Denise Bottmann's Blog, page 32
July 5, 2015
traduções de madame bovary no brasil
Gustave Flaubert, Madame Bovary
Eloy Pontes, Vecchi, 1944Araújo Nabuco, Livraria Martins, c.1945Genésio Pereira Filho, Melhoramentos, 1950Nair Lacerda, BUP, 1965Sérgio Duarte, Edições de Ouro, 1967Vera Neves Pedroso, Bruguera, 1969Fúlvia Moretto, Nova Alexandria, 1993Ilana Heineberg, L&PM, 2008Mário Laranjeira, 2011, Penguin/Companhia
ver não gosto de plágio, marcador flaubert; templo cultural delfos, aqui.
Published on July 05, 2015 08:59
July 2, 2015
o shakespeare de berenice
creio que esta é uma das traduções brasileiras menos conhecidas e raramente citadas d'a megera domada - a primeira, aliás. foi feita por berenice xavier e publicada pela editora athena em 1936.
Published on July 02, 2015 18:44
[n.t.] 10
a revista de tradução [n.t.] comemora seu quinto ano de existência e seu décimo número, disponível para download aqui.
este número traz minha tradução do conto "at the end of the passage", de rudyard kipling. reproduzo aqui uma parte de minha breve apresentação desse conto na [n.t.]:
este número traz minha tradução do conto "at the end of the passage", de rudyard kipling. reproduzo aqui uma parte de minha breve apresentação desse conto na [n.t.]:
Published on July 02, 2015 18:37
cervantes traduzido no brasil
começo esclarecendo uma coisa importante: uma tradução em português publicada no brasil não significa necessariamente que seja uma tradução brasileira. muitas vezes é uma tradução portuguesa apenas publicada aqui.
I.
no caso de dom quixote entre nós, existem não só dezenas e dezenas de adaptações, quadrinizações, cordelizações, como também dezenas de edições brasileiras da tradução lusitana de dom quixote feita pelos viscondes de castilho e de azevedo [com a nem sempre reconhecida colaboração de pinheiro chagas], publicada em portugal desde 1876 e no brasil desde 1942 até a data presente. não me deterei sobre elas; interessam-me apenas as traduções brasileiras.
O engenhoso fidalgo Dom Quixote de la Mancha, Almir de Andrade e Milton Amado, 1952; revista e extensamente anotada em 1954 por M. Amado, José Olympio. Reed. à parte o episódio A novela do curioso impertinente, Relume Dumará, 2005O engenhoso fidalgo Dom Quixote de la Mancha, Eugênio Amado, 1983, ItatiaiaO engenhoso fidalgo D. Quixote de La Mancha, Sérgio Molina, Primeira Parte, edição bilíngue, 2002, O engenhoso cavaleiro D. Quixote de La Mancha, Segunda Parte, edição bilíngue, 2007, ed. 34O engenhoso fidalgo Dom Quixote da Mancha, Carlos Nougué com José Luiz Sánchez, Primeira Parte, 2005, Record [não tenho notícia de que tenha saído a Segunda Parte]Dom Quixote, Ernani Ssó, 2013. Penguin/Companhia. a título de esclarecimento, cervantes publicou o quixote em duas partes. a primeira, que se chamava Il ingenioso hidalgo Don Quijote de La Mancha, em 1605; a segunda, Il ingenioso caballero Don Quijote de La Mancha, em 1615.
II.
antes de passarmos às demais obras de cervantes traduzidas no brasil, cabe aqui a mesma observação sobre a publicação brasileira de traduções portuguesas. é o caso do volume novellas exemplares, contendo dois contos, "cornélia" e "o ciumento", traduzido pela escritora, tradutora e cineasta portuguesa dona virgínia de castro e almeida, publicado em 1921 pela annuario do brasil, uma espécie de ramo ou sucursal informal do grupo político-cultural "renascença portuguesa", que mantinha uma editora de mesmo nome, e que também publicou no mesmo ano essa referida tradução de dona virgínia. a publicação da annuario do brasil é, podemos dizer, a primeira edição brasileira de cervantes,
aqui
feita essa observação, segue-se em ordem cronológica a bibliografia tradutória brasileira de cervantes:
"O casamento enganoso", in As obras-primas do conto universal. Trad. Almiro Rolmes Barbosa e/ou Edgard Cavalheiro. Martins, 1942
almiro rolmes barbosa e edgard cavalheiro aparecem como os responsáveis pela compilação, introdução, tradução e notas da coletânea de 1942 (martins). segundo o que os organizadores expõem em sua introdução, alguns dos contos foram traduzidos por terceiros, sendo especificados com os devidos créditos na introdução e no final de cada conto, além de agradecimentos pela licença de uso. são eles: "a lição de canto", de katherine mansfield, trad. érico veríssimo; "a luz da outra casa", de pirandello, trad. francisco pati; "duas mil palavras", de o. henry, trad. brito broca; "as três palavras divinas", de tolstói, trad. lígia autran rodrigues; e "o espectro", de dickens, trad. élsie lessa. assim, infere-se dos créditos e das explicações dadas na introdução que a tradução dos demais contos coube a rolmes barbosa e cavalheiro, sem especificar qual a quem."A falsa tia", in Os mais belos contos galantes dos mais famosos autores. Trad. Líbero Rangel de Andrade. Vecchi, 1944. Reed. in O livro de ouro dos contos galantes, Tecnoprint,1964
Cornélia e outras novelas. Contém “Cornélia”, “O ciumento”, “O casamento enganoso”, “A força do sangue” e “O curioso impertinente” (do Quixote), Trad. Edgard Cavalheiro. Coleção Excelsior, 27. Livraria Martins, c.1944aqui devo dizer que tenho algumas dúvidas sobre a real autoria das traduções em nome de edgard cavalheiro. valeria a pena, a meu ver, cotejar "cornélia" e "o ciumento" com a tradução de dona virgínia e "o curioso impertinente" (que faz parte de dom quixote) com a tradução dos viscondes.
outra questão é o ano de edição, que não consta no volume. mas, como ele é o vigésimo-sete volume da coleção, entre o vigésimo-sexto, o eterno marido, de dostoiévski, e o vigésimo-oitavo, sebastopol, de tolstói, ambos publicados em 1944, parece-me bastante seguro considerar que o volume com cornélia também saiu em 1944.
hallewell, aqui
"Rinconete e Cortadillo", in Mar de histórias. Trad. Aurélio Buarque de Hollanda e Paulo Rónai. José Olympio, 1945
Novelas exemplares. Contém “A ciganinha”, “Rinconete e Cortadilho” e “A ilustre criada”. Trad. Manoel Salvaterra. Rio de Janeiro: Edições Pinguim, 1948."A tia fingida", in Titãs do humorismo. Trad. M. C. de Oliveira. Coleção Os Titãs, 8. El Ateneo do Brasil, 1957A destruição de Numância (teatro). Coleção Obras Imortais, 8. Civilização Brasileira, 1957
"A força do sangue", in Maravilhas do conto espanhol. Sem créditos de tradução, constando apenas "Traduções revistas por [um implausibilíssimo] T. Booker Washington". Cultrix, 1958. Era um problema recorrente nessa coleção da Cultrix a cargo de Edgard Cavalheiro, que fazia constar nomes escalafobéticos como organizadores de vários volumes de Maravilhas do conto. Ver vários apontamentos a esse respeito aqui."Um casamento singular", in Contos de Alcova. Org. Yves Idílio. Noel Buchmann, s/d; O Livreiro, c.1960; Flamingo, 1963. Reed. 2013, Retrô, org. em nome de Wagner Chiodi
O estremenho ciumento", in Contos espanhóis. Org. Jacob Penteado. Sem créditos de tradução. Coleção Primores do Conto Universal, 3. Edigraf, 1962Novelas exemplares. Contém “O amante liberal”, “A força do sangue”, “O ciumento”, “A espanhola inglesa”, “O casamento enganoso”, “As duas donzelas”, “O Licenciado Vidreira”, “A senhora Cornélia”, “Rinconete e Cortadilho”. Trad. Darly Nicolanna Scornaienchi. Boa Leitura, 1963. Reed. Tecnoprint, 1965; Abril Cultural, 1970.
