Denise Bottmann's Blog, page 28

October 22, 2015

dois artigos

vale a pena ler dois artigos de paulo henriques britto sobre tradução: "traduzir thomas pynchon", aqui, e em especial "tradução e ilusão", aqui.
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Published on October 22, 2015 12:10

October 19, 2015

a mulher de trinta anos, edições publicadas no brasil

la femme de trente ans, de balzac, até onde consegui apurar, teve as seguintes edições entre nós, aqui arroladas pela data da primeira edição:

- h. garnier, anônima, 1914
- livraria garnier, anônima, 1922
- civilização brasileira, anônima, 1931
- civilização brasileira (companhia editora nacional), anônima, 1937
- irmãos pongetti, anônima, revista por marques rebelo, 1943
- brand, licenciamento da pongetti, trad. anônima, revista por marques rebelo, 1945
- globo, trad. casimiro fernandes e wilson lousada, 1946
- clube do livro, anônima, 1947
- josé olympio, trad. rachel de queiroz, 1948
- novo mundo, anônima, c. 1954
- tecnoprint, série ouro, trad. [atribuída a] marques rebelo, c. 1965
- bruguera, trad. casimiro fernandes e wilson lousada, c.1970
- círculo do livro, trad. casimiro fernandes e wilson lousada, 1973
- melhoramentos, trad. casimiro fernandes e wilson lousada, 1973
- ed. três, anônima, 1974
- artenova, trad. casimiro fernandes e wilson lousada, 1976
- edibolso, trad. casimiro fernandes e wilson lousada, 1977
- l&pm, trad. paulo neves, 1984
- ediouro, trad. [atribuída a] marques rebelo, 1985
- abril cultural, trad. casimiro fernandes e wilson lousada, 1986
- clube do livro, trad. [atribuída a] josé maria machado, 1988
- nova cultural, trad. [atribuída a] enrico corvisieri, 1995; ver aqui
- martin claret, trad. [atribuída a] pietro nassetti, 1998; ver aqui
- estação liberdade, trad. marina appenzeller, 2000
- nova cultural, trad. [atribuída a] gisele donat soares, 2003; ver aqui
- saraiva de bolso, trad. [atribuída a] marques rebelo, 2013
- martin claret, trad. herculano villas-boas, 2013
- biblioteca azul (globo), trad. casimiro fernandes e wilson lousada, 2013
- companhia/penguin, trad. rosa freire d'aguiar, 2015

n.b.: as duas edições da garnier e as duas edições do clube do livro trazem o título de mulher de trinta anos, sem o artigo. as demais trazem o título de a mulher de trinta anos.

assim, temos ao todo seis traduções brasileiras de a mulher de trinta anos, sendo três no Novecentos e três a partir de 2000. quanto às anônimas, revistas por marques rebelo, atribuídas diretamente a ele e atribuídas a josé maria machado, enrico corvisieri, pietro nassetti e gisele donat soares, foram objeto de outras postagens, reunidas no marcador "la femme de trente ans".


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Published on October 19, 2015 14:12

October 18, 2015

mulher de trinta anos, uma hipótese promissora

um dos casos mais interessantes e engraçados em nossa história tradutória é, provavelmente, o percurso centenário d'a mulher de trinta anos, de balzac.

aqui exponho o que por ora é apenas uma hipótese de trabalho, qual seja, a tradução de luiz cardoso, publicada em 1906 pela guimarães de lisboa, teria sido usada no brasil pelas seguintes casas editoriais:

