Cristina Torrão's Blog, page 68

November 22, 2015

Cidades Medievais Portuguesas (3)

Foi já em 2010 que estive em Mourão e, na altura, fiquei desiludida com o estado de abandono em que encontrei as ruínas do castelo e suas muralhas. Será que melhorou, entretanto?

























































A propósito: sabiam que Mourão (junto com Serpa, Noudar e Moura) pertencem a Portugal graças a Dom Dinis? Se tivessem lido o meu romance D. Dinis, a quem chamaram o Lavrador, sabiam ;-)



O livro não se encontra disponível, mas haverá uma reedição em 2016. Se não for em papel, com certeza na forma eBook. Fiquem atentos!




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Published on November 22, 2015 02:49

November 20, 2015

A Origem da Violência



«Numa
situação concreta de conflito, saber se a violência é exercida em nome da religião,
de uma ideologia ou por motivos étnicos é tão relevante como, por exemplo, saber
se é o consumo de vodka, de whisky ou de gin o responsável pela tendência
agressiva dos jovens».





Dr. Andreas
Hasenclever, Professor de Estudos da Paz e Política Internacional no Instituto
de Ciências Políticas da Universidade de Tübingen, Alemanha





Muita
gente se pergunta de onde vem tanta violência e como há pessoas capazes de espalhar
o terror como os terroristas islâmicos. A religião não é a causa da violência,
mas o pretexto. O ser humano é violento, uns mais, outros menos, há pessoas
que, seja por traumas, seja por herança genética, são autênticos barris de
pólvora, dispostos a rebentar a qualquer momento. Há quem se prejudique a si
mesmo, ou seja, dirige a violência a si próprio. E há quem prejudique
terceiros.



Verificando-se
determinadas condições ou circunstâncias, praticamente não há limites. Muita
gente que circula pelas ruas, todos os dias, em qualquer país do mundo, gente
que conhecemos, que se calhar até são colegas de trabalho, ou membros da
família, caso tivesse meios à sua disposição e quem lhe “legalizasse” os crimes,
seria capaz das maiores barbaridades! Não acreditam? Peguemos, por exemplo, num
indivíduo que exerça violência sobre a mulher e os filhos, tanto sob a forma de
pancada, como a nível sexual (sim, daqueles que violam as filhas, desde tenra
idade; acontece mais do que se pensa). Ele até pode ser um colega de trabalho
simpático. Porém, se alguém lhe dissesse algo do género: «pega nesta arma, vai
para a rua e mata uns quantos, que até ganhas uma recompensa (sejam as virgens
no Paraíso, seja dinheiro, seja reconhecimento, seja poder)», ele dificilmente hesitava!







A estratégia
de regimes com o do “Estado Islâmico” (já usada por Hitler e outros) é
precisamente essa: aproveitar indivíduos violentos e/ou frustrados, dar-lhes
meios e autoestima falsa e “legalizar-lhes” os crimes. Falo em autoestima
falsa, porque, ao contrário do que se pensa, a verdadeira autoestima é a melhor
coisa para evitar violências, invejas e rancores. Por seu lado, a autoestima
falsa é aquela que se consegue, convencendo alguém de que pertence a uma raça
superior, ou a uma religião superior, ou a qualquer outra coisa, desde que seja
superior ao comum dos mortais.





Na
verdade, quanto menos boa autoestima alguém tiver, mais fácil é de convencer,
ou seja: pessoas sem referências, sem rumo, convencidas de que não valem um
chavo, de que ninguém se importa com elas, nem sequer os pais. E quanto mais
cobardes forem, melhor! Porque apenas cobardes são capazes de maltratar ou torturar
pessoas mais fracas, ou de disparar contra pessoas indefesas.



É certo que os
países islâmicos estão cheios de pobres sem perspetivas e de famílias
disfuncionais. A maior parte das mães são mulheres frustradas, maltratadas e
subjugadas desde pequeninas, forçadas a casar e a criar um rancho de filhos,
sem liberdade, nem para sair à rua. A maior parte dos homens não passa de
cobardes, cujo passatempo preferido é maltratar mulheres e crianças. Não
pensemos, porém, que gente deste tipo só
existe noutras latitudes, onde se praticam religiões diferentes. Há muita
disfuncionalidade por trás da fachada das famílias tradicionais cristãs. No
tempo da nossa ditadura, por exemplo, não consta que Salazar tivesse
dificuldade em arranjar gente disposta a perseguir e a torturar (por vezes, até
à morte) os seus próprios compatriotas! Tudo depende da instrumentalização, da
manipulação. E os mais fracos e cobardes são os primeiros a cair na esparrela.



