Cristina Torrão's Blog, page 91
August 20, 2014
A bomba na auto-estrada
Não raro, encontram-se bombas lançadas pelos Aliados, quando se fazem obras, aqui na Alemanha. As bombas ficaram soterradas todas estas décadas, mas estão longe de serem inofensivas. Estão, por assim dizer, adormecidas e são imprevisíveis. Perante tal achado, por vezes, no meio da cidade, a zona é evacuada, normalmente, num raio de 500 a 1000 metros, conforme a potência da bomba.
Desta vez, o objeto, de fabrico inglês, com 500 quilos de peso, foi encontrado em obras na auto-estrada A3, entre Würzburg e Frankfurt. Diga-se de passagem que as auto-estradas alemãs estão constantemente congestionadas, filas de 3 a 7 km são frequentes. Desta vez, com o corte do troço, atingiram-se filas até 20 km. Também o aeroporto de Frankfurt, um dos maiores do mundo, esteve sujeito a restrições, já que o local do achado é sobrevoado pelos aviões que se fazem a uma das pistas de aterragem.
Na Alemanha, há especialistas em desativar estas bombas, prontos a atuar em qualquer momento. Mas a desativação foi impossível, neste caso. A bomba era dotada de um complexo sistema de detonação que evitou a sua explosão imediata, ao ser lançada do avião. Decidiu-se pela sua explosão controlada. A zona foi evacuada num raio de 1000 metros, a detonação ocorreu como o previsto e originou uma cratera de 25 metros de comprimento e 3 de profundidade.
Fonte da imagem e da notícia
As pessoas evacuadas puderam regressar às suas casas e o aeroporto de Frankfurt retomou a sua atividade normal. Mas escusado será dizer que o troço da auto-estrada ficará interrompido por bastante tempo.
Desta vez, o objeto, de fabrico inglês, com 500 quilos de peso, foi encontrado em obras na auto-estrada A3, entre Würzburg e Frankfurt. Diga-se de passagem que as auto-estradas alemãs estão constantemente congestionadas, filas de 3 a 7 km são frequentes. Desta vez, com o corte do troço, atingiram-se filas até 20 km. Também o aeroporto de Frankfurt, um dos maiores do mundo, esteve sujeito a restrições, já que o local do achado é sobrevoado pelos aviões que se fazem a uma das pistas de aterragem.
Na Alemanha, há especialistas em desativar estas bombas, prontos a atuar em qualquer momento. Mas a desativação foi impossível, neste caso. A bomba era dotada de um complexo sistema de detonação que evitou a sua explosão imediata, ao ser lançada do avião. Decidiu-se pela sua explosão controlada. A zona foi evacuada num raio de 1000 metros, a detonação ocorreu como o previsto e originou uma cratera de 25 metros de comprimento e 3 de profundidade.
Fonte da imagem e da notícia
As pessoas evacuadas puderam regressar às suas casas e o aeroporto de Frankfurt retomou a sua atividade normal. Mas escusado será dizer que o troço da auto-estrada ficará interrompido por bastante tempo.
Published on August 20, 2014 04:01
August 19, 2014
Nada como ler os clássicos (10)
E depois, menino, a literatura leva a tudo em Portugal. Eu sei que o Gonçalo, em Coimbra, ultimamente, frequentava o Centro Regenerador. Pois, amigo, de folhetim em folhetim, se chega a S. Bento!
In "A Ilustre Casa de Ramires", Eça de Queirós
In "A Ilustre Casa de Ramires", Eça de Queirós
Published on August 19, 2014 03:29
August 18, 2014
A Citação da Semana (22)
«Inteligente é quem só acredita em metade daquilo que lhe dizem. Ainda mais inteligente é quem sabe qual das metades é a verdadeira».
Autor desconhecido
Autor desconhecido
Published on August 18, 2014 02:08
August 17, 2014
Excerto
«Encostado à amurada do forte, reconheci no mar revolto, a uma distância de trezentos metros, a cor azul dos remos da embarcação de Rodolfo, onde ele e mais três homens lutavam contra as vagas que os queriam engolir. Subindo e descendo no mar côncavo, as ondas vigorosas empurravam cruelmente a indefesa Salmoura na direção do forte. Os pescadores lutavam tenazmente no interior do barco, afogados em água, e certamente também em choro que eu não ouvia e em lágrimas que não via. Quis saltar o paredão, descer aos rochedos junto à rebentação das ondas, agarrado à esperança de poder salvar o meu pai quando a embarcação se estoirasse num frémito de tábuas, ossos e sangue».
