Denise Bottmann's Blog, page 75

May 9, 2012

gustave flaubert no brasil

há em nossos acervos nacionais dois volumes que indicam a data de entrada de flaubert no brasil, em tradução:




Autor: Flaubert, Gustave, 1821-1880. clique aqui para ver as obras deste autor no Catálogo de Autoridades de Nomes
Título / Barra de autoria:Salambô (romance).
Imprenta:Rio, Ed. guanabara, 1932. 



e, embora com data um pouco incerta:




Autor: Flaubert, Gustave, 1821-1880. clique aqui para ver as obras deste autor no Catálogo de Autoridades de Nomes
Título / Barra de autoria:Madame Bovary.
Imprenta:S. Paulo, Impressora paulista, [1934?]. 



créditos de tradução, no hay. seria interessante consultar esses volumes ao vivo.



por volta de 1942, sai pela livraria martins a tradução de galeão coutinho de trois contes, mas com o título de são julião, o hospitaleiro (contendo os outros dois contos, "herodíade" e "um coração simples").



também em 1942, aparece uma salambô com "tradução revista" por marques rebelo. no jargão editorial, isso costuma significar o uso de alguma tradução anterior, geralmente portuguesa e ainda mais geralmente não especificada. e aí a dificuldade, mas não a impossibilidade, é descobrir qual foi a tradução utilizada como base. deixo a tarefa aos flaubertianos de carteirinha. de qualquer forma, essa "tradução revista" ainda continua em viçosa circulação, pela ediouro.








a pongetti deve ter gostado do sistema, pois logo em 1944 lança uma educação sentimental também em "tradução revista", agora por araújo alves. tal como salambô, continua até hoje em ativa circulação, pela ediouro:








ainda em 1944, a vecchi lança uma madame bovary, agora especificada: a tradução é de eloy pontes. acompanham a obra as atas do processo contra flaubert por causa dessa obra. a capinha fico devendo.



continuando em 1944, o clube do livro lança uma madame bovary sem especificação dos créditos de tradução e um rotundo "O" em gustavo flaubert (ao mais autêntico estilo luso já evidenciado nas edições da pongetti):



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o clube do livro se sai em 1945 com uma salambô no mesmo estilo - sem créditos e com aportuguesamento do nome:








em c. 1945 sai a tradução de araújo nabuco para madame bovary, pela livraria martins. teve amplíssima circulação ao ser licenciada para a abril cultural (anos 70 e 80) e o círculo do livro (anos 70 a 90), e ainda hoje circula pela itatiaia e pela martin claret (neste último caso, não sei se com licenciamento). - essa tradução, aliás, foi protagonista de uma das fraudes mais cabeludas na história do plagiato tradutório nacional, nas mãos da editora nova cultural.*



Livro - Madame Bovary - Gustave Flaubert




em 1947, é a vez da jackson de "revisar" e "adaptar" uma tradução não identificada d' a educação sentimental:





A educacao sentimental / 
Gustave Flaubert ; [traducao revista e adaptada pelo Departamento Editorial de W. M. Jackson Inc.]. -








agora, a partir de 1948, vale a pena nos concentrarmos na editora que realmente se dedicou a divulgar as obras principais de flaubert no brasil: a melhoramentos. temos em sequência, sempre por ela:


 1948, 
a educação sentimental, em tradução de mirinha de lacerda soares:  





1949, salambô, tradução de aloysio ferraz pereira (aqui na capa da ed. de 1956):






1950, madame bovary: costumes de província, tradução de genésio pereira filho:






1956, três contos ("um coração simples", "a lenda de são julião, o hospitaleiro" e "herodias"), em tradução de carlos chaves, aqui em capa de 1960:


Livro - Três Contos - Gustave Flaubert


1957, a tentação de santo antão, em tradução de carlos chaves:






1960, bouvard e pécuchet, seguido de dicionário de ideias feitas, em tradução de galeão coutinho e augusto meyer:


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nunca será demais reconhecer essa iniciativa da melhoramentos, e com traduções de boa qualidade.



voltemos à linha cronológica interrompida em 1948. em 1950, o clube do livro relança a tradução de galeão coutinho que saíra pela martins em c. 1942, com os mesmos contos lá acima citados:







em 1959, sai a educação sentimental: história de um moço, com tradução de adolfo casais monteiro, em 2 volumes, pelos clássicos garnier da difel. essa tradução terá grande permanência entre nós, com inúmeras edições pela abril cultural, círculo do livro e, mais recentemente, pela nova alexandria.



