Izzy Nobre's Blog, page 17
April 20, 2016
[ Com o que estou procrastinando hoje? ] Titanic afundando em tempo real
Começo este post parafraseando os clássicos vendedores de balinha no ônibus: eu deveria estar estudando, deveria estar malhando — é curioso como eles anunciam seu status de não-ladrão e não-homicida como se estivessem nos fazendo um imenso favor, aliás –, mas em vez disso estou vendo uma animação que mostra todo o processo de “afundamento” do titânico Titanic.
Sim, “afundamento”. Estou com preguiça de verificar a validez dessa palavra.
Olha a parada. Mas espero que você tenha um tempinho livre, porque o vídeo tem quase 3 horas de duração:
Eu ia até fazer a piada que o longuíssimo vídeo, que foi feito pra promover um joguinho novo baseado no navio, é quase tão longo quanto o filme homônimo do James Cameron. Aí googleei e lembrei porque o filme vinha em duas fitas VHS — aquela porra tinha três horas e meia de duração.
Fica a esperança de que os devs do jogo consigam levantar a grana que precisam. Não pra terminar o game, mas pra atualizar esse site aparentemente feito em 2004.

April 18, 2016
O fenômeno do bike lanche
Como já mencionei aqui algums vezes, eu cursei Bacharelado de Física na Universidade Federal do Maranhão — em boa parte inspirado pela minha tia, aliás, que é uma cientista foda da área. Naquela época, eu sobrevivi graças à inventividade e empreendedorismo de jovens da região que uniram a habilidade de algum conhecido (talvez eles mesmos?) de preparar quitutes, com a mobilidade de baixo custo de uma bicicleta parcelada em 76 vezes nas Casas Bahia: o fantástico bike lanche.
Por causa dos anos anos em que estudei na UFMA, a visão de um bike lanchista (bike lancheiro?) era um disparador psicológico de emoções intensas de alívio e felicidade. Tal qual o cachorro de Pavlov, que salivava ao ouvir uma campainha, se eu vejo hoje um sujeito levando uma caixa na garupa de uma bicicleta eu fico instantaneamente com água na boca.
De acordo com o Google Imagens, existiam bem mais metodologias diferentes para o bike lanche do que eu conhecia. A estrutura que eu frequentemente via lá na UFMA era sempre uma combinação de “vitrine” com salgadinhos na frente (uma versão miniaturizada das que vemos em
Os bike lanchers da região ficavam ali orbitando o Centro Tecnológico da faculdade, a espreita dos estudantes com pouco dinheiro mas muita fome. O rapaz parava a bicicleta/lanchonete ali na frente do CT e esperava os alunos esfomeados cercar sua bicicleta. Era realmente outra época — com 50 centavos você comprava um pastel E um copo de suco de maracujá. Mesmo pros padrões low budget da confecção daqueles salgadinhos caseiros, é de espantar que custasse tão pouco. Os early 2000’s eram realmente outro mundo.
Havia um sujeito que praticava o bike lanche também lá na frente da Aço Maranhão, uma empresa de distribuição de aço onde trabalhei no Brasil — só que não era a mesma coisa. Acho que a diferença crucial é que na época, como eu já trabalhava, tinha acesso a mais dinheiro. Eu podia comer onde quisesse, quando quisesse, sem precisar depender da opção de baixo orçamento. Se o bike lanche atrasasse lá no serviço, eu ia na padaria no outro quarteirão. E às vezes ia mesmo que ele não atrasasse.
Mas na UFMA? Tendo no bolso 70 centavos e talvez um vale-transporte (que eles também aceitável, diga-se de passagem — na periferia da capital maranhense, como imagino que em muitas outras do nosso país, vale-transporte eram um papel-moeda paralelo), o bike lanche fazia a diferença entre uma existência relativamente confortável e a agonia de só comer quando chegasse em casa 6 ou 7 horas mais tarde.
A inventividade do bike lanche não chegou aqui nas terras do norte. Talvez porque o clima não é propício a bicicletas por quase metade do ano, talvez porque gringos não são exatamente super chegados em soluções low budget de comida. Pros norte americanos, comida low budget é um McDonalds da vida; já os pé-sujo onde eu comia no Brasil (por exemplo, lanchonete de terminal de ônibus onde moscas voavam sem cerimônia dentro da própria “vitrine” das coxinhas e pasteis”) chocariam minha esposa.