In "Os Azares de Valdemar Sorte Grande", António Breda Carvalho (Chiado Editora)
In "Os Azares de Valdemar Sorte Grande", António Breda Carvalho (Chiado Editora)
Published on August 17, 2014 03:34
August 15, 2014
E viva a bicicleta!
No Jardim do Calém, Foz do Douro, Porto
O paulofski, do blogue na bicicleta, deixou, neste meu post, estas interessantes informações sobre a situação dos ciclistas em Portugal, com destaque para o Grande Porto. São boas notícias e a opinião do paulofski coincide com a minha, por isso, aqui deixo o comentário (quase) na íntegra. A fotografia que ilustra este texto também é dele.
«Apesar de estarmos ainda bem atrás de outras sociedades europeias no que
se refere ao uso da bicicleta, ver muitas pessoas que utilizam a
bicicleta nas suas deslocações diárias passou a ser uma coisa rotineira,
tanto aqui no Porto como em concelhos vizinhos, em Gaia e Matosinhos
por exemplo. Há por cá muitos novos ciclistas, e ainda outros que já o
eram mas que passaram a andar na cidade. Os ciclistas urbanos são em
número cada vez maior. A sua presença alastra por todas as cidades
portuguesas, mesmo nas mais sinuosas e inclinadas por colinas ou nas
mais fustigadas pela pressão automobilística. Com as recentes alterações
ao Código de Estrada, automobilistas e ciclistas passaram a estar
equiparados, concedendo novos direitos e responsabilidades aos
ciclistas, o que veio equilibrar um pouco a diferença.
Agora
passamos na ponte Luiz I de bicicleta com toda a naturalidade,
usufruindo e partilhando das mais belas vistas panorâmicas sobre o Douro
com pessoas que caminham a pé ou vão de Metro. Parece-me razoável que
uma cidade com menos carros, melhores transportes públicos e mais
bicicletas será sempre mais aceitável, pelas óbvias razões ecológicas,
económicas e de planeamento urbano. Os carros são mais frequentemente
associados à poluição do ar, mas um outro tipo de poluição do carro,
muitas vezes esquecido, é a poluição sonora. Embora sejam necessários os
carros para a economia e mobilidade, é incontestável que os que estão a
pé ou pedalam uma bicicleta, têm a liberdade de enfatizar o valor das
bicicletas na redução da poluição do ar e dos malefícios do
congestionamento das cidades.
Usando uma bicicleta para o
transporte permite a liberdade de parar em qualquer lugar, sem se
preocupar com estacionamento, e tornar o ambiente urbano mais natural.
Tal como nós, os animais gostam das coisas naturais, como o vento, o sol
e a chuva, em estreita proximidade com os seres humanos, como demonstra
aqui o jovem com os seus animais».
Published on August 15, 2014 03:02
August 13, 2014
A Ilustre Casa de Ramires
Ebook gratuito no Projecto Adamastor
Que bom haver Eça por descobrir! Sobretudo, quando ele mistura a crítica social do seu tempo com incursões medievais. Para mim, não podia ser melhor.
A personagem principal, Gonçalo Mendes Ramires, descende de uma família mais antiga do que o país. Mas carrega o peso dos antepassados como uma cruz. Tendo acabado os estudos em Coimbra, a que se segue a morte do pai, Gonçalo não sabe o que fazer na vida, a fim de igualar as façanhas dos avós. Mais uma vez, Eça de Queirós mostra-nos uma personagem vencida pelo tédio, irresoluta, à procura de uma ocupação que a realize. Este tipo de personalidade foi levado ao cúmulo n' A Capital e também Carlos da Maia apresenta sintomas.
Enfim, qual a melhor solução para atingir a glória? A política, claro! Gonçalo Mendes Ramires ambiciona tornar-se deputado, quiçá ministro. Um colega de curso aconselha-o a escrever sobre um seu antepassado medieval. Além de reabilitar o país, recordando de que raça são feitos os portugueses, trabalhará para a sua carreira política, já que: «a literatura leva a tudo em Portugal (...) de folhetim em folhetim, se chega a S. Bento!»
O Fidalgo da Torre, como Gonçalo é conhecido, lá se põe a escrever a obra, consultando a História de Herculano. Atacam-no receios de plágio, ao basear-se num poema épico, mas desconhecido, de um seu falecido tio. Eça de Queirós mostra-nos as inseguranças e os conflitos de quem se atreve no mundo da escrita e liga, na sua crítica mordaz, o sistema político português, com os seus esquemas e compadrios, ao romancista romântico - as alusões a Alexandre Herculano e a Walter Scott carregam sempre um travo depreciativo.
