Denise Bottmann's Blog, page 75
May 9, 2012
gustave flaubert no brasil
há em nossos acervos nacionais dois volumes que indicam a data de entrada de flaubert no brasil, em tradução:
Autor: Flaubert, Gustave, 1821-1880.
Título / Barra de autoria:Salambô (romance).
Imprenta:Rio, Ed. guanabara, 1932.
e, embora com data um pouco incerta:
Autor: Flaubert, Gustave, 1821-1880.
Título / Barra de autoria:Madame Bovary.
Imprenta:S. Paulo, Impressora paulista, [1934?].
créditos de tradução, no hay. seria interessante consultar esses volumes ao vivo.
por volta de 1942, sai pela livraria martins a tradução de galeão coutinho de trois contes, mas com o título de são julião, o hospitaleiro (contendo os outros dois contos, "herodíade" e "um coração simples").
também em 1942, aparece uma salambô com "tradução revista" por marques rebelo. no jargão editorial, isso costuma significar o uso de alguma tradução anterior, geralmente portuguesa e ainda mais geralmente não especificada. e aí a dificuldade, mas não a impossibilidade, é descobrir qual foi a tradução utilizada como base. deixo a tarefa aos flaubertianos de carteirinha. de qualquer forma, essa "tradução revista" ainda continua em viçosa circulação, pela ediouro.

a pongetti deve ter gostado do sistema, pois logo em 1944 lança uma educação sentimental também em "tradução revista", agora por araújo alves. tal como salambô, continua até hoje em ativa circulação, pela ediouro:

ainda em 1944, a vecchi lança uma madame bovary, agora especificada: a tradução é de eloy pontes. acompanham a obra as atas do processo contra flaubert por causa dessa obra. a capinha fico devendo.
continuando em 1944, o clube do livro lança uma madame bovary sem especificação dos créditos de tradução e um rotundo "O" em gustavo flaubert (ao mais autêntico estilo luso já evidenciado nas edições da pongetti):
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o clube do livro se sai em 1945 com uma salambô no mesmo estilo - sem créditos e com aportuguesamento do nome:

em c. 1945 sai a tradução de araújo nabuco para madame bovary, pela livraria martins. teve amplíssima circulação ao ser licenciada para a abril cultural (anos 70 e 80) e o círculo do livro (anos 70 a 90), e ainda hoje circula pela itatiaia e pela martin claret (neste último caso, não sei se com licenciamento). - essa tradução, aliás, foi protagonista de uma das fraudes mais cabeludas na história do plagiato tradutório nacional, nas mãos da editora nova cultural.*

em 1947, é a vez da jackson de "revisar" e "adaptar" uma tradução não identificada d' a educação sentimental:
A educacao sentimental / Gustave Flaubert ; [traducao revista e adaptada pelo Departamento Editorial de W. M. Jackson Inc.]. -
agora, a partir de 1948, vale a pena nos concentrarmos na editora que realmente se dedicou a divulgar as obras principais de flaubert no brasil: a melhoramentos. temos em sequência, sempre por ela:
1948,
a educação sentimental, em tradução de mirinha de lacerda soares:

1949, salambô, tradução de aloysio ferraz pereira (aqui na capa da ed. de 1956):

1950, madame bovary: costumes de província, tradução de genésio pereira filho:

1956, três contos ("um coração simples", "a lenda de são julião, o hospitaleiro" e "herodias"), em tradução de carlos chaves, aqui em capa de 1960:

1957, a tentação de santo antão, em tradução de carlos chaves:

1960, bouvard e pécuchet, seguido de dicionário de ideias feitas, em tradução de galeão coutinho e augusto meyer:
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nunca será demais reconhecer essa iniciativa da melhoramentos, e com traduções de boa qualidade.
voltemos à linha cronológica interrompida em 1948. em 1950, o clube do livro relança a tradução de galeão coutinho que saíra pela martins em c. 1942, com os mesmos contos lá acima citados:

em 1959, sai a educação sentimental: história de um moço, com tradução de adolfo casais monteiro, em 2 volumes, pelos clássicos garnier da difel. essa tradução terá grande permanência entre nós, com inúmeras edições pela abril cultural, círculo do livro e, mais recentemente, pela nova alexandria.
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também em 1959, sai uma curiosa adaptação de madame bovary feita por mário donato, com ilustrações de oswald de andrade filho na coleção "meu livro premiado", com direito a capa de veludo e tudo, na série "livros imortais", edições alarico. aliás, não diziam "adaptação - era "condensação literária"; não diziam "ilustrações" e sim "visualização artística", com desenhos de flávio de carvalho, marcelo grassman e outros.
em 1963, sai "um coração simples" in novelas francesas, pela cultrix. constam três tradutoras: leyla perrone-moisés, nelly donato e ruth guimarães. como leyla acabou meio se especializando em flaubert, imagino que este conto esteja em tradução sua:
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em 1965, sai mais uma madame bovary, agora em tradução de nair lacerda, pela bup. não localizei imagem de capa.
em 1969, outra madame bovary, agora em tradução de vera neves pereira, pela bruguera:

em 1974, sai mais uma tradução de três contos, pela editora três, em tradução de luís de lima (adotando "um coração singelo" para "un coeur simple"). a propósito, a rocco volta a editar um coração singelo de luís de lima em 1986.
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em 1981, outro três contos, em tradução de manuel freitas costa e flávio moreira da costa, pela francisco alves (aqui, para o título do conto "un coeur simple" foi adotado "uma alma simples"). volta a ser lançado pela l&pm em 2005, com créditos apenas em nome de flávio moreira da costa. "herodíade" é relançado em 2006 em os melhores contos bíblicos, pela ediouro.