Um dos nomes a que se convencionou chamar esse tipo de estabelecimento no Brasil é “podrão”; a RAFAEL LANCHES ali do terminal da Lagoa (onde este texto aconteceu, aliás) fazia jus a esse nome.
Que saudade do bike lanche.

April 17, 2016
Episódio 3: Papel Alumínio e Dente Arrancado
OLAR AMIGO. Hoje é domingo, então você já sabe: trago mais um episódio do seu podcast favorito — que é por coincidência também O MELHOR PODCAST DO BRASIL. Bote pra tocar aí no seu churrasco comemorativo do impeachment.
SOLTA O SOM DJ
No episódio de hoje, falamos sobre a dupla de intelectuais da criminalidade que tentaram roubar um BOI (boi lá é coisa que se roube, porra?!) e não satisfeitos com a presepada, enfiam o bovino num Fiat Uno. Em seguida, a triste sina de um rapaz que inventou de meter uma mandioca no cu pra ver se dava barato — e no final deu caro. Muito caro.
Prosseguindo, aprendemos que papel alumínio não é o suficiente pra dar um dibre nos sistemas de segurança de um banco, e nos compadecemos com a história de Donny, que numa tristíssima história perdeu todos os seus dentes após uma ida ao dentista. A solução aqui é clara, nunca vá ao dentista.
►Notícias comentadas
Malandro rouba boi e coloca dentro de um Fiat Uno, porque afinal isso tinha tudo pra dar certo
Mandioca vira brinquedo erótico
Gênios fazem cosplay do Surfista Prateado para tentar furtar banco
Americano vai a dentista para extrair quatro dentes e acaba banguela
►Vídeos comentados
Uma mandioca sendo removida do cu de um pobre infeliz desmoralizado
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April 11, 2016
[ Pergunta do Dia ] O que te atrai num criador de conteúdo?
Quando eu comecei o HBD em 2002 (!!!), era fácil definir o que eu fazia: eu postava num blog. Eu era um blogueiro. Pronto.
Anos mais tarde com o advento do YouTube e de câmeras acessíveis, pus minha cara feia nas internets e aí virei blogueiro E vlogueiro — um vagabundo em dobro.
Pouco tempo depois comecei um podcast com o Jurandir Filho, o 99Vidas. Aí além de blogueiro e vlogueiro, tornei-me também um radialista internético. Um podcaster.
Lancei um livro. Blogueiro, vlogueiro, podcaster, autor.
Comecei a fazer streams no Twitch. Blogueiro, vlogueiro, podcaster, autor, streamer.
Já é bastante coisa pra fazer, especialmente se você considerar que eu trabalho E estudo E tenho uma esposa com quem dividir minha atenção.
Por causa de todas essas atividades, eu não sei mais o que me define na internet. O que me traz mais views/paga mais contas é o vlog; entretanto, eu comecei com um blog, então me vejo sempre como blogueiro em primeiro lugar (por mais que o HBD esteja um pouco negligenciado ultimamente). Aliás, é curioso — lá nos idos de 2012 ou 2013, quando meu vlog começou a ter uma certa ascenção, a maioria das pessoas com quem eu esbarrava aí pela vida diziam que adoravam meu vlog, e só. Não citavam o HBD.
(Se pá tem uma fração grande dos meus inscritos que nem sabem que eu tenho um blog)
O que gerava uma sensação estranha de ciúme, porque eu levava meu canal no YT na época com total casualidade, e quase me ofendia que os textos que eu produzia com muito mais esmero estavam ficando em segundo lugar pra vídeos que eu fazia de qualquer jeito. Dava quase vontade de falar “tá, ok, vídeos, whatever. Mas você lê meu blog????”. É bizarro, mas chegava a me dar uma pontinha de raiva quando eu esbarrava com algum brasileiro aqui no Canadá e o sujeito me identificava como vlogger e não como blogueiro.
Por outro lado, tem MUITA gente que só me acompanha pelo 99vidas, por exemplo — pra estes, eu sou um podcaster e nada mais.
E é por isso que a alcunha meio nebulosa de “produtor de conteúdo” é a que mais se adequa a mim. Tal qual o pato, que é um animal aquático, terrestre, e ainda por cima voa, minha hiperatividade de produção desafia uma definição muito específica. Falando nisso, se o pato é tão capaz em tantas áreas, por que o adjetivo “patético” tem conotação negativa?!