Destaco um aspeto que me agradou particularmente: a compreensão pela mulher adúltera. Claro que o tema também é tratado n' O Primo Basílio, mas sem haver essa compreensão, até carinho e proteção, por parte de uma outra personagem - se bem que num tom paternalista; mas que se há de esperar de um homem da época?
Em suma: uma incursão deliciosa pela segunda metade do século XIX, como só Eça de Queirós sabe fazer, salpicada com incursões no reinado de D. Afonso II. Recomendo vivamente! Viva o Eça!
Published on August 13, 2014 02:41
August 12, 2014
Nada como ler os clássicos (9)
Por essa História de Portugal fora, vocês são uma enfiada de Ramires de toda a beleza. Mesmo o desembargador, o que comeu numa ceia de Natal dois leitões!... É apenas uma barriga. Mas que barriga! Há nela uma pujança heróica que prova raça, a raça mais forte do que promete a força humana, como diz Camões. Dois leitões, caramba! Até enternece!...
In "A Ilustre Casa de Ramires", Eça de Queirós
In "A Ilustre Casa de Ramires", Eça de Queirós
Published on August 12, 2014 03:25
August 11, 2014
A Citação da Semana (21)
«Quem quiser contribuir para um mundo feliz, deve, em primeiro lugar, criar um ambiente feliz na sua própria casa».
Albert Schweitzer
Albert Schweitzer
Published on August 11, 2014 02:05
August 8, 2014
Uma história de bicicletas
A Helena Araújo exprimiu a sua preocupação por o filho se atrever a percorrer Lisboa de bicicleta. Com razão, penso eu, pois em Portugal (salvo exceções) ainda não há boas condições para os ciclistas e os automobilistas também não estão sensiblizados para partilharem as ruas citadinas com a malta do pedal.
Recordei os tempos, no início dos anos 1990, em que o Horst, meu marido, tinha a estranha ideia de vencer as cidades portuguesas em cima de uma bicicleta. Nunca mais me esqueço de como ele atravancou o trânsito no tabuleiro superior da ponte de D. Luís, entre Porto e Gaia. Esse tabuleiro estava ainda aberto ao trânsito automóvel (hoje é só para o metro) e era um movimento descomunal, durante todo o dia. Quem conhece a ponte, sabe que tem apenas uma faixa em cada sentido. Eu vi o espetáculo do lado de Gaia, pois estava à espera do Horst. O que mais me intrigou é que não houve uma única buzinadela, apesar de os carros no sentido Porto-Gaia só circularem a uns 20 ou 30 km/h. Talvez tivessem achado piada ao alemão maluco...
Esta ideia do meu marido não durou muito, como seria de esperar. Em breve pôs de lado a bicicleta, que acabou por apodrecer por falta de uso e manutenção, comprada em Portugal de propósito para as suas estadias no nosso país. Mas o que o fez desistir não foi o perigo do trânsito, ou a impaciência dos automobilistas. Foram os gases tóxicos! Baforadas fortes de gases a entrar-lhe nos pulmões. Carros antigos ou mal afinados, sei lá. Talvez hoje seja diferente. Mas sempre que tinha de parar nuns semáforos, a arrancada fazia-se sempre no meio de uma núvem tóxica. Numa ocasião, parou nos semáforos junto à Câmara Municipal de Gaia, no sentido de quem sobe, com várias faixas de rodagem (hoje também é diferente) e, ao surgir o verde, ele viu-se impedido de arrancar porque esteve um momento sem ver nada, no meio dos gases poluentes.
Foi o golpe de misericórdia! Bicicleta? Só na Alemanha! Eu própria a uso mais do que o carro. E porque a nossa cadela é pequena demais para correr o tempo todo ao lado, arranjámos-lhe um atrelado. Ora vejam, que luxo!
Recordei os tempos, no início dos anos 1990, em que o Horst, meu marido, tinha a estranha ideia de vencer as cidades portuguesas em cima de uma bicicleta. Nunca mais me esqueço de como ele atravancou o trânsito no tabuleiro superior da ponte de D. Luís, entre Porto e Gaia. Esse tabuleiro estava ainda aberto ao trânsito automóvel (hoje é só para o metro) e era um movimento descomunal, durante todo o dia. Quem conhece a ponte, sabe que tem apenas uma faixa em cada sentido. Eu vi o espetáculo do lado de Gaia, pois estava à espera do Horst. O que mais me intrigou é que não houve uma única buzinadela, apesar de os carros no sentido Porto-Gaia só circularem a uns 20 ou 30 km/h. Talvez tivessem achado piada ao alemão maluco...