em 1985, temos salambô em tradução de mariajosé de carvalho, max limonad:
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também em 1985, sai outra tradução de madame bovary, agora de sérgio duarte, pela ediouro:
em 1993, uma nova madame bovary, em tradução de fúlvia moretto, pela nova alexandria:

também pela nova alexandria, em 1995 sai outra tradução de dicionário das ideias feitas, agora de cristina murachco:
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em 1996, pela paz e terra, um coração simples em tradução a seis mãos, por clotilde mariano vaz, daniel vaz e simia katarina rickmann:

depois de tantas incontáveis repetições, finalmente surgem coisas novas. em 2000, teremos novembro: seguido de treze cartas a louis bouilhet, com tradução de sérgio medeiros, pela iluminuras:
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outra novidade vem em 2001 - bibliomania, em tradução de carlito de azevedo, pela casa da palavra:

em 2004, a mesma casa da palavra publica outra tradução da mesma "bibliomania", agora integrando a coletânea a paixão pelos livros, em tradução de júlio silveira:

também em 2004, aparecem (no plural) as tentações de santo antão, em tradução de luís de lima, pela iluminuras:

apenas de passagem: certamente deve haver alguma validíssima razão para se traduzir saint antoine por "santo antão", além do vezo lusitano. mas, entre nós, ainda não entendi por que não se usa "santo antônio".
em 2004, sai uma salambô pela itatiaia sem qualquer menção ao tradutor. infelizmente, a itatiaia acabou desandando nos últimos dez, doze anos (veja aqui), e não me espantaria muito se fosse uma contrafação:

em 2005, saem cartas exemplares, em tradução de carlos eduardo lima machado, pela imago:

em 2006, mais outra retradução de trois contes, agora por milton hatoum e samuel titan jr., pela cosac naify. (variando o usual "lenda", temos aqui o título "a legenda de são julião hospitaleiro"):

outra novidade nestes anos é gothica: contos juvenis de gustave flaubert, em tradução de raquel de almeida prado, que sai em 2006 pela berlendis & vertecchia:

por outro lado, ainda em 2006, sai pela martin claret uma vetustíssima tradução portuguesa de a educação sentimental, a de joão barreira, de 1904...

em 2007, temos uma nova tradução de bouvard e pécuchet, agora de marina apenzeller, pela estação liberdade:
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em 2008, sai a tradução de ilana heineberg para madame bovary, pela l&pm (que, tão logo se deu da conta da fraude que maliciosamente lhe impingira a editora nova cultural, procedeu à recolha dos exemplares e contratou essa nova tradução):*

em 2011, a nona tradução de madame bovary no brasil, esta de mário laranjeira, pela penguin/companhia:

em 2011, outra "bibliomania", em tradução de sandra m. stroparo, pela arte e letra: estórias
série M:

sintetizando - pelo levantamento aqui feito sobre a obra de flaubert traduzida no brasil, sem incluir adaptações infanto-juvenis, temos:
nove madame bovary, além de uma anônima, uma "revista", uma "condensação literária" e uma fraude grotesca;*
quatro três contos, e mais dois un coeur simple avulsos com títulos variados;
três "bibliomania";
duas salambô, além de três anônimas e uma "revista";
duas educação sentimental, além de duas "revistas" e uma portuguesa;
dois bouvard e pécuchet;
dois dicionários de ideias feitas;
duas a(s) tentação(ões) de santo antão;
duas seletas de cartas;
um "novembro";
uma juvenília.
* quanto aos três asteriscos ao longo do post, trata-se da edição de madame bovary publicada pela nova cultural,em sua coleção "obras-primas" em 2002, e ainda por cima com tiragens altíssimas (120 mil exemplares para cada edição, conforme, na época, alardeou publicamente a coordenadora editorial da casa). a tradução vinha atribuída a um fantasmagórico "enrico corvisieri", mas na verdade não passava de uma cópia adulterada da clássica tradução de araújo nabuco. veja um resumo da história aqui.

Autor: Flaubert, Gustave, 1821-1880.
Título / Barra de autoria:Salambô (romance).
Imprenta:Rio, Ed. guanabara, 1932.
e, embora com data um pouco incerta:
Autor: Flaubert, Gustave, 1821-1880.
Título / Barra de autoria:Madame Bovary.
Imprenta:S. Paulo, Impressora paulista, [1934?].
créditos de tradução, no hay. seria interessante consultar esses volumes ao vivo.
por volta de 1942, sai pela livraria martins a tradução de galeão coutinho de trois contes, mas com o título de são julião, o hospitaleiro (contendo os outros dois contos, "herodíade" e "um coração simples").
também em 1942, aparece uma salambô com "tradução revista" por marques rebelo. no jargão editorial, isso costuma significar o uso de alguma tradução anterior, geralmente portuguesa e ainda mais geralmente não especificada. e aí a dificuldade, mas não a impossibilidade, é descobrir qual foi a tradução utilizada como base. deixo a tarefa aos flaubertianos de carteirinha. de qualquer forma, essa "tradução revista" ainda continua em viçosa circulação, pela ediouro.

a pongetti deve ter gostado do sistema, pois logo em 1944 lança uma educação sentimental também em "tradução revista", agora por araújo alves. tal como salambô, continua até hoje em ativa circulação, pela ediouro:

ainda em 1944, a vecchi lança uma madame bovary, agora especificada: a tradução é de eloy pontes. acompanham a obra as atas do processo contra flaubert por causa dessa obra. a capinha fico devendo.
continuando em 1944, o clube do livro lança uma madame bovary sem especificação dos créditos de tradução e um rotundo "O" em gustavo flaubert (ao mais autêntico estilo luso já evidenciado nas edições da pongetti):
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o clube do livro se sai em 1945 com uma salambô no mesmo estilo - sem créditos e com aportuguesamento do nome:

em c. 1945 sai a tradução de araújo nabuco para madame bovary, pela livraria martins. teve amplíssima circulação ao ser licenciada para a abril cultural (anos 70 e 80) e o círculo do livro (anos 70 a 90), e ainda hoje circula pela itatiaia e pela martin claret (neste último caso, não sei se com licenciamento). - essa tradução, aliás, foi protagonista de uma das fraudes mais cabeludas na história do plagiato tradutório nacional, nas mãos da editora nova cultural.*

em 1947, é a vez da jackson de "revisar" e "adaptar" uma tradução não identificada d' a educação sentimental:
A educacao sentimental / Gustave Flaubert ; [traducao revista e adaptada pelo Departamento Editorial de W. M. Jackson Inc.]. -
agora, a partir de 1948, vale a pena nos concentrarmos na editora que realmente se dedicou a divulgar as obras principais de flaubert no brasil: a melhoramentos. temos em sequência, sempre por ela:
1948,
a educação sentimental, em tradução de mirinha de lacerda soares:

1949, salambô, tradução de aloysio ferraz pereira (aqui na capa da ed. de 1956):

1950, madame bovary: costumes de província, tradução de genésio pereira filho:

1956, três contos ("um coração simples", "a lenda de são julião, o hospitaleiro" e "herodias"), em tradução de carlos chaves, aqui em capa de 1960:

1957, a tentação de santo antão, em tradução de carlos chaves:

1960, bouvard e pécuchet, seguido de dicionário de ideias feitas, em tradução de galeão coutinho e augusto meyer:
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nunca será demais reconhecer essa iniciativa da melhoramentos, e com traduções de boa qualidade.
voltemos à linha cronológica interrompida em 1948. em 1950, o clube do livro relança a tradução de galeão coutinho que saíra pela martins em c. 1942, com os mesmos contos lá acima citados:

em 1959, sai a educação sentimental: história de um moço, com tradução de adolfo casais monteiro, em 2 volumes, pelos clássicos garnier da difel. essa tradução terá grande permanência entre nós, com inúmeras edições pela abril cultural, círculo do livro e, mais recentemente, pela nova alexandria.
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também em 1959, sai uma curiosa adaptação de madame bovary feita por mário donato, com ilustrações de oswald de andrade filho na coleção "meu livro premiado", com direito a capa de veludo e tudo, na série "livros imortais", edições alarico. aliás, não diziam "adaptação - era "condensação literária"; não diziam "ilustrações" e sim "visualização artística", com desenhos de flávio de carvalho, marcelo grassman e outros.
em 1963, sai "um coração simples" in novelas francesas, pela cultrix. constam três tradutoras: leyla perrone-moisés, nelly donato e ruth guimarães. como leyla acabou meio se especializando em flaubert, imagino que este conto esteja em tradução sua:
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em 1965, sai mais uma madame bovary, agora em tradução de nair lacerda, pela bup. não localizei imagem de capa.
em 1969, outra madame bovary, agora em tradução de vera neves pereira, pela bruguera:

em 1974, sai mais uma tradução de três contos, pela editora três, em tradução de luís de lima (adotando "um coração singelo" para "un coeur simple"). a propósito, a rocco volta a editar um coração singelo de luís de lima em 1986.
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em 1981, outro três contos, em tradução de manuel freitas costa e flávio moreira da costa, pela francisco alves (aqui, para o título do conto "un coeur simple" foi adotado "uma alma simples"). volta a ser lançado pela l&pm em 2005, com créditos apenas em nome de flávio moreira da costa. "herodíade" é relançado em 2006 em os melhores contos bíblicos, pela ediouro.

em 1985, temos salambô em tradução de mariajosé de carvalho, max limonad:
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também em 1985, sai outra tradução de madame bovary, agora de sérgio duarte, pela ediouro:
em 1993, uma nova madame bovary, em tradução de fúlvia moretto, pela nova alexandria:

também pela nova alexandria, em 1995 sai outra tradução de dicionário das ideias feitas, agora de cristina murachco:
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em 1996, pela paz e terra, um coração simples em tradução a seis mãos, por clotilde mariano vaz, daniel vaz e simia katarina rickmann:

depois de tantas incontáveis repetições, finalmente surgem coisas novas. em 2000, teremos novembro: seguido de treze cartas a louis bouilhet, com tradução de sérgio medeiros, pela iluminuras:
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outra novidade vem em 2001 - bibliomania, em tradução de carlito de azevedo, pela casa da palavra:
em 2004, a mesma casa da palavra publica outra tradução da mesma "bibliomania", agora integrando a coletânea a paixão pelos livros, em tradução de júlio silveira:

também em 2004, aparecem (no plural) as tentações de santo antão, em tradução de luís de lima, pela iluminuras:

apenas de passagem: certamente deve haver alguma validíssima razão para se traduzir saint antoine por "santo antão", além do vezo lusitano. mas, entre nós, ainda não entendi por que não se usa "santo antônio".
em 2004, sai uma salambô pela itatiaia sem qualquer menção ao tradutor. infelizmente, a itatiaia acabou desandando nos últimos dez, doze anos (veja aqui), e não me espantaria muito se fosse uma contrafação:
em 2005, saem cartas exemplares, em tradução de carlos eduardo lima machado, pela imago:

em 2006, mais outra retradução de trois contes, agora por milton hatoum e samuel titan jr., pela cosac naify. (variando o usual "lenda", temos aqui o título "a legenda de são julião hospitaleiro"):

outra novidade nestes anos é gothica: contos juvenis de gustave flaubert, em tradução de raquel de almeida prado, que sai em 2006 pela berlendis & vertecchia:

por outro lado, ainda em 2006, sai pela martin claret uma vetustíssima tradução portuguesa de a educação sentimental, a de joão barreira, de 1904...

