C.N. Gil's Blog, page 52

November 17, 2015

Ainda acerca da história do Heavy Metal vs Terrorismo

O Nuno Markl fez um comentário lindo!

“Vou então começar a colecionar tudo o que as televisões nacionais têm dito sobre os Eagles Of Death Metal:

1) São uma banda de heavy metal que pode ter sido escolhida pelos terroristas como vingança pelas torturas feitas por soldados americanos ao som de heavy metal (TVI);

2) São uma banda que faz versões dos Eagles em heavy metal (CMTV);

3) São os Eagles, famosa banda dos anos 70, autora de clássicos como Hotel California (RTP3);

4) O seu nome em português significa Anjos da Morte (TVI);

5) São uma banda de soul (SIC).”

 Leia mais em: http://www.vip.pt/nuno-markl-faz-comentario-sobre-banda-que-tocava-no-bataclan


Ora então, dissecando:

1 - TVI quase no seu melhor! (quase)

2 - Hã?!?

3 - HÃ?!?!?!?!?!?

4 - Alguém precisa de aulas de inglês básico (isto sim é a TVI - TeleVisão Imbecil - no seu melhor)!

5 - Esta só dá mesmo para rir! Mais um bocadinho e eram um coro de Gospel!



Alguém poderia dizer aos senhores jornalistas dos vários canais que basta perder 30 segundos numa pesquisa do Google para saber quem são os senhores e o que tocam?
É que isto já nem pode ser apelidado de falta de profissionalismo! É mesmo imbecilidade!
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Published on November 17, 2015 04:48

Os dias mais estranhos - 47. Regresso (volta, retorno, tornada, regressão)