1. h. garnier em sua edição de 1914, anônima
2. livraria garnier em 1922, idem
3. civilização brasileira em 1931[7], idem
4. irmãos pongetti em 1943, como "tradução revista por marques rebelo"
5. brand com licenciamento da pongetti em 1945, idem
6. clube do livro em 1947, anônima
7. novo mundo em c.1954, idem
8. edições de ouro desde os anos 1960, chegando à atual ediouro, atribuindo-a a marques rebelo
9. clube do livro em 1988, agora atribuindo-a a josé maria machado
10. nova cultural na coleção imortais da literatura em 1995, atribuindo-a a enrico corvisieri
11. nova cultural na coleção obras-primas em 2003, atribuindo-a a gisele donat soares
12. saraiva de  bolso em 2013, atribuindo-a a marques rebelo







para as relações de proximidade entre garnier, clube do livro e nova cultural (em suas duas edições com atribuições distintas), já disponho de alguns elementos interessantes. encomendei hoje um exemplar da guimarães, um da civilização e um da pongetti.

tenho já uma sub-hipótese à primeira vista quase escalafobética, mas com alguma plausibilidade, sobre o tipo das possíveis relações entre a edição da guimarães e a da garnier e até sobre a identidade do responsável por tais relações. mas vou preferir reunir dados mais concretos antes de aprofundá-la.


apenas para encerrar, vale lembrar que a martin claret, numa de suas costumeiras imposturas, preferiu garfar a tradução d'a mulher de trinta anos feita por casimiro fernandes e wilson lousada (bem como as notas e trechos do prefácio de paulo rónai), atribuindo-a ao indefectível pietro nassetti - vide aqui.

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Published on October 18, 2015 14:27

October 17, 2015

xavier de maistre / marques rebelo, II

recentemente, chamou-me a atenção o comentário de um leitor sobre o livro de xavier de maistre, voyage autour de mon chambre, traduzido como viagem à roda do meu quarto, com tradução atribuída a marques rebelo, que lhe pareceu similar à tradução lusitana de josé fernandes costa. expus o caso aqui,

na ocasião, comentei que, apesar de várias contrafações cometidas por rebelo na coleção "as 100 obras-primas da literatura universal", que ele coordenava e dirigia para a editora irmãos pongetti nos anos 1940, "eu não tinha notícia de nenhuma tradução assinada diretamente por marques rebelo que, na verdade, consistisse em tradução alheia". 

fiquei de apurar melhor o caso. 

sim, o leitor tem razão: a tradução de viagem à roda do meu quarto, seguido de expedição notura à roda do meu quarto, de xavier de maistre, publicada pela pongetti em 1944 é, de fato, da lavra de fernandes costa, publicada em portugal em 1888 pela editora david corazzi, com apenas parcas e mínimas alterações.



todavia, a autoria da tradução não vem atribuída a marques rebelo. a edição não menciona o nome do tradutor, e informa somente que é uma "tradução revista por marques rebelo". poderíamos dizer que se trata provavelmente de uma contrafação, mas não de uma impostura.



ora, ocorre que em 1965 a tecnoprint, em sua coleção "clássicos de bolso" das edições de ouro, reeditou essa obra atribuindo a tradução diretamente a marques rebelo. muitas vezes a tecnoprint (e futura ediouro), ao reeditar obras dos catálogos de editoras extintas como a pongetti, preservava as informações da editora anterior, mas há também alguns casos em que essas suas reedições acabam substituindo a menção "tradução revista por fulano" por "tradução de fulano". esse volume das edições de ouro parece não ter conhecido grande sucesso, pois, até onde sei, não voltou a ser reeditado.

em 1989, certamente baseando-se na edição da tecnoprint, a estação liberdade voltou a republicar a tradução lusitana revista por marques rebelo diretamente atribuída a este último. a edição da estação liberdade pelo visto teve mais êxito do que a da tecnoprint, com nova edição em 2008.



resumindo: 
1. pelo que pude apurar depois de vários cotejos entre a edição da corazzi de 1888, a da pongetti de 1944, a do clube do livro de 1945 e a da estação liberdade de 1989, trata-se da mesma tradução lusitana oitocentista de fernandes costa, com, repito, paucíssimas alterações aqui e ali em suas edições brasileiras. 
2. a atribuição incorreta se iniciou em 1965, na tecnoprint, por alguma razão que desconheço, mais provavelmente por algum lapso de atenção do que por qualquer intuito criminoso. esse erro transitou para a estação liberdade, que decerto tomando a atribuição na edição da tecnoprint por lícita e válida, reproduziu-a em suas edições posteriores.