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também em 1959, sai uma curiosa adaptação de madame bovary feita por mário donato, com ilustrações de oswald de andrade filho na coleção "meu livro premiado", com direito a capa de veludo e tudo, na série "livros imortais", edições alarico. aliás, não diziam "adaptação - era "condensação literária"; não diziam "ilustrações" e sim "visualização artística", com desenhos de flávio de carvalho, marcelo grassman e outros.



em 1963, sai "um coração simples" in novelas francesas, pela cultrix. constam três tradutoras: leyla perrone-moisés, nelly donato e ruth guimarães. como leyla acabou meio se especializando em flaubert, imagino que este conto esteja em tradução sua:



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em 1965, sai mais uma madame bovary, agora em tradução de nair lacerda, pela bup. não localizei imagem de capa.



em 1969, outra madame bovary, agora em tradução de vera neves pereira, pela bruguera:



Madame Bovary - Gustave Flaubert




em 1974, sai mais uma tradução de três contos, pela editora três, em tradução de luís de lima (adotando "um coração singelo" para "un coeur simple"). a propósito, a rocco volta a editar um coração singelo de luís de lima em 1986.



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em 1981, outro três contos, em tradução de manuel freitas costa e flávio moreira da costa, pela francisco alves (aqui, para o título do conto "un coeur simple" foi adotado "uma alma simples"). volta a ser lançado pela l&pm em 2005, com créditos apenas em nome de flávio moreira da costa. "herodíade" é relançado em 2006 em os melhores contos bíblicos, pela ediouro.



Três Contos, Gustave Flauber




em 1985, temos salambô em tradução de mariajosé de carvalho, max limonad:



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também em 1985, sai outra tradução de madame bovary, agora de sérgio duarte, pela ediouro:





 



em 1993, uma nova madame bovary, em tradução de fúlvia moretto, pela nova alexandria:








também pela nova alexandria, em 1995 sai outra tradução de dicionário das ideias feitas, agora de cristina murachco:



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em 1996, pela paz e terra, um coração simples em tradução a seis mãos, por clotilde mariano vaz, daniel vaz e simia katarina rickmann:







depois de tantas incontáveis repetições, finalmente surgem coisas novas. em 2000, teremos novembro: seguido de treze cartas a louis bouilhet, com tradução de sérgio medeiros, pela iluminuras:



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outra novidade vem em 2001 - bibliomania, em tradução de carlito de azevedo, pela casa da palavra:








em 2004, a mesma casa da palavra publica outra tradução da mesma "bibliomania", agora integrando a coletânea a paixão pelos livros, em tradução de júlio silveira:








também em 2004, aparecem (no plural) as tentações de santo antão, em tradução de luís de lima, pela iluminuras:








apenas de passagem: certamente deve haver alguma validíssima razão para se traduzir saint antoine por "santo antão", além do vezo lusitano. mas, entre nós, ainda não entendi por que não se usa "santo antônio".




em 2004, sai uma salambô pela itatiaia sem qualquer menção ao tradutor. infelizmente, a itatiaia acabou desandando nos últimos dez, doze anos (veja aqui), e não me espantaria muito se fosse uma contrafação:








em 2005, saem cartas exemplares, em tradução de carlos eduardo lima machado, pela imago:








em 2006, mais outra retradução de trois contes, agora por milton hatoum e samuel titan jr., pela cosac naify. (variando o usual "lenda", temos aqui o título "a legenda de são julião hospitaleiro"):



Título do Livro




outra novidade nestes anos é gothica: contos juvenis de gustave flaubert, em tradução de raquel de almeida prado, que sai em 2006 pela berlendis & vertecchia:








por outro lado, ainda em 2006, sai pela martin claret uma vetustíssima tradução portuguesa de a educação sentimental, a de joão barreira, de 1904...








em 2007, temos uma nova tradução de bouvard e pécuchet, agora de marina apenzeller, pela estação liberdade:



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em 2008, sai a tradução de ilana heineberg para madame bovary, pela l&pm (que, tão logo se deu da conta da fraude que maliciosamente lhe impingira a editora nova cultural, procedeu à recolha dos exemplares e contratou essa nova tradução):*








em 2011, a nona tradução de madame bovary no brasil, esta de mário laranjeira, pela penguin/companhia:








em 2011, outra "bibliomania", em tradução de sandra m. stroparo, pela arte e letra: estórias 

série M:



Arte e Letra: Estórias M






sintetizando - pelo levantamento aqui feito sobre a obra de flaubert traduzida no brasil, sem incluir adaptações infanto-juvenis, temos:


nove madame bovary, além de uma anônima, uma "revista", uma "condensação literária" e uma fraude grotesca;*
quatro três contos, e mais dois un coeur simple avulsos com títulos variados;
três "bibliomania";
duas salambô, além de três anônimas e uma "revista";

duas educação sentimental, além de duas "revistas" e uma portuguesa;

dois bouvard e pécuchet;
dois dicionários de ideias feitas;
duas a(s) tentação(ões) de santo antão;
duas seletas de cartas;
um "novembro";
uma juvenília.





* quanto aos três asteriscos ao longo do post, trata-se da edição de madame bovary publicada pela nova cultural,em sua coleção "obras-primas" em 2002, e ainda por cima com tiragens altíssimas (120 mil exemplares para cada edição, conforme, na época, alardeou publicamente a coordenadora editorial da casa). a tradução vinha atribuída a um fantasmagórico "enrico corvisieri", mas na verdade não passava de uma cópia adulterada da clássica tradução de araújo nabuco. veja um resumo da história aqui.



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Published on May 09, 2012 17:33

May 8, 2012

mrs. dalloway

matéria de diogo guedes sobre mrs. dalloway, do dia 06/05 no jornal do commercio. veja também aqui.

















como se vê, traduções e opiniões sempre variam. deixo registrada minha opinião sobre a clássica tradução de mário quintana: como já disse outras vezes, considero-a muito meritória e, sob vários aspectos, notável.


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Published on May 08, 2012 18:35

schwob e laforgue no brasil

dois autores que sempre me encantaram muito: marcel schwob e jules laforgue, ambos autores de autores, como se diz - isto é, com maior influência sobre outros escritores do que popularidade entre o grande público. nenhum dos dois tem obra muito extensa, e bem que alguma editora poderia publicar publicar todo o conjunto, ainda que tão tardiamente.



I. marcel schwob (aliás, tradutor de shakespeare, defoe, stevenson, wilde)



la croisade des enfants, pungentíssimo, de 1896, saiu no brasil em 1987, em tradução de milton hatoum, pela iluminuras, em edição bilíngue:








vies imaginaires, também de 1896, depois de cem anos chegou até nós. saiu em 1997, em tradução de duda machado, pela 34:








em 1997, saiu uma segunda tradução da cruzada das crianças, agora por dorothée de bruchard, pela paraula:








em 2011, a hedra relança essa tradução, acrescida de vidas imaginárias, também em tradução de dorothée de bruchard:








ainda em 2011, a hedra lança o livro de monelle (le livre de monelle, de 1894), em tradução de cláudia borges de faveri:









II. jules laforgue (tradutor de whitman)



em 1989, sai litanias da lua, uma coletânea de 21 poemas e quatro ensaios organizada e traduzida por régis bonvicino, pela iluminuras:








também em 1989, saem as moralidades lendárias - fábulas filosóficas, em tradução de mary amazonas de barros, pela mesma iluminuras:








em 1997, temos últimos poemas do pierrô lunar, em tradução de luiz carlos de britto rezende, pela sette letras:










em suporte digital, a errática traz oito poemas de laforgue traduzidos por andré vallias, aqui.







cantar a pele de lontra IV traz a tradução de augusto de campos de "o cigarro", aqui.



o jornal de poesia traz "solo de lua", sem referências, aqui.



nils skare, da l-dopa, publicou sua tradução de dois poemas de laforgue, aqui e aqui.



claudio daniel publicou sua tradução de três poemas na zunái, aqui, e certamente deve haver mais vários poemas avulsos publicados aqui e ali.