em 2007, temos uma nova tradução de bouvard e pécuchet, agora de marina apenzeller, pela estação liberdade:
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em 2008, sai a tradução de ilana heineberg para madame bovary, pela l&pm (que, tão logo se deu da conta da fraude que maliciosamente lhe impingira a editora nova cultural, procedeu à recolha dos exemplares e contratou essa nova tradução):*

em 2011, a nona tradução de madame bovary no brasil, esta de mário laranjeira, pela penguin/companhia:

em 2011, outra "bibliomania", em tradução de sandra m. stroparo, pela arte e letra: estórias
série M:

sintetizando - pelo levantamento aqui feito sobre a obra de flaubert traduzida no brasil, sem incluir adaptações infanto-juvenis, temos:
nove madame bovary, além de uma anônima, uma "revista", uma "condensação literária" e uma fraude grotesca;*
quatro três contos, e mais dois un coeur simple avulsos com títulos variados;
três "bibliomania";
duas salambô, além de três anônimas e uma "revista";
duas educação sentimental, além de duas "revistas" e uma portuguesa;
dois bouvard e pécuchet;
dois dicionários de ideias feitas;
duas a(s) tentação(ões) de santo antão;
duas seletas de cartas;
um "novembro";
uma juvenília.
* quanto aos três asteriscos ao longo do post, trata-se da edição de madame bovary publicada pela nova cultural,em sua coleção "obras-primas" em 2002, e ainda por cima com tiragens altíssimas (120 mil exemplares para cada edição, conforme, na época, alardeou publicamente a coordenadora editorial da casa). a tradução vinha atribuída a um fantasmagórico "enrico corvisieri", mas na verdade não passava de uma cópia adulterada da clássica tradução de araújo nabuco. veja um resumo da história aqui.
Published on May 09, 2012 17:33
May 8, 2012
mrs. dalloway
matéria de diogo guedes sobre mrs. dalloway, do dia 06/05 no jornal do commercio. veja também aqui.
como se vê, traduções e opiniões sempre variam. deixo registrada minha opinião sobre a clássica tradução de mário quintana: como já disse outras vezes, considero-a muito meritória e, sob vários aspectos, notável.

como se vê, traduções e opiniões sempre variam. deixo registrada minha opinião sobre a clássica tradução de mário quintana: como já disse outras vezes, considero-a muito meritória e, sob vários aspectos, notável.
Published on May 08, 2012 18:35
schwob e laforgue no brasil
dois autores que sempre me encantaram muito: marcel schwob e jules laforgue, ambos autores de autores, como se diz - isto é, com maior influência sobre outros escritores do que popularidade entre o grande público. nenhum dos dois tem obra muito extensa, e bem que alguma editora poderia publicar publicar todo o conjunto, ainda que tão tardiamente.
I. marcel schwob (aliás, tradutor de shakespeare, defoe, stevenson, wilde)
la croisade des enfants, pungentíssimo, de 1896, saiu no brasil em 1987, em tradução de milton hatoum, pela iluminuras, em edição bilíngue:

vies imaginaires, também de 1896, depois de cem anos chegou até nós. saiu em 1997, em tradução de duda machado, pela 34:

em 1997, saiu uma segunda tradução da cruzada das crianças, agora por dorothée de bruchard, pela paraula:

em 2011, a hedra relança essa tradução, acrescida de vidas imaginárias, também em tradução de dorothée de bruchard:

ainda em 2011, a hedra lança o livro de monelle (le livre de monelle, de 1894), em tradução de cláudia borges de faveri:

II. jules laforgue (tradutor de whitman)
em 1989, sai litanias da lua, uma coletânea de 21 poemas e quatro ensaios organizada e traduzida por régis bonvicino, pela iluminuras:

também em 1989, saem as moralidades lendárias - fábulas filosóficas, em tradução de mary amazonas de barros, pela mesma iluminuras:

em 1997, temos últimos poemas do pierrô lunar, em tradução de luiz carlos de britto rezende, pela sette letras:

em suporte digital, a errática traz oito poemas de laforgue traduzidos por andré vallias, aqui.

cantar a pele de lontra IV traz a tradução de augusto de campos de "o cigarro", aqui.
o jornal de poesia traz "solo de lua", sem referências, aqui.
nils skare, da l-dopa, publicou sua tradução de dois poemas de laforgue, aqui e aqui.
claudio daniel publicou sua tradução de três poemas na zunái, aqui, e certamente deve haver mais vários poemas avulsos publicados aqui e ali.

I. marcel schwob (aliás, tradutor de shakespeare, defoe, stevenson, wilde)
la croisade des enfants, pungentíssimo, de 1896, saiu no brasil em 1987, em tradução de milton hatoum, pela iluminuras, em edição bilíngue:

vies imaginaires, também de 1896, depois de cem anos chegou até nós. saiu em 1997, em tradução de duda machado, pela 34:

em 1997, saiu uma segunda tradução da cruzada das crianças, agora por dorothée de bruchard, pela paraula:

em 2011, a hedra relança essa tradução, acrescida de vidas imaginárias, também em tradução de dorothée de bruchard:
ainda em 2011, a hedra lança o livro de monelle (le livre de monelle, de 1894), em tradução de cláudia borges de faveri:
II. jules laforgue (tradutor de whitman)
em 1989, sai litanias da lua, uma coletânea de 21 poemas e quatro ensaios organizada e traduzida por régis bonvicino, pela iluminuras:

também em 1989, saem as moralidades lendárias - fábulas filosóficas, em tradução de mary amazonas de barros, pela mesma iluminuras:

em 1997, temos últimos poemas do pierrô lunar, em tradução de luiz carlos de britto rezende, pela sette letras:

em suporte digital, a errática traz oito poemas de laforgue traduzidos por andré vallias, aqui.

cantar a pele de lontra IV traz a tradução de augusto de campos de "o cigarro", aqui.
o jornal de poesia traz "solo de lua", sem referências, aqui.
nils skare, da l-dopa, publicou sua tradução de dois poemas de laforgue, aqui e aqui.
claudio daniel publicou sua tradução de três poemas na zunái, aqui, e certamente deve haver mais vários poemas avulsos publicados aqui e ali.
Published on May 08, 2012 13:29
May 7, 2012
história da tradução no brasil