A prisioneira. Contém “A prisioneira”, “As duas donzelas” e “A tia fingida”. Trad. Rolando Roque da Silva. Clube do Livro, 1965
A galateia. Não consta trad. Coleção Biblioteca Universal. Editora Três, 1974"O tribunal dos divórcios", in Cadernos 63. Trad. Virgínia Valli. Coleção Cadernos de Teatro. O Tablado, 1974 [embora seja mais uma revista do que um livro, vale a menção]"Retábulo das maravilhas", in Cadernos 67. Trad. José Carlos Lisboa e Heloísa Guimarães Ferreira. Coleção Cadernos de Teatro. O Tablado, 1975 [embora seja mais uma revista do que um livro, vale a menção]
a coleção completa dos cadernos de teatro se encontra disponível para download aqui."O casamento enganoso", in Contos Universais. Sel. José Paulo Paes. Trad. Mustafa Yazbek. Coleção Para Gostar de Ler, 11. Ática, 1983
A ciganinha. Novelas e entremezes. Contém “A ciganinha”, “A força do sangue” e “Rinconete e Cortadilho”, nas novelas; nos entremezes, traz “O retábulo das maravilhas”, “A cova de Salamanca” e “Os banhos de Argel”. Trad. Henrique Santo (“A ciganinha”) e Rolando Roque da Silva (os demais). Círculo do Livro, 1987
"A guarda cuidadosa", "Os faladores", "O juiz dos divórcios" e "O teatro das maravilhas", in Peças breves e deliciosas. Org. e trad. Paulo Hecker Filho. Coleção Dramaturgia Universal. Tchê, 1987
agradeço a éder silveira pelos dados bibliográficos
A espanhola inglesa. Trad. Luís de Lima. Coleção Novelas Imortais. Rocco, 1988"O casamento enganoso", in Os 100 melhores contos de humor da literatura universal. Trad. Flávio Moreira da Costa. Ediouro, 2001Retábulo das maravilhas: entremez. Trad., notas e estudos Ester Abreu Vieira de Oliveira, Jorge Luis do Nascimento e Maria Mirtis Caser. Ed. bilíngue. Embajada de España en Brasil. Thesaurus, 2004Rinconete e Cortadillo. Trad. Sandra Nunes e Eduardo Fava Rubio. Peirópolis, 2005Quatro novelas exemplares. Contém “A ciganinha”, “Rinconete e Cortadilho”, “O amante liberal” e “O Licenciado Vidraça”. Trad. Nylcéa Thereza de Siqueira Pedra. Arte e Letra, 2009Três novelas exemplares. Contém “A espanhola inglesa”, “A senhora Cornélia” e “A ilustre criada”. Trad. Nylcéa Thereza de Siqueira Pedra. Arte e Letra, 2010
Cinco novelas exemplares. Contém “O ciumento de Extremadura”, “O colóquio dos cachorros”, “As duas donzelas”, “A força do sangue” e “O casamento enganoso”. Trad. Nylcéa Thereza de Siqueira Pedra. Arte e Letra, 2012. Reed. O colóquio dos cachorros, Grua, 2014"A tia fingida", in Arte e Letra: Estórias Q. Trad. Nylcéa Thereza de Siqueira Pedra. Arte e Letra, 2012O Colóquio dos cães. Trad. Walter Carlos Costa e Pablo Cardelino Soto. Ed. Unicamp, 2013
III.desse apanhado geral, o que podemos concluir é que, aparentemente, o primeiro cervantes traduzido entre nós é o de "o casamento enganoso", em 1942.
em segundo lugar, podemos ver que apenas em data recente, entre 2010 e 2012, teremos todas as novelas exemplares traduzidas, felizmente, pela mesma tradutora, nylcéia thereza, ainda que em três volumes separados, pela editora curitibana arte e letra.
por fim, para se ter uma ideia da cervantiana brasileira, a obra completa de cervantes consiste em:
A Galateia (1585)Dom Quixote, 1ª. parte (1605)Novelas exemplares, 12 contos (1613):
fontes: biblioteca nacional, hemeroteca digital da biblioteca nacional, acervos de bibliotecas públicas, livrarias e sebos. alguns estudos sobre cervantes no brasil foram preciosos para vários dados bibliográficos, a saber: silvia cobelo, aqui e aqui, e célia navarro flores, aqui e aqui.
I.
no caso de dom quixote entre nós, existem não só dezenas e dezenas de adaptações, quadrinizações, cordelizações, como também dezenas de edições brasileiras da tradução lusitana de dom quixote feita pelos viscondes de castilho e de azevedo [com a nem sempre reconhecida colaboração de pinheiro chagas], publicada em portugal desde 1876 e no brasil desde 1942 até a data presente. não me deterei sobre elas; interessam-me apenas as traduções brasileiras.
O engenhoso fidalgo Dom Quixote de la Mancha, Almir de Andrade e Milton Amado, 1952; revista e extensamente anotada em 1954 por M. Amado, José Olympio. Reed. à parte o episódio A novela do curioso impertinente, Relume Dumará, 2005O engenhoso fidalgo Dom Quixote de la Mancha, Eugênio Amado, 1983, ItatiaiaO engenhoso fidalgo D. Quixote de La Mancha, Sérgio Molina, Primeira Parte, edição bilíngue, 2002, O engenhoso cavaleiro D. Quixote de La Mancha, Segunda Parte, edição bilíngue, 2007, ed. 34O engenhoso fidalgo Dom Quixote da Mancha, Carlos Nougué com José Luiz Sánchez, Primeira Parte, 2005, Record [não tenho notícia de que tenha saído a Segunda Parte]Dom Quixote, Ernani Ssó, 2013. Penguin/Companhia. a título de esclarecimento, cervantes publicou o quixote em duas partes. a primeira, que se chamava Il ingenioso hidalgo Don Quijote de La Mancha, em 1605; a segunda, Il ingenioso caballero Don Quijote de La Mancha, em 1615.
II.
antes de passarmos às demais obras de cervantes traduzidas no brasil, cabe aqui a mesma observação sobre a publicação brasileira de traduções portuguesas. é o caso do volume novellas exemplares, contendo dois contos, "cornélia" e "o ciumento", traduzido pela escritora, tradutora e cineasta portuguesa dona virgínia de castro e almeida, publicado em 1921 pela annuario do brasil, uma espécie de ramo ou sucursal informal do grupo político-cultural "renascença portuguesa", que mantinha uma editora de mesmo nome, e que também publicou no mesmo ano essa referida tradução de dona virgínia. a publicação da annuario do brasil é, podemos dizer, a primeira edição brasileira de cervantes,
aquifeita essa observação, segue-se em ordem cronológica a bibliografia tradutória brasileira de cervantes:
"O casamento enganoso", in As obras-primas do conto universal. Trad. Almiro Rolmes Barbosa e/ou Edgard Cavalheiro. Martins, 1942
almiro rolmes barbosa e edgard cavalheiro aparecem como os responsáveis pela compilação, introdução, tradução e notas da coletânea de 1942 (martins). segundo o que os organizadores expõem em sua introdução, alguns dos contos foram traduzidos por terceiros, sendo especificados com os devidos créditos na introdução e no final de cada conto, além de agradecimentos pela licença de uso. são eles: "a lição de canto", de katherine mansfield, trad. érico veríssimo; "a luz da outra casa", de pirandello, trad. francisco pati; "duas mil palavras", de o. henry, trad. brito broca; "as três palavras divinas", de tolstói, trad. lígia autran rodrigues; e "o espectro", de dickens, trad. élsie lessa. assim, infere-se dos créditos e das explicações dadas na introdução que a tradução dos demais contos coube a rolmes barbosa e cavalheiro, sem especificar qual a quem."A falsa tia", in Os mais belos contos galantes dos mais famosos autores. Trad. Líbero Rangel de Andrade. Vecchi, 1944. Reed. in O livro de ouro dos contos galantes, Tecnoprint,1964
Cornélia e outras novelas. Contém “Cornélia”, “O ciumento”, “O casamento enganoso”, “A força do sangue” e “O curioso impertinente” (do Quixote), Trad. Edgard Cavalheiro. Coleção Excelsior, 27. Livraria Martins, c.1944aqui devo dizer que tenho algumas dúvidas sobre a real autoria das traduções em nome de edgard cavalheiro. valeria a pena, a meu ver, cotejar "cornélia" e "o ciumento" com a tradução de dona virgínia e "o curioso impertinente" (que faz parte de dom quixote) com a tradução dos viscondes.