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Published on May 08, 2012 13:29

May 7, 2012

May 6, 2012

joseph conrad no brasil, III

se heart of darkness é, de longe, a obra de joseph conrad com maior número de traduções no brasil - onze, e duas adaptações -, a tradução individual com maior número de edições é, de longe, lord jim, de mário quintana. pertencente ao catálogo da globo desde 1939, com várias reedições na casa, também foi licenciada para a melhoramentos pelo menos cinco vezes entre 1960 e 1982, para a abril cultural cerca de dez vezes entre 1970 e 1982, para o círculo do livro pelo menos seis vezes entre 1973 e 1998. leve-se em conta que as tiragens da abril e do círculo, sendo para bancas de jornal e sistema domiciliar, eram altíssimas para os padrões habituais, na faixa de 70 mil exemplares cada.



fico muito triste, mas não consegui nenhuma imagem de capa da primeira edição (1939). aqui à esquerda, na edição da globo para bancas, em papel jornal, de 1987:




melhoramentos



abril:

Clique para ampliar a capa





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círculo 





outra coisa que deve ter contribuído para sua popularização foi a quadrinização publicada pela ebal, edição maravilhosa n. 171, de 1958:



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e o tremendo sucesso do filme tendo peter o'toole como jim, em 1965:



File:Lord Jim poster.jpg






é interessante que lord jim tenha se tornado esse fenômeno quase pop: afinal, é uma obra meio pesadinha, com duas terríveis tragédias no começo e no fim, e entre elas uma sucessão de desonras, patetices, ilusões e fracassos, além daquele peso moral e psicológico que às vezes chega a sufocar o leitor, característico de tantas obras de conrad .



acompanhe aqui o que há de conrad no brasil.


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Published on May 06, 2012 19:13

joseph conrad no brasil, II











heart of darkness


tradução


editora


ano




coração das trevas


regina régis junqueira


itatiaia


1984




o coração da treva


hamilton trevisan


global


1984




o coração das trevas


marcos santarrita


brasiliense


1984




o coração das trevas


albino poli jr.


l&pm


1997




coração das trevas


juliana l. freitas


nova alexandria


2001




o coração das trevas


celso mauro paciornik


iluminuras


2002




o coração das trevas


luciano alves meira


martin claret


2007




coração das trevas


sergio flaksman


cia. das letras


2007




no coração das trevas


josé roberto o'shea


hedra


2008




o coração das trevas


fábio cyrino


landmark


2011




coração das trevas


julieta cupertino


revan


2011











adaptação






coração das trevas


josé vicente bernardo


nova alexandria


2005




o coração das trevas


rodrigo espinosa cabral


rideel


2007
















an outpost of progress







uma guarda avançada do progresso


cabral do nascimento (port.)


edigraf


1942




um posto avançado

de progresso


virgínia lefèvre


boa leitura


1964




um posto avançado

do progresso


julieta cupertino


revan


2004




um posto avançado

do progresso


maria luiza x. de a. borges


nova fronteira


2007




um posto avançado

do progresso


sergio flaksman


cia. das letras


2008










youth







juventude


edison carneiro


leitura


1944




juventude


flávio moreira da costa


marco zero


1986




mocidade


maria ercília galvão bueno


imago


1994




juventude: uma narrativa


julieta cupertino


revan


2001




juventude: uma narrativa


valéria medeiros


paz e terra


2003










the
secret agent








o agente secreto


pepita leão


globo


1934




o agente secreto


laetitia vasconcellos


imago


1995




o agente secreto


paulo cezar castanheira


revan


2002




o agente secreto


eduardo furtado


landmark


2010










the secret sharer







o cúmplice secreto


marilene felinto 

e heloísa prieto


max limonad


1985




o parceiro secreto


maria ercília galvão bueno


imago


1994




o cúmplice secreto


celso mauro paciornik


iluminuras


2002




o parceiro secreto


valéria medeiros


paz e terra


2003










lord jim*







lord jim


mário quintana


globo


1939




lorde jim


marcos santarrita


francisco alves


1982




lord jim


julieta cupertino


revan


2001











adaptação






lord jim


cordélia dias d'aguiar


ediouro


1987






*há um registro não identificado de uma edição pela boa leitura, em
1960. há uma fraude de tradução em 2003, pela nova cultural, em nome de “carmen
lia lomonaco”







victory







vitória


leonel vallandro


globo


1942




vitória


marcos santarrita


francisco alves


1982




vitória


julieta cupertino


revan


2009










amy foster







amy foster


queiroz lima


globo


1936




amy foster


albino poli. Jr.