a propósito ainda do destino da tradução de fernandes costa in terra brasilis: em 1946, dois anos depois do lançamento da pongetti, o clube do livro também lançou o mesmo texto. não traz qualquer menção ou crédito de tradução e segue fielmente a tradução portuguesa, apenas atualizando a ortografia.






agradeço a saulo von randow jr. pelo importante material de cotejo que gentilmente me enviou.

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Published on October 17, 2015 18:38

September 30, 2015

entrevista com maurício santana dias

em homenagem ao dia dos tradutores, o peixe-elétrico publicou em seu site a entrevista com maurício santana dias, sobre suas traduções dos poemas de pasolini e pavese. disponível aqui.

Maurício Santana Dias fala de Pasolini e Pavese

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Published on September 30, 2015 13:23

September 24, 2015

mais primavera!

o lindo de ir atrás das coisas nessa arqueologia da tradução no brasil (como alguém definiu certa vez esse nosso trabalho) é que, depois de começar, avançar e achar que mais ou menos cobriu tudo, sempre aparecem mais coisas. e é sempre um encanto, um deslumbramento. mais uma tradução da primavera das neves, aka vera neves pedroso, aka vera pedroso, esta escavada pelo chefe-arqueólogo-mor, jorge furtado:

JB, 22/10/1973, aqui

capinha:


para um perfil de primavera das neves, veja meu artigo aqui


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Published on September 24, 2015 16:08

September 20, 2015

xavier de maistre / marques rebelo

um leitor deste blog fez um comentário interessante, que muito me surpreendeu, aqui.

e por que me surpreendeu? porque, de modo geral, todas as apropriações de traduções alheias feitas pela editora pongetti, apresentando-as sem o nome do tradutor, vinham com a menção de "revista por marques rebelo". para ver os vários casos relacionados que apontei neste blog, consulte os marcadores "marques rebelo" e "pongetti".

todavia, eu não tinha notícia de nenhuma tradução assinada diretamente por marques rebelo que, na verdade, consistisse em tradução alheia.

apresentar uma tradução anônima como "revista por marques rebelo" e apresentar uma tradução como sendo da lavra "de marques rebelo" são coisas muito diferentes: embora ambas ilícitas, a primeira prática recai sob a rubrica de contrafação, reprodução da obra traduzida sem autorização do tradutor e/ou da editora que detém os direitos sobre ela, bem como de lesão aos direitos morais de paternidade e integridade da obra; a segunda recai sob a rubrica de plágio mesmo, furto intelectual, bem mais grave do que a contrafação, pois a legítima autoria da tradução não se mantém meramente anônima, mas é apropriada por outrem.

todos os casos de irregularidades de tradução que constatei na pongetti fazem parte da coleção criada, organizada e dirigida pelo próprio marques rebelo, chamada "As 100 Obras-Primas da Literatura Universal" - várias, como apontei em outras postagens, constam como "revistas por marques rebelo"; outras foram traduzidas por diversas pessoas, por encomenda da pongetti e indicação do coordenador da coleção, e algumas delas constam como traduzidas por ele próprio.

esse caso da viagem à roda do meu quarto merece análise detalhada, pois, como disse, em se comprovando eventual apropriação da tradução de josé fernandes da costa por marques rebelo, os problemas referentes a seus procedimentos como organizador, coordenador e tradutor adquiririam outra envergadura, e toda a sua obra tradutória, antes, durante e depois de seu período na pongetti, demandaria uma ampla pesquisa e a realização de numerosos cotejos, para apurar sua fidedignidade.

