Cristina Torrão's Blog, page 39
November 5, 2017
Museu Municipal Martim Gonçalves de Macedo
© Horst Neumann
D. Martim Gonçalves de Macedo salvou a vida a D. João
Mestre de Avis na Batalha de Aljubarrota, em 1385, e teve direito a sepultura
no Mosteiro da Batalha. A sua memória foi-se, porém, apagando, ao longo dos
séculos.
A terra de onde ele era oriundo, hoje cidade de Macedo de Cavaleiros,
inaugurou, há dois anos, um museu com o seu nome. Instalado numa antiga escola
primária, o museu é pequeno, mas muito bem organizado e cuidado até ao mais
ínfimo pormenor.
© Horst Neumann
Adorei a visita que lá fiz, também pela simpatia e competência
do seu responsável, Cláudio Pereira.
Se algum dia passarem por Macedo de Cavaleiros, não deixem
de visitar este museu! A entrada é grátis e, se a porta estiver fechada, toquem
à campainha!
© Horst Neumann
Para mais informações:
http://www.cm-macedodecavaleiros.pt/frontoffice/pages/319?news_id=986
No
Facebook:
https://www.facebook.com/MuseuMartimGoncalves/
Sobre
D. Martim Gonçalves de Macedo, podem ler nesta publicação com descarregamento
gratuito:
© Horst Neumann
http://www.terrasquentes.com.pt/Content/Publicacoes/Caderno11/Caderno%2011%20ATQ.pdf
Published on November 05, 2017 03:20
November 2, 2017
A Menina do Mar
A Oxalá
Editora acaba de publicar uma edição bilingue (português e
alemão) de A Menina do Mar. É a
primeira tradução alemã desta obra!
A tradutora, Isabel Remer, tem mãe portuguesa e pai
alemão. Fiquei igualmente estupefacta com revelações suas, na entrevista
que deu à edição de Outubro (nº 280) do Portugal Post , um jornal para os portugueses na Alemanha. Isabel Remer tentou, sem
sucesso, publicar a sua tradução durante quase cinco anos! Não houve uma única editora, fosse portuguesa, ou alemã, que se interessasse pelo projeto. Já depois de desistir, Isabel Remer leu um anúncio da Oxalá
Editora , no Portugal Post , chancela que resolveu, felizmente, avançar com a publicação bilingue.
Espero que tenham muito sucesso com este conto que certamente será particularmente útil
para as crianças portuguesas que vivem na Alemanha, assim como para todos os portugueses que aprendam alemão, ou alemães que se interessem pela língua
de Camões, independentemente das suas idades.
Published on November 02, 2017 04:12
October 30, 2017
Fazer o Bem Faz Feliz
© Horst Neumann
Não acredito na Humanidade. Penso que acabará por se
destruir a si própria, assim como o planeta onde vive.
Não há, porém, dúvida de
que há seres humanos fantásticos.
O filho de uma antiga colega de liceu, reencontrada no
Facebook, adoeceu com leucemia e
precisou de um transplante de medula. Todos sabemos que é difícil encontrar um
dador compatível e a família do jovem iniciou uma campanha naquela rede social.
Soube, agora, que ele já fez o transplante. E este jovem, que acabou de entrar
na Faculdade, pode enfim encarar o futuro com o otimismo próprio da idade.
Não nos devemos esquecer, porém, de alguém que,
voluntariamente, se sujeitou a uma operação, para doar parte da sua medula e salvar
uma vida. Esse alguém deve ser uma pessoa muito feliz, porque a generosidade
faz feliz. Já a maldade, pelo contrário, pode proporcionar alguma satisfação
momentânea, mas, a médio e longo prazo, deixa a pessoa extremamente infeliz e
vazia.
Por isso, me pergunto: as pessoas que insistem em
desejar e exercer o mal não se acham dignas de ser felizes?
Published on October 30, 2017 04:02
October 26, 2017
O Estigma do Conceito de “Feminismo”
Depois
dizem-me que ser feminista é uma coisa datada? Tenham paciência - escreveu
Patrícia Reis, numa crónica publicada a 15 de Outubro. Embora a escritora se
refira ao facto de os salários das mulheres serem, ainda hoje, 21,8% inferior
aos dos homens, a frase assenta que nem uma luva no caso do acórdão
da Relação do Porto sobre violência doméstica.