l&pm


1985




amy foster


julieta cupertino


revan


2007










shadow line







a linha de sombra: 

uma confissão


maria antonia van acker


hemus


1978c




a linha de sombra


julieta cupertino


revan


2005




a linha de sombra: 

uma confissão


guilherme braga


l&pm


2010










the duel







o duelo


cláudio figueiredo


cia. das letras


2007




os duelistas


andré de godoy vieira


l&pm


2007




o duelo


julieta cupertino


revan


2008










nostromo







nostromo


donaldson garschagen


record


1983




nostromo


josé paulo paes


cia. das letras


1991










almayer's folly







perdição


virgínia lefèvre


boa leitura


1964




a loucura do almayer


julieta cupertino


revan


1999










typhoon







tufão


queiroz lima


globo


1936




tufão


albino poli jr.


l&pm


1985










tomorrow







amanhã


queiroz lima


globo


1936




amanhã


albino poli jr.


l&pm


1985










karain: a memoir







karain, uma lembrança


virgínia lefèvre


boa leitura


1964




karain: uma memória


julieta cupertino


revan


2004










the brute







a fera


laetitia vasconcellos


cia. das letras


2005




a bruta


dirceu villa


hedra


2009










under western eyes







sob os olhos do ocidente


marcos santarrita


brasiliense


1984










chance







a força do acaso, ou chance


francisco da rocha filho


marco zero


1985










the arrow of gold







a flecha de ouro


marques rebello


globo


1940










inside the tides







dentro das marés


julieta cupertino


revan


2004










because of the dollars







por causa dos dólares


aurélio buarque de hollanda


nova fronteira


1978





e paulo rónai












falk







falk


queiroz lima


globo


1936










the idiots







os idiotas


virgínia lefèvre


boa leitura


1964










the return







a volta


virgínia lefèvre


boa leitura


1964










the lagoon







a laguna


virgínia lefèvre


boa leitura


1964










the mirror of
the sea








espelho do mar


celso mauro paciornik


iluminuras


1999










a personal record







um registro pessoal


celso mauro paciornik


iluminuras


1999










the end of
the tether








o fim das forças


julieta cupertino


revan


2000










freya of the
seven islands







freya das sete ilhas


julieta cupertino


revan


2003
















il conde







il conde


dirceu villa


hedra


2009










the informer







o informante


dirceu villa


hedra


2009










an anarchist







um anarquista


dirceu villa


hedra


2009









veja também joseph conrad no brasil, I.


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Published on May 06, 2012 17:43

joseph conrad no brasil, I






a obra de joseph conrad é até razoavelmente conhecida entre nós: talvez cerca de 1/3 dela esteja traduzida no brasil.



é uma trajetória interessante - foi por iniciativa da livraria do globo que joseph conrad chegou, numa sucessão relativamente rápida (sempre pela globo):


1934, o agente secreto, em tradução de pepita leão

1936, tufão e outras histórias (com "tufão", "amy foster", "falk" e "amanhã"), em tradução de queiroz lima

1939, lord jim, em tradução de mário quintana
1940, a flecha de ouro, tradução de marques rebello

1942, vitória, em tradução de leonel vallandro





ainda em 1942, sai "uma guarda avançada do progresso" na coletânea contos ingleses, organizada por jacob penteado, pela edigraf. embora não conste crédito, é a tradução portuguesa de cabral do nascimento.




em 1944, sai "juventude" em tradução de edison carneiro na coletânea os ingleses: antigos e modernos, organizada por rubem braga e publicada pela editora leitura.



aí vem uma calmaria de vinte anos, até que, em 1964, a editora boa leitura lança perdição e contos de inquietude, em tradução de virgínia lefèvre. perdição corresponde a almayer's folly e os cinco contos (tales of unrest) são "karain, uma lembrança", "os idiotas", "um posto avançado de progresso", "a volta" e "a laguna". [diga-se de passagem que a boa leitura havia publicado um lord jim em 1960, mas não consegui descobrir se era uma retradução ou um licenciamento da tradução de 1939.]



passa-se mais um tempinho, até que:


em c. 1978 sai a linha de sombra: uma confissão, em tradução de maria antonia van acker, pela hemus;
em 1978 temos "por causa dos dólares" (da coletânea within the tides), na edição revista e ampliada da antologia mar de histórias, em tradução de aurélio buarque de hollanda e paulo rónai, pela nova fronteira;
em 1982 vem vitória, em tradução de marcos santarrita, pela francisco alves; 
no mesmo ano, uma nova tradução de lorde jim, também por marcos santarrita, também pela francisco alves; 
no ano seguinte, 1983, sai nostromo, em tradução de donaldson garschagen, pela record.


note-se que, nesses cinquenta anos de publicação de conrad no brasil, entre 1934 e 1983, nem sinal daquela obra que, hoje em dia, é a mais espantosamente traduzida e retraduzida entre nós, heart of darkness (com nada menos que treze traduções/ adaptações diferentes - veja aqui).