 josé fernandes da costa, ed. david corazzi, 1888
marques rebelo, pongetti, 1944
reedição pela estação liberdade, 1989, sem dúvida alguma lesada em sua boa fé
vale ainda notar que o clube do livro publicou em 1946 uma tradução anônima, que apresenta todos os vezos lusitanos em sua linguagem, com pdf disponível aqui. fiz uma comparação entre vários trechos da tradução em nome de marques rebelo e da tradução anônima publicada pelo clube do livro, e posso asseverar que se trata da mesma tradução. não pude ainda empreender um cotejo direto pela dificuldade em encontrar, de momento, um exemplar da tradução de fernandes da costa.



abaixo segue uma listagem (incompleta) em verbete da wikipédia sobre marques rebelo, sem especificar o que é o quê:*

Tradução / revisão
• Ana Karênina, Leon Tolstói (1948)
• As aventuras de um cão de circo, Jack London
• A divina comédia, Dante Alighieri
• A flecha de ouro, Joseph Conrad
• A filha do capitão, A. S. Pushkin
• A lenda de uma quinta senhorial, Selma Lagerlöf (1943)
• A metamorfose, Franz Kafka
• A morte de Ivan Ilitch; Senhores e Servos, Leon Tolstói
• A mulher de trinta anos, Honoré de Balzac
• A volta de Vivanti, Sydnei Horler (1942)
• Cinco semanas num balão, Júlio Verne
• Contos, Bret Harte
• Crime e Castigo, F. P. Dostoiévski (1946)
• Do amor, Stendhal (1936)
• Eugênia Grandet, Honoré de Balzac (1944)
• Hiba, Leon Tolstói
• História cômica, Anatole France (1941)
• Histórias, Bret Harte
• Ida Elisabeth, Sigrid Undset (1944)
• Ivanhoé, Walter Scott (1943)
• Lazarillo de Tormes, anônimo do século XVI
• Mediterrâneo: nascer do sol, Panait Strait (1944)
• Nicolau II, o prisioneiro da púrpura, Mohammed Essad-Bey (1937)
• Novas aventuras dos caçadores de tesouros, Edith Nesbit Bland
• Os caçadores de tesouros, Edith Nesbit Bland
• O estranho caso do Dr. Jekyll e do Sr. Hyde; Markheim, Robert Louis Stevenson
• O grande ditador, H. G. Wells (1943)
• Os inocentes, Henry James
• O mágico de Oz, Frank Baum
• O mundo em transe, Leopold Schwarzchild [1943?]
• O processo, Franz Kafka
• Os inocentes, Henry James
• O lírio vermelho, Anatole France [1955?]
• O passageiro clandestino, Edgar A. Poe
• O triste noivado de Adam Bede, George Eliot (1946)
• Os últimos dias da Pompéia, Bulwer-Lytton
• Passageiro clandestino, ou Arthur Gordom Pym, Edgar Alan Poe
• Regina, Lamartine (1944)
• Rômolo", George Eliot (1946)
• Salambô, Gustave Flaubert (1942)
• Tiquinho, Alphonse Daudet
• Um aconchego de solteirão, Honoré de Balzac
• Uma vida, Guy de Maupassant
• Viagem à roda do meu quarto, seguido de Expedição noturna à roda de meu quarto, Xavier de Maistre
• Vidas ilustres, Hendrik Willem Van Loon
• Werther, Goethe [1948?]

* essa listagem foi removida do verbete em 2013, com a seguinte justificativa: (Removida a seção "Tradução / revisão" [...] pela impossibilidade de comprovar a autoria do escritor relativamente a "traduções".) 
para o original de xavier de maistre, voyage autour de ma chambre, ver aqui.


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Published on September 20, 2015 10:39

September 19, 2015

para não esquecer

tendo constatado dois dias atrás o que me parecem ser claros indícios apontando mais uma fraude de tradução (veja aqui), republico um artigo de anos atrás, com a devida atualização.

ainda que a coleção "obras-primas" da nova cultural tenha sido "descontinuada" a partir de nossas denúncias, livro não é produto perecível. devido às altas tiragens das edições (na faixa de 80 a 120 mil exemplares cada), bem como várias reedições dessas obras, são milhões de exemplares espúrios que continuam presentes em bibliotecas públicas e particulares, bem como à venda em inúmeros sebos. que a republicação desse antigo post possa ainda servir de alerta.