acompanhe as várias pesquisas historiográficas, que são minha contribuição para uma história da tradução no brasil:
alguns aspectos da presença de edgar allan poe no brasil
traduções de charles dickens no brasil
traduções de charlotte brontë no brasil
traduções de edgar allan poe no brasil
traduções de fiódor dostoiévski no brasil
traduções de franz kafka no brasil
traduções de friedrich nietzsche no brasil
traduções de giovanni boccaccio no brasil
traduções de henry d. thoreau no brasil
traduções de henry james no brasil
traduções de jack london no brasil
traduções de james joyce no brasil
traduções de joseph conrad no brasil
traduções de karen blixen no brasil
traduções de maquiavel no brasil - o príncipe
traduções de nathaniel hawthorne no brasil
traduções de sherwood anderson no brasil
traduções de virginia woolf no brasil
traduções de william faulkner no brasil
imagem: clio, a musa da história, século IV a.C.
Published on May 07, 2012 16:28
May 6, 2012
joseph conrad no brasil, III
se heart of darkness é, de longe, a obra de joseph conrad com maior número de traduções no brasil - onze, e duas adaptações -, a tradução individual com maior número de edições é, de longe, lord jim, de mário quintana. pertencente ao catálogo da globo desde 1939, com várias reedições na casa, também foi licenciada para a melhoramentos pelo menos cinco vezes entre 1960 e 1982, para a abril cultural cerca de dez vezes entre 1970 e 1982, para o círculo do livro pelo menos seis vezes entre 1973 e 1998. leve-se em conta que as tiragens da abril e do círculo, sendo para bancas de jornal e sistema domiciliar, eram altíssimas para os padrões habituais, na faixa de 70 mil exemplares cada.
fico muito triste, mas não consegui nenhuma imagem de capa da primeira edição (1939). aqui à esquerda, na edição da globo para bancas, em papel jornal, de 1987:
melhoramentos
abril:
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círculo
outra coisa que deve ter contribuído para sua popularização foi a quadrinização publicada pela ebal, edição maravilhosa n. 171, de 1958:
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e o tremendo sucesso do filme tendo peter o'toole como jim, em 1965:

é interessante que lord jim tenha se tornado esse fenômeno quase pop: afinal, é uma obra meio pesadinha, com duas terríveis tragédias no começo e no fim, e entre elas uma sucessão de desonras, patetices, ilusões e fracassos, além daquele peso moral e psicológico que às vezes chega a sufocar o leitor, característico de tantas obras de conrad .
acompanhe aqui o que há de conrad no brasil.

fico muito triste, mas não consegui nenhuma imagem de capa da primeira edição (1939). aqui à esquerda, na edição da globo para bancas, em papel jornal, de 1987:
melhoramentosabril:
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círculo

outra coisa que deve ter contribuído para sua popularização foi a quadrinização publicada pela ebal, edição maravilhosa n. 171, de 1958:
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e o tremendo sucesso do filme tendo peter o'toole como jim, em 1965:

é interessante que lord jim tenha se tornado esse fenômeno quase pop: afinal, é uma obra meio pesadinha, com duas terríveis tragédias no começo e no fim, e entre elas uma sucessão de desonras, patetices, ilusões e fracassos, além daquele peso moral e psicológico que às vezes chega a sufocar o leitor, característico de tantas obras de conrad .
acompanhe aqui o que há de conrad no brasil.
Published on May 06, 2012 19:13
joseph conrad no brasil, II

heart of darkness
tradução
editora
ano
coração das trevas
regina régis junqueira
itatiaia
1984
o coração da treva
hamilton trevisan
global
1984
o coração das trevas
marcos santarrita
brasiliense
1984
o coração das trevas
albino poli jr.
l&pm
1997
coração das trevas
juliana l. freitas
nova alexandria
2001
o coração das trevas
celso mauro paciornik
iluminuras
2002
o coração das trevas
luciano alves meira
martin claret
2007
coração das trevas
sergio flaksman
cia. das letras
2007
no coração das trevas
josé roberto o'shea
hedra
2008
o coração das trevas
fábio cyrino
landmark
2011
coração das trevas
julieta cupertino
revan
2011
adaptação
coração das trevas
josé vicente bernardo
nova alexandria
2005
o coração das trevas
rodrigo espinosa cabral
rideel
2007
an outpost of progress
uma guarda avançada do progresso
cabral do nascimento (port.)
edigraf
1942
um posto avançado
de progresso
virgínia lefèvre
boa leitura
1964
um posto avançado
do progresso
julieta cupertino
revan
2004
um posto avançado
do progresso
maria luiza x. de a. borges
nova fronteira
2007
um posto avançado
do progresso
sergio flaksman
cia. das letras
2008
youth
juventude
edison carneiro
leitura
1944
juventude
flávio moreira da costa
marco zero
1986
mocidade
maria ercília galvão bueno
imago
1994
juventude: uma narrativa
julieta cupertino
revan
2001
juventude: uma narrativa
valéria medeiros
paz e terra
2003
the
secret agent
o agente secreto
pepita leão
globo
1934
o agente secreto
laetitia vasconcellos
imago
1995
o agente secreto
paulo cezar castanheira
revan
2002
o agente secreto
eduardo furtado
landmark
2010
the secret sharer
o cúmplice secreto
marilene felinto
e heloísa prieto
max limonad
1985
o parceiro secreto
maria ercília galvão bueno
imago
1994
o cúmplice secreto
celso mauro paciornik
iluminuras
2002
o parceiro secreto
valéria medeiros
paz e terra
2003
lord jim*
lord jim
mário quintana
globo
1939
lorde jim
marcos santarrita
francisco alves
1982
lord jim
julieta cupertino
revan
2001
adaptação
lord jim
cordélia dias d'aguiar
ediouro
1987
*há um registro não identificado de uma edição pela boa leitura, em
1960. há uma fraude de tradução em 2003, pela nova cultural, em nome de “carmen
lia lomonaco”
victory
vitória
leonel vallandro
globo
1942
vitória
marcos santarrita
francisco alves
1982
vitória
julieta cupertino
revan
2009
amy foster
amy foster
queiroz lima
globo
1936
amy foster
albino poli. Jr.
l&pm
1985
amy foster
julieta cupertino
revan
2007
shadow line
a linha de sombra:
uma confissão
maria antonia van acker
hemus
1978c
a linha de sombra
julieta cupertino
revan
2005
a linha de sombra:
uma confissão
guilherme braga
l&pm
2010
the duel
o duelo
cláudio figueiredo
cia. das letras
2007
os duelistas
andré de godoy vieira
l&pm
2007
o duelo
julieta cupertino
revan
2008
nostromo
nostromo
donaldson garschagen
record
1983
nostromo
josé paulo paes
cia. das letras
1991
almayer's folly
perdição
virgínia lefèvre
boa leitura
1964
a loucura do almayer
julieta cupertino
revan
1999
typhoon
tufão
queiroz lima
globo
1936
tufão
albino poli jr.
l&pm
1985
tomorrow
amanhã
queiroz lima
globo
1936
amanhã
albino poli jr.
l&pm
1985
karain: a memoir
karain, uma lembrança
virgínia lefèvre
boa leitura
1964
karain: uma memória
julieta cupertino
revan
2004
the brute
a fera
laetitia vasconcellos
cia. das letras
2005
a bruta
dirceu villa
hedra
2009
under western eyes
sob os olhos do ocidente
marcos santarrita
brasiliense
1984
chance
a força do acaso, ou chance
francisco da rocha filho
marco zero
1985
the arrow of gold
a flecha de ouro
marques rebello
globo
1940
inside the tides
dentro das marés
julieta cupertino
revan
2004
because of the dollars
por causa dos dólares
aurélio buarque de hollanda
nova fronteira
1978
e paulo rónai
falk
falk
queiroz lima
globo
1936
the idiots
os idiotas
virgínia lefèvre
boa leitura
1964
the return
a volta
virgínia lefèvre
boa leitura
1964
the lagoon
a laguna
virgínia lefèvre
boa leitura
1964
the mirror of
the sea
espelho do mar
celso mauro paciornik
iluminuras
1999
a personal record
um registro pessoal
celso mauro paciornik
iluminuras
1999
the end of
the tether
o fim das forças
julieta cupertino
revan
2000
freya of the
seven islands
freya das sete ilhas
julieta cupertino
revan
2003
il conde
il conde
dirceu villa
hedra
2009
the informer
o informante
dirceu villa
hedra
2009
an anarchist
um anarquista
dirceu villa
hedra
2009
veja também joseph conrad no brasil, I.
Published on May 06, 2012 17:43
joseph conrad no brasil, I