outra questão é o ano de edição, que não consta no volume. mas, como ele é o vigésimo-sete volume da coleção, entre o vigésimo-sexto, o eterno marido, de dostoiévski, e o vigésimo-oitavo, sebastopol, de tolstói, ambos publicados em 1944, parece-me bastante seguro considerar que o volume com cornélia também saiu em 1944.
hallewell, aqui"Rinconete e Cortadillo", in Mar de histórias. Trad. Aurélio Buarque de Hollanda e Paulo Rónai. José Olympio, 1945
Novelas exemplares. Contém “A ciganinha”, “Rinconete e Cortadilho” e “A ilustre criada”. Trad. Manoel Salvaterra. Rio de Janeiro: Edições Pinguim, 1948."A tia fingida", in Titãs do humorismo. Trad. M. C. de Oliveira. Coleção Os Titãs, 8. El Ateneo do Brasil, 1957A destruição de Numância (teatro). Coleção Obras Imortais, 8. Civilização Brasileira, 1957
"A força do sangue", in Maravilhas do conto espanhol. Sem créditos de tradução, constando apenas "Traduções revistas por [um implausibilíssimo] T. Booker Washington". Cultrix, 1958. Era um problema recorrente nessa coleção da Cultrix a cargo de Edgard Cavalheiro, que fazia constar nomes escalafobéticos como organizadores de vários volumes de Maravilhas do conto. Ver vários apontamentos a esse respeito aqui."Um casamento singular", in Contos de Alcova. Org. Yves Idílio. Noel Buchmann, s/d; O Livreiro, c.1960; Flamingo, 1963. Reed. 2013, Retrô, org. em nome de Wagner Chiodi
O estremenho ciumento", in Contos espanhóis. Org. Jacob Penteado. Sem créditos de tradução. Coleção Primores do Conto Universal, 3. Edigraf, 1962Novelas exemplares. Contém “O amante liberal”, “A força do sangue”, “O ciumento”, “A espanhola inglesa”, “O casamento enganoso”, “As duas donzelas”, “O Licenciado Vidreira”, “A senhora Cornélia”, “Rinconete e Cortadilho”. Trad. Darly Nicolanna Scornaienchi. Boa Leitura, 1963. Reed. Tecnoprint, 1965; Abril Cultural, 1970.
A prisioneira. Contém “A prisioneira”, “As duas donzelas” e “A tia fingida”. Trad. Rolando Roque da Silva. Clube do Livro, 1965
A galateia. Não consta trad. Coleção Biblioteca Universal. Editora Três, 1974"O tribunal dos divórcios", in Cadernos 63. Trad. Virgínia Valli. Coleção Cadernos de Teatro. O Tablado, 1974 [embora seja mais uma revista do que um livro, vale a menção]"Retábulo das maravilhas", in Cadernos 67. Trad. José Carlos Lisboa e Heloísa Guimarães Ferreira. Coleção Cadernos de Teatro. O Tablado, 1975 [embora seja mais uma revista do que um livro, vale a menção]
a coleção completa dos cadernos de teatro se encontra disponível para download aqui."O casamento enganoso", in Contos Universais. Sel. José Paulo Paes. Trad. Mustafa Yazbek. Coleção Para Gostar de Ler, 11. Ática, 1983
A ciganinha. Novelas e entremezes. Contém “A ciganinha”, “A força do sangue” e “Rinconete e Cortadilho”, nas novelas; nos entremezes, traz “O retábulo das maravilhas”, “A cova de Salamanca” e “Os banhos de Argel”. Trad. Henrique Santo (“A ciganinha”) e Rolando Roque da Silva (os demais). Círculo do Livro, 1987
"A guarda cuidadosa", "Os faladores", "O juiz dos divórcios" e "O teatro das maravilhas", in Peças breves e deliciosas. Org. e trad. Paulo Hecker Filho. Coleção Dramaturgia Universal. Tchê, 1987
agradeço a éder silveira pelos dados bibliográficosA espanhola inglesa. Trad. Luís de Lima. Coleção Novelas Imortais. Rocco, 1988"O casamento enganoso", in Os 100 melhores contos de humor da literatura universal. Trad. Flávio Moreira da Costa. Ediouro, 2001Retábulo das maravilhas: entremez. Trad., notas e estudos Ester Abreu Vieira de Oliveira, Jorge Luis do Nascimento e Maria Mirtis Caser. Ed. bilíngue. Embajada de España en Brasil. Thesaurus, 2004Rinconete e Cortadillo. Trad. Sandra Nunes e Eduardo Fava Rubio. Peirópolis, 2005Quatro novelas exemplares. Contém “A ciganinha”, “Rinconete e Cortadilho”, “O amante liberal” e “O Licenciado Vidraça”. Trad. Nylcéa Thereza de Siqueira Pedra. Arte e Letra, 2009Três novelas exemplares. Contém “A espanhola inglesa”, “A senhora Cornélia” e “A ilustre criada”. Trad. Nylcéa Thereza de Siqueira Pedra. Arte e Letra, 2010
Cinco novelas exemplares. Contém “O ciumento de Extremadura”, “O colóquio dos cachorros”, “As duas donzelas”, “A força do sangue” e “O casamento enganoso”. Trad. Nylcéa Thereza de Siqueira Pedra. Arte e Letra, 2012. Reed. O colóquio dos cachorros, Grua, 2014"A tia fingida", in Arte e Letra: Estórias Q. Trad. Nylcéa Thereza de Siqueira Pedra. Arte e Letra, 2012O Colóquio dos cães. Trad. Walter Carlos Costa e Pablo Cardelino Soto. Ed. Unicamp, 2013
III.desse apanhado geral, o que podemos concluir é que, aparentemente, o primeiro cervantes traduzido entre nós é o de "o casamento enganoso", em 1942.
em segundo lugar, podemos ver que apenas em data recente, entre 2010 e 2012, teremos todas as novelas exemplares traduzidas, felizmente, pela mesma tradutora, nylcéia thereza, ainda que em três volumes separados, pela editora curitibana arte e letra.
por fim, para se ter uma ideia da cervantiana brasileira, a obra completa de cervantes consiste em:
A Galateia (1585)Dom Quixote, 1ª. parte (1605)Novelas exemplares, 12 contos (1613):
La gitanilla El amante liberal Rinconete y Cortadillo La española inglesa El licenciado Vidriera La fuerza de la sangre El celoso extremeño La ilustre fregona Las dos doncellas La señora Cornelia El casamiento engañoso El coloquio de los perrosViagem de Parnaso (1614) – poesiaPoesias avulsasOito comédias e oito entremezes novos nunca antes representados (1615):
Comédias:
El gallardo español
La casa de los celos
Los baños de Argel
El rufián dichoso
La gran sultana
El laberinto de amor
La entretenida
Pedro de Urdemalas
Entremezes:Dom Quixote, 2ª. parte (1615) Os trabalhos de Persiles e Sigismunda (póstumo, 1617)A Numância (peça avulsa, inédita até 1784)O trato de Argel (idem)
El juez de los divorcios
El rufián viudo
La elección de los alcaldes de Daganzo
La guarda cuidadosa
El vizcaíno fingido
El retablo de las maravillas
La cueva de Salamanca
El viejo celoso
fontes: biblioteca nacional, hemeroteca digital da biblioteca nacional, acervos de bibliotecas públicas, livrarias e sebos. alguns estudos sobre cervantes no brasil foram preciosos para vários dados bibliográficos, a saber: silvia cobelo, aqui e aqui, e célia navarro flores, aqui e aqui.
Published on July 02, 2015 16:14
July 1, 2015
prêmio abl de tradução 2015
muito feliz e honrada por ter sido agraciada com o prêmio abl de tradução deste ano, por aguapés, de jhumpa lahiri, lançado pela biblioteca azul em 2014.
