as pode registar desta forma.
Não sou “Rockstar”. Sou tão músico como os gajos que apanhei a tocar no metro esta manhã (e tocavam mesmo bem) ou se calhar até menos que eles!
E no entanto, para cada um dos meu três romances editados, para cada um dos livros de crónicas, para cada um dos CD’s, tive de lutar, trabalhar, vencer obstáculos e continuo a fazê-lo!
Seria mais fácil pagar? Sim, claro! Se calhar amanhã estava na televisão com o meu chapéu texano e a minha Perséphone na mão…
Mas nunca saberia se lá estava porque merecia ou simplesmente porque paguei…
…e essa seria uma dúvida com a qual eu não conseguiria viver
Nem todos os que sonharam ser astronautas o puderam ser…
Nem todos os que sonham ser escritores ou “Rockstars” o podem ser!
Mas o facto de se poder pagar para sê-lo, cria o maravilhoso panorama musical e literário que temos hoje!
Mais, a pouca vergonha por parte destas editoras é tanta que editam seja o que for…
…e sem o mínimo de brio, laçando álbuns mal misturados e masterizados, lançando livros sem revisão, porque a revisão é paga à parte…
Mas convenhamos, se gravar um álbum ainda sai caro (a não ser que seja hip-hop ou kizomba, que isso a malta grava no quarto enquanto vê um CSI qualquer), editar um livro hoje em dia é de borla…
…portanto, essas editoras já nem apanham aspirantes a escritores, poetas sonhadores sem poesia na alma, a quem falam do valor do trabalho deles, polindo-lhes o ego, e de como o valor a pagar deve ser visto como um investimento embora na verdade seja simplesmente o pagamento integral da edição, porque a editora, a seguir ao lançamento, já nem se lembra que eles existem (o que me faz lembrar uma história que me contaram esta manhã, na primeira pessoa, em que alguém que tem um livro editado pela talvez mais conhecida destas editoras da treta, uma que tem o nome de uma zona na baixa de Lisboa – que em troca de e-mails comigo disse “o nosso trabalho fala por nós” tendo eu respondido “É precisamente disso que eu tenho medo” – foi contactado por alguém da sua própria editora afirmando que gostavam imenso do que ele publicava no “faicebuque” e que se ele quisesse editar poderia entrar em contacto com eles – ou seja, nem se lembravam que ele já tinha um contrato de edição).
Dizia eu, essas editoras já nem apanham aspirantes a escritores,...
Apanham é os tansos…
Eu sempre os tive. Quando era miúdo queria ser astronauta…
…e mais tarde cientista.
Depois fui crescendo e fui sonhando com muitas coisas. Ainda hoje sonho…
Sonhar é algo de bom, faz-nos ter aspirações, provoca-nos paixões, faz-nos mexer para atingir objectivos. Mas sonhar pode ter um lado mau…
Como disse atrás, quando era miúdo queria ser astronauta. Queria um dia ter a hipótese de ir a órbitra terrestre, ou mesmo para além dela, sentir o corpo sem peso, ver o planeta azul de cima…
…mas não era um sonho realizável. Apesar disso, hoje em dia estamos à beira da altura em que o meu sonho pode ser realizável, acessível a qualquer um que o possa pagar, sem ter de passar por anos de treino, sem ter de comer o pão que o diabo amassou…
…apenas pagar um bilhete e ir!
Isto, para mim, não seria realizar o sonho. Poderia ser bonito ir, ver o mundo, sentir a ausência de peso, mas, se pensar bem, é capaz de não ser algo muito diferente de pagar um bilhete para a montanha russa.
O que faz de um sonho um sonho é o seu carácter quase alcançável e o facto de, se conseguirmos vencer todas as barreiras que se nos atravessam à frente e o conseguirmos realizar sentirmos a alma cheia. Deu trabalho, foi por vezes difícil, por vezes quase impossível, mas há aquela sensação de superação quando chegamos ao fim. Quando tomamos um atalho e passamos ao lado das dificuldades, a realização do sonho deixa um tanto a desejar, é algo incompleto, acaba por não ter significado duradouro. Há aquele momento… e depois o momento passou e fica o vazio de já não se ter aquele sonho.