a obra de joseph conrad é até razoavelmente conhecida entre nós: talvez cerca de 1/3 dela esteja traduzida no brasil.
é uma trajetória interessante - foi por iniciativa da livraria do globo que joseph conrad chegou, numa sucessão relativamente rápida (sempre pela globo):
1934, o agente secreto, em tradução de pepita leão
1936, tufão e outras histórias (com "tufão", "amy foster", "falk" e "amanhã"), em tradução de queiroz lima
1939, lord jim, em tradução de mário quintana
1940, a flecha de ouro, tradução de marques rebello
1942, vitória, em tradução de leonel vallandro
ainda em 1942, sai "uma guarda avançada do progresso" na coletânea contos ingleses, organizada por jacob penteado, pela edigraf. embora não conste crédito, é a tradução portuguesa de cabral do nascimento.
em 1944, sai "juventude" em tradução de edison carneiro na coletânea os ingleses: antigos e modernos, organizada por rubem braga e publicada pela editora leitura.
aí vem uma calmaria de vinte anos, até que, em 1964, a editora boa leitura lança perdição e contos de inquietude, em tradução de virgínia lefèvre. perdição corresponde a almayer's folly e os cinco contos (tales of unrest) são "karain, uma lembrança", "os idiotas", "um posto avançado de progresso", "a volta" e "a laguna". [diga-se de passagem que a boa leitura havia publicado um lord jim em 1960, mas não consegui descobrir se era uma retradução ou um licenciamento da tradução de 1939.]
passa-se mais um tempinho, até que:
em c. 1978 sai a linha de sombra: uma confissão, em tradução de maria antonia van acker, pela hemus;
em 1978 temos "por causa dos dólares" (da coletânea within the tides), na edição revista e ampliada da antologia mar de histórias, em tradução de aurélio buarque de hollanda e paulo rónai, pela nova fronteira;
em 1982 vem vitória, em tradução de marcos santarrita, pela francisco alves;
no mesmo ano, uma nova tradução de lorde jim, também por marcos santarrita, também pela francisco alves;
no ano seguinte, 1983, sai nostromo, em tradução de donaldson garschagen, pela record.
note-se que, nesses cinquenta anos de publicação de conrad no brasil, entre 1934 e 1983, nem sinal daquela obra que, hoje em dia, é a mais espantosamente traduzida e retraduzida entre nós, heart of darkness (com nada menos que treze traduções/ adaptações diferentes - veja aqui).
é em 1984 que se inicia o surto, provavelmente na esteira do sucesso do filme apocalypse now, com três traduções lançadas no mesmo ano:
coração das trevas, em tradução de regina régis junqueira, pela itatiaia;
o coração da treva, em tradução de hamilton trevisan, pela global;
o coração das trevas, em tradução de marcos santarrita, pela brasiliense.
a partir daí, a onda conradiana ganha impulso e avança com uma razoável variedade de novos títulos e mais algumas retraduções:
1984, sob os olhos do ocidente, tradução de marcos santarrita, brasiliense;
1985, a força do acaso ou chance, tradução de francisco da rocha filho, marco zero;
1985, o cúmplice secreto, tradução de marilene felinto e heloísa prieto, max limonad;
1985, tufão & outras histórias (com "tufão", "amy foster" e "amanhã"), tradução de albino poli jr.,
l±
1986, juventude, tradução de flávio moreira da costa, marco zero;
1987, lord jim, adaptação de cordélia dias d'aguiar, coleção elefante, ediouro;
1991, nostromo, tradução de josé paulo paes, companhia das letras;
1994, mocidade e o parceiro secreto, tradução de maria ercília galvão bueno, imago;
1995, o agente secreto: uma história singela, tradução de laetitia vasconcellos, imago;
1997, o coração das trevas, tradução de albino poli jr.,
l±
1999, espelho do mar, seguido de um registro pessoal, tradução de celso mauro paciornik, iluminuras;
1999, a loucura do almayer, tradução de julieta cupertino, revan
aqui vale a pena dar uma paradinha para comentar uma história simpática: julieta cupertino, nascida em outubro de 1907 e atualmente com 104 anos de idade, com amorosa dedicação começou a traduzir as obras de conrad já nonagenária. ao longo dos anos, a revan vem publicando este seu paciente trabalho, e assim é que, na sequência de a loucura do almayer, que saiu em 1999, temos as seguintes traduções de cupertino, sempre pela revan:
2000, o fim das forças
2001, juventude: uma narrativa (edição bilíngue)
2001, lord jim
2003, freya das sete ilhas
2004, dentro das marés
2004, duas histórias (karain: uma memória, e um posto avançado do progresso)
2005, a linha de sombra
2007, amy foster
2008, o duelo
2009, vitória
2011, coração das trevas
em 2002, entre essa sequência, a mesma editora publicou também o agente secreto, em tradução de paulo cezar castanheira.
retomando a ordem cronológica das traduções e retraduções de conrad no brasil, e já apresentados os doze títulos que saíram pela revan desde 2000, prossegue a onda conradiana, agora com predomínio maciço de retraduções, sobretudo de heart of darkness, e apenas uma ou outra coisa que ainda estava inédita entre nós:
2001, coração das trevas, tradução de juliana l. freitas, nova alexandria;
2002, o coração das trevas, seguido de o cúmplice secreto, tradução de celso mauro paciornik, iluminuras;
2003, juventude: uma narrativa, e o parceiro secreto, tradução de valéria medeiros, paz e terra;
2005, "a fera" (de a set of six), in contos de horror do século XIX, tradução de laetitia vasconcellos, companhia das letras;
2005, coração das trevas, adaptação de josé vicente bernardo, nova alexandria;
2007, o coração das trevas, adaptação de rodrigo espinosa cabral, rideel;
2007, o coração das trevas, tradução de luciano alves meira, martin claret;
2007, "o duelo" em mestres-de-armas - seis histórias sobre duelos, tradução de cláudio figueiredo, companhia das letras;
2007, os duelistas, tradução de andré de godoy vieira, l±
2007, "um posto avançado do progresso", in os melhores contos que a história escreveu, tradução de maria luiza x. de a. borges, nova fronteira;
2008, coração das trevas, seguido de um posto avançado do progresso, tradução de sergio flaksman, companhia das letras;
2008, no coração das trevas, tradução de josé roberto o'shea, hedra;
2009, um anarquista e outros contos (são: "um anarquista", "o informante", "il conde" e "a bruta", de a set of six), tradução de dirceu villa, hedra;
2010, a linha de sombra: uma confissão, tradução de guilherme braga, l±
2010, o agente secreto, tradução de eduardo furtado, landmark;
2011, o coração das trevas, tradução de fábio cyrino, landmark
encontrei menção a um conto de conrad em contos de amor e desamor, pela agir, mas não consegui maiores informações. entre as ausências incompreensíveis, destacam-se the nigger of the "narcissus" e "gaspar ruiz", este integrante de a set of six, coletânea do autor inexplicavelmente desmembrada entre nós.
cabe ainda lembrar o lamentável descaminho da editora nova cultural em sua coleção "obras-primas", lançando em 2003 um lord jim com pretensa tradução atribuída a uma "carmen lia lomônaco" que, em verdade, constituía mera cópia da decana tradução de mário quintana, conforme expus aqui.
obs.: neste levantamento, as traduções estão mencionadas apenas em sua primeira edição. tirando uma ou outra, praticamente todas elas tiveram maior ou menor número de reedições, além de licenciamentos para outras editoras. veja a tabela de obras por frequência de traduções em joseph conrad no brasil, II.
imagem: aqui
Published on May 06, 2012 13:32
May 5, 2012
sherwood anderson no brasil