é em 1984 que se inicia o surto, provavelmente na esteira do sucesso do filme apocalypse now, com três traduções lançadas no mesmo ano:


coração das trevas, em tradução de regina régis junqueira, pela itatiaia;
o coração da treva, em tradução de hamilton trevisan, pela global;
o coração das trevas, em tradução de marcos santarrita, pela brasiliense.



a partir daí, a onda conradiana ganha impulso e avança com uma razoável variedade de novos títulos e mais algumas retraduções:


1984, sob os olhos do ocidente, tradução de marcos santarrita, brasiliense;
1985, a força do acaso ou chance, tradução de francisco da rocha filho, marco zero;
1985, o cúmplice secreto, tradução de marilene felinto e heloísa prieto, max limonad;
1985, tufão & outras histórias (com "tufão", "amy foster" e "amanhã"), tradução de albino poli jr., 
l±
1986, juventude, tradução de flávio moreira da costa, marco zero;
1987, lord jim, adaptação de cordélia dias d'aguiar, coleção elefante, ediouro;
1991, nostromo, tradução de josé paulo paes, companhia das letras;
1994, mocidade e o parceiro secreto, tradução de maria ercília galvão bueno, imago;
1995, o agente secreto: uma história singela,  tradução de laetitia vasconcellos,  imago;
1997, o coração das trevas, tradução de albino poli jr., 
l±
1999, espelho do mar, seguido de um registro pessoal, tradução de celso mauro paciornik, iluminuras;
1999, a loucura do almayer, tradução de julieta cupertino, revan



aqui vale a pena dar uma paradinha para comentar uma história simpática: julieta cupertino, nascida em outubro de 1907 e atualmente com 104 anos de idade, com amorosa dedicação começou a traduzir as obras de conrad já nonagenária. ao longo dos anos, a revan vem publicando este seu paciente trabalho, e assim é que, na sequência de a loucura do almayer, que saiu em 1999, temos as seguintes traduções de cupertino, sempre pela revan:

2000, o fim das forças
2001, juventude: uma narrativa (edição bilíngue)
2001, lord jim
2003, freya das sete ilhas
2004, dentro das marés
2004, duas histórias (karain: uma memória, e um posto avançado do progresso)
2005, a linha de sombra
2007, amy foster
2008, o duelo
2009, vitória
2011, coração das trevas


em 2002, entre essa sequência, a mesma editora publicou também o agente secreto, em tradução de paulo cezar castanheira. 




retomando a ordem cronológica das traduções e retraduções de conrad no brasil, e já apresentados os doze títulos que saíram pela revan desde 2000, prossegue a onda conradiana, agora com predomínio maciço de retraduções, sobretudo de heart of darkness, e apenas uma ou outra coisa que ainda estava inédita entre nós:


2001, coração das trevas, tradução de juliana l. freitas, nova alexandria;
2002, o coração das trevas, seguido de o cúmplice secreto, tradução de celso mauro paciornik, iluminuras;
2003, juventude: uma narrativa, e o parceiro secreto, tradução de valéria medeiros, paz e terra;
2005, "a fera" (de a set of six), in contos de horror do século XIX, tradução de laetitia vasconcellos, companhia das letras;
2005, coração das trevas, adaptação de josé vicente bernardo, nova alexandria;
2007, o coração das trevas, adaptação de rodrigo espinosa cabral, rideel;
2007, o coração das trevas, tradução de luciano alves meira, martin claret;
2007, "o duelo" em mestres-de-armas - seis histórias sobre duelos, tradução de cláudio figueiredo, companhia das letras;
2007, os duelistas, tradução de andré de godoy vieira, l±

2007, "um posto avançado do progresso", in os melhores contos que a história escreveu, tradução de maria luiza x. de a. borges, nova fronteira;

2008, coração das trevas, seguido de um posto avançado do progresso, tradução de sergio flaksman, companhia das letras;