Compreendo perfeitamente aqueles que sonham ser estrelas musicais ou escritores. Eu, embora toque desde os catorze anos e esteja em constante aprendizagem desde então, nunca sonhei ser um “Rockstar”, ter o mundo aos meus pés e ter as gajas todas que quero com um estalar de dedos.
Aprendi a tocar porque desde que me lembro sempre o quis fazer, porque a música foi uma constante na minha vida, porque me lembro das tardes que passava com o meu pai a ouvir os nossos velhos vinis que iam desde a música clássica ao Quim Barreiros (na altura, em minha opinião, com muito maior qualidade do que as coisas que faz hoje), porque o meu irmão, dezoito anos mais velho que eu me entrava pela casa adentro com discos de música não comercial de bandas como os Deep Purple, os Led Zeppelin…
…lembro-me da primeira vez que ouvi o solo do “Another Brick in the Wall pt II” e de ficar apaixonado…
…lembro-me de estar a brincar na varanda ao lado da minha mãe que costurava para fora e que tinha sempre o radio ligado e de estar a ouvir Beatles, Simon and Garfunkle…
Tornei-me guitarrista por adorar a música e por querer fazê-la.
Já em relação à escrita, sempre adorei ler. Aprendi com quatro anos e li tudo o que havia para ler em casa. Todos os anos havia uma visita obrigatória à feira do livro e ia sempre carregado para casa. Mas nunca por nunca me passou pela cabeça escrever um livro!
O primeiro que escrevi (que não foi nem será editado) foi a minha maneira de pôr algo de muito pessoal em perspectiva. De uma maneira algo estranha, funcionou. Foi uma catarse. Escrevê-lo fez-me reconciliar-me comigo, numa altura em que não gostava particularmente de mim (ainda hoje não tenho uma relação fácil comigo, mas enfim…).
O segundo começou como um “post” num “blog” que se transformou num conto que se transformou num romance.
Houve quem o lesse, quer no “blog” onde foi sendo publicado, quer as folhas impressas e as opiniões surpreenderam-me. Não tanto as opiniões das pessoas que eu conhecia (as opiniões dos amigos são sempre favoráveis) mas mais das pessoas que eu não conhecia de lado nenhum. Algumas, sem me conhecerem nem saberem quem eu era deram-se ao trabalho de me pôr em contacto com outras pessoas e foram divulgando a existência do manuscrito.
Através de uma dessas pessoas o livro esteve para ser editado pela “esfera do caos”, o que acabou por não se concretizar. Mas, por muita insistência das pessoas próximas, acabei por submeter o livro a uma série de editoras. As respostas foram invariáveis. Davam-me um orçamento ou seja, aceitavam publicar desde que eu comprasse um número pré-determinado de livros. Quando eu fazia as contas, não raras as vezes, descobria que mesmo que vendesse todos os meus exemplares e a edição esgotasse, ainda assim, ficaria com um balanço negativo.
Percebi perfeitamente este negócio. Fez-me lembrar, de imediato, o contacto que tinha tido com pequenas editoras de música que operavam dentro deste estilo. Qualquer um que assim o desejasse pode chegar ao pé de uma dessas editoras e gravar um álbum completo. Eles tratam de tudo…
…por uma módica quantia. Se há uns anos era complicado gravar algumas pessoas, hoje em dia o “auto-tune” resolve quase tudo!
Estas editoras não são editoras. Vivem à custa dos sonhos das pessoas.
O Zé Toino gostava de ser cantor, mas nunca aprendeu a tocar coisa nenhuma, nunca se empenhou, nunca andou a tocar em bares estranhos ou entalado entre a vitrine dos bolos e a porta de entrada num café no meio do Alentejo. Nunca perdeu dias a aprender a tocar uma música, nunca teve os dedos em sangue pela fricção das cordas da guitarra. No entanto, a Maria dele diz que, quando ele está no duche canta que é uma maravilha. O Zé Toino gasta €6000 e de repente até aparece na televisão, num dia qualquer, com duas matulonas, a cantar uma treta qualquer que não foi ele que escreveu e cumpriu o seu sonho de ser cantor!
