Cristina Torrão's Blog, page 84

December 22, 2014

A Citação da Semana (40)

«Estar triste é algo natural e talvez seja a lufada de ar fresco antes da alegria».



Paula Modersohn-Becker




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Published on December 22, 2014 02:33

December 20, 2014

Uma história de Natal vinda do Leste

Qualquer ditadura é exímia em propaganda, nós portugueses sentimo-lo na pele durante quase cinquenta anos. Costumamos, porém, ligar ditadura a regimes de direita, esquecendo-nos de que os de orientação esquerdista não lhes ficavam atrás. Venho, a este propósito, referir a propaganda que escolhia o público infantil como alvo (porque «de pequenino se torce o pepino»), na antiga República Democrática Alemã (para quem não sabe, a parte da Alemanha comandada pelo imperialismo soviético e que desapareceu, com a queda do Muro de Berlim).



Li sobre este caso na KirchenZeitung. Klara Kolhoff, de 18 anos, como tantos outros jovens alemães, sabe que não existia se o Muro de Berlim não tivesse caído. A sua mãe é originária de Osnabrück, o seu pai nasceu na antiga RDA. Apesar do fim do comunismo, o pai não esqueceu as suas origens e, quando Klara e o irmão eram pequenos, leu-lhes a história do Hirsch Heinrich (O Veado Heinrich), originária da Alemanha de Leste, um livro cheio de imagens coloridas, animais, neve e crianças felizes. Apesar disso, Klara lembra-se que, tanto ela como o irmão, não gostaram muito e, ao contrário do que costumava acontecer, não quiseram que o pai lhes lesse a história uma segunda vez.







O caso foi esquecido, até que Klara, frequentadora do 11º ano, precisou de um tema para um trabalho escolar sobre a RDA. Pesquisando na Biblioteca de Osnabrück, ela ficou a saber que a ditadura comunista se refletia na literatura infantil. Os livros deviam contribuir para a formação de uma «personalidade socialista», despertar a ideia de «lar socialista», assim como desenvolver a «predisposição para a defesa e a amizade em relação à União Soviética e a solidariedade por todos os regimes socialistas/comunistas do mundo».



Klara descobriu então que quase nada no Hirsch Heinrich era por caso. O veado, originário da China, foi parar a um zoo alemão. Toda a gente era muito simpática com ele, tratava-o bem e visitava-o regularmente, pelo que depressa esqueceu as saudades do seu país - aqui, a alusão à solidariedade entre todos os países comunistas. Com a aproximação do Natal, porém, as visitas das crianças tornaram-se mais raras e o veado decidiu saltar a cerca, tentando regressar à China. Uma vez no meio do bosque, em liberdade, viu-se atacado por medos e preocupações.







A mensagem era evidente: a vida fora do coletivo socialista era solitária e difícil. O veado Heinrich acabou por regressar ao zoo, onde vivia em cativeiro, pois era lá que existia quem tomasse conta dele. Ao fazer uma leitura mais atenta, Klara encontrou ainda uma crítica camuflada à religião cristã. Foi com a aproximação do Natal que começaram os problemas do veado Heinrich. E uma cena no bosque é ainda mais evidente: quando o animal se preparava para comer uma couve que fora ali abandonada, os sinos de uma igreja nas proximidades começaram a troar. Heinrich assustou-se e fugiu, horrorizado com o barulho. Foi mesmo este percalço que o convenceu a voltar ao cativeiro seguro.






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Published on December 20, 2014 04:24

December 18, 2014

Os Segredos de Jacinta - Excertos (5)








Algo nela lutava contra a carapaça que a
envolvia e a deixava alheia ao mundo. Sentia-se como se tentasse acordar.
Estaria ainda deitada na sua cama, a sonhar?





Não. No sonho, tudo era escuro, como se fosse
noite. E agora o sol envolvia-a e dava-lhe a ver a natureza, que, por sua vez,
parecia observá-la. No sonho, vira-se a cair bem no meio do rio, de repente,
tudo acabado num ápice. Na realidade, teria de caminhar pelo próprio pé, um
passo atrás do outro, ao encontro da morte… As próprias águas haviam sido
negras… Baixou o olhar e não se recordava de as ter visto tão claras como
naquele dia, cintilando aos raios de sol. Os seus pés sobre a areia dourada, as
pedras, os peixes…. Tudo era tão límpido e puro…








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Published on December 18, 2014 03:33

December 16, 2014

Sugestões de Natal


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Published on December 16, 2014 03:17

December 15, 2014

A Citação da Semana (39)

«Na árvore das boas intenções crescem muitas flores, mas poucos frutos».