2008, no coração das trevas, tradução de josé roberto o'shea, hedra;
2009, um anarquista e outros contos (são: "um anarquista", "o informante", "il conde" e "a bruta", de a set of six), tradução de dirceu villa, hedra;
2010, a linha de sombra: uma confissão, tradução de guilherme braga, l±
2010, o agente secreto, tradução de eduardo furtado, landmark;
2011, o coração das trevas, tradução de fábio cyrino, landmark






encontrei menção a um conto de conrad em contos de amor e desamor, pela agir, mas não consegui maiores informações. entre as ausências incompreensíveis, destacam-se the nigger of the "narcissus" e "gaspar ruiz", este integrante de a set of six, coletânea do autor inexplicavelmente desmembrada entre nós.



cabe ainda lembrar o lamentável descaminho da editora nova cultural em sua coleção "obras-primas", lançando em 2003 um lord jim com pretensa tradução atribuída a uma "carmen lia lomônaco" que, em verdade, constituía mera cópia da decana tradução de mário quintana, conforme expus aqui.



obs.: neste levantamento, as traduções estão mencionadas apenas em sua primeira edição. tirando uma ou outra, praticamente todas elas tiveram maior ou menor número de reedições, além de licenciamentos para outras editoras. veja a tabela de obras por frequência de traduções em joseph conrad no brasil, II.





imagem: aqui


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Published on May 06, 2012 13:32

May 5, 2012

sherwood anderson no brasil






gosto muito de sherwood anderson. ontem, lembrando-me dele, fiquei curiosa em saber o que havia de seu no brasil.



o leitor incauto pode achar que a secreta mentira, o livro dos grotescos, a verdade de cada um e winesburg, ohio são obras diferentes (como aconteceu comigo alguns anos atrás, daí resultando comprar algo que eu já tinha). não, as quatro correspondem ao mesmo winesburg, ohio (1919).



três delas trazem a mesma tradução, a saber, de james amado e moacyr werneck de castro:



- a secreta mentira, globo, 1950:








- a verdade de cada um, cultrix, 1967:



A verdade de cada um




- winesburg, ohio, l&pm, 1987:










outra tradução é a de constantino paleólogo, publicada em 1952 pela revista branca (que, como já comentei em outra postagem, tinha coisas muito interessantes):










na famosa coletânea organizada por vinícius de moraes, norte-americanos: antigos e modernos, que saiu em 1945 pela editora leitura, há o conto "a outra mulher" ("the other woman", da coletânea the triumph of the egg, de 1921), traduzido por décio de almeida prado.



em 1958, sai "mãos" em maravilhas do conto norte-americano, pela cultrix, para variar sem crédito de tradução. "mãos" faz parte do ciclo de contos de winesburg, ohio. não me parece impossível que a cultrix tenha usado uma das duas traduções acima citadas.



também em 1958, na coletânea de obras-primas do conto norte-americano organizada por sérgio milliet e publicada pela livraria martins editora, consta o conto "uma boa menina" - não sei a qual conto de anderson corresponde e, entre a profusão de nomes de tradutores do volume, fica difícil saber quem traduziu o quê.



a editora curitibana l-dopa anuncia em seu site mais um winesburg, ohio e uma outra mulher, agora para 2012, mas ainda não divulgou o nome do(s) tradutor(es).





sherwood anderson escreveu tanto e sua obra é tão pungente que acho que mereceríamos mais coisas dele no brasil. para mim, uma reencarnação de sua prosa tão brutalmente lírica, em outra linguagem, é paris, texas ou qualquer roteiro ou interpretação de sam shepard.




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Published on May 05, 2012 15:02

May 4, 2012

tradução ≠ edição

pettit moby dick editions shelf closeup




acho que seria importante que, não digo os leitores em geral, mas pelo menos estudiosos e pesquisadores, quando se debruçassem sobre alguma tradução, levassem em conta seu histórico. explico-me: uma tradução feita e publicada em, por exemplo, 1935, pode continuar bela e formosa em inúmeras reedições por muitas e muitas décadas (ou mesmo sumir e reaparecer depois de muitas décadas). se a edição consultada, estudada ou pesquisada é de, digamos, 1980, não significa que a tradução deixou de ser de 1935 e passou a ser de 1980.  ou melhor, talvez seja o caso de falar não em tradução ≠ edição, e sim em primeira edição ≠ edição atualmente em circulação ou quejandos.



comento isso a propósito de uma esforçada e bem simpática dissertação de mestrado sobre o conto the chimes, de charles dickens, disponível aqui. a proposta do estudo é analisar três traduções do conto, sob o ângulo da sonoridade do texto, o qual de certa forma mimetiza em algumas passagens o som dos carrilhões, e das soluções adotadas para transpor esses elementos para a tradução. eis a explicação dos critérios adotados para a escolha das traduções:


Para este trabalho, foram escolhidos dois textos brasileiros, um de José Paulo Paes, Os Carrilhões (1993) pela Ediouro, e o outro de Elsie Lessa, A Voz dos Sinos (2004), pela editora Itatiaia. Os Sinos de Ano Novo aparece como a terceira tradução, porém de origem portuguesa, feita por Lucília Filipe, pela editora Europa-américa (2001). Embora com títulos distintos, trata-se da tradução da mesma obra literária.   