Rumamos a Lisboa, mais concretamente a Cascais, no dia a seguir. Ainda almoçamos no restaurante do hotel, tendo arrancado logo em seguida. À chegada paramos num supermercado para comprar algumas coisas e fomos depois para casa. A nossa primeira ocupação foi tomar um banho e em seguida dedicámo-nos a fazer o jantar.Com o calor que estava andávamos nus pela casa, e estávamos sempre a tocar-nos ou a fazer carícias mais ousadas. Jantamos cedo e acompanhamos o jantar com uma boa garrafa de tinto. Se já antes do vinho nos sentíamos excitados, depois ficamos ainda mais. Parecíamos quase fazer um jogo para ver quem aguentava mais sem tocar no outro. Isto criava ainda mais tensão entre nós. Invariavelmente algum de nós não resistia.Continuava a ânsia dos corpos, como na noite anterior. Quando finalmente nos entregámos, perecíamos não querer separa-nos jamais. Como se quiséssemos transpor para os corpos uma união de almas. A noite foi passada sem sono, a fazer, dar e receber amor.Almoçamos juntos no Domingo e depois veio, para mim, o regresso a casa. Aquilo por que tínhamos passado nesta semana tinha deixado marcas. Acho que de momento nenhum de nós poderia saber ou calcular o quanto elas eram profundas. Esperava já com uma ansiedade extrema o fim-de-semana a seguir. Foi então que na quinta-feira fiquei a saber que a Raquel estava de volta e a Guida chegava no Sábado para passar uma semana com elas. Fui de novo para Cascais na Sexta-feira. No Sábado fomos buscar a Guida ao comboio. Vê-la de novo apenas uma semana e meia depois do que tinha acontecido trouxe-me alguns sentimentos contraditórios. Não sei se a ela também, nem sei o que a Mónica estava a pensar neste momento. Cumprimentámo-nos como velhos amigos. Sabíamos que, ainda que houvesse alguma ideia na cabeça de algum de nós, a presença da Raquel faria com que nada se passasse. Alias, eu já nem ia passar esta noite em Cascais. O tamanho do apartamento da Mónica faria com que não ficássemos por lá todos muito confortáveis.À chegada a Cascais a Guida pediu-nos para passarmos pelo quartel dos Bombeiros. Foi então que fiquei a saber que ela própria era voluntária e que era costume dela ir apresentar-se aos quartéis quando chegava a algum sítio. Escusado será dizer que ela não passou desapercebida aos matulões que por lá estavam, sendo que saiu do quartel com um convite para ir a uma discoteca mais tarde com dois deles.Uma vez que ela não queria ir sozinha acabou por convencer a Mónica. Já esta passou um bom bocado para me convencer a mim.Há anos que eu não ia a uma discoteca. Detestava o ambiente em que não se consegue sequer falar ou pensar devido ao ruído. Claro que ninguém lá ia para pensar ou falar. Por norma vai-se a uma discoteca para dançar. Uma vez que esta é uma actividade que nunca cultivei, ir a uma discoteca era para mim um martírio interminável.À noite os dois bombeiros passaram por casa da Mónica e arrancamos todos juntos, incluindo a Raquel, para a dita discoteca, que por sinal não ficava longe, pelo que fomos a pé. Lá chegados, para meu gáudio, vi que da parte de trás havia uma pequena praia fechada com um bar e uma esplanada só para os clientes do bar. Foi a minha fuga do ambiente que se vivia perto da pista de dança. Sentamo-nos todos na esplanada e ficamos na conversa. Era óbvio que um deles estava claramente a tentar seduzir a Guida. Já o outro tentava perceber o que se passava entre a Mónica e eu. Uma vez que não conseguia chegar a nenhuma conclusão, acabou por perguntar à Mónica se namorávamos. A Mónica apressou-se a dizer-lhe que éramos apenas amigos. Fuzilei-a com o olhar. Ela apercebeu-se disso.A partir desse momento o moço começou a tentar seduzir a Mónica e eu, devido a resposta dela, sentia-me impotente para lhe dizer fosse o que fosse. Ela, talvez sentindo-se incomodada, arrastou a Guida até à pista de dança. Os dois moços seguiram atrás. Fiquei só com a Raquel.Observei o pessoal em volta. Não havia nenhuma diferença nos rituais em relação ao pessoal que frequentava os bares de Rock onde eu costumava tocar. Cada vez me sentia mais alheio a tudo aquilo. Nada disto fazia o mínimo sentido.Estava perdido nos meus pensamentos quando me apercebi do olhar fixo da Raquel. -Sim? – Perguntei-lhe.-Tu gostas mesmo bué da minha mãe, não gostas?-Sim gosto. – Respondi sem hesitações.-Ainda bem. Fiquei feliz pela aceitação que ela tinha de mim. Tendo dito isto ela levantou-se e saiu de perto de mim, deixando-me completamente sozinho. Ao fim de bastante tempo completamente abandonado pelo grupo com que tinha vindo, levantei-me e parti em busca deles. Encontrei-os na pista de dança. Deixei-me ficar na orla a observá-los. Dançavam os quatro muito juntos. Elas por vezes largavam-nos e dançavam uma com a outra de uma forma lânguida e sensual. Mas a seguir voltavam a agarrar-se a eles. Dançavam de corpos bem colados com movimentos sensuais. Senti o ciúme invadir-me. Senti-me ali a mais. Foi então que a Mónica reparou em mim a observá-la. Observei-a atentamente. Vi que ela estava já algo alcoolizada. Ela por seu turno, sabendo que eu a observava começou a dançar ainda mais colada ao moço. As mãos dela começaram a correr livremente por ele. Ele, com isto, começou a tomar também outras liberdades. Ela olhou para mim em tom de provocação.Eu virei as costas e saí de novo para a esplanada. Sentei-me novamente. Apetecia-me explodir. Apetecia-me chorar. Apetecia-me desaparecer. Foi então que a Raquel se juntou a mim de novo.-Por onde é que andaste? – Perguntou-me a pequena.-Fui lá cima à procura da tua mãe.-Estas bem? Não pareces bem.-Tou um bocado mal disposto, tou. Importas-te de dizer à tua mãe que me vou embora?-Vais-te embora? Não ficas cá hoje?-Não, hoje não.-Espera aqui, eu venho já. Não saias daqui, tá bem?-Tá, eu não saio.Voltou pouco tempo depois arrastando o grupo com ela.-Então, queres-te ir embora, é? – Perguntou-me a Mónica. Olhei-a bem nos olhos e respondi-lhe:-É. Tou mal disposto…A Mónica percebeu completamente a minha indirecta. Eu continuei.-…mas não vos quero estragar a noite. De qualquer maneira, aparentemente não estou aqui a fazer nada, por isso…-Mas nem penses. Saímos todos. – Apressou-se a Guida.E assim foi. Chegados à porta de casa da Mónica, despedimo-nos dos dois moços e entramos. A Guida apressou-se a fazer-me um chá, e a Raquel foi-se deitar. Fiquei só com a Mónica na sala.-Porquê? – Perguntei-lhe.-Porquê o quê?Eu não lhe respondi. Limitei-me a ficar à espera de uma resposta decente da parte dela. Quando o silêncio se começou a tornar pesado foi ela que falou:-Estávamos só a dançar…-Yá. Estavam só a dançar, não se passa nada entre nós…-Tás com ciúmes, é?-Tou. – Admiti – Tou com ciúmes, tou farto de ter que me andar a esconder. E ainda por cima nunca percebi bem o porquê. -Não sei qual é afinal o teu problema. Estávamos mesmo só a divertir-nos…Olhei-a nos olhos. Ela desviou o olhar.-Eu vou andando. – Acabei eu por dizer.-Mas a Guida está-te a fazer o chá…-O chá não se estraga.Fui à cozinha e despedi-me da Guida. Voltei até à porta da sala.-Vou-me. – Anunciei.-Eu levo-te ao carro. – Disse ela.O meu carro estava estacionado mesmo a curta distância da sua casa. Aí chegados entramos os dois. -É pena que não fiques cá esta noite. Olhei para ela sem responder. Creio que, apesar de já termos falado antes, só nesse momento ela se apercebeu do meu estado de espírito.-Não queres ficar? – Acabou por perguntar. – Agente arranja maneira de se arrumar….-É melhor não. Eu hoje não te ia ser boa companhia. É melhor eu ir.-Tás muito chateado?-Bastante.Fez-se uma pausa. Ficamos ambos ali sentados a olhar em frente sem coragem de nos encararmos. Ela finalmente falou.-Desculpa… – disse.Olhei para ela finalmente. Naquele momento tinha em mim o peso de tudo o que andava a sentir desde há algum tempo adicionado à conversa que tínhamos tido em Vila Velha de Ródão e ao que se tinha passado hoje. Tinha muito em que pensar, definitivamente. Mas ali, naquele momento não era a altura para o fazer.-Esquece… – acabei por lhe responder – Vou andando. – E com isto pus o carro a trabalhar.Ela chegou-se a mim, abraçou-me, envolveu-me e beijou-me como só ela me conseguia beijar. Depois de um beijo quase eterno, quando os nossos lábios se separaram, ficamos a olhar um para o outro. Sentia em mim uma mistura de sentimentos por demais estranha.-Vai devagar, – acabou ela por dizer – e quando chegares liga-me. Só para eu saber que chegaste bem.-Tá bem, eu ligo.Demos mais um pequeno beijo.-Tchau, amor, até já e faz boa viagem.-Tchau querida.Arranquei. A solidão da viagem fez com que saíssem monstros do armário para tentar tomar de assalto os meus pensamentos. E o problema é que, pela primeira vez em muito tempo, estavam a consegui-lo. Ao chegar, liguei-lhe. Ela demorou a atender.-Tou? – Respondeu-me.-Olá. Já dormias?-Quase…-Só para te dizer que cheguei bem.-Tá, meu querido, ainda bem.-Vai dormir, vai…-Eu vou. Já tava para aqui cheia de sono…-Então dorme bem.-Tu também, meu querido. Amo-te.-E eu a ti.Desligamos.O sono demorou a chegar, e mesmo depois de ter chegado a noite foi inquieta. Passei o Domingo a pensar em tudo, na minha vida, em nós. Cheguei à conclusão de que teríamos de nos sentar e falar. Falar muito. Urgentemente…
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Published on November 17, 2015 04:22

Quando os níveis de estupidez e incompetência de alguém atingem pontos que são difíceis de compreender!