24 de set de 2009
imortais e obras-primas

parei um pouco de postar sobre as coleções de clássicos da literatura da editora nova cultural - não porque suas fraudes desapareceram, e sim porque dei por encerrada a pesquisa de seus títulos. conferi todos os títulos, e os casos de plágio comprovado foram apresentados um a um aqui no nãogosto. outras notícias referentes a essas fraudes na nova cultural foram igualmente divulgadas: ações judiciais de editoras lesadas, acordos extrajudiciais com tradutores lesados, matérias na imprensa, errata pública, republicação da obra legítima lesada etc. a quem interessar, o material está no arquivo classificado com o marcador "nova cultural".

por outro lado, graças ao alerta de um leitor, percebi que ficou um ponto meio confuso que quero esclarecer melhor: a nova cultural tem duas coleções literárias com problemas de contrafação - a saber, "imortais da literatura universal" e "obras-primas".

a coleção "imortais da literatura universal" é composta por 20 volumes, e foi publicada em 1995 e 1996 pela nova cultural/ círculo do livro. a coleção "obras-primas" é composta por 50 volumes, e foi publicada em 2002 e 2003 pela nova cultural/ suzano. ambas as coleções eram de alta tiragem, alguns títulos com várias reedições.

segue abaixo a relação das obras integrantes de cada coleção. quando a tradução é legítima, consta apenas o nome do tradutor sem destaque. quando a tradução é espúria, constam o nome do pretenso tradutor em destaque vermelho e o nome do tradutor legítimo em destaque verde. para ver o respectivo cotejo publicado aqui no blog, basta clicar na  listinha dos cotejos disponíveis.


IMORTAIS DA LITERATURA UNIVERSAL
1. Dostoievski, Irmãos Karamázovi - Enrico Corvisieri (Natália Nunes, adapt. para o português do brasil por Oscar Mendes)
2. Emily Brontë, O morro dos ventos uivantes - Rachel de Queiroz
3. Honoré de Balzac, A mulher de 30 anosEnrico Corvisieri (José Maria Machado)
4. Tolstói, Ana Karênina - Mirtes Ugeda (João Gaspar Simões)
5. Choderlos de Laclos, Relações perigosas - Sérgio Milliet
6. Tchecov, As três irmãs - Maria Jacintha
7. Machado de Assis, Brás Cubas/ Dom Casmurro
8. Stendhal, O vermelho e o negroMaria Cristina F. da Silva (Luiz Costa Lima)
9. Ernest Hemingway, O sol também se levanta - Berenice Xavier
10. Émile Zola, Germinal Eduardo Nunes Fonseca (J. Martins); fraude oriunda da Hemus
11. Scott Fitzgerald, Suave é a noiteEnrico Corvisieri (Lygia Junqueira)
12. Charles Dickens, Conto de duas cidades - Sandra Luzia Couto
13. Sartre, A idade da razão - Sérgio Milliet
14. D. H. Lawrence, Mulheres apaixonadas - Cabral do Nascimento
15. Alexandre Dumas, Os três mosqueteirosMirtes Ugeda (Octavio Mendes Cajado)
16. Oscar Wilde, O retrato de Dorian GrayMaria Cristina F. da Silva (Oscar Mendes)
17. Boccaccio, Decamerão - Torrieri Guimarães (Raul de Polillo); fraude oriunda da Hemus
18. Eça de Queiroz, O primo Basílio
19. Jonathan Swift, Viagens de Gulliver - Therezinha Monteiro Deutsch
20. Daniel Defoe, Moll Flanders - Antônio Alves Cury