Num primeiro momento, havia o desejo de utilizar nesta pesquisa a tradução de Elsie Lessa e de John Green por ambos terem sido publicados em 2004 e serem as traduções mais recentes. Porém,  em decorrência dos escândalos envolvendo a editora Martin Claret por plágio tradutório e o fato de não se achar qualquer registro de John Green, optou-se por descartar esta tradução. 

destes parágrafos depreende-se que foram usados dois critérios principais para a escolha dos textos: a fidedignidade e a data, dando-se preferência a traduções recentes.



e aqui surge a questão: a pesquisadora pretende utilizar a tradução de élsie lessa porque foi publicada em 2004 e (há aí um elíptico "portanto") é a mais recente. ora, este é o x da questão (ou, como dizia oscar mendes ao traduzir the heart of the matter de graham greene, este é "o coração da matéria"): de fato, há uma edição da itatiaia em 2004, aliás reedição do volume que a mesma editora já havia publicado em 1976, e é apenas uma entre muitas. já a tradução, élsie lessa a fez muito antes disso ou, em outros termos, a primeira edição da tradução de élsie lessa saiu em 1941, pela livraria martins (e talvez até, na verdade, em 1935, pela cultura brasileira).



analogamente, cabe lembrar que a tradução de josé paulo paes d'os carrilhões saiu pela primeira vez em 1959, pela cultrix, e que a edição de 1993 pela ediouro é, da mesma forma que a voz dos sinos pela itatiaia, apenas uma entre muitas.



aliás, a ideia da pesquisadora de montar uma tabela cronológica com as várias edições do conto é excelente; quanto à pesquisa em si, alguns dados sobre a fortuna histórica de the chimes no brasil mereceriam algumas correções, tanto mais porque, neste caso, o critério temporal parece ter sido decisivo para a escolha de seu objeto de estudo.



este exemplo reforça minha convicção de que é absolutamente necessário, urgente e fundamental, para todas as áreas de letras, literatura, estudos de tradução e estudos culturais em geral, que se aprofundem sólidas pesquisas historiográficas sobre tradução no brasil, única maneira de se obterem dados confiáveis para os mais variados temas de estudo e pesquisa.



imagem: several editions


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Published on May 04, 2012 21:35

May 3, 2012

jack london no brasil VIII

I.






de martin eden (1909) dispomos de apenas uma tradução brasileira: a de gilda stuart e felipe rajabally, pelo círculo do livro, infelizmente esgotadíssima.



Livro Martin Eden Jack London Círculo Do Livro 150708




(a tradução que saiu em 1978 pela abril cultural e em 2003 pela nova alexandria é portuguesa, de aureliano sampaio)





II.






quanto à praga escarlate, de 1915, dispomos da tradução de roberto denice, publicada pela conrad em 1982:










III.






adventure (1911) saiu em 1983 pela companhia editora nacional com o título de a aventureira, em tradução de américo r. netto (capas, esq. 2002, dir. 2007 em diante):










IV.




1907



antes de adão sai em 1985 no brasil em tradução de maria inês arieira e luís fernando brandão, pela l&pm (capas: esq., 1985; dir., 1999 em diante):










V.





 the star rover (1907), também conhecido como the jacket (título com que saiu na inglaterra), tem duas traduções no brasil, ambas com o título de o andarilho das estrelas. a primeira delas saiu em 1993, pela axis mundi, com tradução de merle scoss:








a segunda saiu em 2004, pela editora do conhecimento, em tradução de marco castilho e mariléa de castro:










acompanhe aqui outras obras de jack london no brasil. 


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Published on May 03, 2012 19:04

Denise Bottmann's Blog

Denise Bottmann
Denise Bottmann isn't a Goodreads Author (yet), but they do have a blog, so here are some recent posts imported from their feed.
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