Até herói da democracia ele é
Existe um termo no mundo de negócios chamado “core competencies”, que significa mais ou menos “aquilo no qual somos realmente bons”. É fundamental pra empresas identificar seus core competencies pra que possam investir tempo e energia justamente neles, e abandonar projetos paralelos que gerem menos rendimento.
E por isso às vezes eu me pergunto — quais sao os MEUS core competencies? Tenho minha teoria, mas a minha própria visão é extremamente limitada. Queria saber o que o pessoal que me acompanha acha. É poder mostrar a vida no Canadá? É tentar abordar situações com imparcialidade (o que me rende alternativamente as alcunhas de coxinha num vídeo e petralha no outro)? É contar histórias em que me fodo?
Tem dois criadores de conteúdo que eu acompanho fielmente.
Esse é o Tim Urban, o autor do WaitButWhy. Considero o WBW o melhor blog da internet, e não apenas da internet atual — a qualidade do WBW o torna retroativamente/atemporalmente melhor que qualquer outro blog passado também. O Tim tem um talento incomum de pegar um assunto que muitas pessoas não entendem bem (como, digamos, criogenia ou os perigos de inteligência artificial) e fazer posts gigantes destrinchando toda a parada com um senso de humor literalmente invejável. Quem me dera ser tão engraçado quanto ele.
Seja quando ele está viajando pelo mundo e escrevendo textos fantásticos sobre os países em que acabou indo parar, ou simplesmente descrevendo arte medieval inusitada de uma forma hilária, basicamente tudo que o cara produz é de altíssima qualidade e é garantidamente cheio de insights incríveis ou fenomenalmente engraçado. Ok agora vou parar de lamber as bolas dele porque meu pescoço já tá começando a doer.
Eu diria que a core competency do Tim é sua capacidade de explicar assuntos de forma interessante, e seu estilo de escrita lembra muito o tom de uma conversa informal.
O meu outro criador de conteúdo favorito no momento é o…
…Casey Neistat. Mas se você me acompanha no Twitter isto não é uma surpresa pra você.
O Casey é um vlogger americano bastante popular, com mais de dois milhões de inscritos. O cara é expert em storytelling, ou seja — pegar o seu dia a dia e transformar isso numa pequena narrativa com começo, meio e fim, editados com uma veia meio cinematográfica — trilha sonora, cenas em timelapse, tomadas com câmera pré-estabelecida numa posição como se fosse uma câmera de filme e ele estivesse quebrando a quarta parede ao entrar no frame e falar diretamente com ela.
O Casey me motiva a produzir com mais frequência e com mais qualidade. Com pouquíssimas exceções eu gosto de praticamente tudo que ele faz, e eu me identifico com o estilo de vida louco dele de fazer mil coisas ao mesmo tempo (marido, vlogger, CEO de uma empresa de tecnologia). Eu diria que essas são as core competencies dele — a garra de produzir conteúdo não importa o que, e a capacidade de fazer um dia relativamente normal parecer interessante o bastante através do poder da edição e do storytelling.
Não que o cara seja acima de qualquer crítica. Como ele expõe muito de sua vida pessoal, inevitavelmente algumas… particularidades de sua personalidade acabam emergindo, e estas são decididamente menos atraentes que outras. Sua insistência em voar seus drones em zonas populadas, acima de linhas de alta tensão, e em locais como o Rio Hudson em New York, que é uma movimentada linha de aproximação final de um dos maiores aeroportos do mundo gera muitíssimo incomodo mesmo entre o fandom do cara.
Aliás, o subreddit dedicado ao cara é repleto de críticas ao comportamento às vezes meio histriônico dele — como por exemplo, dar chilique porque a American Airlines não renovou um agrado que dava pro malandro, o que o fez soar como uma criança mimada, ou reclamar que “copiam” seu estilo quando é bastante notável que ele modelou muito de sua imagem (e seus vídeos, e a própria aparência do estúdio dele) no Tom Sachs, um artista e cineasta novaiorquino.
Apesar disso, é bacana acompanhar o dia a dia do Neistat. Eu diria que suas core competencies é a habilidade com a câmera, e em narrar o cotidiano de forma interessante.
Que criadores de conteúdo você acompanha, e por que?

April 9, 2016
MPB 2: A VHS e a Cabra
Saudações, fãs da podosfera brasileira! Aliás, “podosfera” soa como uma comunidade de pessoas com fetiche por pés. Vamos nunca mais usar essa palavra. Aqui está mais um episódio d’O MELHOR PODCAST DO BRASIL!