OBRAS-PRIMAS1. Miguel de Cervantes, Dom Quixote - Viscondes de Castilho e Azevedo
2. Victor Hugo, Os trabalhadores do mar - Machado de Assis
3. Dante Alighieri, A divina comédia - Fábio M. Alberti (Hernâni Donato)*
4. Dostoievski, Crime e castigo - não consta tradutor (Natália Nunes)
5. Edmond Rostand, Cyrano de Bergerac - Fábio M. Alberti (Carlos Porto Carreiro)
6. Stendhal, O vermelho e o negro - Maria Cristina F. da Silva (Luiz Costa Lima)*
7. Flaubert, Madame Bovary - Enrico Corvisieri (Araújo Nabuco)
8. Jane Austen, Razão e sensibilidade - Therezinha Deutsch 
9. Leon Tolstoi, Ana Karênina - Mirtes Ugeda Coscodai (João Gaspar Simões)
10. Homero, Odisséia - Antônio Pinto de Carvalho
11. Tommaso di Lampedusa, O leopardo - Leonardo Codignoto (Rui Cabeçadas)
12. Charles Dickens, Um conto de duas cidades - Sandra Luzia Couto 
13. Bram Stoker, Drácula - Vera M. Renoldi 
14. Euclides da Cunha, Os sertões
15. Franz Kafka, A metamorfose - Calvin Carruthers (não dou um figo seco por essa edição, mas não localizei a fonte)
16. Mark Twain, As aventuras de Tom Sawyer - Luísa Derouet
17. Choderlos de Laclos, Relações perigosas - Sérgio Milliet
18. Sinclair Lewis, Babbitt - Leonel Vallandro
19. Camões, Os Lusíadas
20. Goethe, Fausto e Werther - Alberto Maximiliano (Silvio Meira e Galeão Coutinho, respectivamente)
21. Voltaire, Contos - Roberto Domenico Proença (Mário Quintana)
22. Tchecov, As três irmãs - Maria Jacintha
23. Herman Melville, Moby Dick - Péricles Eugênio da Silva Ramos
24. Emily Brontë, O morro dos ventos uivantes - Silvana Laplace (Oscar Mendes)
25. Machado de Assis, Memorial de Aires e Esaú e Jacó
26. Daniel Defoe, Moll Flanders - Antônio Alves Cury
27. Eça de Queiroz, A cidade e as serras
28. Gogol, Almas mortas - Tatiana Belinky
29. Boccaccio, Decamerão - Torrieri Guimarães (Raul de Polillo); fraude oriunda da Hemus
30. Pirandello, O falecido Mattia Pascal e Seis personagens à procura de autor - Fernando Corrêa Fonseca (Mário da Silva e Brutus Pedreira respectivamente)
31. Louisa May Alcott, Mulherzinhas - Vera Maria Marques Martins**
32. Virgílio, Eneida - Tassilo Orpheu Spalding
33. Alexandre Dumas Filho, A dama das camélias - Therezinha Deutsch 
34. Henry Fielding, Tom Jones - Jorge Pádua Conceição (Octavio Mendes Cajado)
35. Émile Zola, Naná - Roberto Valeriano (Eugênio Vieira)
36. Shakespeare, Tragédias - Beatriz Viéga-Farias
37. Oscar Wilde, O retrato de Dorian Gray - Enrico Corvisieri (Oscar Mendes)
38. Honoré de Balzac, A mulher de trinta anos - Gisele Donat Soares (José Maria Machado)
39. Edgar Allan Poe, Histórias extraordinárias - Brenno Silveira e outros
40. Jules Verne, A volta ao mundo em oitenta dias - Therezinha Monteiro Deutsch
41. Jonathan Swift, As viagens de Gulliver - Therezinha Deutsch 
42. Alexandre Dumas, Os três mosqueteiros - Mirtes Ugeda Coscodai (Octavio Mendes Cajado)
43. Ibsen, A casa de bonecas - Cecil Thiré
44. Joseph Conrad, Lord Jim - Carmen Lia Lomonaco (Mário Quintana)
45. Henry James, Lady Barberina e A outra volta do parafuso - Leônidas Gontijo e Brenno Silveira respectivamente
46. Raul Pompéia, O ateneu
47. Guy de Maupassant, Uma vida - Roberto Domenico Proença (Ascendino Leite)
48. Scott Fitzgerald, Suave é a noite - Enrico Corvisieri (Lígia Junqueira)
49. D. H. Lawrence, Mulheres apaixonadas - Cabral do Nascimento
50. Walter Scott, Ivanhoé - Roberto Nunes Whitaker (Brenno Silveira)
* nos casos da divina comédia e de o vermelho e o negro, os tradutores lesados foram ressarcidos, mas não houve nenhum recall ou substituição dos exemplares espúrios adquiridos pelos leitores e instituições públicas e privadas. em todo caso, a nova cultural retirou de catálogo os 20 títulos das "Obras-Primas" com plágio comprovado.