gosto muito de sherwood anderson. ontem, lembrando-me dele, fiquei curiosa em saber o que havia de seu no brasil.
o leitor incauto pode achar que a secreta mentira, o livro dos grotescos, a verdade de cada um e winesburg, ohio são obras diferentes (como aconteceu comigo alguns anos atrás, daí resultando comprar algo que eu já tinha). não, as quatro correspondem ao mesmo winesburg, ohio (1919).
três delas trazem a mesma tradução, a saber, de james amado e moacyr werneck de castro:
- a secreta mentira, globo, 1950:

- a verdade de cada um, cultrix, 1967:

- winesburg, ohio, l&pm, 1987:

outra tradução é a de constantino paleólogo, publicada em 1952 pela revista branca (que, como já comentei em outra postagem, tinha coisas muito interessantes):

na famosa coletânea organizada por vinícius de moraes, norte-americanos: antigos e modernos, que saiu em 1945 pela editora leitura, há o conto "a outra mulher" ("the other woman", da coletânea the triumph of the egg, de 1921), traduzido por décio de almeida prado.
em 1958, sai "mãos" em maravilhas do conto norte-americano, pela cultrix, para variar sem crédito de tradução. "mãos" faz parte do ciclo de contos de winesburg, ohio. não me parece impossível que a cultrix tenha usado uma das duas traduções acima citadas.
também em 1958, na coletânea de obras-primas do conto norte-americano organizada por sérgio milliet e publicada pela livraria martins editora, consta o conto "uma boa menina" - não sei a qual conto de anderson corresponde e, entre a profusão de nomes de tradutores do volume, fica difícil saber quem traduziu o quê.
a editora curitibana l-dopa anuncia em seu site mais um winesburg, ohio e uma outra mulher, agora para 2012, mas ainda não divulgou o nome do(s) tradutor(es).
sherwood anderson escreveu tanto e sua obra é tão pungente que acho que mereceríamos mais coisas dele no brasil. para mim, uma reencarnação de sua prosa tão brutalmente lírica, em outra linguagem, é paris, texas ou qualquer roteiro ou interpretação de sam shepard.
Published on May 05, 2012 15:02
May 4, 2012
tradução ≠ edição