 
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Published on November 20, 2015 11:15

November 16, 2015

A Citação da Semana (87)

«Não esperes que te respeitem apenas pelas tuas boas intenções».



Henry Ford




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Published on November 16, 2015 02:33

November 15, 2015

Cidades Medievais Portuguesas (2)

Tomar, a templária, a única! Viva Tomar!






«O rei logrou resolver um conflito que opunha a Ordem do
Templo ao bispo inglês Gilberto de Lisboa e que se arrastava há vários anos. Afonso
doara Santarém e a região circundante aos Templários, que lá estabeleceram a sede
da Ordem. 













O bispo de Lisboa, porém, insistia em que Santarém pertencia à sua
diocese e, não obstante a amizade que o ligava a Gualdim Pais, Afonso
respeitava muito o prelado inglês, representante dos cruzados.





De carácter contemporizador, Gualdim Pais acabou por
aceitar a proposta do soberano: desistir de Santarém e fazer de Tomar a nova
sede dos Templários. Estando a antiga fortaleza romana em ruínas, porque não
construir ali um castelo de raiz, digno da Ordem do Templo?














 Naquele Verão de 1159, sobre o cerro sobranceiro ao rio
Nabão, Afonso Henriques e Gualdim Pais planearam uma construção inédita em
Portugal. O Mestre dos Templários tomara conhecimento de novas técnicas,
durante a sua estadia na Terra Santa.


As muralhas, dizia ele, seriam reforçadas por um alambor:
um espessamento da sua base, em forma de rampa. Além de dificultar, ou até
impossibilitar, o escalar dos muros, o alambor mantinha à distância as máquinas
de assalto e provocava o ressalto dos projéteis.




















Afonso não duvidava que a inovação surtiria grande efeito.
Mas Gualdim ainda lhe descreveu outras. Os merlões, por exemplo, deveriam ser
mais largos do que o costume, enquanto as ameias se queriam estreitas. Além
disso, rasgar-se-iam seteiras nos merlões, a fim de facilitar o tiro com arco
ou besta.






Combinou-se iniciar a construção do castelo de Tomar na
Primavera seguinte».



Excertos de Afonso Henriques - o Homem, romance de minha autoria.



 




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Published on November 15, 2015 02:36

November 12, 2015

Perguntem a Sarah Gross










Um
romance bem escrito, muito cinematográfico (como se diz na
contracapa) e com cenas muito intensas, que nos ficam na memória. Apesar de tratarem
de um tema já muito lido e/ou visto (o holocausto), continuam a surpreender-nos e
a chocar-nos. Apetece ler
o último terço do livro de um fôlego, o suspense
está muito bem construído e doseado. E não se pode falar desta obra sem referir a excelente pesquisa levada a cabo pelo autor (que aliás teve ajudas preciosas, na minha opinião, fora do alcance do cidadão comum).





No
entanto, vejo-me tentada a apontar-lhe algumas fraquezas. O problema é que se assemelha, de certo modo, ao meu estilo de escrita, embora eu esteja longe de ser finalista do Prémio LeYa. Modéstia à parte, costumo receber elogios deste tipo: escrita cinematográfica, bons diálogos. É certo que não inovo do ponto de vista estilístico, mas João Pinto Coelho também não o faz. E, num caso destes, uma pessoa põe-se a comparar, a procurar outras soluções para certos momentos do enredo e, pronto, não resiste à tentação de explanar a sua opinião completa.



Para começar, pergunto-me se era necessário o romance ser tão longo. Como disse, a
parte que realmente nos impressiona e apaixona surge nas últimas 150 páginas. O
resto é, sem dúvida, interessante, mas está longe de ser surpreendente ou arrebatador.
Pergunto-me mesmo se a história de Kimberley Parker seria necessária,
sobretudo, porque criou em mim expectativas que se esfumaram, como um rastro de
pólvora que se incendeia e que, no fim, em vez de explodir, se apaga. O romance começa com ela, trata dos mistérios, dos planos e dos receios de Kimberley Parker. Mas, no fim, é só e apenas o romance de Sarah Gross!