** atualização em 19/09/2015: constatei que páginas e mais páginas desta tradução de mulherzinhas  em nome de vera maria marques martins se afiguram como mera cópia, com ínfimas alterações de um ou outro termo, da tradução de marcos bagno (melhoramentos, 1998). vide aqui.

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Published on September 19, 2015 17:08

September 17, 2015

mulherzinhas

quando a gente pensa que já deu, sempre aparece mais uma ou outra coisa.

louisa may alcott, mulherzinhas.

1. tradução de marcos bagno em bela edição ilustrada e comentada da melhoramentos, em sua coleção "obras-primas universais", de 1998.



2. tradução em nome de vera maria marques martins, pela editora nova cultural, em sua coleção "obras-primas", de 2003.


o curioso é que as duas traduções, nas primeiras páginas iniciais da obra, são totalmente distintas e independentes entre si. mas, de repente, ficam praticamente iguais, uma mera cópia da outra, até o final do primeiro capítulo; vejam-se alguns exemplos:

I.
1. marcos bagno (1998)
Amy obedeceu, mas esticou as mãos para a frente e pôs a caminhar como se fosse um boneco de corda. E seu "Oh!" dava mais a ideia de estar sendo vítima de um alfinete do que do medo e da angústia. Jo soltou um gemido de desespero, e Meg caiu na risada, enquanto Beth deixava seu pão queimar para observar a cena com interesse.
2. vera maria marques martins (2003)
Amy obedeceu, porém estendeu as mãos para a frente e pôs a andar feito um um boneco de corda. E o seu "Oh!" dava mais a ideia de estar sendo vítima de um alfinete do que do medo e da angústia. Jo soltou um gemido de desespero, e Meg caiu na risada, enquanto Beth deixava seu pão queimar para observar a cena com interesse.
3. original:
Amy followed, but she poked her hands out stiffly before her, and jerked herself along as if she went by machinery, and her "Ow!" was more suggestive of pins being run into her than of fear and anguish. Jo gave a despairing groan, and Meg laughed outright, while Beth let her bread burn as she watched the fun with interest.