Aparentemente houve um energúmeno qualquer (lamento não saber quem, uma vez que não vi a peça televisiva na TVI24, mas gostava sinceramente de saber quem, uma vez que é daqueles espíritos iluminados que merecem com um pano encharcado em merda no focinho) que acha que o Heavy Metal tem ligações com o terrorismo!
Ora disse isto com base no facto de o ataque no Bataclan ter sido feito enquanto tocava a banda “Eagles of Death Metal” que, como é óbvio, com um nome destes tem de ser uma banda de Heavy Metal (esses gadelhudos drogados e barulhentos que fazem música para dementes mentais, uma vez que só gente pouco iluminada poderia gostar daquilo)!Além disso, aparentemente a música Heavy Metal é usada em Guantanamo para torturar prisioneiros de Guerra!
Gostava mesmo de saber onde é que esta aventesma iluminada se baseou para chegar a estas conclusões! Só porque o vizinho adolescente o tortura barbaramente com música Heavy Metal em altos berros, isso não implica, na verdade, que tal seja uma tortura para o resto do mundo!Mais, gostava de saber a fonte que deu a informação e que a música Heavy Metal é usada como forma de tortura! De qualquer forma, a ser, suspeito que só o é porque ainda não descobriram algumas das pérolas da música pimba Portuguesa(não vêem a TVI ao domingo à tarde...), sobretudo algumas com sotaque Angolano que andam espalhadas por algumas rádios e televisões causando, essas sim, verdadeiras torturas ao cidadão comum que leva com elas insuspeitamente, por exemplo, quando anda de transportes públicos!
Depois junta-se a isto o facto de (pasme-se) apesar do nome (Eagles of Death Metal), a banda não toca Heavy Metal, faz antes um Blues Rock irónico e bem disposto! A música é tão irónica como o nome!
Portanto, seja quem for a criatura, antes de vir para canais noticiosos sensacionalistas de qualidade  duvidosa falar daquilo que não sabe, faça um favor ao mundo:
-Cale-se porque para estupidez já chegou a que aconteceu!

O mundo dispensa mais estúpidos com direito de antena!
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Published on November 17, 2015 01:11

