Cristina Torrão's Blog, page 87

November 5, 2014

Vale a pena ler (2)

Vale a pena ler o texto da Sara dos Desabafos Agridoces sobre aquela polémica de um tribunal de Nova Iorque ter de decidir se os chimpanzés devem ser considerados pessoas legais.







Alguns excertos:



Fiquei a pensar nisto e com franqueza parece-me muito ridículo. Não pelos motivos óbvios - símios serem considerados pessoas, o horror! Mas pelo simples facto de se perder tempo a discutir se um ser vivo deve ter ou não direito à liberdade...



Há pouco tempo li um livro do Eça, um conjunto de crónicas que ele escreveu em Londres, e dizia numa delas com o seu sarcasmo habitual que nos achamos no direito de escravizar outros povos só porque eles não sabem construir pianos ou escrever óperas cómicas.


A um nível mais vasto o ser humano acha-se superior às demais formas de vida no planeta e por isso usa e abusa dos recursos. Ficamos reconfortados ao pensar que os animais não têm sentimentos ou raciocínio complexo (...) Estar um tribunal a decidir se os animais devem ou não ser libertados, não passa de mais uma prova em como nos consideramos superiores a tudo o resto. Claro que ganharíamos mais se vivêssemos em comunhão com outros seres vivos, animais e plantas, mas...O mais perigoso é talvez aquela ideia: são apenas quatro macacos - é apenas um cão, apenas uma mulher numa terrinha, apenas uma escola, apenas um milhão de pessoas.




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Published on November 05, 2014 04:16

November 4, 2014

Crónicas das Minhas Teclas

Será brevemente publicado o novo livro de Henrique Antunes Ferreira, um jornalista cheio de experiência e muitas histórias para contar.







Ainda não há data para o lançamento. Para mais informações sobre o livro e o autor, visite A Minha Travessa do Ferreira.




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Published on November 04, 2014 04:03

November 3, 2014

A Citação da Semana (33)

«A vida assemelha-se a um livro: os imprudentes folheiam-no distraídos; o sábio lê-o com atenção, pois sabe que só o poderá ler uma vez».



Jean Paul




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Published on November 03, 2014 03:00

November 1, 2014

Mega-Passatempo

Para comemorar a barreira dos 2 500 seguidores, a Cris Delgado promove um mega-passatempo no seu blogue O Tempo Entre Os Meus Livros. Estão em causa nada mais nada menos do que 18 (dezoito) livros. Entre eles, os meus quatro já publicados. O passatempo termina a 12 de novembro. Cliquem aqui para mais informações!












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Published on November 01, 2014 04:54

October 30, 2014

D. Afonso Henriques genocida?




All About History (com página no Facebook ) é uma revista que, nas suas palavras, oferece «action-packed history (...) bursting with information on times past». Eu também concordo que a História não deve ser sempre divulgada por «stuffy academic essays or squabbling professors». Mas tem de haver um mínimo de rigor!



Em outubro, foi posto à venda o primeiro número da versão portuguesa, tendo como tema líderes históricos e, no caso português, debruça-se sobre D. Afonso Henriques. O meu amigo facebookiano André Luís é que me chamou a atenção para este artigo, do qual se desconhece o autor, e teve a gentileza de me enviar esta fotografia.



Neste excerto, encontram-se grandes imprecisões, informações falsas e juízos de valor descabidos. Em primeiro lugar, diz-se que D. Afonso Henriques participou numa última campanha, em 1184, para ajudar o filho a combater um exército mourisco que cercava Santarém. Isto é falso! D. Afonso Henriques, nessa altura, tinha cerca de 75 anos e havia 15 que se encontrava muito incapacitado, em sequência do desastre sofrido em Badajoz, essa sim, a sua última campanha militar. Não se sabe bem qual a dimensão dos ferimentos sofridos e alguns hstoriadores, no passado, consideravam que ele não mais montara nem combatera, não por estar incapacitado, mas porque o tinha prometido ao genro, D. Fernando II de Leão, de quem foi prisioneiro. Na sua biografia de D. Afonso Henriques, o Professor José Mattoso é de opinião de que não se trataria de mera promessa. O rei teria ficado muito limitado fisicamente, talvez até nem tenha mais conseguido andar pelo próprio pé. Ora, a ser assim, nunca teria participado numa campanha militar, a pouco mais de um ano da sua morte (D. Afonso Henriques morreu a 6 de dezembro de 1185).



O artigo fala ainda na «sua sede de sangue», «intolerância religiosa» e diz que «enveredou por uma série de campanhas de genocídio contra o povo islâmico». Quem assim escreve, não faz ideia, por um lado, do que era a Idade Média e, por outro, do que era a Reconquista Hispânica!