Published on July 01, 2015 14:33
June 29, 2015
schopenhauer traduzido no brasil (1970-2015)
schopenhauer e seu poodle atma, em desenho de wilhelm buschPara as traduções de Schopenhauer entre entre 1887 e 1969, veja aqui. Na segunda parte do levantamento das traduções brasileiras das obras de Schopenhauer, agora a partir de 1970, temos:
O mundo como vontade e representação (parte III); Crítica da filosofia kantiana; Parerga e paralipomena (capítulos V, VIII, XII e XIV). Trad. Maria Lúcia Cacciola e Wolfgang Leo Maar. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1974
Sobre a filosofia universitária. Tradução, apresentação e notas Maria Lucia Cacciola, Marcio Suzuki. São Paulo : Polis, 1991
Sobre livros e leitura = : Uber Lesen und Bucher. Trad. Philippe Humble e Walter Carlos Costa. Florianópolis : Paraula, 1993. Edição bilíngue
Fragmentos para a história da filosofia. Trad., apresentação e notas Maria Lúcia Cacciola. Biblioteca Pólen. São Paulo: Iluminuras, 1995
Sobre o fundamento da moral. Trad. Maria Lucia Cacciola. Coleção Clássicos. São Paulo : Martins Fontes, 1995
Como vencer um debate sem precisar ter razão. Trad. Daniela Caldas e Olavo de Carvalho. Rio de Janeiro: Topbooks, 1997
Metafísica do amor, metafísica da morte. Trad. Jair Barboza. Coleção Obras de Schopenhauer. São Paulo: Martins Fontes, 2000
A metafísica do belo. Trad., apresentação e notas Jair Barboza. São Paulo: Unesp, 2001
O mundo como vontade e representação. Trad. M. F. Sá Correia. Rio de Janeiro : Contraponto, 2001
A arte de ser feliz : exposta em 50 máximas. Org. e ensaio de Franco Volpi; trad. Marion Fleischer (alemão) e Eduardo Brandão (italiano). São Paulo : Martins Fontes, 2001
A arte de ter razão : exposta em 38 estratagemas. Org. e ensaio de Franco Volpi; trad. Alexandre Krug (alemão) e Eduardo Brandão (italiano). São Paulo : Wmfmartinsfontes, 2001
Sobre a filosofia universitária. Trad. Maria Lúcia Cacciola e Márcio Suzuki. São Paulo: Martins Fontes, 2001
Aforismos para a sabedoria de vida. 2ª ed. Trad. Jair Barboza. Coleção Obras de Schopenhauer. São Paulo: Martins Fontes, 2002
Sobre a visão e as cores. Trad. Erlon José Paschoal. São Paulo: Nova Alexandria, 2003
Sobre o ofício do escritor. Trad. Luiz Sérgio Repa (alemão), Eduardo Brandão (italiano). Série Breves Encontros. São Paulo : Martins Fontes, 2003
A arte de se fazer respeitar exposta em 14 máximas, ou, Tratado sobre a honra. Org. e ensaio de Franco Volpi, trad. Karina Jannini (Volpi) e Maria Lúcia Mello Oliveira Cacciola (Schopenhauer). São Paulo : Martins Fontes, 2003
A arte de insultar. Org. e ensaio de Franco Volpi ; trad. Eduardo Brandão (italiano) e Karina Jannini (alemão). São Paulo : Martins Fontes, 2003
A arte de lidar com as mulheres. Org. e ensaio de Franco Volpi; trad. Eurides Avance de Souza (alemão) e Karina Janini (italiano). São Paulo : Martins Fontes, 2004
O mundo como vontade e como representação : primeiro tomo. Tradução, apresentação, notas e índices Jair Barboza. São Paulo : Ed. UNESP, 2005
A arte de escrever. Org., trad., prefácio e notas de Pedro Süssekind. Porto Alegre: L&PM, 2005
O amor: receitas práticas e sábias. Nietzsche, Schopenhauer, Ovídio, Platão e outros. São Paulo: Landy, 2006
Fragmentos sobre a história da filosofia [precedido de Esboço de uma história da doutrina do ideal e do real]. Trad. Karina Jannini, prefácio de Jair Barboza. São Paulo: Martins Fontes, 2007
A sabedoria da vida – A arte de organizar a vida e ter prazer e sucesso (excertos de Parerga e paralipomena). Trad. Jeanne Rangel. Golden Books, 2007
A arte de conhecer a si mesmo. Org. e ensaio, Franco Volpi; trad. Jair Barboza (alemão) e Silvana Cobucci Leite (italiano). São Paulo : Wmfmartinsfontes, 2009
"Sobre o suicídio", in Os filósofos e o suicídio. Org. e trad. deste artigo Fernando Rey Puente. Belo Horizonte: UFMG, 2008
Sobre a filosofia e seu método. (Excerto de Parerga e paralipomena). Trad. Flamarion Caldeira Ramos. São Paulo: Hedra, 2010
Sobre a ética (Excerto de Parerga e paralipomena). Trad. Flamarion Caldeira Ramos. São Paulo: Hedra, 2012.
Bastar a si mesmo. Trad. Jair Barboza. São Paulo : Wmfmartinsfontes, 2012.
A arte de envelhecer, ou, Senilia / baseado na transcrição de Ernst Ziegler. Org. e intr. de Franco Volpi; trad. Karina Jannini. São Paulo : Wmfmartinsfontes, 2012
Sobre a morte : pensamentos e conclusões sobre as últimas coisas. Org. Ernst Ziegler e Franco Volpi, trad. Karina Jannini. São Paulo : Wmfmartinsfontes, 2013.
Aforismos para a sabedoria de vida. Trad. Gabriel Valladão Silva. Porto Alegre: L&PM, 2014
Sobre a vontade na natureza. Tradução, prefácio e notas de Gabriel Valladão Silva. Porto Alegre: L&PM, 2014
38 estratégias para vencer qualquer debate: a arte de ter razão. Trad. Camila Werner. Faro, 2014
O mundo como vontade e representação. Volume 1 (Tomo II, Complementos Livros I-II). Trad. Eduardo Ribeiro da Fonseca. Curitiba: Editora da UFPR, 2014
O mundo como vontade e representação. Volume 2 (Tomo II, Complementos Livros III-IV). Trad. Eduardo Ribeiro da Fonseca. Curitiba: Editora da UFPR, 2014
(Não poderia deixar de haver alguma daquelas edições espúrias da Martin Claret, com o finado dentista Pietro Nassetti assinando mais uma tradução que certamente não foi ele que fez: Da Morte, Metafísica do Amor, Do Sofrimento do Mundo. “Trad.” Pietro Nassetti. São Paulo: Martin Claret, 2001, em sucessivas reedições até 2015.)
fontes: Fundação Biblioteca Nacional, Sociedade Schopenhauer do Brasil, Bibliografia Filosófica Brasileira 1808/1985, sites de editoras e livrarias, Google
Published on June 29, 2015 16:20
June 28, 2015
schopenhauer traduzido no brasil (1887-1969)
Interessa-me sempre mais a carreira inicial e intermediária de um autor traduzido no Brasil do que propriamente sua presença atual. Esta, nós vemos e sentimos; como se chegou à situação presente é que muitas vezes ignoramos.
No caso de Schopenhauer, sua obra traduzida vem se ampliando cada vez mais desde a publicação de um volume da coleção Os Pensadores, da Abril Cultural, em 1974, dedicado a ele e a Kierkegaard. Vejamos o que havia antes.
1. anos 1880
Eis o primeiro Schopenhauer em tradução brasileira - Pensamentos e fragmentos: Metaphisica do amor. Esboço sobre as mulheres. Tradução de Manuel Coelho da Rocha. Laemmert, 1887. 72 p.
A Semana, 1887, ed. 0144
Muito provavelmente segue a tradução francesa de Jean Bourdeau (1995), Pensées et fragments. Sua quarta edição em 1904, com nova capa na Bibliotheca Philosophica da Laemmert, consta como "augmentada com um appendice sobre a pederastia", agora com 99 p. A obra foi reeditada pela Cultura Moderna em 1938.
2. Anos 1930
Em 1931, a carioca Livraria H. Antunes publica Dores do mundo - A metafísica do amor - A morte - A arte - A moral - O homem e a sociedade, sem créditos de tradução, mas provavelmente retomando a tradução lusitana de Albino Forjaz de Sampaio (1913): Capa e página de rosto:
É também muito provavelmente a mesma edição que será reeditada como "tradução revista por José Sousa de Oliveira", pela Edições e Publicações Brasil em 1944 e pela Edigraf, sem data, em sua Biblioteca de Autores Célebres. Reed. Edições de Ouro, 1979; Edipro, 2014.