O
feminismo é ainda muito necessário, sim! Mas o conceito não sofre apenas do
problema de muita gente o achar datado. Sofre igualmente de um estigma que o apelida de radical e
assusta muitas mulheres. Mafalda Anjos, Diretora da revista Visão, escrevia, numa crónica publicada
no nº 1279: «Sou pouco adepta da paranoia radical na nomenclatura sem género,
mas chamar Ironman a uma competição que admite homens e mulheres parece-me
simplesmente estúpido e anacrónico». Esta frase é de uma contradição brutal!
Infelizmente,
é frequente encontrar expressões deste tipo, entre mulheres: «eu nem sou nada
feminista, mas não acho bem que…»; ou «eu não sou adepta dessas ideias radicais
de igualdade, mas o certo é que…».
Quando
é que as mulheres vão deixar de pedir desculpa e de polir a sua imagem, antes
de expressarem uma opinião? O feminismo possui um historial do qual todas nós
nos devemos orgulhar. As nossas antepassadas lutaram por nós. Não fossem as
feministas, as mulheres não estariam autorizadas, entre outras coisas, a seguir
uma carreira profissional. Nem sequer a votar! As sufraguettes também foram consideradas radicais histéricas, no seu
tempo. E, como vemos, o facto de já possuirmos esses direitos não quer dizer
que o feminismo se tenha tornado obsoleto. Querem melhores exemplos do que a
desigualdade nos salários, ou o minimizar o crime de violência doméstica pelo
facto de uma mulher ter cometido adultério?
A
verdade é que nós mulheres continuamos a ter medo dos homens. Medo de os
desiludirmos, de os chocarmos, medo de não correspondermos às suas
expectativas.
Ainda
não repararam que quem dá, e deu, uma imagem radical do feminismo foram/são os
homens? E que nós continuamos a cair na armadilha? O uso da palavra “radical”,
em justificações do género «eu nem sou adepta dessas ideias radicais de
igualdade, mas…», é pura manipulação masculina. A jornalista Mafalda Anjos vai
ainda mais longe e usa a expressão “paranoia radical”! Tirem-na da frase acima citada
e a contradição salta aos olhos!
Quando
vamos deixar de querer ser as meninas bonitas, simpáticas e agradáveis, com
medo de ofender o papá, o irmão, ou o marido, para passarmos a ser humanas em
pleno, com opinião própria, sem medo das palavras?
Published on October 26, 2017 11:13
October 20, 2017
Da Importância das Fotografias
Hoje em dia, as fotografias são tão comuns e tiram-se tantas, em qualquer situação, que custa a crer ter havido um tempo em que eram coisa rara.
Apresento-vos os meus avós paternos, Ludovina Amélia
Rodrigues e Fernando César Torrão, naturais da freguesia do Lombo, perto de Chacim
e do Santuário de Balsamão, concelho de Macedo de Cavaleiros.
O meu avô era meio leonês, já que a sua mãe era
oriunda de Fonfria, concelho de Alcañices. Não me lembro dele, pois faleceu em
1967, mas surge sempre com um ar muito sereno, nas fotografias. Já a minha avó
é por mim recordada como uma mulher severa, de feições duras (no fundo, tipicamente
transmontana), por isso, gosto de ver aqui a sua bela fisionomia marcada por
uma certa leveza, concedida pela juventude.
O meu pai diz que a fotografia foi tirada ao tempo do
seu casamento, celebrado em Novembro de 1927. Gosto de os ver tão novos. Ainda
bem que tiraram a fotografia, coisa rara, naquela altura, sobretudo, numa
aldeia perdida nos montes transmontanos (tão perdida, que o meu pai ainda pensou em abalar para
essa região inóspita, quando, no Verão Quente, pairava a ameaça da guerra
civil).
A ideia desta fotografia foi com certeza do meu avô,
um autodidata, que sabia ler e escrever, sem nunca ter frequentado uma escola,
e um dos primeiros pais da aldeia a enviar os filhos para o liceu de Bragança -
atente-se que o primeiro filho que ele enviou foi uma rapariga, a minha tia
Nair, professora primária em Chacim durante mais de quarenta anos. O meu avô
encorajou igualmente parentes e conhecidos a enviarem as suas filhas para a
escola, nem que fosse apenas a primária.