O Manel Jaquim escreve uns poemas desde que se apaixonou pela miúda que se sentava atrás dele na aula de físico-química no sétimo ano, quando começou a sentir umas ânsias estranhas. Desde que se juntou ao “livro das caras” que publica aquelas coisas do tipo
“as rosas são encarnadas
e as violetas são violeta
Já me vites bem
Esta quadra da treta”
…e todos os amigos põem “likes” e dizem que ele é um poeta! Gasta €1500 e tem um livro na estante com o seu nome! Sonho cumprido!
Bem, eu não sou nem nunca fui poeta. Faço uns versos volta e meia porque ficam melhor com música do que prosa…
Não sou escritor! Sou quanto muito um gajo que gosta de contar histórias e que, graças ao advento da palavra escrita, as pode registar desta forma.
Não sou “Rockstar”. Sou tão músico como os gajos que apanhei a tocar no metro esta manhã (e tocavam mesmo bem) ou se calhar até menos que eles!
E no entanto, para cada um dos meu três romances editados, para cada um dos livros de crónicas, para cada um dos CD’s, tive de lutar, trabalhar, vencer obstáculos e continuo a fazê-lo!
Seria mais fácil pagar? Sim, claro! Se calhar amanhã estava na televisão com o meu chapéu texano e a minha Perséphone na mão…
Mas nunca saberia se lá estava porque merecia ou simplesmente porque paguei…
…e essa seria uma dúvida com a qual eu não conseguiria viver
Nem todos os que sonharam ser astronautas o puderam ser…
Nem todos os que sonham ser escritores ou “Rockstars” o podem ser!
Mas o facto de se poder pagar para sê-lo, cria o maravilhoso panorama musical e literário que temos hoje!
Mais, a pouca vergonha por parte destas editoras é tanta que editam seja o que for…
…e sem o mínimo de brio, laçando álbuns mal misturados e masterizados, lançando livros sem revisão, porque a revisão é paga à parte…
Mas convenhamos, se gravar um álbum ainda sai caro (a não ser que seja hip-hop ou kizomba, que isso a malta grava no quarto enquanto vê um CSI qualquer), editar um livro hoje em dia é de borla…
…portanto, essas editoras já nem apanham aspirantes a escritores, poetas sonhadores sem poesia na alma, a quem falam do valor do trabalho deles, polindo-lhes o ego, e de como o valor a pagar deve ser visto como um investimento embora na verdade seja simplesmente o pagamento integral da edição, porque a editora, a seguir ao lançamento, já nem se lembra que eles existem (o que me faz lembrar uma história que me contaram esta manhã, na primeira pessoa, em que alguém que tem um livro editado pela talvez mais conhecida destas editoras da treta, uma que tem o nome de uma zona na baixa de Lisboa – que em troca de e-mails comigo disse “o nosso trabalho fala por nós” tendo eu respondido “É precisamente disso que eu tenho medo” – foi contactado por alguém da sua própria editora afirmando que gostavam imenso do que ele publicava no “faicebuque” e que se ele quisesse editar poderia entrar em contacto com eles – ou seja, nem se lembravam que ele já tinha um contrato de edição).
Dizia eu, essas editoras já nem apanham aspirantes a escritores,...
Apanham é os tansos…
Published on April 07, 2015 08:35
April 2, 2015
Ironias...
Não pude deixar de olhar para esta frase sem dar conta da pequena ironia lá contida, não propósitada, mas apenas porque o Universo é irónico (o que só prova que Deus tem um sentido de humor apuradíssimo!)
"A forte explosão que sacudiu, esta quarta-feira à noite, a Península de Setúbal foi uma «destruição programada de material que estava fora de prazo», adiantou à TVI o presidente da Câmara de Sesimbra, Augusto Pólvora."
retirado daqui
"A forte explosão que sacudiu, esta quarta-feira à noite, a Península de Setúbal foi uma «destruição programada de material que estava fora de prazo», adiantou à TVI o presidente da Câmara de Sesimbra, Augusto Pólvora."
retirado daqui
Published on April 02, 2015 07:18