Entre 1936 e 1939, a paulista Cultura Moderna publica dois títulos em sua coleção As Grandes Obras, vols. 9 e 39:
O amor, as mulheres e a morte, com tradução de Emilio Paraizo, em 1936 (266 p.)
A sabedoria da vida, com tradução direta do alemão, introdução e notas de Rômulo Argentière, aquele se tornaria importante e afamado físico nuclear, então ainda muito jovem. São interessantes suas considerações no prefácio sobre a importância de Schopenhauer não só para a psicanálise, mas também para a teoria da relatividade. O livro sai em 1939, com 272 p. Reed. Edipro, 2012 (Argentière grafado como Argetière)
4. Anos 1940
Em 1941, a Brasil publica O mundo como vontade e representação, em tradução e prefácio de Heraldo Barbuy (238 p.), em sua coleção As Grandes Obras da Filosofia, com várias reedições. Sai também pelas Edições de Ouro, 1966 em diante. A obra se encontra disponível no EBooksBrasil, aqui.
O pensamento vivo de Schopenhauer. Apresentação de Thomas Mann. Trad. de Pedro Ferraz do Amaral. São Paulo, Livr. Martins. 1941. 230p.O amor, as mulheres e a morte. Trad. de Persiano da Fonseca. Série Os Grandes Pensadores. Rio de Janeiro, Ed. Vecchi, 1941. 119p.
O livre arbítrio. Trad. de Lohengrin de Oliveira. Prefácio de Afonso Bertagnoli. Biblioteca de Autores Célebres, 1.São Paulo, Ed. e Publ. Brasil, 1944 (2a. ed.). 171p. Reed. Edições de Ouro, 1967; Saraiva, 2012
Regras de conduta para bem viver (Eudemonologia). Trad. Eloy Pontes. Rio de Janeiro: Vecchi, 1946, 195 p.
5. Anos 1950Dores do mundo. Trad. de A.F. Rocha. Coleção Livros de Ontem e de Hoje, 2. Rio de Janeiro, Org. Simões, 1951. 174 p. (aqui, capa de 1954, 2a. ed.)
O instinto sexual. Introdução de Anatol H. Rosenfeld. Tradução do alemão por Hans Koranyi. São Paulo: Inedos, 1951.* 98 p. Reed. O Livreiro, sem créditos, em 1963, com 110 p.
Aforismos para a sabedoria na vida. Trad. e prefácio por Genésio de Almeida Moura. São Paulo, Melhoramentos, 1953. 232p.
abaixo, a imagem de capa da 4a. edição, em 1964, mais alegrinha, já prenunciando a abordagem de autoajuda que viria a prevalecer nas décadas seguintes:
Dores do mundo - A metafísica do amor, a morte, a arte, a moral, o homem e a sociedade. Coleção Temas do Nosso Tempo. Salvador, Livr. Progresso, 1957. 205p. Provavelmente retomando a mesma tradução portuguesa que avento como fonte para a edição da H. Antunes, de 1931. "O estoicismo", in O pensamento de Epicteto. Trad. Hans Koranyi. Coleção A Sabedoria do Mundo. Iris, 1959.
6. Anos 1960A necessidade metafísica. Trad. Artur Versiani Velloso. Belo Horizonte: Itatiaia, 1960. 153 p.
A vontade de amar. Trad. de Aurélio de Oliveira. Prefácio de Torrieri Guimarães. Edimax, c. 1964. 136 p. Reed. Edições de Ouro, 1966; Hemus/ Leopardo, 2010.
* ainda que rômulo argentiére já houvesse destacado a importância de schopenhauer para a psicanálise, a edição da inedos é a única que enfoca o filósofo pelo lado especificamente psicanalítico. uma pequena curiosidade: o anúncio que a editora publicou no jornal correio da manhã, de 4 de julho de 1954.
fontes: Fundação Biblioteca Nacional, Hemeroteca Digital da FBN, Sociedade Schopenhauer do Brasil, Bibliografia Filosófica Brasileira 1808/1985, sebos virtuais, Google Images
No caso de Schopenhauer, sua obra traduzida vem se ampliando cada vez mais desde a publicação de um volume da coleção Os Pensadores, da Abril Cultural, em 1974, dedicado a ele e a Kierkegaard. Vejamos o que havia antes.
1. anos 1880
Eis o primeiro Schopenhauer em tradução brasileira - Pensamentos e fragmentos: Metaphisica do amor. Esboço sobre as mulheres. Tradução de Manuel Coelho da Rocha. Laemmert, 1887. 72 p.
A Semana, 1887, ed. 0144Muito provavelmente segue a tradução francesa de Jean Bourdeau (1995), Pensées et fragments. Sua quarta edição em 1904, com nova capa na Bibliotheca Philosophica da Laemmert, consta como "augmentada com um appendice sobre a pederastia", agora com 99 p. A obra foi reeditada pela Cultura Moderna em 1938.
2. Anos 1930
Em 1931, a carioca Livraria H. Antunes publica Dores do mundo - A metafísica do amor - A morte - A arte - A moral - O homem e a sociedade, sem créditos de tradução, mas provavelmente retomando a tradução lusitana de Albino Forjaz de Sampaio (1913): Capa e página de rosto:
É também muito provavelmente a mesma edição que será reeditada como "tradução revista por José Sousa de Oliveira", pela Edições e Publicações Brasil em 1944 e pela Edigraf, sem data, em sua Biblioteca de Autores Célebres. Reed. Edições de Ouro, 1979; Edipro, 2014.
Entre 1936 e 1939, a paulista Cultura Moderna publica dois títulos em sua coleção As Grandes Obras, vols. 9 e 39:
O amor, as mulheres e a morte, com tradução de Emilio Paraizo, em 1936 (266 p.)
A sabedoria da vida, com tradução direta do alemão, introdução e notas de Rômulo Argentière, aquele se tornaria importante e afamado físico nuclear, então ainda muito jovem. São interessantes suas considerações no prefácio sobre a importância de Schopenhauer não só para a psicanálise, mas também para a teoria da relatividade. O livro sai em 1939, com 272 p. Reed. Edipro, 2012 (Argentière grafado como Argetière)
4. Anos 1940
Em 1941, a Brasil publica O mundo como vontade e representação, em tradução e prefácio de Heraldo Barbuy (238 p.), em sua coleção As Grandes Obras da Filosofia, com várias reedições. Sai também pelas Edições de Ouro, 1966 em diante. A obra se encontra disponível no EBooksBrasil, aqui.
O pensamento vivo de Schopenhauer. Apresentação de Thomas Mann. Trad. de Pedro Ferraz do Amaral. São Paulo, Livr. Martins. 1941. 230p.O amor, as mulheres e a morte. Trad. de Persiano da Fonseca. Série Os Grandes Pensadores. Rio de Janeiro, Ed. Vecchi, 1941. 119p.
O livre arbítrio. Trad. de Lohengrin de Oliveira. Prefácio de Afonso Bertagnoli. Biblioteca de Autores Célebres, 1.São Paulo, Ed. e Publ. Brasil, 1944 (2a. ed.). 171p. Reed. Edições de Ouro, 1967; Saraiva, 2012
Regras de conduta para bem viver (Eudemonologia). Trad. Eloy Pontes. Rio de Janeiro: Vecchi, 1946, 195 p.
5. Anos 1950Dores do mundo. Trad. de A.F. Rocha. Coleção Livros de Ontem e de Hoje, 2. Rio de Janeiro, Org. Simões, 1951. 174 p. (aqui, capa de 1954, 2a. ed.)
O instinto sexual. Introdução de Anatol H. Rosenfeld. Tradução do alemão por Hans Koranyi. São Paulo: Inedos, 1951.* 98 p. Reed. O Livreiro, sem créditos, em 1963, com 110 p.