A propósito, o termo era é brincadeira mas talvez nem tanto — dois dias depois do lançamento, os ouvintes me informaram que já somos o podcast brasileiro número 1 na categoria de comédia!

Desculpem, amigos do MRG!
TÁ TRANQUILO E SIMULTANEAMENTE FAVORÁVEL. Mas vamos ao episódio de hoje:
Na edição de hoje, meu colega e amigo Evandro Freitas e eu exploramos o fenômeno de uma cabra que descobriu métodos anti-gravidade (ou apenas a primeira instância de um animal usando uma tirolesa espontaneamente?); um sujeito que foi enquadrado pelos homi, ao vivo e em flagrante delito no meio da rua, pelo hediondo crime de “não devolver uma VHS que ele alugou em 2002”.
Além disso temos um velho desorientado que tentou tirar fotos pra um passaporte e, bem, a quarta foto chocará você. Finalmente, a tragicômica história de um cara que dirigiu 10km com a (a esta altura, talvez ex-)mulher se segurando desesperadamente no teto do seu veículo. Tinha que ser na Flórida.
►Notícias comentadas
Cabra fica presa no fio elétrico
Homem vai preso por não devolver um VHS
Idoso tenta tirar foto pra passaporte, deu ruim, e viraliza nas redes sociais
Malandro dirige 10km com a esposa se segurando no teto do carro
►Vídeos comentados
O sujeito que foi preso por não devolver o VHS se explica
“BODE LOUCO ATACA PESSOAS EM LONDRINA/PR”
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April 5, 2016
Teste
Esses negócio de podcast é dícil pra caralho. Tô fazendo experiências pra melhorar o feed aqui dessa porra e garantir que tá tudo direitinho pra que eu não exploda a parada quando precisar fazer modificações.
Guentem aí, tá?
vamo ser se vai esse LIXO agora.

April 3, 2016
O Melhor Podcast do Brasil – Primeiro de Abril
OLÁ! Lembram do finado HBDcast, que deus o tenha?
Provavelmente não, os arquivos se perderam pra todo sempre nas areias do tempo e acho que só 4 pessoas, contando eu, ouviram aquele lendário programa. Bem, teve um pessoal pedindo um retorno de um podcast do HBD. Não sei porque, mas com toda a (falta de) qualidade e assiduidade que é característica de tudo que eu faço na vida, então aí está o MELHOR PODCAST DO BRASIL.
Neste primeiro episódio, como mostra aí o thumbnail caso você não seja cego e caso seja perdão pelo vacilo, falei sobre primeiro de abril — as pegadinhas, as sacanagens, as empresas que pisam na bola e todas as outras putarias sem costumes que se convencionou por tradição aprontar nessa singela data.
Agora que eu paro pra pensar eu bem que poderia ter trazido um pouco mais de cultura pro programa explicando a origem dessa tradição de primeiro de abril. Deixa pro ano que vem.
BAIXA ESSA PORRA RÁPIDO ANTES QUE EU ME ARREPENDA E DELETE TUDO.
Se eu fiz tudo direitinho, e conhecendo a minha pessoa isso é uma proposição completamente hipotética, você pode se cadastrar no programa no seu app favorito de Podcasts usando este RSS aqui.
Emails e comentários poderão ser tanto lidos no próximo programa quanto usados contra você no seu julgamento, então vai com calma aí porra.

Episódio 1: Dia da Mentira
Neste primeiro episódio, discuto um pouco sobre as brincadeiras escrotas e sem noção que certamente arruinarão algumas vidas neste primeiro de abril passado. Seria este próprio podcast um primeiro de abril atrasado, sem jamais receber atualização de um segundo episódio? Veremos na semana que vem.

March 31, 2016
Eita porra: ESTOU SENDO CENSURADO!
Lembram deste vídeo?

Clica aí mano
Então. Há um motivo pelo qual estou postando a versões do Daily Motion e do Facebook em vez do link original do YouTube. A versão que fiz no YouTube será apagada em breve pelo site, porque estou sendo censurado.
É o seguinte. Após a publicação desse vídeo, a notícia se espalhou rapidamente por redutos acadêmicos, e acabou indo parar no grupo de Facebook da UFBA. Alguns apoiaram meus pontos, dizendo que a situação realça problemas com a situação do financiamento de pesquisa no Brasil; outros criticaram, falando que a dissertação tem sim o seu valor social, e que eu não sou exatamente um especialista na área pra julgar o texto do autor em capacidade séria.