Os dias mais estranhos - 46. Ródão

Rumamos a Vila Velha de Ródão, abaixo de Castelo Branco, indo até à Guarda, para depois apanhar a auto-estrada para o nosso destino, dando assim um passeio pelo interior do país. A Mónica adormeceu não muito tempo depois de sairmos o que me deixou sozinho com os meus pensamentos.Sem dúvida que a noite anterior tinha sido a realização do sonho de quase qualquer homem. Já tinha passado antes, na minha adolescência por uma situação semelhante. No entanto houve grandes diferenças entre as duas situações. Na primeira vez tinha sido praticamente uma brincadeira de putos, com uma completa inconsequência. Desta vez tinha sido com a mulher que eu sentia amar. Não podia negar os ciúmes que tinha sentido quando a vi fazer amor apaixonadamente com a Guida. Se por um lado tinha sido um quadro de uma sensualidade extrema, que me excitara para além da normalidade, por outro, agora a frio, havia em mim uma sensação de exclusão. De fora estavam quaisquer sentimentos de traição. Por outro lado faltava-me saber o que tinha significado esta noite para ela. A despedida entre as duas dava que pensar.Parei numa bomba de gasolina mais para esticar as pernas. Ela acordou. Bebemos um café e andamos um bocadinho. Quando voltámos à estrada eu mantive-me silencioso, continuando imerso nos meus pensamentos. Como que adivinhando foi ela quem rompeu o silêncio.-Gostaste da noite de ontem?-Claro que sim.-Gostaste de estar com a Guida na cama?-Tu estiveste lá. Não adiantava mentir-te e dizer-te que não.Ela deixou-se ficar um pouco em silencio, como se procurasse a pergunta certa para e fazer.-Ela é melhor que eu?-Melhor que tu?-Sim, na cama, ela é melhor que eu?-Não. É apenas diferente.Falava-lhe com toda a franqueza até porque não via motivo para que assim não fosse. A Guida era sem dúvida uma mulher fenomenal, mas não era a ela que eu me sentia ligado. -E tu? Gostaste de fazer amor com ela?-Gostei. É uma sensação tão diferente…Ficamos calados durante um bocado. Sentia que ela esperava que eu dissesse qualquer coisa, mas eu não o fiz. Foi ela que acabou por continuar.-Fi-lo por ti.-Por mim?-Sim. Sei que é o sonho de qualquer homem estar com duas mulheres…-Também é o sonho de muitas mulheres estar com dois homens. -Sim, é verdade. Sentias-te à vontade numa situação dessas?-Creio que não.-Porquê? Sentias por ventura a tua masculinidade ameaçada?-Não, não acho que tenha a ver com isso. Acho que não aguentaria ver-te na cama com outro homem.-Como é que achas que me senti ontem ao ver-te com a Guida?-Então porque é que o fizeste?-Já te disse, por ti.-Não o fizeste também por ti?Ela ponderou bem as palavras antes de me responder.-Sim, no fundo acho que sim.Sabia que aquela resposta tinha de ter continuação, mas não a quis forçar. Dei-lhe o tempo necessário para que ela pensasse no que me iria dizer a seguir. Quando se sentiu pronta continuou.-Lembras-te de eu te contar da cena que se passou com o Francisco?-Lembro. Também foi com a Guida?-Não, não teve nada a ver. Com a Guida já tinha notado algum clima entre nós em algumas situações, mas nem eu nem ela nunca tínhamos tido coragem para dizer alguma coisa abertamente. Nunca se tinha passado nada entre nós. – Fez mais um pouco de silêncio reorganizando as ideias – Contei-te a verdade quando te disse que não me lembrava de quase nada dessa noite. Mas ficaram duas sensações. Uma foi de pena por ter feito aquilo com o Francisco. Mas ficou também a sensação de que algo de bom se tinha passado.-Isso fez-te querer experimentar estar com uma mulher outra vez?-Sim. Fez.-Porque é que não o fizeste só com ela?-Primeiro porque se as coisas não se tivessem passado assim acho que nunca teria ganho coragem. Depois porque quis mesmo partilhar este momento, de uma forma lúcida, contigo. Queria que fosse memorável. Queria partilha-lo com alguém que me dissesse muito.Neste momento senti-me honrado com a sua escolha. Olhando para os meus próprios sentimentos, não era difícil perceber do que ela tinha abdicado para me partilhar com a sua amiga. Não é de todo fácil abrir mão assim dos sentimentos de posse. Mais verdade seria isto quanto maiores fossem os seus sentimentos em relação a mim.-Voltavas a ir para a cama com a Guida? – Perguntou-me.-Nunca sem ti. E tu?-Também não o faria sem ti. Gostei, mas gosto muito de macho. – Disse com um sorriso.Tínhamos as mentes esclarecidas. Foi-me óbvio que não tinha sido eu o único a reflectir sobre toda aquela situação. Olhamos um para o outro com carinho e demos as mãos. No resto da viagem apenas o rádio não deixou que o silencio se instalasse.Eram perto das sete da tarde quando chegamos ao nosso destino. O hotel ficava à beira do rio Tejo, sendo que este mesmo tinha esculpido a paisagem com uma beleza de cortar a respiração. Vila Velha de Ródão era um sítio tão calmo que à noite dava a impressão de que os cães se abstinham de ladrar só para não perturbar o silêncio.Instalamo-nos no nosso quarto. Foi uma agradável surpresa descobrir que o quarto tinha uma varanda que dava para o rio.Jantamos no restaurante do hotel e em seguida, embora os planos originais não fossem esses, recolhemos ao quarto. O meu cansaço de conduzir o dia todo aliado a algumas dores no ombro de que ela se queixava já desde a nossa saída do Porto, fez com que parecesse uma boa ideia descansarmos.Sentei-me na varanda a fumar um cigarro e a observar o Tejo enquanto ela se tentava ajeitar com almofadas de maneira a que o ombro não a incomodasse.-Já pensaste para onde esta relação está a ir? – Perguntou ela quando finalmente sossegou.-Já pensei para onde gostaria que ela fosse.-E para onde é?-Já falámos nisso. Gostava de organizar uma vida contigo. Gostava de estar sempre contigo.-Porquê?Aquela pergunta não fazia para mim o mínimo sentido. A reposta parecia-me óbvia demais.-Amo-te. Só por isso.Ela deixou-se ficar a olhar para mim.-Mas porquê isto tudo agora? – Perguntei-lhe.-Porque não sei se é isso que eu quero.Aquela resposta atingiu-me como uma bala disparada ao peito. O impacto quase me deixou zonzo. Quando consegui recuperar perguntei-lhe:-Então o que queres?-Não sei, se queres que te seja franco.Acabei rapidamente de fumar o meu cigarro. Não demorei a acender outro. Eu sabia que o que estava a sentir era, com toda a certeza, por demais evidente a ela. Mas tive também consciência de que nesta altura ela se virava mais para si do que para mim. Ao fim de uma longa pausa acabei por ser eu a falar.-Então, se calhar, nada disto faz sentido…-Não, – apressou-se ela a responder – não penses assim. Faz todo o sentido. Olhou-me profundamente nos olhos. Como sempre, quando ela fazia isso, eu sentia-me a derreter por dentro. Era uma das melhores sensações que eu tinha. Perder-me nos seus olhos.-Eu amo-te. – Acabou ela por dizer – E acho que nunca amei alguém assim na minha vida.-Então?-Então já passei a idade dos idealismos e do amor e uma cabana.-Pois eu não. Para mim o amor e uma cabana continuam a chegar.-Eu sei disso…Tudo o resto estava implícito. Não voltamos a trocar uma palavra nesse dia. Ela acabou por adormecer e deixou-me novamente só com os meus pensamentos.Nessa noite fui simplesmente fumando enquanto observava a paisagem. Acabei por adormecer nas cadeiras da varanda embalado por uma suave brisa de Verão, em parte por não a querer incomodar.No dia seguinte ela já se sentia melhor. Passamos o dia a passear pelas redondezas e acabamos por ir à noite a uma festa de aldeia. Divertimo-nos bastante e voltamos ao hotel já um pouco quentes.Fomos tomar um banho juntos, e a partir daí não nos largamos mais. Estávamos insaciáveis. O que tínhamos um do outro não nos chegava. Nessa noite quebramos todos os tabus, todas as regras. Fizemos amor de todas as maneiras possíveis e imaginárias em todos os locais possíveis e imaginários daquele quarto. Acabamos por quebrar, cansados e saciados a altas horas da madrugada. Sei que eu, pelo menos, passei ligeiramente pelas brasas. Mas de repente despertei.Senti-a erguer-se na cama. O quarto estava na mais completa penumbra. Podia apenas ver a silhueta do seu corpo despido contra a pouca claridade que entrava pela janela. Não podia deixar de me admirar com o desenho do seu corpo. Passei a mão suavemente pelas suas costas e ela voltou-se, revelando-me o contorno do seu seio. Podia sentir os seus olhos a pousar em mim na escuridão. Podia sentir a electricidade a passar da sua pele para a ponta dos meus dedos. Há pouco mais de meia hora atrás fizemos tudo o que um homem e uma mulher podem fazer. E agora nesta penumbra e no silêncio estava lentamente a aperceber-me que tínhamos chegado ao nosso zénite e que seria impossível estarmos juntos. E embora este facto fosse para mim perfeitamente óbvio e lógico, a parte de mim que se recusou a aceita-lo fez rolar uma lágrima silenciosa pelo meu rosto abaixo.
O mundo não seria o mesmo depois desta noite. Esvaziara-se de repente…
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Published on November 17, 2015 00:13

November 16, 2015

Os dias mais estranhos - 45. Jogo (recreio, diversão, passatempo, distracção)