E aqui estão os meus avós, cerca de trinta anos mais
tarde:
Published on October 20, 2017 02:20
October 17, 2017
Da Igualdade
Não sou contra as diferenças, pelo contrário! Claro que
há diferenças inatas entre meninos e meninas. O problema é que a vida não é
sempre só a preto e branco, tem muitas cores e matizes. Deixando de parte a
homossexualidade (que eu aceito e respeito, mas o cerne da questão, neste caso,
é outro), há meninas que se assemelham a meninos e vice-versa. Se os pais
insistirem muito em clichés
(meninas-princesas e meninos-aventureiros), limitam a liberdade de escolha.
Ao
educar uma menina para ser princesa e fada do lar, quando o que ela quer mesmo
é ser jogadora de futebol, está programado o sofrimento de uma das partes (pais
ou filha). E se um menino quiser ser educador de infância? Nem se atreve a
expressar esse seu desejo.
Todos devem ter liberdade de escolha, sem preconceitos. Os
famigerados blocos da Porto Editora (que regressaram às livrarias) reforçam os clichés, ou seja, limitam o espaço de
manobra, o poder de escolha. Não adianta apregoar que há liberdade, quando os
pais e educadores manipulam as crianças para que elas sejam aquilo que eles
desejam. Um rapaz que deseje ser educador de infância deve ser elogiado,
em vez de ridicularizado, ou pressionado de modo a levá-lo a desistir. Tratar
de e educar crianças é do mais nobre que há. É, por exemplo, um grande erro pôr
essas tarefas nas mãos de babás ignorantes, só porque são mulheres. Uma
rapariga também não deve ser desviada do seu caminho, se desejar ser jogadora
de futebol, ou condutora de autocarro.
Penso que seria uma boa solução comprar os dois blocos da
Porto Editora, tanto para uma rapariga, como para um rapaz. Era o que eu faria,
se tivesse filhos e eles se interessassem pelos blocos, porque dizer-lhes que
não prestavam, só lhes alimentaria a curiosidade. Compraria os dois e dava aos
filhos liberdade de escolher com quem se identificassem mais. Não lhes impunha
uma identidade, do género: tu és menina, tens de gostar de princesas e vestidos
cor-de-rosa, em vez de brincares com camiões, barcos, ou dares pontapés numa
bola. Por outro lado, se ela preferisse realmente a princesa cor-de-rosa, é
claro que não a contrariava. O importante seria que a escolha viesse dela.
Muita gente não sabe, ou não quer, definir corretamente o
conceito de igualdade. De um lado, está quem jura que meninos e meninas nascem
exatamente iguais, com os mesmos gostos e desejos; do outro, está quem receia
que, à custa de tanta igualdade, qualquer dia, não haja homens nem mulheres. São
posições extremistas, nunca de aconselhar.
A
verdadeira igualdade existe na diferença, há que pôr a dignidade humana acima
de tudo. Porque haveremos nós de considerar algumas características (masculinas
ou femininas) superiores a outras? Porque tem mais valor saber construir uma
casa do que amamentar um bebé? Porque tem mais valor ser um matemático
brilhante do que ser uma boa enfermeira? Porque é considerado superior ser
diretor de um banco em relação a mudar fraldas e contribuir para que uma
criança cresça feliz? Não é a igualdade física, ou dos interesses, ou mesmo a
intelectual, que é importante. Cada um tem o seu talento e as suas capacidades,
independentemente de ser homem ou mulher. A dignidade do ser humano deve ser respeitada,
em todos os casos, em todas as profissões, em ambos os sexos.
Published on October 17, 2017 03:09
October 14, 2017
Insanidade
Depois de várias semanas de pausa, retomo as
publicações no blogue. A pausa não foi 100% voluntária, eu não pretendia estar
tanto tempo sem publicar, mas as férias em Portugal nunca me dão grande tempo
para escritas.
Para esta rentrée,
escolhi a opinião sobre o livro Insanidade,
de André Arrátel Torrão, um jovem oriundo da freguesia transmontana do Lombo,
concelho de Macedo de Cavaleiros, e que é meu parente afastado.
Penso ser esta a sua obra de estreia e tenho a dizer
que me despertou muito interesse. Nota-se uma habilidade nata do autor para
contar uma história, com bom ritmo narrativo e a criação de suspense. Eu situaria este livro no chamado
romance gótico. André Torrão soube criar uma atmosfera muito interessante e
invulgar, dando-me a sensação de estar a ler um conto dos Irmãos Grimm para
adultos.