Confúcio




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Published on December 15, 2014 02:27

December 13, 2014

Os Segredos de Jacinta - Excertos (4)












Arribavam os cativos mouros ao adro da
igreja, três dezenas de homens, mulheres e algumas crianças, que Soeiro Pais Mouro e Mem Moniz de Gondarém
tencionavam manter como escravos domésticos ou de lavoura. E ofereceriam, com
certeza, alguns aos seus cavaleiros mais chegados.





O povo olhava horrorizado para aquela gente,
envolta em trapos e a quem o pó e a sujidade da marcha davam uma compleição
ainda mais miserável e mais escura. Era então esta a catadura dos pagãos,
pareciam constatar os olhos que os miravam, assim eram aqueles que renegavam os
ensinamentos de Cristo! E só não os maltratavam, porque os fidalgos, desejosos
de manter aquela mão-de-obra gratuita, velavam pela sua segurança. Ainda assim,
alguns começaram a cuspir-lhes em cima.





Jacinta estremeceu àquele gesto. Trazia-lhe
recordações que a levavam a identificar-se com aquela gente. Sentiu-se na pele
deles, que se mantinham de cabeça baixa, um misto de revolta e tristeza no
olhar. As crianças berravam, agarradas às mães, mas estas não tinham forças
para as consolarem. Sujeitas a um sofrimento atroz, haviam desistido das suas
emoções.









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Published on December 13, 2014 02:56

December 11, 2014

Valores em saco roto











Um pai que, em casa, só sabe berrar; uma mãe
sobrecarregada com as tarefas caseiras e profissionais – assim se caracteriza,
no jornal católico alemão KirchenZeitung,
o ambiente familiar de um jovem alemão de dezasseis anos que se juntou aos
islamitas radicais na Síria. Sem orientação na vida nem aproveitamento
escolar, deparou-se-lhe, num intervalo das aulas, um pregador islâmico que lhe
deu apoio e autoestima.






Sem uma base de confiança, carinho e
orientação, os valores caem em saco roto. Os pais não têm tempo para
acompanharem os filhos, lhes ouvirem os problemas e lhes tirarem as dúvidas. Só
encontram espaço para lhes berrar, pregando valores que eles próprios
constantemente atropelam, não servindo de ponto de referência. A juventude à
deriva encontra, nos islamitas, um ouvido atento 24 horas por dia, apoio em
caso de problemas com a polícia e a justiça, além de darem aos jovens um papel a cumprir, o que
lhes confere importância e autoestima.




Estamos a perder os nossos filhos! E a culpa
não é apenas da sociedade e da tão propagada «falta de valores»…





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Published on December 11, 2014 02:54

December 10, 2014

O Mistério dos Sonhos Roubados



Leitura
acompanhada: a p. 6 anos


Leitura autónoma: a p. 8 anos



 

 

Obra inédita, galardoada com o 2º lugar do Prémio Matilde Rosa Araújo em 2007





Nem a chuva nem a distância desencorajavam
os primos, Rui e Francisco, na sua importante missão - desvendar o
mistério dos sonhos roubados. Quem se atrevia a destruir o prazer de
ler, levando-lhe as personagens, deixando os livros silenciosos?

 

"Então, o Aladino falou-lhe de um monstro
da espécie dos Cabeçasocas, conhecidos por habitarem o Reino da
Ignorância. Segundo o Aladino, tratava-se de um ladrão que roubava as
personagens dos livros e as aprisionava num lugar secreto, longe do
mundo das Letras e dos Sonhos. Contava-se que as obrigava a trabalhar
noite e dia, a tecer tristezas e sombras que comia ao almoço, ao lanche e
ao jantar."

 

Nota: no dia 14 de dezembro, lançamento também na Livraria Poética, em Macedo de Cavaleiros, pelas 16 horas.





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Published on December 10, 2014 03:20

December 9, 2014

Excerto (6)








«As gentes miúdas, essas, já se habituaram às
regulares desavenças entre os dois reinos. Choram a destruição e a míngua nas
colheitas, sofrem com o fogo botado nas casas, adoecem e morrem com a água
envenenada nos poços, perdem os filhos, resignam-se pelas raparigas desonradas
e tomadas à força pelos invasores. Nesta terra, constantemente martirizada
pelas disputas dos grandes senhores, o povo aprendeu a resistir. Tudo se
aguenta, desde que haja um naco de pão negro para enganar o bandulho».




In "A Esmeralda do Rei", Paulo Pimentel (Edições Mahatma) 





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Published on December 09, 2014 02:50

December 8, 2014

A Citação da Semana (38)

«Não faças nada pela metade, senão perdes mais do que aquilo que algum dia possas recuperar».



Louis Armstrong
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Published on December 08, 2014 02:24