-E se jogássemos à copa?-À copa? – Perguntou a Guida.-Sim, – respondeu a Mónica – à copa.-É um jogo um bocado aborrecido, não?-Acham? – Perguntou a Mónica. – Podíamos jogar uma variante que eu jogava há uns anos…-E que era…? – Perguntei eu-Com Strip. Cada dez pontos acumulados e tem de sair uma peça de roupa. E a Dama de Espadas vale dez pontos, o que quer dizer que a cada volta alguém tem que despir uma peça.Olhei para ela um bocado incrédulo por ouvi-la dizer isto. Ela já tinha bebido algum vinho ao jantar, mas não muito que eu reparasse. Depois olhei para a Guida que também olhava para ela, tentando perceber onde ela queria chegar.-Isso era capaz de ser má onda… – acabou a Guida por dizer.-Porquê? Vá lá. Eu não me importo. E afinal de contas eu é que fico a perder. Vocês só ficam a ganhar com isso. Eu já vos vi aos dois nus e vocês já me viram a mim. Vá lá. Somos adultos, pá. Já tamos crescidinhos. Deixem-se lá de pudores.Olhou para mim em busca de aprovação. Eu assenti. Queria saber onde ela queria ir com isto. Se era só para me provocar. Tinha a certeza de que sim, mas se ela estava a fazer bluff, teria de desistir.Olhamos ambos para a Guida em busca da sua resposta. Esta, tendo visto o meu assentimento, assentiu também.A Mónica começou a baralhar as cartas. Naquilo que tinha sido uma noite serena até agora, ganhava agora alguns contornos de tensão entre todos. A Mónica foi a primeira a fazer dez pontos e em seguida tirou o cinto e pô-lo de lado. Fomos jogando e tirando peças de roupa, sempre numa atmosfera descontraída, sempre mandando piropos e cumprimentos. Isto até à altura em que a Guida perdeu e teve de tirar o soutien. O ar pesou um bocadinho. Ela tirou-o. Eu mantive-me calado com medo de ser desrespeitoso. A Mónica falou.-Tens um peito lindo.-Obrigada. E tinha, realmente. Grande, mas firme, com pequenas aureolas só um pouco mais escuras que o tom da sua pele natural. Creio que ela ficou embaraçada pelo cumprimento da Mónica, mas também, de certeza, pelo meu cumprimento silencioso.A seguir foi o Soutien da Mónica a sair. A Guida observou-lhe os peitos, mas não comentou. Limitou-se a olhar. A Mónica olhou para ela e sorriu. -Não acham que era melhor pararmos por aqui? – Perguntou a Guida.Eu não me pronunciei. A Mónica sim. -Agora que isto está a ficar interessante?A Mónica distribuiu novamente as cartas. Sem um protesto levantámo-las e continuamos a jogar.No fim, ambas nuas à minha frente e eu ainda com as calças e os boxers vestidos.-Parece que ganhei eu este jogo. – Disse com um sorriso na cara.-Mas isso não é coisa de cavalheiro, – disse a Mónica – nós duas aqui assim e tu ainda vestido…-Coisas do jogo, minha querida…-Vou-te dar uma lição por isso…Empurrou-me para o sofá e atirou-se aos botões das minhas calças comigo protestando e lutando com ela.-Não é justo. – Refilava eu – Ganhei, ganhei, pronto.-Não é justo é tares ainda assim vestido. Dá-me uma ajuda – pediu à Guida.A Guida aproximou-se sem uma palavra e ajudou-a a puxar as calças segurando ela num perna e a Mónica na outra. Depois a Mónica atirou-se aos meus boxers.-Isto também tem que sair…-Não! Nem penses… – disse eu enquanto os agarrava.-Penso, penso. Guida ajuda. Agarraram-me as mãos e fizéramos boxers deslizar por baixo de mim, expondo a minha óbvia excitação.-Vês, não foi assim tão mau, pois não?Estava com toda a certeza corado e embaraçado com a situação. Estava ali, nu, numa sala com duas mulheres que eram absolutamente deslumbrantes. Fiquei sem saber como reagir. Estavam agora uma de cada lado de mim, ainda segurando-me os pulsos.-Deu luta, hã… – disse a Mónica para a Guida.-Se deu…-Tadinho, tá tão envergonhadinho… – continuou a Mónica. – Merece um prémio, pronto.E com isto beijou-me. Aquele beijo pôs-me, embora eu já não o pensasse possível, ainda mais excitado. Quando o nosso beijo quebrou, os nossos olhos encontraram-se e fixaram-se. Apercebi-me da Guida ao meu lado, brincando com a minha mão. Olhei para ela. Pude ver claramente para onde isto ia. Olhei novamente para a Mónica. Estava perante ela, e não sabia como reagir a tudo isto. Ela como que em resposta, puxa a Guida para si e beija-a nos lábios, suavemente. A Guida assusta-se e afasta-se um pouco, mas a Mónica apanha-a com o olhar. Como se tivesse havido uma rendição da Guida, esta deixou-se ir naquele olhar e abandonou-se aos lábios da Mónica. Era esquisito ver a Mónica com aquele olhar por outra pessoa. Era um olhar que eu conhecia bem, um olhar de puro desejo.Quando finalmente romperam o beijo, os lábios da Guida procuraram rapidamente os meus. Abandonamo-nos num beijo longo. A Mónica quis juntar-se a nós e, às tantas, as nossas três línguas massajavam-se. Perdemo-nos uns nos outros.Acabamos por ir para o quarto. A Mónica fez-me sentar numa cadeira e depois dirigiu-se à cama, onde já estava a Guida. Abraçaram-se as duas, beijaram-se, amaram-se. Ao fim de um tempo que me pareceu extremamente longo, em que vi estas mulheres chegarem a orgasmos violentos nos braços uma da outra, fui chamado a participar. Perdemo-nos os três numa celebração de paixão e de puro sexo. Ao fim de algumas horas a Guida deixou-nos, como que sentindo que tínhamos necessidade de acabar a noite apenas os dois. Ficámos nós sozinhos a celebrar a paixão.De manhã despedi-me normalmente da Guida. Já as despedidas entre ela e a Mónica foram mais quentes, acabando num longo beijo em que parecia que as duas prometiam mais uma à outra. Era sensualíssimo vê-las. Mas era também inquietante.
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Published on November 16, 2015 07:24

...mas o que é que há de engraçado na paz, no amor e na compreensão?