A ação situa-se algures no século XIX, numa povoação
imaginária. O fidalgo local, sem pais nem irmãos e viúvo pela segunda vez,
procura noiva, gerando agitação nas famílias da aldeia. Depois de escolhida a rapariga,
prepara-se um casamento cheio de pompa e circunstância.
O fidalgo, porém, esconde um segredo familiar terrível
e, logo no dia do casamento, a sua eleita nota que a mansão onde passará a
viver encerra algo de estranho em si. O segredo vai-se revelando aos poucos, também
em flash-backs com cenas da infância
do fidalgo, deixando a moça cada vez mais surpreendida e receosa. O leitor segue
em suspenso o desenrolar dos acontecimentos.
Apesar de toda a vida do fidalgo ter sido marcada por
uma violência fora do comum, serve de alegoria para os segredos que as famílias
encerram no seu seio, alegoria constatada na altura em que a moça diz ao
marido: «a tua família não era nada daquilo que eu julgava», ao que ele
responde: «nenhuma família é o que parece».
André Arrátel Torrão revela talento e espero que continue a escrever.
Published on October 14, 2017 07:57
September 5, 2017
Bodas de Prata (parte 2)!
Por vezes, não é fácil encontrar a prenda certa para a ocasião certa. E eu comecei a pensar: qual será o melhor presente para o Horst, nas nossas Bodas de Prata? E o que gostaria eu mais de receber?
Tinha de ser algo original e perene. E lembrei-me: uma sessão de fotografias. Mas como deve ser! Não fotografias tiradas por telemóvel, ou tablet, mas num estúdio, com fotógrafo (neste caso, fotógrafa) profissional.
O Horst gostou da ideia e assim fizemos. Aproveitámos para levar a nossa Lucy, que faz parte da nossa pequena família. A Lucy completará os 14 anos em Outubro. Quantas mais oportunidades teremos de tirar boas fotografias com ela?
Aqui estão alguns dos resultados, com e sem Lucy:
Tinha de ser algo original e perene. E lembrei-me: uma sessão de fotografias. Mas como deve ser! Não fotografias tiradas por telemóvel, ou tablet, mas num estúdio, com fotógrafo (neste caso, fotógrafa) profissional.
O Horst gostou da ideia e assim fizemos. Aproveitámos para levar a nossa Lucy, que faz parte da nossa pequena família. A Lucy completará os 14 anos em Outubro. Quantas mais oportunidades teremos de tirar boas fotografias com ela?
Aqui estão alguns dos resultados, com e sem Lucy:
Published on September 05, 2017 02:33
August 31, 2017
A Polémica dos Blocos
Ricardo Araújo Pereira quis ridicularizar a polémica à volta dos blocos de atividades para crianças, da Porto Editora, mas, afinal, ainda apontou mais defeitos aos famigerados livrinhos. Diz ele que a questão dos labirintos aconteceu por terem sido duas ilustradoras diferentes a criá-los. E eu pergunto: porque é que os revisores da editora não corrigiram?
Por outro lado, deu a conhecer mais absurdos. As meninas parece que são mais cultas. Leem e vão ao museu, enquanto os rapazes só pensam em brincar. Engraçado, como o conhecido humorista (que eu aliás aprecio) usa isto como justificação para dizer que os blocos, afinal, não são tão maus. Afinal, os meninos também aparecem em desvantagem!
Simplesmente ridículo!
Eu gostava de saber porque se publicam livros separados, se, na escola, aprendem todos com os mesmos. Porque não incluir tudo no mesmo livro? Dava mais liberdade criativa. O menino e a menina podiam ser protagonistas em exercícios diferentes e, nalguns, principalmente nos que dizem respeito à leitura e às idas ao museu, deviam atuar os dois juntos, em equipa. Seria muito mais pedagógico.
Há muita gente que acha tratar-se de um tema sem importância, posição da qual discordo totalmente. Livros são sempre um tema sério, sejam
infantis, ou não. Acresce dizer que a
Porto Editora compreendeu perfeitamente a recomendação da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, não se queixou de ter sido vítima de censura e está disposta a rever os conteúdos. Para mim, isto é a aceitação do erro (o que pressupõe a sua existência) e vontade de o corrigir.