II.
1. marcos bagno (1998)
- Nem tanto - replicou Jo, modesta. - Não acho que A Praga da Feiticeira, tragédia operística, seja coisa tão boa. Teria preferido encenar Macbeth, se tivéssemos um alçapão para Banquo. Sempre quis fazer a cena do assassinato. "É um punhal que vejo à minha frente?" - murmurou Jo, revirando os olhos e agarrndo o ar, como tinha visto fazer um ator famoso.
- Não é um punhal, é o espeto da lareira com o sapato de mamãe em vez do pão. Beth ficou enfeitiçada! - gritou Meg, e o ensaio terminou numa gargalhada geral.
2. vera maria marques martins (2003)
- Nem tanto - replicou Jô, modesta. - Não acho que A Praga da Feiticeira, tragédia operística, seja tão boa. Eu teria preferido encenar Macbeth, se tivéssemos um alçapão para Banquo. Sempre quis fazer a cena do assassinato. "É um punhal que eu vejo à minha frente?" - murmurou Jô, revirando os olhos e agarrando o ar, como vira fazer um famoso ator.
- Não é um punhal, é o atiçador da lareira com o sapato da mamãe em vez do pão. Beth ficou enfeitiçada! - gritou Meg, e o ensaio terminou numa gargalhada geral.
3. original
"Not quite," replied Jo modestly. "I do think The Witches Curse, an Operatic Tragedy is rather a nice thing, but I'd like to try Macbeth, if we only had a trapdoor for Banquo. I always wanted to do the killing part. 'Is that a dagger that I see before me?" muttered Jo, rolling her eyes and clutching at the air, as she had seen a famous tragedian do."No, it's the toasting fork, with Mother's shoe on it instead of the bread. Beth's stage-struck!" cried Meg, and the rehearsal ended in a general burst of laughter.

III.
1. marcos bagno (1998)
Enquanto fazia seu interrogatório materno, a sra. March tirou suas roupas úmidas, calçou as pantufas quentes e sentou-se na cadeira de balanço. Pôs Amy no colo, preparando-se para desfrutar da hora mais feliz de seu dia ocupado. As meninas se movimentavam, tentando organizar as coisas, cada uma a seu modo. Meg pôs a mesa para o chá. Jô trouxe lenha e dispôs as cadeiras, derrubando e deixando cair tudo o que tocava. Beth ia e vinha, da cozinha para a sala, quieta e atarefada, enquanto Amy dava ordens a todas, sentada de braços cruzados.
2. vera maria marques martins (2003)
Enquanto fazia seu interrogatório materno, a sra. March tirou suas roupas úmidas, calçou os chinelos quentes e se sentou na cadeira de balanço. Pôs Amy no colo, preparando-se para desfrutar da hora mais feliz de seu dia ocupado. As meninas se movimentavam, tentando organizar as coisas, cada uma do seu jeito. Meg pôs a mesa para o chá. Jô trouxe lenha e dispôs as cadeiras, derrubando e deixando cair tudo o que tocava. Beth ia e vinha, da cozinha para a sala, quieta e atarefada, enquanto Amy dava ordens a todas, sentada de braços cruzados.
3. original
While making these maternal inquiries Mrs. March got her wet things off, her warm slippers on, and sitting down in the easy chair, drew Amy to her lap, preparing to enjoy the happiest hour of her busy day. The girls flew about, trying to make things comfortable, each in her own way. Meg arranged the tea table, Jo brought wood and set chairs, dropping, over-turning, and clattering everything she touched. Beth trotted to and fro between parlor kitchen, quiet and busy, while Amy gave directions to everyone, as she sat with her hands folded.

por esses exemplos, pode-se constatar que, além das soluções idênticas, foram reproduzidos até mesmo pequenos lapsos de entendimento, omissões de palavras e mudanças de pontuação em relação ao original, e assim vai até o final do capítulo.

valeria a pena cotejar os outros capítulos em que não se reproduz o texto de bagno com, talvez, a tradução de nair lacerda, publicada em 1953 pela saraiva com o título de as quatro irmãs e reeditada em 1973 pelo círculo do livro, uma empresa em sociedade com a abril cultural.

convite: visite também meu blog traduzindo mulherzinhas, aqui.


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Published on September 17, 2015 15:05

August 24, 2015

entre quatro paredes, de sartre

tentei adquirir um exemplar de entre quatro paredes, de sartre, pela editora deriva, mas a livraria a que recorri não dispunha mais em estoque. eu poderia recorrer a outra, mas creio que bastam a admissão e retratação da editora. que aqui constem, então, os legítimos créditos da tradução:


em vez de "roberto de almeida", 

leia-se guilherme de almeida.

acompanhe o caso da editora deriva aqui.


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Published on August 24, 2015 13:20

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Denise Bottmann
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