Já por aqui deixei a versão dos "A Perfect Circle" desta música!
Hoje deixo o original!

A pergunta continua a mesma!


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Published on November 16, 2015 06:44

Os dias mais estranhos - 44. Porto (refugio, abrigo, ancoradouro, cidade)

A viagem, no dia a seguir, foi em direcção ao Porto. Ela tinha combinado com a Guida irmos lá passar uns dias, coisa contra a qual me opus, receando não poder ter com ela o à vontade que desejava.Ela compreendeu e tranquilizou-me, dizendo-me que a Guida era das poucas pessoas que sabiam o que se passava entre nós. Senti-me melhor depois disso. Poderia finalmente andar com ela sem o receio de esbarrar com alguém conhecido. Tínhamos uma semana para sermos nós próprios. Era tudo o que eu queria.Por sorte o dia estava meio enublado, e o termómetro não subiu tanto quanto o habitual, o que nos proporcionou três horas de viagem que não foram massacrantes. Assim que entrei no Porto saí da via rápida para tentar encontrar alguém que me explicasse o caminho para um bairro do qual eu apenas conhecia o nome.Entrei numa taberna que me fez recuar vinte anos no tempo, ainda com a serradura no chão e o cheiro típico a fritos e vinho tinto de má qualidade. Perguntei a um dos velhotes lá presentes o caminho para o bairro.-Atoum, pra ir prái mete-se outra bez na bêe cêe iê…-Onde?-Na bêe cêe iê, na bia de cintoura interna, a estrada adonde estaba.-Ah! Não sabia que se chamava VCI.-Pois, odepois segue inté encuntrar uma placa que diz…O homem lá se esforçou por me explicar o caminho, mas foi interrompido por outro que tentou com mais clareza dar as indicações e depois por outro ainda. Acabei por sair de lá apenas com uma indicação algo obscura para mim do caminho a tomar, mas lá apanhei a “Bêe Cêe Iê” e segui. Apenas numas bombas de gasolina meia cidade depois é que consegui indicações claras dos sítios onde me havia de dirigir.Chegamos a casa da Guida a meio da tarde e fomos alegremente recebidos. Ela instalou-nos num instante. Descansamos um pouco, tomamos um duche, jantamos e saímos a seguir. Fomos até um bar que era bastante giro. Era nem mais nem menos que um barco que estava atracado num cais da ribeira.Lá ficamos bastante tempo aproveitando a bela paisagem que o Douro nos proporcionava, bem como o espectáculo das luzes que se iam acendendo na outra margem a anunciar a noite tardia de Agosto. Sabia-me bem esta mudança, o estar completamente à vontade e poder agarrar a Mónica, abraçá-la, beijá-la, sem qualquer tipo de sentimento de que fazia algo proibido.Fomos falando de tudo um pouco, com a Guida sempre bastante curiosa acerca da nossa relação. Às tantas fui eu quem a inquiriu.-Então e tu?-E eu?-Sim, não há um namorado nem nada?-Não, vê lá…-Que desperdício. Os gajos de cá devem andar todos ceguinhos… - meti-me eu com ela.-Pois, vê tu bem. Mas os gajos de cá tão mal habituados.-Então?-Então que, ou só andam atrás de pitinhas ou então a gente é que os tem que ir buscar a casa. Já não há cavalheirismo.-Não me digas uma coisa dessas…-Digo pois. Tu nem fazes ideia. Tão habituados a ter gajas a mais atrás deles, é o que é. E depois, são uns moles da treta, só querem é ser apaparicados.-E as mulheres em Lisboa ainda se queixam… – disse eu para a Mónica.-Vocês lá em baixo não sabem é a sorte que tem. – Disse a Guida para a Mónica – Eu digo-vos uma coisa, se isto continua assim qualquer dia viro fufa…-Isso era um desperdício. – Disse-lhe eu.-Não era mais do que estar para aqui a mofar e a ganhar teias de aranha…Rimo-nos os três. As conversas continuaram animadas entre nós. Perto da meia-noite saímos do bar e fomos conhecer a noite do Porto.Nos dias seguintes fomos conhecendo a cidade a pé. Conhece-la não mudou a opinião que tive no primeiro impacto, quando a vi ainda do outro lado do rio. Parecia uma cidade escura e fria, com uma melancolia que lhe conferia uma tristeza inexplicável. Era um puro contraste com a luminosidade de Lisboa. No entanto, as suas gentes tinham uma alma muito mais aberta e acolhedora, como se aqui houvesse mais tempo para as pessoas se relacionarem.Conhecemos os marcos importantes da cidade. Subimos a torre dos clérigos, fomos à Sé, aos jardins do Palácio de Cristal. Tivemos a companhia da Guida durante o fim-de-semana. Já durante a semana, uma vez que ela estava a trabalhar, saíamos juntos apenas à noite, nem que fosse apenas para beber um café. Depois vínhamos para casa onde ficávamos a falar os três até ela ter que se ir deitar. Na última noite que ficámos em casa dela, de quarta para quinta-feira deixámo-nos ficar os três a falar, já quase em jeito de despedida, depois de virmos do café. Foi então que a Mónica propôs:-E se jogássemos um jogo?-Que jogo? – Perguntei eu em resposta.
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Published on November 16, 2015 04:08

As palavras!


As palavras são coisas dúbias! As mesmas que servem para unir servem para dividir!
Vemos guerras de palavras que são traduzidas em armas. As mesmas palavras, as mesmas histórias, o mesmo fundamento usado para dividir em vez de unificar!
As diferentes visões através de diferentes interpretações da mesma verdade!
Ou talvez não!
Já li alguns livros sagrados! A Bíblia, o Corão, o livro de Mormon, textos védicos, textos budistas… Li o suficiente para perceber que todos dizem a mesma coisa. Todos, sem excepção, falam do valor intrínseco da vida. Todos prometem um futuro melhor através da paz…
…todos despoletam guerras para defender um ponto de vista!