Da Porto Editora saíram dois bloquinhos,
Um p’ró menino, outro p’rá menina.
Engane-se quem julgue que eram miminhos,
Choveu indignação abaixo e acima.
Labirintos simples para princesas,
Mas só porque as ilustradoras eram diferentes.
E os revisores, senhores, estão ceguetas?
Precisarão de novas lentes?
Retire-se do mercado, da loja, do caneco!
Ressurge a Velha Senhora de lápis na mão.
É a censura do politicamente correto.
Pois, minha gente, o Trump é que tem razão!
Meninas dedicam-se à leitura e vão ao museu,
Meninos só querem brincar com carrinhos.
«De que se queixam?», faz o humorista escarcéu,
Afinal, a todos se desanca nos lombinhos.
E assim vai a educação em Portugal,
Quando comem todos, é uma alegria.
Os estereótipos aí estão, de pedra e cal,
O negócio à frente da pedagogia.
Meninos e meninas juntos a apreciar pintura?
Um bloco para todos, como é na escola?
Onde já se viu, aqui não há mistura!
Diz o lusitano, esse grande estarola.
Erguem-se vozes num medo desalmado,
Que mundo é este, tão descaracterizado,
Sem meninas dóceis, a mexer os tachos?
E nem um piropo, nem um “apalpanço”,
Para alegrar os malandrões do rapinanço?
Construam-se muros, teçam-se farpados!
Guardemos o nosso jardim à beira-mar plantado!
Por outro lado, deu a conhecer mais absurdos. As meninas parece que são mais cultas. Leem e vão ao museu, enquanto os rapazes só pensam em brincar. Engraçado, como o conhecido humorista (que eu aliás aprecio) usa isto como justificação para dizer que os blocos, afinal, não são tão maus. Afinal, os meninos também aparecem em desvantagem!
Simplesmente ridículo!
Eu gostava de saber porque se publicam livros separados, se, na escola, aprendem todos com os mesmos. Porque não incluir tudo no mesmo livro? Dava mais liberdade criativa. O menino e a menina podiam ser protagonistas em exercícios diferentes e, nalguns, principalmente nos que dizem respeito à leitura e às idas ao museu, deviam atuar os dois juntos, em equipa. Seria muito mais pedagógico.
Há muita gente que acha tratar-se de um tema sem importância, posição da qual discordo totalmente. Livros são sempre um tema sério, sejam
infantis, ou não. Acresce dizer que a
Porto Editora compreendeu perfeitamente a recomendação da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, não se queixou de ter sido vítima de censura e está disposta a rever os conteúdos. Para mim, isto é a aceitação do erro (o que pressupõe a sua existência) e vontade de o corrigir.
Da Porto Editora saíram dois bloquinhos,
Um p’ró menino, outro p’rá menina.
Engane-se quem julgue que eram miminhos,
Choveu indignação abaixo e acima.
Labirintos simples para princesas,
Mas só porque as ilustradoras eram diferentes.
E os revisores, senhores, estão ceguetas?
Precisarão de novas lentes?
Retire-se do mercado, da loja, do caneco!
Ressurge a Velha Senhora de lápis na mão.
É a censura do politicamente correto.
Pois, minha gente, o Trump é que tem razão!
Meninas dedicam-se à leitura e vão ao museu,
Meninos só querem brincar com carrinhos.
«De que se queixam?», faz o humorista escarcéu,
Afinal, a todos se desanca nos lombinhos.
E assim vai a educação em Portugal,
Quando comem todos, é uma alegria.
Os estereótipos aí estão, de pedra e cal,
O negócio à frente da pedagogia.
Meninos e meninas juntos a apreciar pintura?
Um bloco para todos, como é na escola?
Onde já se viu, aqui não há mistura!
Diz o lusitano, esse grande estarola.
Erguem-se vozes num medo desalmado,
Que mundo é este, tão descaracterizado,
Sem meninas dóceis, a mexer os tachos?
E nem um piropo, nem um “apalpanço”,
Para alegrar os malandrões do rapinanço?
Construam-se muros, teçam-se farpados!
Guardemos o nosso jardim à beira-mar plantado!
Published on August 31, 2017 02:54
August 29, 2017
Bodas de Prata!
Published on August 29, 2017 02:22