Ambos os lados, de certa forma, estão certos.
O próprio autor apareceu na thread pra dar sua opinião:
A resposta do sujeito demonstrou imensa maturidade; imaginei o rapaz tão ocupado com sua vida e seu trabalho acadêmico que mal conseguiu se importar o bastante com minha denúncia/pseudo stand up de YouTube pra escrever uma resposta muito longa no Facebook (e todos sabemos que o Facebook exerce um desejo nos usuários quase incontrolável de escrever justificativas quilométricas). Em vez de protestar contra de qualquer a crítica, ele pareceu até satisfeito com a exposição da dissertação, ainda que sob luz negativa — afinal, o texto “cumpriu seu papel”, vide que é constantemente o centro de discussões.
Uma postura justa. Foi criticado em tom cômico, sentiu-se validado pela polêmica causada pelo tema da dissertação, achou desnecessário prolongar-se no assunto (certamente acostumado a tais críticas e confiante do mérito do próprio trabalho), e fim.
É uma pena que o autor da dissertação (que você pode ler na íntegra aqui e decidir por sua própria conta se tem ou não valor prático/científico/social) pareceu mudar de idéia pouco tempo depois, porque ontem eu recebi uma notificação do YouTube. Nela, o sujeito diz:
“Sou ofendido desde o início do vídeo com palavras de baixo calão e meu nome é citado logo no começo. Sou acusado de prevaricação e corrupção”
E o vídeo foi marcado para ser deletado em 48 horas. Não parece haver opção pra apelo.
Sobre “ofendido”, bem, de certa forma ele foi. Chamei-o, afinal, de “mestre em chupar rolas” — que, apesar de ter claramente um teor satírico, é literalmente verdade. Parece equivalente a chamar alguém de “filho da puta” quando sua mãe de fato trabalha no meretrício. Ofensivo, ok, mas parafraseando 1 Pedro 1:5, creio estar protegido pela fé na verdade.
Citar o nome dele é o ponto de contenção principal aqui. De fato, a política de privacidade do YouTube alerta contra expor dados pessoais de terceiros, uma prática conhecida nas internets como “doxing“. A idéia é impedir que alguém divulgue informações pessoais de desafetos com a intenção de perseguir o sujeito na vida real, on incentivar que outros o façam.
Acho que é bem claro que não é o caso, maaaaaas se seguirmos a política de uso do YouTube ao pé da letra, ele está certo. Não pode, então ele ganha por tecnicalidade.
Entretanto, é preciso distinguir a exposição gratuita de uma pessoa privada, e o comentário crítico sobre uma obra disponibilizada publicamente (com autor também público, visto que seu nome está atrelado ao trabalho), financiada graças a verba pública. Sem querer soar muito presunçoso, eu acredito que um comentário desse tipo — “veja o que os seus impostos pagaram” — tem valor público/social/jornalístico. Quer você concorde com ele ou não.
Aliás, quanto mais errado eu estiver, melhor pro autor, se você parar pra pensar. Li muitos comentários críticos em relação a falhas argumentativas do meu vídeo; pra fins de discussão, vamos supor que 100% do que eu falei está errado. Isso torna a réplica do sujeito ou seus apoiadores ainda mais simples, se é que é necessária. Eles tem o direito de resposta à crítica como preferirem — comentários no vídeo, posts em redes sociais, seu próprio vídeo-resposta, seja lá o que for.
A dissertação tem sim valor antropológico porque blá blá blá blá blá? Ok, sua opinião foi registrada. E quanto mais errado eu estiver na minha “denúncia”, mais peso carrega a sua opinião contrária.
No final das contas, uma idéia foi apresentada (“essa sua dissertação não tem valor e a idéia de que dinheiro público foi gasta nela é ultrajante”), mas nenhuma idéia é à prova de críticas: onde existir erro, aponte-o e bola pra frente. É assim que funciona a ciência, aliás — o conceito de falseabilidade é isso aí. O justo seria deixar ambas — a crítica da dissertação, e a réplica que argumenta seu valor — disponíveis, vencendo assim a que tiver mais peso no Livre Mercado de Ideias.