Somos pequenos, somos mesquinhos, somos animais que, almejando ser algo mais do que isso, fazem guerra em nome de um Deus de paz. Matamos em nome de um Deus que dá vida!

Vivemos num mundo de permanente contradição!
Perguntou-me alguém, incrédulo, como é que é possível alguém que nasce na Europa, cresce na Europa, é educado na Europa, vive na Europa ceder a um fundamentalismo de uma fé que nos é, em grande parte, estranha!
Respondi que era uma questão de propósito! A coisa mais importante para um ser humano é sentir que tem um propósito, que a sua vida ou a sua morte servem um objectivo!
O mundo ocidental desumaniza-se! Matámos Deus e, ao fazê-lo, destruímos um propósito nas nossas vidas! Deixámos de ser comunidades para passarmos a ser colectivos de individualidades! Deus foi substituído pelo dinheiro, pelas marcas, pelo conforto, pela ostentação! O sucesso passou a ser medido por quão longe consegues chegar, independentemente de quem tens de atropelar para chegar o mais alto possível. Já não há valor no que és! És um número numa estatística!

Quando assim é, não é difícil perceber que alguém que precisa de sentir que pertence a algo, que a pessoa que é tem importância, se deixe levar por mensagens que lhe oferecem um significado!

O Deus do antigo testamento é temperamental! É vingativo! É castigador!
O Deus do antigo testamento é criador, deu-nos vida, ofereceu-nos o mundo, deu-nos todas as bênçãos…
…e fez cair sobre nós o castigo da desobediência, arrasou cidades por causa da inequidade!
Nós matamos Deus! Ou pelo menos tentámos! Relegámo-lo para segundo plano!
Curiosamente Ele parece vir de outros lados com sede de vingança!
Se calhar os antigos, que tiveram de arranjar um responsável pelo mal do mundo porque não conseguiram lidar com esta dualidade de Deus, que achavam difícil ver como bênção os males que os afligiam, tinham razão!

Se calhar não é o mesmo Deus! Não pode ser o mesmo!

As palavras, as mesmas palavras, dividem mais do que unem!
As palavras são mais fortes que a espada!
Foram elas que fizeram explodir bombas e dispararam indiscriminadamente sobre inocentes!

Será que Deus merece estar morto?
Ou será que precisamos dele de volta para tentar chegar à paz?

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Published on November 16, 2015 01:57

Os dias mais estranhos - 43. Fantasias (ideia, concepção, ficção, quimera)

Na sexta-feira seguinte dirigi-me a Cascais com as minhas malas feitas para a semana que se seguiria. Jantamos ainda nessa noite em sua casa. Uma vez que quase não faláramos durante a semana, fui-lhe contando as aventuras e desventuras do fim-de-semana anterior.-Tou a ver que o menino se diverte muito quando eu não estou consigo. – Disse com um sorriso malandro.-À brava. É que nem calculas…-Pois não, tou a ver. Se eu bem te conheço deves ter ficado em ponto de rebuçado…-Olha, nem por isso…-Não? Se ela era assim um monumento como dizes…-Lá isso era.-…então acho que qualquer um ficava, … – continuou – …a não ser que estejas a virar Gay…-Achas?-Até aqui não me tenho queixado…-Ah bom. Estava a ver. Não, mas a sério, é intimidante com tanta gente à frente. -Tou a ver que, para ti, com público era difícil.-Acho que era um bocado.Rimo-nos os dois.-Mas, a sério, não te apeteceu mesmo nada dar-lhe uma trinca?-Mesmo nada…-Enfim, olha. Paciência.À noite, estávamos os dois na cama, já em preliminares bem avançados quando ela me perguntou.-O que é que gostavas que ela te tivesse feito?-Quem?-A Stripper.-Sei lá…-Vá lá, diz.Embarquei no jogo dela. Comecei a fantasiar e a relatar-lhe as minhas fantasias. Ela ia cumprindo uma a uma, perguntando-me sempre se era aquilo que eu tinha em mente. Às tantas perguntou-me:-Gostavas que fosse ela aqui, agora?-Não.-Gostavas que ela estivesse aqui?Fiquei calado.-Pois eu gostava. Se ela era como dizes, eu gostava que ela estivesse aqui.-Que é que lhe fazias?
Enquanto fazíamos sexo de uma forma quase animal, ela ia-me relatando ao ouvido as suas fantasias do que faríamos em conjunto a essa outra mulher. Isso servia apenas para me deixar ainda mais excitado. Às tantas calou-se, entregando-se apenas às sensações, como se estas lhe tivessem roubado as palavras. Cavalgamos aquela onda de excitação até ao seu clímax. Depois deixámo-nos adormecer nos braços um do outro, completamente esgotados, completamente satisfeitos.
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Published on November 16, 2015 00:33

November 13, 2015

Os dias mais estranhos - 42. Strip (en)(desnudar, despojar, desvestir, desguarnecer)