Aforismos para a sabedoria na vida. Trad. e prefácio por Genésio de Almeida Moura. São Paulo, Melhoramentos, 1953. 232p.
abaixo, a imagem de capa da 4a. edição, em 1964, mais alegrinha, já prenunciando a abordagem de autoajuda que viria a prevalecer nas décadas seguintes:
Dores do mundo - A metafísica do amor, a morte, a arte, a moral, o homem e a sociedade. Coleção Temas do Nosso Tempo. Salvador, Livr. Progresso, 1957. 205p. Provavelmente retomando a mesma tradução portuguesa que avento como fonte para a edição da H. Antunes, de 1931. "O estoicismo", in O pensamento de Epicteto. Trad. Hans Koranyi. Coleção A Sabedoria do Mundo. Iris, 1959.
6. Anos 1960A necessidade metafísica. Trad. Artur Versiani Velloso. Belo Horizonte: Itatiaia, 1960. 153 p.
A vontade de amar. Trad. de Aurélio de Oliveira. Prefácio de Torrieri Guimarães. Edimax, c. 1964. 136 p. Reed. Edições de Ouro, 1966; Hemus/ Leopardo, 2010.
* ainda que rômulo argentiére já houvesse destacado a importância de schopenhauer para a psicanálise, a edição da inedos é a única que enfoca o filósofo pelo lado especificamente psicanalítico. uma pequena curiosidade: o anúncio que a editora publicou no jornal correio da manhã, de 4 de julho de 1954.
fontes: Fundação Biblioteca Nacional, Hemeroteca Digital da FBN, Sociedade Schopenhauer do Brasil, Bibliografia Filosófica Brasileira 1808/1985, sebos virtuais, Google Images
Published on June 28, 2015 17:56
hermann hesse traduzido no brasil
transcrevo o excelente levantamento de gunther gottschalk, por ordem cronológica, disponível aqui, reproduzido também aqui:
Traduções das obras de Hermann Hesse no Brasil
1935 O lobo da estepe. (Der Steppenwolf). Trad. Augusto de Souza. São Paulo: Cultura
Brasileira. (Coleção literatura moderna).
1964 Demian. História da juventude de Emil Sinclair. Trad. Augusto de Souza. Rio de
Janeiro: Cultura Brasileira. - sobre este título, ver minhas dúvidas aqui.
1965 Demian. História da juventude de Emil Sinclair. Trad. Ivo Barroso. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
1965 Sidarta. (Siddhartha). Trad. Herbert Caro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
1968 O lôbo da estepe. (Der Steppenwolf). Trad. Ivo Barroso. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
1969 Contos. (Märchen). Trad. Angelina Peralva. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
1969 Narciso e Goldmund. (Narziß und Goldmund). Trad. Myriam Moraes Spiritus. Rio de
Janeiro: Distribuidora Record.
1969 O jôgo das contas de vidro. Ensaio de biografia do magister Ludi José Servo, acrescida
de suas obras póstumas. (Das Glasperlenspiel). Trad. Lavínia Abranches Viotti, Flávio Vieira
de Souza. Rio de Janeiro: Distribuidora Record.
1970 Knulp. Trad. Eglê Malheiros. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
1970 O livro das fábulas. (Fabulierbuch). Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
1971 Debaixo das rodas. (Unterm Rad). Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. Reed. em 1983 com o título Menino prodígio.
1971 Gertrud. Trad. Mário da Silva. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
1971 Pequeno mundo. (Kleine Welt). Trad.. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
1971 Rosshalde. Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
1971 Viagem ao Oriente. (Die Morgenlandfahrt). Trad. Lêda Maria Gonçalves Maia. Rio de
Janeiro: Editora Record.
1972 Este lado da vida. (Diesseits). Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
1972 Peter Camenzind. Trad. Myriam Moraes Spiritus. São Paulo: Brasiliense.
1972 Rosshalde. Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
1972 O lôbo de estepe. (Der Steppenwolf). Trad. Ivo Barroso. Rio de Janeiro:Civilização Brasileira (Biblioteca do leitor moderno, 95).
1974 Sobre a guerra e a paz. (Krieg und Frieden). Trad. Lya Luft. Rio de Janeiro:
Distribuidora Record.
1974 Hermann Lauscher. Trad. Eloísa Breda Ferreira. São Paulo: Brasiliense.
1976 Andares. Antologia poética. (Stufen. Ausgewählte Gedichte). Trad. Geir Campos. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira.
1976 Minha Vida. (Erzählungen). Trad. Affonso Blacheyre. Rio de Janeiro: Arte Nova.
1976 O último verão de Klingsor. (Klingsors letzter Sommer. Klein und Wagner.
Kinderseele). Trad. Pinheiro de Lemos. Rio de Janeiro: Distribuidora Record.
1976 Para ler a pensar. Pensamentos extraidos de seus livros e cartas. (Lektüre für Minuten).
Trad. Bélchior Cornelio da Silva. Rio de Janeiro: Distribuidora Record.
1977 A arte dos ociosos. (Die Kunst des Müßiggangs). Trad. Paul Schenetzer, Mathilde Latja.
Rio de Janeiro: Distribuidora Record.
1977 Minha Fé. (Mein Glaube). Trad. Luiza L. Leite Ribeiro. Rio de Janeiro: Editora Record.
1977 Obstinacao. (Eigensinn). Trad. Bélchior Cornelio da Silva. Rio de Janeiro: Editora
Record.
1977 Pequenas alegrias. (Kleine Freuden). Trad. Lya Luft. Rio de Janeiro: Editora Record.
1977 Vivências. Trechos escolhidos. (Erzählungen). Trad. Lya Luft. Rio de Janeiro: Editora
Record.
1978 Caminhada. (Wanderung). Trad. Ildikó Maria Jávor. Rio de Janeiro: Editora Record.
1978 Para ler e guardar. (Lektüre für Minuten, Neue Folge.) Trad. Belchior Cornelio da Silva.
Rio de Janeiro: Editora Record.
1980 Correspondência entre amigos. (Hermann Hesse, Thomas Mann, Briefwechsel.) Trad. Lya
Luft. Rio de Janeiro: Editora Record.
1980 [1976?] Histórias medievais, compiladas por Hermann Hesse. (Geschichten aus dem Mittelalter, hrsg. von Hermann Hesse.) Trad. Lya Luft. São Paulo: Distribuidora Record.
1980 Narrativas. Textos escolhidos. (Erzählungen). Trad. und Vorwort: Lya Luft. Rio de
Janeiro: Distribuidora Record.
1982 ersch. Demian. (Demian). Ber. Brasilien. Trad. Ivo Barroso. Distribuidora Record.
1982 ersch. O jogo das contas de vidro. (Ber. Brasilien). (Das Glasperlenspiel). Trad. Lavinia
Abranches Viotti e Flavio Vieira de Souza. Distribuidora Record.
1983 Este lado da vida. (Diesseits.) Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Distribuidora Record.
1983 Viagem ao oriente. (Die Morgenlandfahrt.) Trad. Leda Maria Conçalves Maia. Rio de
Janeiro: Distribuidora Record.
1983 Sonho de uma flauta; e outros contos. (Märchen). Trad. Angelina Peralva. Rio de
Janeiro: Editora Record.
1983 Transformaçoes. (Piktors Verwandlungen. Ausgewählte Gedichte). Nachwort von
Volker Michels. Trad. Lya Luft. Rio de Janeiro. Editora Record.
1984 ersch. Este lado da vida. (Diesseits). Ber. Brasilien. Trad. Alvaro Cabral. Distribuidora
Record.
1987 O caderno de Sinclair. (Sinclairs Notizbuch). Com aquarelas do autor. Trad. Marija
Cesar Mendes Bezerra. Rio de Janeiro: Editora Record.
1999 ersch. Felicidade. (Glück). Trad. Lya Luft. Editora Record.
obs.: acrescentem-se os seguintes títulos:
1986 Quem pode amar é feliz. Trad Luis Montez. Rio de Janeiro: Record.
2010 A infância do mago. Trad. Samuel Titan Jr. Coleção Sabor Literário. Rio de Janeiro: José Olympio.
Traduções das obras de Hermann Hesse no Brasil
1935 O lobo da estepe. (Der Steppenwolf). Trad. Augusto de Souza. São Paulo: Cultura
Brasileira. (Coleção literatura moderna).
1964 Demian. História da juventude de Emil Sinclair. Trad. Augusto de Souza. Rio de
Janeiro: Cultura Brasileira. - sobre este título, ver minhas dúvidas aqui.