Mas não foi isso que o sujeito fez. Ao ser criticado, embora aparentasse inicialmente apreciar o debate, o cara mudou de tom e pediu para o YouTube que arbitrasse unilateralmente em seu favor (talvez porque isso seja mais fácil que defender o mérito da dissertação?). Em vez de defender sua dissertação, no que eu imagino que a essa altura ele já deveria ser um expert, ele preferiu calar o crítico. E pior, abusando de uma política do serviço que claramente não tem essa finalidade.
A acusação de “corrupção” e “prevaricação” são ridículas e sequer fazem sentido no contexto do meu vídeo. O único recurso “legal” que ele realmente tem é o uso do seu nome, por causa de uma tecnicalidade.
Eu quero que você entenda e aprecie que não houve “exposição de privacidade” alguma, e usar isso como artifício me cheira a desonestidade e desespero. Houve uma crítica (humorística) de uma obra pública, junto com a implícita porém inevitável crítica do autor, e este pelo jeito não aguentou a onda e resolveu apelar pro totalitarismo da censura.
E meta uma coisa na cabeça, amigo autor da dissertação se estiver lendo este texto: não existe, na ciência (qualquer delas, seja exata, humana, social, econômica, de rolas, whatever) uma idéia imune a críticas. A sua certamente não o é. Nem a minha, aliás.
Ainda que a crítica seja por algum motivo objetivamente errada, a natureza da democracia e liberdade depende direta e exclusivamente do direito ao contraditório. Você pode sempre responder a crítica — meu vídeo e este texto, ao contrário da sua dissertação, veiculam na área de comentário tanto os elogios quanto as refutações –, mas quando você prefere silenciar o crítico, você perdeu a oportunidade de validar seu trabalho e em vez disso queima o próprio filme.
O certo ao ser criticado é dizer “vi o que foi dito, e esta pessoa está errada porque X, Y e Z. Aí estão os fatos, julguem como achar válido”. O errado é agir como se ser alvo de análise é algo completamente absurdo, e usar motivos excusos (tecnicalidades de um termo de serviço) pra censurar a crítica, fazendo de conta que nome de autor de obra pública é dado confidencial.
Amigo autor da dissertação: você já ouviu falar do efeito Streisand? Não precisa nem se dar ao trabalho de ler a página da Wiki sobre o fenômeno porque você vai ter uma lição prática.
A todos os meus seguidores: sintam-se à vontade para baixar o meu vídeo e assim preserva-lo do alcance de totalitários incapazes de discutir idéias.
E sobra-me apenas o espanto de constatar que o cara encara rolas de 25cm (tá na dissertação) mas não uma crítica no YouTube.
Ah, e aqui está meu vídeo sobre o assunto:

March 29, 2016
ALERTA MÁXIMO: personagem de videogame tem bunda! PÂNICO!
Tá vendo essa mina aí em cima? Essa é a Tracer, uma personagem do FPS Overwatch, da Blizzard. Essa é uma das poses de vitória que a menina faz no jogo, após ganhar uma partida. Ou é após matar um oponente? Nem sei, não joguei a parada ainda. Tá em beta fechado.
Acontece que a calça revela que a garota tem uma bunda. Aí já viu — a mesma galera que insiste que ninguém pode ser julgado pela escolha de roupas (de fato, insistem que devem ir pra onde quiserem com qualquer roupa que acharem melhor e ninguém pode fazer generalizações sobre seu caráter por causa disso) insiste que essa escolha de roupas determina que a Tracer é nada senão um objeto sexual.
Eu não sou o primeiro e nem serei o último a apontar a dissonância cognitiva (pra não dizer esquizofrenia mesmo) de “A MINHA ROUPA NÃO DETERMINA QUEM EU SOU, PARE COM ESSE SLUTSHAMING!” e “SE A MOÇA TÁ MOSTRANDO A BUNDA OBVIAMENTE ELA É APENAS UM OBJETO SEXUAL”. São duas idéias claramente, fundalmentalmente, opostas; se não se pode fazer julgamento de caráter de uma mulher pelas roupas que usa, não se pode resumir a Tracer a “objeto sexual” por causa de suas calças, e nenhuma quantidade de ginástica retórica mudará esse fato inegável.
Eu imagina a confusão na cabeça de uma garota criada por essa gente; por um lado a mãe INSISTE que é de boa a menina ir pra escola de shortinho, por mais relevador que seja, porque ela está em seu direito, porque a feminilidade (?) tem que ser celebrada, que ninguém tem direito de falar como ela deveria se vestir, etc e pá e tal. Aí a menina vai jogar Overwatch e a mãe tem um ataque de nervos ao ver o bumbum da personagem que a menina adora.