Continuamos com os nossos encontros, aproveitando os fins-de-semana que tínhamos disponíveis. Em alguns deles apercebi-me que ela recebia algumas chamadas que considerava “incomodo” atender à minha frente. Interpelei-a directamente acerca das mesmas e ela disse-me que eram de um ex-namorado com quem ela tinha andado já depois do divórcio e antes de conhecer o Francisco. Contou-me a história desse namoro por alto, falando-me de uma pessoa que, embora fosse extremamente bem sucedida a nível profissional, era bastante desequilibrada a nível emocional. Aparentemente o dito, do qual eu não recordo o nome, se é que ele alguma vez me chegou a ser mencionado, tinha descoberto que ela já não vivia com o Francisco e voltava agora à carga com tudo.Ela dizia-se desagradada com os constantes telefonemas, mas no entanto não se inibia de os atender e de estar por vezes bastante tempo a falar com ele, muitas das vezes comigo presente, sendo que eu me apercebia bastante bem do teor das conversas que tinham. Dei comigo a ficar possesso algumas vezes, embora tentasse não o evidenciar. Mas não era simples dissimular o que sentia. Pela primeira vez na minha vida sentia um ciúme avassalador. Já ela parecia divertir-se com a reacção que estes telefonemas me provocavam e parecia que as conversas eram cada vez mais longas. Dei-lhe a entender o que sentia. Ela apenas me disse que eu era um tolo, e que se ela quisesse estar com ele, tinha ficado com ele. Disse-lhe que, se os telefonemas a desagradavam tanto, só precisava de lhe dizer que estava com alguém. Não tive direito a resposta. Nada mudou.O verão estava e chegar, e nós começamos a planear tirar uma semana de férias juntos, aproveitando a ausência da Raquel. Sabia-me bem pensar em estar uma semana inteira só com ela, num ambiente diferente. Talvez pudéssemos finalmente ser namorados abertamente.No fim-de-semana anterior a arrancarmos de férias chegou o último concerto que eu tinha marcado com a minha banda. Rumamos ao interior do Alentejo para tocar numa concentração motard. Chegamos lá a meio da tarde. Fomos bem recebidos, como sempre o éramos, e a secura da viagem que havermos feito no meio de um calor abrasador foi amplamente recompensada com a fartura de bebida que foi de imediato posta à disposição. Adorava francamente o ambiente destas concentrações no interior. As terras onde estas aconteciam eram por norma pequenas aldeias ou vilas e eram sempre um verdadeiro acontecimento para a população. Esta misturava-se ali com pessoas vindas de todos os cantos do país. Era um verdadeiro ambiente de festa, embora não tão popular como as festas de aldeia costumam ser, um ambiente diferente em que por norma se respirava um ar mais rock. Agradava-me isto.Após a chegada montamos o nosso material em palco e ficamos à espera dos testes de som. Eram duas bandas a tocar nessa noite, e visto que nós éramos a ultima a tocar fomos a primeira a faze-lo. Quis isso dizer que nos despachamos mais cedo e pudemos conviver com as pessoas que por ali andavam. A maior parte delas tinha vindo para passar os três dias a acampar, sendo que só a noite se costumava juntar a população da terra. Passamos o resto da tarde à conversa entre nós e terceiros, pessoas curiosas pelos músicos. Foi um final de tarde agradável seguido por um jantar soberbo.Uma vez que é já uma espécie de tradição as concentrações terem também um espectáculo de Strip, estávamos todos um bocado curiosos por ver as meninas que o iriam fazer. Vimo-las no restaurante durante o jantar e ficamos bem impressionados com os dotes das meninas e curiosos quanto ao que iriam fazer em palco.A meio da actuação da primeira banda elas fizeram um mini desfile em palco ao som da banda como espécie de apresentação. A primeira banda acabou por volta da onze horas da noite, sendo que entramos nós logo em seguida.O concerto para nós foi muito mais do que um concerto, foi uma festa. Uma espécie de celebração. O facto de ser o meu ultimo concerto com eles fazia que houvesse entre todos a impressão de ser uma ultima oportunidade em conjunto, pelo que demos todos o nosso melhor. Foi, até aquele momento, o concerto das nossas vidas.A meio do concerto as meninas juntaram-se a nós para fazer o desfile em lingerie, sendo que pareceram de imediato contagiadas pela nossa energia. Via que se divertiam connosco enquanto desfilavam. O concerto foi absolutamente fabuloso para nós e com certeza também para as cinco ou seis mil pessoas que estavam à nossa frente e cantavam connosco. Um arraso.Depois foi a vez das stripers fazerem o seu número enquanto nós nos retirávamos para a parte de trás do palco e íamos arrumando o nosso equipamento. Pude observar a primeira de cima do palco, fazendo uma dança sensual com o seu corpo esguio e ginasticado. Quando a primeira dança acabou saímos também do palco. Fiquei perto das escadas a observar a segunda enquanto esperava que elas acabassem para poder tirar o material e arrumar na carrinha. Quando a segunda saiu e antes da entrada da terceira foi posta uma cadeira no centro do palco, o que significava que a menina que vinha a seguir ia fazer uma Lap Dance a alguém. Por norma era a alguém da organização. Ela entrou e começou a sua dança erótica. Foi tirando a roupa ao som da música até ficar vestida apenas com uma tanga, tipo fio dental, e umas botas de cano muito alto, acima do joelho, em cabedal e com saltos altíssimos. Olhou para mim e chamou-me com um gesto.Olhei para o meu lado a ver se estava alguém. A única pessoa que estava era o “Alhos” que se ria que nem um perdido. Fuzilei-o com o olhar.-Pá, falamos com elas e olha, diverte-te. – Disse-me ele.-Olha lá, eu não vou para ali.-Vais pois, e despacha-te que estas a estragar o numero à rapariga.E eu fui.Chegado ao centro do palco, ela fez-me sentar na cadeira. Só lhe disse:-Não sejas muito mazinha…-Não te preocupes, não vou ser. – Disse ela.Posto isto, tirou-me a camisa e sentou-se ao meu colo, pegando depois em cada um dos seus opulentos seios e pondo um de cada lado da minha face, fazendo-me mergulhar naquele vale entre os dois. Depois começou a roçar-se em mim e a deslizar o seu corpo ao longo do meu. Levantou-se e virou-se de costas para mim. Desapertou uns pequenos laços que apertavam a sua tanguinha de lado e fê-la sair. Era um verdadeiro monumento à feminilidade. Depois voltou a sentar-se ao meu colo e dedicou-se a torturar-me de todas as maneiras possíveis, chegando-me até a morder. E eu, por meu turno ali estava quieto, sem me poder mexer. Ao contrário do que seria de supor não estava minimamente excitado. É intimidador ter uma mulher assim a roçar-se pelo nosso corpo enquanto estão cinco mil pessoas a ver e a mandar bocas.
Foi o ponto alto da noite, e como é óbvio fui alvo do gozo dos meus colegas pelo resto da noite e durante o dia seguinte na viagem de regresso. Mas foram sem dúvida momentos engraçados.
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Published on November 13, 2015 08:12