Esta ideia do meu marido não durou muito, como seria de esperar. Em breve pôs de lado a bicicleta, que acabou por apodrecer por falta de uso e manutenção, comprada em Portugal de propósito para as suas estadias no nosso país. Mas o que o fez desistir não foi o perigo do trânsito, ou a impaciência dos automobilistas. Foram os gases tóxicos! Baforadas fortes de gases a entrar-lhe nos pulmões. Carros antigos ou mal afinados, sei lá. Talvez hoje seja diferente. Mas sempre que tinha de parar nuns semáforos, a arrancada fazia-se sempre no meio de uma núvem tóxica. Numa ocasião, parou nos semáforos junto à Câmara Municipal de Gaia, no sentido de quem sobe, com várias faixas de rodagem (hoje também é diferente) e, ao surgir o verde, ele viu-se impedido de arrancar porque esteve um momento sem ver nada, no meio dos gases poluentes.
Foi o golpe de misericórdia! Bicicleta? Só na Alemanha! Eu própria a uso mais do que o carro. E porque a nossa cadela é pequena demais para correr o tempo todo ao lado, arranjámos-lhe um atrelado. Ora vejam, que luxo!
Published on August 08, 2014 11:15
August 6, 2014
O petroleiro que explodiu no Porto
Durante cerca de vinte anos, este pedaço de petroleiro permaneceu encalhado mesmo em frente ao Forte de São Francisco Xavier, vulgo Castelo do Queijo, no Porto, tornando-se um ícone involuntário da cidade. Note-se que esta fotografia, alegadamente tirada nos anos 1990, apresenta a proa já sujeita a duas décadas de erosão marítima (mesmo assim, de um tamanho considerável, se compararmos com as pessoas que andam pela praia, à esquerda). Eu ainda me lembro dela bem maior, como uma parede bizarra, que, sob determinado ângulo, nos impedia a visão para o mar aberto. Mais do que uma parede, a proa apontada ao céu dava-me a ideia de que um enorme navio estava prestes a surgir das profundezas do mar (sensação só percebida ao vivo, em frente da proa, tal como ela se apresentava nos anos 1970; infelizmente, não tenho nenhuma fotografia).
O acidente deu-se em janeiro de 1975, tinha eu nove anos. O petroleiro dinamarquês "Jakob Maersk" embateu possivelmente num banco de areia, ao manobrar, junto ao porto de Leixões. Um incêndio deflagrou na casa das máquinas e foi alastrando, provocando explosões monumentais, devido à carga de cerca de 80.000 toneladas de crude. Sete tripulantes perderam a vida. O navio ardeu durante três dias, em chamas que atingiram os 100 metros de altura, e acabou por se partir em três partes. Duas delas afundaram-se, mas a parte dianteira ficou à deriva, acabando por encalhar junto ao Castelo do Queijo.
Eu morava em Vila Nova de Gaia, perto da praia de Salgueiros, a cerca de dez quilómetros do porto de Leixões (distância ao longo da costa), e lembro-me de ver aqueles rolos de fumo negro a cobrir o céu. Naquela idade, fazia-me confusão o incêndio não se extinguir à noite, quando íamos dormir, e ainda lá estar, no dia seguinte. Na verdade, os bombeiros não tinham meios para combater tal calamidade e deixaram o crude arder.
Foi um fim de janeiro infernal, no Porto e arredores, pouco depois da Revolução dos Cravos. Um prenúncio do Verão Quente, que se verificaria nesse ano...
A proa lá ficou e tornou-se-nos familiar. Eu mal me lembrava da paisagem à volta do Castelo do Queijo sem aquela ponta de navio apontada ao céu. Vim para a Alemanha em 1992 e os meus pais saíram de Gaia poucos anos depois. As minhas idas ao Porto tornaram-se raras, as idas àquele local ainda mais. Estive lá, por fim, há meia dúzia de anos e o Castelo do Queijo pareceu-me estranho sem aquele destroço à frente. Assim é que deve ser, claro, mas confesso que me senti defraudada, uma sensação de perda, como se, depois da uma ausência de vários anos, não me fosse permitido regressar ao lugar que deixara.
Hoje em dia, uma das âncoras do "Jakob Maersk" está exposta, em Leixões, ou Matosinhos (lamento, mas não consegui saber onde), em homenagem às vítimas e relembrando um dos maiores acidentes navais da nossa costa.
Foto copiada deste site
Aqui, um vídeo feito a partir de várias fotografias.
Algumas informações também no Facebook.
Nota: a ideia para este post foi-me dada pela Vespinha, que recordou o "Tollan".
Published on August 06, 2014 03:09