acho que seria importante que, não digo os leitores em geral, mas pelo menos estudiosos e pesquisadores, quando se debruçassem sobre alguma tradução, levassem em conta seu histórico. explico-me: uma tradução feita e publicada em, por exemplo, 1935, pode continuar bela e formosa em inúmeras reedições por muitas e muitas décadas (ou mesmo sumir e reaparecer depois de muitas décadas). se a edição consultada, estudada ou pesquisada é de, digamos, 1980, não significa que a tradução deixou de ser de 1935 e passou a ser de 1980. ou melhor, talvez seja o caso de falar não em tradução ≠ edição, e sim em primeira edição ≠ edição atualmente em circulação ou quejandos.
comento isso a propósito de uma esforçada e bem simpática dissertação de mestrado sobre o conto the chimes, de charles dickens, disponível aqui. a proposta do estudo é analisar três traduções do conto, sob o ângulo da sonoridade do texto, o qual de certa forma mimetiza em algumas passagens o som dos carrilhões, e das soluções adotadas para transpor esses elementos para a tradução. eis a explicação dos critérios adotados para a escolha das traduções:
Para este trabalho, foram escolhidos dois textos brasileiros, um de José Paulo Paes, Os Carrilhões (1993) pela Ediouro, e o outro de Elsie Lessa, A Voz dos Sinos (2004), pela editora Itatiaia. Os Sinos de Ano Novo aparece como a terceira tradução, porém de origem portuguesa, feita por Lucília Filipe, pela editora Europa-américa (2001). Embora com títulos distintos, trata-se da tradução da mesma obra literária.
Num primeiro momento, havia o desejo de utilizar nesta pesquisa a tradução de Elsie Lessa e de John Green por ambos terem sido publicados em 2004 e serem as traduções mais recentes. Porém, em decorrência dos escândalos envolvendo a editora Martin Claret por plágio tradutório e o fato de não se achar qualquer registro de John Green, optou-se por descartar esta tradução.
destes parágrafos depreende-se que foram usados dois critérios principais para a escolha dos textos: a fidedignidade e a data, dando-se preferência a traduções recentes.
e aqui surge a questão: a pesquisadora pretende utilizar a tradução de élsie lessa porque foi publicada em 2004 e (há aí um elíptico "portanto") é a mais recente. ora, este é o x da questão (ou, como dizia oscar mendes ao traduzir the heart of the matter de graham greene, este é "o coração da matéria"): de fato, há uma edição da itatiaia em 2004, aliás reedição do volume que a mesma editora já havia publicado em 1976, e é apenas uma entre muitas. já a tradução, élsie lessa a fez muito antes disso ou, em outros termos, a primeira edição da tradução de élsie lessa saiu em 1941, pela livraria martins (e talvez até, na verdade, em 1935, pela cultura brasileira).
analogamente, cabe lembrar que a tradução de josé paulo paes d'os carrilhões saiu pela primeira vez em 1959, pela cultrix, e que a edição de 1993 pela ediouro é, da mesma forma que a voz dos sinos pela itatiaia, apenas uma entre muitas.
aliás, a ideia da pesquisadora de montar uma tabela cronológica com as várias edições do conto é excelente; quanto à pesquisa em si, alguns dados sobre a fortuna histórica de the chimes no brasil mereceriam algumas correções, tanto mais porque, neste caso, o critério temporal parece ter sido decisivo para a escolha de seu objeto de estudo.
este exemplo reforça minha convicção de que é absolutamente necessário, urgente e fundamental, para todas as áreas de letras, literatura, estudos de tradução e estudos culturais em geral, que se aprofundem sólidas pesquisas historiográficas sobre tradução no brasil, única maneira de se obterem dados confiáveis para os mais variados temas de estudo e pesquisa.
imagem: several editions
Published on May 04, 2012 21:35
May 3, 2012
jack london no brasil VIII
I.

de martin eden (1909) dispomos de apenas uma tradução brasileira: a de gilda stuart e felipe rajabally, pelo círculo do livro, infelizmente esgotadíssima.

(a tradução que saiu em 1978 pela abril cultural e em 2003 pela nova alexandria é portuguesa, de aureliano sampaio)
II.

quanto à praga escarlate, de 1915, dispomos da tradução de roberto denice, publicada pela conrad em 1982:

III.

adventure (1911) saiu em 1983 pela companhia editora nacional com o título de a aventureira, em tradução de américo r. netto (capas, esq. 2002, dir. 2007 em diante):

IV.

1907
antes de adão sai em 1985 no brasil em tradução de maria inês arieira e luís fernando brandão, pela l&pm (capas: esq., 1985; dir., 1999 em diante):

V.

the star rover (1907), também conhecido como the jacket (título com que saiu na inglaterra), tem duas traduções no brasil, ambas com o título de o andarilho das estrelas. a primeira delas saiu em 1993, pela axis mundi, com tradução de merle scoss:

a segunda saiu em 2004, pela editora do conhecimento, em tradução de marco castilho e mariléa de castro:

acompanhe aqui outras obras de jack london no brasil.


de martin eden (1909) dispomos de apenas uma tradução brasileira: a de gilda stuart e felipe rajabally, pelo círculo do livro, infelizmente esgotadíssima.

(a tradução que saiu em 1978 pela abril cultural e em 2003 pela nova alexandria é portuguesa, de aureliano sampaio)
II.

quanto à praga escarlate, de 1915, dispomos da tradução de roberto denice, publicada pela conrad em 1982:

III.

adventure (1911) saiu em 1983 pela companhia editora nacional com o título de a aventureira, em tradução de américo r. netto (capas, esq. 2002, dir. 2007 em diante):

IV.

1907
antes de adão sai em 1985 no brasil em tradução de maria inês arieira e luís fernando brandão, pela l&pm (capas: esq., 1985; dir., 1999 em diante):

V.

the star rover (1907), também conhecido como the jacket (título com que saiu na inglaterra), tem duas traduções no brasil, ambas com o título de o andarilho das estrelas. a primeira delas saiu em 1993, pela axis mundi, com tradução de merle scoss:

a segunda saiu em 2004, pela editora do conhecimento, em tradução de marco castilho e mariléa de castro:

acompanhe aqui outras obras de jack london no brasil.
Published on May 03, 2012 19:04
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