A série de combates que se prolongaram por vários séculos e a que se chama Reconquista tinha, de facto, um fundo religioso, mas este estava longe de ser o motivo principal. Talvez o fosse, no seu início. Porém, monarcas como D. Afonso Henriques, o seu avô D. Afonso VI, ou os outros que se lhes seguiram, estavam bem mais interessados na conquista de territórios do que na aniquilação dos mouros ou na propagação da fé. Estabeleceram inúmeras alianças com líderes muçulmanos, muitas vezes, a fim de melhor lutarem entre si (cristãos contra cristãos). O desastre de Badajoz deu-se porque D. Fernando II de Leão veio em socorro do rei mouro daquela cidade, com quem estabelecera um pacto! Também D. Afonso Henriques estabeleceu uma duradoura aliança de amizade com Ibn Qasi, um líder religioso islâmico do Gharb.



A Reconquista baseou-se mais em razias e saques de parte a parte do que numa guerra global, ou numa política sistemática de aniquilação de povos. Muitos cristãos das terras de fronteira enriqueciam com as algaras em terras de mouros, que se levavam a cabo regularmente, passaram mesmo a ser um modo de vida. É por isso descabido falar em genocídio. Os mouros desapareceram destas paragens, sim, mas só séculos depois de D. Afonso Henriques ter morrido!



Depois das conquistas de Santarém e Lisboa, o nosso primeiro rei pôs a população moura sob a sua proteção pessoal, os chamados mouros-forros. É verdade que se tiveram de aquartelar fora de muros e lhes estavam vedados alguns direitos que hoje consideramos essenciais, mas lembremos que na época não havia a noção de direitos universais do ser humano. Mesmo entre cristãos, o povo (muitas vezes apelidado de arraia-miúda e que representava 90% da população) não tinha os mesmos direitos da elite nobre e eclesiástica.



A «sua sede de sangue» também é falsa. Basta conhecer a História Medieval Europeia para constatar que D. Afonso Henriques não foi dos monarcas que mais se destacaram pelo temperamento sanguinário. Assim como não há provas de que ele tenha expulsado sua mãe do Condado Portucalense, ou que a tenha posto a ferros, como conta a lenda. Mesmo a expulsão de D. Fernão Peres de Trava foi temporária. Na referida biografia, o Professor Mattoso documenta a presença do conde galego na corte coimbrã, escassos três ou quatro anos depois da Batalha de São Mamede.



O artigo da All About History peca por misturar lenda com veracidade histórica, se bem que acabe por referir que o comportamento do nosso primeiro rei estava de acordo com a época em que viveu. Porém, se o autor tem consciência disso, mais se estranham as expressões e afirmações anteriores.




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Published on October 30, 2014 04:09

October 28, 2014

Da nossa relação com os animais VI





Muita gente esquece que tratar bem e proteger os animais proporciona uma vida melhor e com mais segurança aos seres humanos. Não podemos pôr os animais de lado, enquanto não conseguirmos erradicar a fome, a pobreza e a solidão! Como ficaria este nosso mundo, cheio de animais abandonados, por tratar, a morrer de fome e frio, atacados pelas mais variadas doenças? A pobreza e a solidão são produtos humanos, consequência de maus comportamentos humanos que prejudicam outros humanos. É muito injusto fazer os animais pagarem por isso, deixando-os de lado, quando precisam de nós.



Muita gente se escandaliza por haver quem trate os seus animais domésticos "como crianças". E eu pergunto: entre um cão/gato que é tratado como uma criança e um cão/gato que é abandonado, qual representa maior perigo para a saúde pública?



Quer queiram, quer não, amar os animais significa criar um mundo mais agradável para todos nós. Na Terra, há espaço e recursos para todos, é preciso apenas um pouco mais de tolerância e boa vontade! "Apenas".




 







Nota: recebi as fotografias por email, sem indicação dos autores, embora na segunda seja visível uma referência.





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Published on October 28, 2014 09:51

October 27, 2014

A Citação da Semana (32)

«O humor não se aprende. Baseia-se sobretudo em grandes doses de paciência, bondade e amor ao próximo».



Curt Goetz




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Published on October 27, 2014 03:34

October 26, 2014

Trabalho Infantil Legalizado









No início de julho, o Congresso da Bolívia decidiu legalizar o trabalho infantil a partir dos catorze anos, sob condições especiais já a partir dos dez. Em agosto, a lei entrou em vigor.

Um regresso inadmissível ao passado?