1965 Demian. História da juventude de Emil Sinclair. Trad. Ivo Barroso. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
1965 Sidarta. (Siddhartha). Trad. Herbert Caro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
1968 O lôbo da estepe. (Der Steppenwolf). Trad. Ivo Barroso. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
1969 Contos. (Märchen). Trad. Angelina Peralva. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
1969 Narciso e Goldmund. (Narziß und Goldmund). Trad. Myriam Moraes Spiritus. Rio de
Janeiro: Distribuidora Record.
1969 O jôgo das contas de vidro. Ensaio de biografia do magister Ludi José Servo, acrescida
de suas obras póstumas. (Das Glasperlenspiel). Trad. Lavínia Abranches Viotti, Flávio Vieira
de Souza. Rio de Janeiro: Distribuidora Record.
1970 Knulp. Trad. Eglê Malheiros. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
1970 O livro das fábulas. (Fabulierbuch). Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
1971 Debaixo das rodas. (Unterm Rad). Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. Reed. em 1983 com o título Menino prodígio.
1971 Gertrud. Trad. Mário da Silva. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
1971 Pequeno mundo. (Kleine Welt). Trad.. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
1971 Rosshalde. Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
1971 Viagem ao Oriente. (Die Morgenlandfahrt). Trad. Lêda Maria Gonçalves Maia. Rio de
Janeiro: Editora Record.
1972 Este lado da vida. (Diesseits). Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
1972 Peter Camenzind. Trad. Myriam Moraes Spiritus. São Paulo: Brasiliense.
1972 Rosshalde. Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
1972 O lôbo de estepe. (Der Steppenwolf). Trad. Ivo Barroso. Rio de Janeiro:Civilização Brasileira (Biblioteca do leitor moderno, 95).
1974 Sobre a guerra e a paz. (Krieg und Frieden). Trad. Lya Luft. Rio de Janeiro:
Distribuidora Record.
1974 Hermann Lauscher. Trad. Eloísa Breda Ferreira. São Paulo: Brasiliense.
1976 Andares. Antologia poética. (Stufen. Ausgewählte Gedichte). Trad. Geir Campos. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira.
1976 Minha Vida. (Erzählungen). Trad. Affonso Blacheyre. Rio de Janeiro: Arte Nova.
1976 O último verão de Klingsor. (Klingsors letzter Sommer. Klein und Wagner.
Kinderseele). Trad. Pinheiro de Lemos. Rio de Janeiro: Distribuidora Record.
1976 Para ler a pensar. Pensamentos extraidos de seus livros e cartas. (Lektüre für Minuten).
Trad. Bélchior Cornelio da Silva. Rio de Janeiro: Distribuidora Record.
1977 A arte dos ociosos. (Die Kunst des Müßiggangs). Trad. Paul Schenetzer, Mathilde Latja.
Rio de Janeiro: Distribuidora Record.
1977 Minha Fé. (Mein Glaube). Trad. Luiza L. Leite Ribeiro. Rio de Janeiro: Editora Record.
1977 Obstinacao. (Eigensinn). Trad. Bélchior Cornelio da Silva. Rio de Janeiro: Editora
Record.
1977 Pequenas alegrias. (Kleine Freuden). Trad. Lya Luft. Rio de Janeiro: Editora Record.
1977 Vivências. Trechos escolhidos. (Erzählungen). Trad. Lya Luft. Rio de Janeiro: Editora
Record.
1978 Caminhada. (Wanderung). Trad. Ildikó Maria Jávor. Rio de Janeiro: Editora Record.
1978 Para ler e guardar. (Lektüre für Minuten, Neue Folge.) Trad. Belchior Cornelio da Silva.
Rio de Janeiro: Editora Record.
1980 Correspondência entre amigos. (Hermann Hesse, Thomas Mann, Briefwechsel.) Trad. Lya
Luft. Rio de Janeiro: Editora Record.
1980 [1976?] Histórias medievais, compiladas por Hermann Hesse. (Geschichten aus dem Mittelalter, hrsg. von Hermann Hesse.) Trad. Lya Luft. São Paulo: Distribuidora Record.
1980 Narrativas. Textos escolhidos. (Erzählungen). Trad. und Vorwort: Lya Luft. Rio de
Janeiro: Distribuidora Record.
1982 ersch. Demian. (Demian). Ber. Brasilien. Trad. Ivo Barroso. Distribuidora Record.
1982 ersch. O jogo das contas de vidro. (Ber. Brasilien). (Das Glasperlenspiel). Trad. Lavinia
Abranches Viotti e Flavio Vieira de Souza. Distribuidora Record.
1983 Este lado da vida. (Diesseits.) Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Distribuidora Record.
1983 Viagem ao oriente. (Die Morgenlandfahrt.) Trad. Leda Maria Conçalves Maia. Rio de
Janeiro: Distribuidora Record.
1983 Sonho de uma flauta; e outros contos. (Märchen). Trad. Angelina Peralva. Rio de
Janeiro: Editora Record.
1983 Transformaçoes. (Piktors Verwandlungen. Ausgewählte Gedichte). Nachwort von
Volker Michels. Trad. Lya Luft. Rio de Janeiro. Editora Record.
1984 ersch. Este lado da vida. (Diesseits). Ber. Brasilien. Trad. Alvaro Cabral. Distribuidora
Record.
1987 O caderno de Sinclair. (Sinclairs Notizbuch). Com aquarelas do autor. Trad. Marija
Cesar Mendes Bezerra. Rio de Janeiro: Editora Record.
1999 ersch. Felicidade. (Glück). Trad. Lya Luft. Editora Record.
obs.: acrescentem-se os seguintes títulos:
1986 Quem pode amar é feliz. Trad Luis Montez. Rio de Janeiro: Record.
2010 A infância do mago. Trad. Samuel Titan Jr. Coleção Sabor Literário. Rio de Janeiro: José Olympio.
Published on June 28, 2015 16:03
o problema da crítica de fontes: um exemplo de hermann hesse no brasil
sempre nesse intuito de reconstituir o passado tradutório que compõe nossa formação cultural e nosso patrimônio bibliográfico, eis um dado que, a meu ver, não procede:
1935 O lobo da estepe. (Der Steppenwolf). Trad. Augusto de Souza. São Paulo: Cultura brasileira. (Coleção literatura moderna).
1964 Demian. História da juventude de Emil Sinclair. Trad. Augusto de Souza. Rio de Janeiro: Cultura Brasileira.
1965 Demian. História da juventude de Emil Sinclair. Trad. Ivo Barroso. Rio de Janeiro: Ed. civilização brasileira.
encontrei essa referência num ótimo estudo sobre a recepção crítica de hermann hesse no brasil (1935-2005), de joão paulo francisco de souza, disponível aqui, à p. 293, dando como fonte o site de gunther gottschalk, professor emérito de letras germânicas na universidade da califórnia, um trabalho incrivelmente exaustivo e magnífico sobre hermann hesse, http://www.gss.ucsb.edu/projects/hesse/.
pequenos lapsos, sobretudo em projetos de tal envergadura como o do prof. gunther, são inevitáveis. pesquisadores que recorrem a quaisquer fontes secundárias - e mesmo primárias - nunca farão mal em cotejar a veracidade das informações e buscar outras referências corroboradoras. esse procedimento, chamado de "crítica das fontes", é uma regra metodológica básica para qualquer trabalho historiográfico.
no caso presente, não foi o que aconteceu, e assim temos reproduzido um dado inverossímil, qual seja, que a primeira tradução de demian teria sido feita por augusto de souza e teria sido publicada pela cultura brasileira em 1964. ora, ocorre que a editora cultura brasileira encerrou suas atividades em 1938 (e, ademais, era de são paulo e não do rio de janeiro) e, portanto, não teria como publicar nada em 1964, ainda por cima uma misteriosa tradução que jamais fora publicada em lugar nenhum antes de 1964, sendo que augusto de souza, se ainda estava em vida, já há algum tempo não traduzia mais nada, acrescendo-se ainda que a única referência a tal edição é esse mesmo arrolamento, que foi utilizado sem a necessária crítica da fonte.
minha impressão é que houve um empastelamento involuntário nas linhas referentes aos verbetes de 1964 e 1965 no site do prof. gunther - que no entanto, repito, tem servido de fonte para pesquisadores brasileiros sem apuração ulterior. essa hipótese tornaria compreensível a troca entre Cultura Brasileira e Civilização Brasileira, entre São Paulo e Rio de Janeiro, bem como a manutenção do mesmo título exato para as duas aparentes edições - na verdade sendo apenas uma, a de 1965, esta sim a primeira tradução de demian no brasil, na lavra de ivo barroso.
augusto de souza traduziu hermann hesse, sim, para a paulista cultura brasileira, sim, em 1935: o lobo da estepe. foi a primeira obra de hesse traduzida e publicada em livro entre nós. mas, até onde sei e até prova em contrário, este foi o único hesse que a editora de galeão coutinho publicou, e foi o único hesse que augusto de souza traduziu.