“Olha mãe, ela é que nem eu, ela veste o que quiser e que se dane os machistas!“, diz a garota, que será prontamente corrigida pela mãe (assim que ela terminar o textão no Fêice).
A questão principal aqui, eu acho, é que é extremamente bizarra essa obsessão em censurar arte. O subentendido é que a exposição da figura feminina é negativa — e por extensão, a própria figura feminina é então negativa –, e o ideal é que não houvesse reprodução de nenhuma imagem com cunho sexual, por mais leve que seja.
Outra parada que me deixa desgraçado da cabeça são as tentativas de “racionalizar” a censura, algo que deixa patente a falta de bons argumentos. Uns disseram que a pose “não combina com a personalidade dela”, o que falha em dois níveis diferentes — primeiro, Tracer é uma personagem de um universo completamente novo de um jogo que sequer saiu oficialmente. Fingir-se de biógrafo da personagem, como se ela tivesse uma longa história na qual você é especialista, não faz sentido.
Segundo, esse argumento insinua que alguém não pode ter uma personalidade sexual além de seus outros atributos psicológicos; ora, eu vi a Tracer sendo uma pessoa “totalmente normal” no jogo, COMO ASSIM do nada ela tem uma bunda e faz uma pose para mostra-la?!?!?!
De acordo com essa lógica ilógica, ou o personagem é um monge asceta, despido de qualquer libido, ou é uma prostituta rampeira de beira de estrada com toda a anatomia à mostra e pronta pra transar com o primeiro que passar pela frente (e sabemos muito bem que tipo de personagem essa gente preferiria).
Em resumo, o personagem jamais pode ter profundidade, mais de uma dimensão, exibir duas características distintas, não. Vá entender.
Outra tentativa de racionalização é dizer que a pose “não é realista”. Essa justificativa é uma velha conhecida dos fãs de HQ, constantemente assaltados por justiceiros sociais com cobranças seletivas de realismo em poses e uniformes (no contexto de histórias de alienígenas super poderosos e bilionários que lutam contra o crime vestidos de morcego). Similarmente sem sentido é a cobrança de “pose realista” num jogo com gorilas mercenários e roboôs budistas. Haja paciência.
Finalmente, sempre que critico esses fiscais de vestuário de pessoas fictícias é importante ressaltar que não adianta tentar agradar essa turma, eles são insaciáveis em seu desejo de “purificar a cultura”. Um dos desenvolvedores falou explicitamente que queria fazer um jogo que leve os conceitos de diversidade e inclusão, pensando inclusive na própria filha, mas não adiantou porra nenhuma porque, bem, olha o texto que estou tendo que escrever. Olha a Kotaku fazendo o que faz melhor, choramingando que as mulheres do jogo estão muito “sexualizadas” ainda.
Quais as soluções aqui?
Não pôr mulheres no jogo, já que quase sempre algum desses sites especializados arruma motivo pra reclamar;
Pôr mulheres no jogo, mas torna-las praticamente indistinguíveis dos homens, com vestuário e anatomia virtualmente idêntica, e assim derrotando completamente o propósito de ter mulheres no joog;
Coloca as meninas, mas habilita uma opção pra jogar uma burqa por cima das personagens, ocultando todas as suas pecaminosas curvas;
Manda tudo às favas já que tentativas de agradar esse público, constantemente, se mostram fúteis?
Eu iria de opção 4 daqui pra frente.
Ou joga uma burqa em cima. Mas vai lá, incentiva sua filhinha a ir de shortinho curto pra escola porque isso é um ponto moral importantíssimo.
E deleite-se na ironia de que num jogo em que você assassina outras pessoas com armas de fogo, o que realmente ofende é um bumbum vestido.
[ Update ] A Blizzard mandou um mea culpa. O resumo é “ah, pra ser sincero a gente nem queria mesmo aquela pose, então mudamos“. Eu acreditaria se não soubesse o quanto essas empresas tem medo dos ofendidos profissionais, então pra mim isso é um “ok ok vocês ganharam” com aqueles disfarces de óculos, nariz e bigode. Eu arriscaria dizer que não há sinceridade alguma nesse negócio, só querem apagar as tochas da turba.

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