Também
acho que a amizade entre Kimberley Parker e Sarah Gross carece de estrutura. A
figura de Sarah impressiona Kimberley desde o primeiro momento, mas as duas
mantêm-se distantes. Kimberley encontra mesmo outra companhia, com
quem estabelece uma amizade aparentemente mais intensa. E, de repente, é a
Sarah que ela conta os segredos mais íntimos da sua vida!




Também
não aprecio a técnica dos diálogos longos (de várias páginas) para comunicar
partes importantes do enredo, pois normalmente cenas desse tipo não são
credíveis. Ressalvo, no entanto, o facto de os diálogos desta obra estarem muito enquadrados
e estruturados, aumentando a sua verosimilhança.




Por último, não posso deixar de elogiar o/a funcionário/a da LeYa que selecionou este romance para finalista. Na minha opinião, essa pessoa teria forçosamente de chegar à parte do enredo verdadeiramente surpreendente, ou seja, leu, pelo menos, 200 páginas de um original pouco literário. Sei que vão a concurso entre 300 a 400 originais
todo os anos (já chegaram quase aos 500) e sempre pensei que os selecionadores
se limitassem a ler vinte ou trinta páginas de cada um, mesmo assim,
duvidando que consigam dar uma vista de olhos a todos. Neste caso, há um desempenho a admirar!





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Published on November 12, 2015 02:19

November 10, 2015

Os melhores romances

O Projecto Adamastor dedica-se à conversão de clássicos da literatura portuguesa e brasileira para formato digital. Já li, ou reli, clássicos, depois de ter feito o seu download gratuito no referido site (é só irem à minha lista de leituras, que lá os encontram).



Até ao fim do ano, toda a gente pode participar em mais uma iniciativa do Projecto Adamastor, com o título «Os Melhores Romances Escritos em Língua Portuguesa». Será elaborada uma lista dos melhores romances de autores lusófonos baseada na opinião do público em geral.



As regras são as seguintes:



- Podem ser indicados quaisquer romances originalmente escritos em português.

- Não serão considerados títulos de menor extensão, como contos ou novelas, assim como os casos cuja classificação é mais problemática, de que é exemplo O Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa.

- Não existe qualquer restrição no que diz respeito ao número de obras por autor, isto é, podem ser indicados múltiplos romances escritos pelo mesmo autor.



Cliquem nesta frase para ler o texto completo de apresentação desta iniciativa.



Quem tem conta Google, pode participar utilizando este formulário, indicando dez romances de autores lusófonos, por ordem de preferência.

Quem não possui conta Google, pode enviar diretamente as suas escolhas para o email geral@projectoadamastor.org, ou partilhá-las na secção de comentários do Projecto Adamastor.



Eu já estou a pensar nas minhas escolhas... ;-)


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Published on November 10, 2015 10:29

November 9, 2015

A Citação da Semana (86)

«É uma lei da vida: quando se nos fecha uma porta, abre-se-nos outra. O trágico é que ficamos a olhar para a porta fechada e não vemos a aberta».



André Gide




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Published on November 09, 2015 02:28

November 8, 2015

Cidades Medievais Portuguesas (1)

O Castelo e a Cidadela de Bragança são lindíssimos e estão muito bem conservados. Vale a pena visitar!





















































































































































































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Published on November 08, 2015 04:06

November 6, 2015

«Quem ama os seus filhos, pune-os!»



«Se
não deixas de me martirizar, suicido-me, em frente ao altar da igreja e, na
minha mão, estará uma carta que te responsabiliza pelo meu ato» - estas
palavras foram ditas por um jovem filho ao próprio pai.







O
filho, hoje com setenta anos, é um escritor alemão de romances históricos; o
pai era um pastor (padre) protestante; o suicídio seria na igreja onde este
rezava missa; a história é verídica. Tilman
Röhrig
, o escritor que felizmente não se suicidou, porque a ameaça
funcionou, participou num documentário do ARD, o primeiro canal alemão, sobre o
uso de violência na educação de crianças.




Tilman
Röhrig não teve pejo em revelar os suplícios por que passou, tareias de chicote
e de cinto, que lhe deixavam as costas em sangue. Mas não foi só ele, outras
pessoas, nascidas no pós-guerra (anos 40 a 60) não recearam encarar a verdade
em público. E fica-se com um nó na garganta, quando se veem homens e mulheres,
de cinquenta, sessenta ou setenta anos, a regressarem às casas da sua infância
(já lá não iam há décadas, por as casas terem deixado de pertencer às famílias),
para logo ficarem embargados, de lágrimas nos olhos. Uma mulher chorou mesmo
copiosamente. Aqueles lugares só lhes trazem recordações dolorosas. E não se
trata de órfãos, criados num lar, sujeitos a sevícias, trata-se de pessoas
criadas no seio de uma «família tradicional».