1935 O lobo da estepe. (Der Steppenwolf). Trad. Augusto de Souza. São Paulo: Cultura brasileira. (Coleção literatura moderna).
1964 Demian. História da juventude de Emil Sinclair. Trad. Augusto de Souza. Rio de Janeiro: Cultura Brasileira.
1965 Demian. História da juventude de Emil Sinclair. Trad. Ivo Barroso. Rio de Janeiro: Ed. civilização brasileira.
encontrei essa referência num ótimo estudo sobre a recepção crítica de hermann hesse no brasil (1935-2005), de joão paulo francisco de souza, disponível aqui, à p. 293, dando como fonte o site de gunther gottschalk, professor emérito de letras germânicas na universidade da califórnia, um trabalho incrivelmente exaustivo e magnífico sobre hermann hesse, http://www.gss.ucsb.edu/projects/hesse/.
pequenos lapsos, sobretudo em projetos de tal envergadura como o do prof. gunther, são inevitáveis. pesquisadores que recorrem a quaisquer fontes secundárias - e mesmo primárias - nunca farão mal em cotejar a veracidade das informações e buscar outras referências corroboradoras. esse procedimento, chamado de "crítica das fontes", é uma regra metodológica básica para qualquer trabalho historiográfico.
no caso presente, não foi o que aconteceu, e assim temos reproduzido um dado inverossímil, qual seja, que a primeira tradução de demian teria sido feita por augusto de souza e teria sido publicada pela cultura brasileira em 1964. ora, ocorre que a editora cultura brasileira encerrou suas atividades em 1938 (e, ademais, era de são paulo e não do rio de janeiro) e, portanto, não teria como publicar nada em 1964, ainda por cima uma misteriosa tradução que jamais fora publicada em lugar nenhum antes de 1964, sendo que augusto de souza, se ainda estava em vida, já há algum tempo não traduzia mais nada, acrescendo-se ainda que a única referência a tal edição é esse mesmo arrolamento, que foi utilizado sem a necessária crítica da fonte.
minha impressão é que houve um empastelamento involuntário nas linhas referentes aos verbetes de 1964 e 1965 no site do prof. gunther - que no entanto, repito, tem servido de fonte para pesquisadores brasileiros sem apuração ulterior. essa hipótese tornaria compreensível a troca entre Cultura Brasileira e Civilização Brasileira, entre São Paulo e Rio de Janeiro, bem como a manutenção do mesmo título exato para as duas aparentes edições - na verdade sendo apenas uma, a de 1965, esta sim a primeira tradução de demian no brasil, na lavra de ivo barroso.
augusto de souza traduziu hermann hesse, sim, para a paulista cultura brasileira, sim, em 1935: o lobo da estepe. foi a primeira obra de hesse traduzida e publicada em livro entre nós. mas, até onde sei e até prova em contrário, este foi o único hesse que a editora de galeão coutinho publicou, e foi o único hesse que augusto de souza traduziu.
Published on June 28, 2015 09:45
June 27, 2015
troca de nomes
no levantamento da obra de roberto louis stevenson no brasil que estou fazendo nas últimas semanas, encontrei uma bizarrice. bom, bizarrices há várias - desde as "traduções especiais" de josé maria machado pelo clube do livro e as descaradas apropriações da martin claret de traduções alheias até as traduções sem crédito que muito provavelmente são contrafações.
mas esta que encontrei hoje não parece indicar nenhuma má fé, apenas alguma confusão no meio do caminho. o caso é o seguinte:
até 1933, não havia nenhum livro de stevenson traduzido no brasil. aí, a partir de 1933, houve um pequeno corre-corre da companhia editora nacional, em são paulo, e da livraria do globo, em porto alegre, para publicar obras dele. entre 1933 e 1934 saiu uma enxurradinha, cinco livros em rápida sucessão: a ilha do tesouro, o clube dos suicidas e raptado, pela nacional; aventuras de david balfour em 1751 e outro a ilha do tesouro, pela globo. nesta editora, balfour saiu em tradução de fernando pio e a ilha do tesouro em tradução de pepita de leão. ver aqui.
pois muito que bem.
passando para a segunda parte de meu levantamento, encontro as aventuras de david balfour pela l&pm, em 1984. a tradução vem em nome de pepita leão, com licenciamento feito junto à globo. acontece que, até onde sei, a única obra de stevenson que pepita de leão traduziu na vida (1875-1945) foi, justamente, aquela ilha do tesouro de 1934 para a globo. balfour, foi fernando pio.
comparando os textos (tenho as duas edições em casa, a da globo de 1933 e a da l&pm de 1984), vejo que são os mesmos. pois claro - a troco do quê uma editora faria um contrato de licenciamento para publicar uma tradução do catálogo de outra editora, se não fosse para usá-la?
acabei concluindo que deve ter havido uma troca involuntária de nomes, um lapso aí no meio da contratação do direito de uso. ainda mais depois que a globo gaúcha foi adquirida pela globo de roberto marinho, creio que uma boa parte daquele catálogo enorme deve ter ficado meio às traças; sabe-se lá.
como meu interesse é sempre com os percursos históricos da tradução no brasil, nosso patrimônio traduzido, nossa memória cultural e tudo isso, fiquei meio preocupada - vai que, ao longo de décadas e de reedições de david balfour supostamente traduzido por pepita de leão, as pessoas acabem achando que é isso mesmo. assim, escrevi à editora, colocando minha dúvida e tentando deslindar o mistério.
mas esta que encontrei hoje não parece indicar nenhuma má fé, apenas alguma confusão no meio do caminho. o caso é o seguinte:
até 1933, não havia nenhum livro de stevenson traduzido no brasil. aí, a partir de 1933, houve um pequeno corre-corre da companhia editora nacional, em são paulo, e da livraria do globo, em porto alegre, para publicar obras dele. entre 1933 e 1934 saiu uma enxurradinha, cinco livros em rápida sucessão: a ilha do tesouro, o clube dos suicidas e raptado, pela nacional; aventuras de david balfour em 1751 e outro a ilha do tesouro, pela globo. nesta editora, balfour saiu em tradução de fernando pio e a ilha do tesouro em tradução de pepita de leão. ver aqui.
pois muito que bem.
passando para a segunda parte de meu levantamento, encontro as aventuras de david balfour pela l&pm, em 1984. a tradução vem em nome de pepita leão, com licenciamento feito junto à globo. acontece que, até onde sei, a única obra de stevenson que pepita de leão traduziu na vida (1875-1945) foi, justamente, aquela ilha do tesouro de 1934 para a globo. balfour, foi fernando pio.
comparando os textos (tenho as duas edições em casa, a da globo de 1933 e a da l&pm de 1984), vejo que são os mesmos. pois claro - a troco do quê uma editora faria um contrato de licenciamento para publicar uma tradução do catálogo de outra editora, se não fosse para usá-la?
acabei concluindo que deve ter havido uma troca involuntária de nomes, um lapso aí no meio da contratação do direito de uso. ainda mais depois que a globo gaúcha foi adquirida pela globo de roberto marinho, creio que uma boa parte daquele catálogo enorme deve ter ficado meio às traças; sabe-se lá.
como meu interesse é sempre com os percursos históricos da tradução no brasil, nosso patrimônio traduzido, nossa memória cultural e tudo isso, fiquei meio preocupada - vai que, ao longo de décadas e de reedições de david balfour supostamente traduzido por pepita de leão, as pessoas acabem achando que é isso mesmo. assim, escrevi à editora, colocando minha dúvida e tentando deslindar o mistério.
Published on June 27, 2015 17:36
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