Na verdade, a promulgação desta lei representa uma vitória do Unat's Bo , um Sindicato de crianças e jovens. Sem o seu trabalho, muitas famílias do país mais pobre da América Latina não conseguem sobreviver. Nas palavras do Presidente Evo Morales: «Não nos é possível acabar com o trabalho infantil, mas podemos, pelo menos, melhorar as condições de trabalho das crianças». A lei estabelece que as crianças têm de frequentar a escola, que as suas famílias têm de autorizar o seu ganha-pão e proíbe o trabalho em minas, construção civil, na colheita da cana-do-açúcar ou na separação de lixo.



Como se esperava, é uma lei polémica. Além da rejeição que provoca a mera ideia de trabalho infantil, para muitos, esta é a prova da capitulação do sistema social da Bolívia. Mas não se pode fugir aos factos: 90% das crianças bolivianas vivem de um dólar ou menos por dia, muitas moram na rua, e alegra-as o facto de poderem ganhar algum dinheiro a limpar pára-brisas num cruzamento, ou a vender souvenirs aos turistas. «Defendemos o nosso direito ao trabalho», afirmam os membros do Unat's Bo.




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Published on October 26, 2014 03:36

October 23, 2014

História da Vida Privada (15)







Nestas cozinhas as alfaias eram pobres e reduzidas ao essencial. Não podia faltar a panela, de barro, onde se coziam os alimentos e, sempre que possível, uma trempe de ferro sobre a qual ela era colocada. Convinha também que não faltasse um saleiro, de madeira mesmo nas casas mais acomodadas, um pote para  azeite, outro para o vinho e, naturalmente, um outro ainda, maior, para armazenar a água com que se confeccionava a refeição e com que se lavavam os víveres. Em regra era o mesmo de onde saíam as águas para as abluções da família e da casa. Naturalmente podiam existir outras alfaias, sobretudo potes e panelas de tamanhos diversos, alguidares, bacias. Os milhares de fragmentos de cerâmica que a arqueologia tem exumado de escombros e lixeiras indicam, precisamente, isso. Muito menos comuns eram os utensílios em metal. Quando muito, uma sertã, onde se faziam alguns fritos.Contudo esta míngua de apetrechos supria-se, em regra, por empréstimo entre vizinhos. Até o próprio fogo era, quantas vezes, procurado na casa próxima, que mais cedo acendera a lareira. Na verdade, a obtenção de fogo não era, na época, tarefa fácil nem rápida. Obtinha-se, normalmente, por fricção de um fuzil confeccionado com um metal rico em carbono sobre uma pedra de sílex, do que se esperava resultassem faúlhas que se lançavam sobre uma matéria inflamável preparada para o efeito. Criar o fogo era, assim, acto complexo, pelo que uma pinha, um pau enresinado ou outro qualquer combustível eficaz, ateado em lume alheio, era solução bem mais simples e com frequência utilizada.



Capítulo A Alimentação, Iria Gonçalves (p. 240)




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Published on October 23, 2014 03:01

October 21, 2014

Dinheiro não traz felicidade!




Este chavão serve perfeitamente para contar a história de Marlene Grabherr, a primeira candidata a ganhar um milhão de marcos (antes dela, já um homem conseguira a proeza) na versão alemã do Quem Quer Ser Milionário. O concurso, transmitido pela RTL, tornou-se um clássico na TV alemã. É transmitido há quinze anos, sem interrupções, com o mesmo apresentador, Günther Jauch, que constantemente nos surpreende com originalidade e autenticidade. Fazendo jus ao nome, o valor máximo do concurso são mesmo um milhão de euros (antes do euro, eram um milhão de marcos).



Mas voltemos a Marlene Grabherr! A 20 de maio de 2001, ganhou o prémio em marcos (cerca de 500.000 euros), tornando-se querida do público, pois estava desempregada. Podia pensar-se que tinha a sua vida resolvida, mas, como já tinha eu escrito no extinto 2711, passados dez anos nada restava do chorudo prémio. Carros caros (chegou a comprar cinco de uma vez), viagens ao desbarato pela Europa e parentes e amigos constantemente a pedincharem empréstimos deram-lhe cabo da fortuna. Cortou mesmo relações com o irmão, a irmã e a sogra, precisamente por questões monetárias. Ficou apenas com a casa que comprou, mas, como escrevi a 8 de dezembro de 2011, estava com dificuldades para conseguir tratar dos dentes.



Soube agora que a senhora faleceu já no ano passado, com apenas 60 anos, solitária e sem um único cêntimo no banco.



Pois é! Até para lidar com dinheiro é preciso cabecinha!




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Published on October 21, 2014 06:44