A
frase que serve de título a este post
é a tradução de um provérbio alemão - wer
seine Kinder liebt, der züchtigt sie
- um provérbio que justificou (e
talvez ainda justifique) violências inenarráveis. Também o pastor protestante,
pai de Tilman Röhrig, pensava que estava a fazer bem, baseado inclusive no
Antigo Testamento, que prevê o exercer de violência sobre os filhos para lhes expulsar
o «mal» do corpo! Por isso, o escritor deixou de odiar o pai (porque o odiava
mesmo, na altura que ameaçou com o suicídio, tinha apenas 16 anos). Sim,
conseguiu deixar de o odiar. Mas perdoar… Não! «Coisas dessas não se conseguem
perdoar» - diz ele hoje, porém, não com uma expressão de revolta, ou de rancor,
antes com um sorriso… um sorriso triste.




Tilman
Röhrig é conhecido pelos seus romances históricos, mas o seu primeiro sucesso
literário foi um livro sobre um rapaz de catorze anos, vítima de violência por
parte dos pais.




Todas
as pessoas que, no documentário, se prestaram a contar a sua história, são pais
e/ou avós e declararam-se contra qualquer tipo de violência sobre as crianças.
Alguns, que confessaram ter-se descontrolado uma vez na vida com os filhos, ficaram
tão mortificados e arrependidos, que juraram que nunca mais o fariam. E
cumpriram!




Em baixo, o vídeo do documentário. É só para quem sabe alemão, mas resolvi pô-lo aqui, como prova das minhas palavras:










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Published on November 06, 2015 02:12

November 4, 2015

O choradinho do costume



Será difícil explicar o que é ser português, porque, desde sempre, fomos um povo com tendência para nos espalharmos
pelo mundo, adaptando-nos a outras formas de vida?



É sem
dúvida interessante a série que o canal franco-alemão ARTE tem vindo a
transmitir: os países europeus explicados pelos seus próprios escritores. A
minha satisfação foi grande, quando chegou a vez de Portugal, com a participação de
quatro grandes vultos da literatura lusófona: Lídia Jorge, Mário de Carvalho,
Gonçalo M. Tavares e Mia Couto.







Confesso,
no entanto, que fiquei desiludida. Não tanto com os escritores, mas com o tom
do documentário que
optou por um caminho já desgastado: um povo extraordinário, capaz de
se adaptar a qualquer país do mundo e a qualquer situação, mas muito
sofredor, com muito azar, ao ver-se constantemente subjugado. Primeiro, foi a
ditadura salazarista; agora, é a Europa!




Mário
de Carvalho expressou a convicção (ou o desejo?) de que uma revolta estaria para
breve, uma revolta que, como sempre, surgiria de surpresa. E este escritor,
assim como Gonçalo M. Tavares, ainda referiram que não
deveríamos ser o único povo do mundo a sentir isto e aquilo, outros povos
sentiriam de maneira semelhante, em situações semelhantes… Não me digam!




A
participação mais interessante, na minha opinião, foi a de Mia Couto, que
referiu que a problemática da colonização está longe de resolvida. Chegou ao ponto de dizer (penso que foi ele) que a famosa expressão
de Fernando Pessoa, «a minha pátria é a língua portuguesa», pode soar
colonialista, aos ouvidos dos naturais dos países lusófonos. Ora, cá está
alguém que propõe ruturas, novos temas de debate, gostei! Por seu lado, Lídia
Jorge embarcou perfeitamente no espírito do documentário, amaldiçoando a
ditadura e a Europa, que abafa tão valoroso povo!




Senti-me
desconfortável. Vivo no estrangeiro há 23 anos,
regozijo-me por poder assistir a um programa sobre o meu país, com a
participação da nata da nossa literatura, e afinal lá vem a ladainha dos
desgraçadinhos, constantemente impedidos de mostrarem o que valem…




Enfim,
é o que temos!




O programa, em francês, está aqui disponível até ao dia 20 de Dezembro:




http://www.arte.tv/guide/fr/048635-000/l-europe-des-ecrivains-le-portugal





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Published on November 04, 2015 02:36