Cristina Torrão's Blog, page 36

February 12, 2018

Dentro da Noute


















Esta é uma excelente coletânea de contos góticos, em forma de ebook com download gratuito no Projecto
Adamastor
. Particularmente interessante para mim foram os contos de catorze
autores brasileiros que não conhecia, à exceção de Bernardo Guimarães, de quem
já lera o romance A
Escrava Isaura
, também adquirido no Projecto
Adamastor
, e que surge aqui com A
Dança dos Ossos,
um dos melhores contos. Entre os brasileiros, destaco
igualmente Júlia Lopes de Almeida que, em Os
Porcos
, nos faz, em poucas páginas, um retrato vivo da crueldade do
provincianismo brasileiro, racismo incluído, assim como Demônios, de Aluísio Azevedo, que nos
narra uma interessante variante do apocalipse, Assombramento - História do Sertão, de Alberto Rangel, que nos
conta os medos e superstições dos homens sertanejos, e O Defunto, de Thomaz Lopes, um verdadeiro pesadelo, já que narra o
suplício de um homem enterrado vivo (depois de ter sido dado como morto).




Entre os portugueses (treze, no total), e além do maravilhoso O Defunto ,
de Eça de Queirós (que pode ser descarregado individualmente no Projecto Adamastor),
adorei A Dama Pé-de-Cabra, de
Alexandre Herculano, que em muito compensou uma certa desilusão na leitura de Eurico,
o Presbítero
. A Dama Pé-de-Cabra
é uma excelente narração medieval. Camilo Castelo Branco surge magistral, como
sempre, com A Caveira.




Confesso que me desiludiram dois autores que nunca
tinha lido e sobre os quais estava curiosa. O primeiro é Raul Brandão, com O Mistério da Árvore, conto cheio de
lugares-comuns. Claro que isto não é pretexto para que não leia mais nada deste
autor, interessa-me particularmente o romance Húmus. A outra desilusão foi Mário de Sá-Carneiro, com A Confissão de Lúcio, um conto
interessante, mas disperso e que me pareceu datado, muito próprio da sociedade
eufórica das primeiras décadas do século XX. Também deste tão afamado autor pretendo
ler outras obras.




Entre os portugueses, há duas autoras: Ana de Castro
Osório, com o excelente conto (ou novela) A
Feiticeira
(também incluído em Quatro
Novelas
, por mim já lido), e Florbela Espanca com A Morta, que, confesso, não me encantou particularmente.




Além de fazer as delícias dos amantes da literatura gótica, esta é uma boa oportunidade para ler, de uma assentada, vinte e sete escritores.





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Published on February 12, 2018 02:14

February 10, 2018

Politicamente (in)correto







O conceito do politicamente correto, criado, nos anos 1980 por estudantes norte-americanos, tornou-se uma mera forma de etiquetar as pessoas. E as etiquetas só servem para dividir e acirrar ódios.



Muita gente acha que só se pode ser,ou politicamente correto, ou incorreto, ou seja, radicaliza, bem ao estilo de "quem não é por mim é contra mim". Daí ao insulto é um passo muito pequeno e o politicamente correto passou a ser um insulto para quem exprime uma opinião diferente. Ao abrigo do "politicamente incorreto", muitos se julgam contestários, veem-se como corajosos que ousam ir contra a corrente, uma posição que é aproveitada para se dizerem alarvidades a torto e a direito, incluindo discursos racistas e homofóbicos. E assim se criou a ideia de que os politicamente incorretos são verdadeiros revolucionários, mesmo quando pertencem à extrema-direita!


Radicalizações são contraproducentes, pois não aproveitam o que possa haver de bom em posições opostas. Em vez de nos andarmos a etiquetar de politicamente corretos ou incorretos, devíamos pensar em aproveitar as coisas boas de ambos os lados da barricada.




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Published on February 10, 2018 02:52

February 8, 2018

Sobre o insulto




Insultos são palavras proferidas com o intuito de ferir, ou seja, violência verbal. Os insultos têm origem no desejo de adquirir poder, quando a nossa impotência nos incomoda. Quem insulta, aumenta a sua autoestima com tiradas carregadas de ódio; quem insulta, combate a sua impotência rebaixando os outros.



A livre expressão e o debate representam uma parte importante da democracia. Porém, por mais que os pontos de vista se diferenciem, e apesar de toda a dureza que se possa usar, há que ter em conta que não se deve humilhar o outro. Afirmações, acusações e juízos generalizados, sem provas, nem nomear fontes, constituem um baixíssimo nível de argumentação, cheio de vaidade e orgulho ferido.


Num artigo publicado na revista Visão de 15 de Setembro de 2016, sobre insultos na política, dizia-se: «O insulto pode ser fruto da falta de autocontrolo. De uma explosão espontânea ou premeditada, quando não há outros argumentos. Segundo a psiquiatra Maria Antónia Frasquilho, antiga diretora do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa,  nunca se deve permitir que funcione como tratamento para alguém carregado de tensão. "É um destratamento", afirma. "Ao descarregar a pressão, quem insulta não resolve um problema. Está a criar outro: o abuso moral sobre a vítima".


No seu livro Stick and Stones - The Philosophy of Insults, Jerome Neu, professor numa Universidade californiana, define o insulto como a declaração ou assunção de domínio, quer reivindicando superioridade, quer revelando falta de consideração. E, escreve, ser insultado é sofrer um choque, a disrupção do nosso sentido de nós mesmos e do nosso lugar no mundo. É que quem insulta fá-lo com esse objetivo. Quer remeter o alvo ao desprezo, desvalorizá-lo, realçando os seus pontos fracos, apoucá-lo e desumanizá-lo».


«As pessoas movimentam-se em sistemas pensantes fechados e aceitam apenas informações dos seus "semelhantes". As vivências de uma pessoa são o seu cartão de visita. Quais teriam sido as vivências de alguém que exerce violência verbal? Podemos exprimir-nos de maneira crítica perante certas palavras ou atitudes, até julgar a pessoa em pensamentos ou palavras, mas temos sempre de respeitar a sua condição de ser humano. Esta é uma posição cristã» - palavras de Ilse Junkermann, bispa alemã (luterana).




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Published on February 08, 2018 02:28

February 3, 2018

Em Boa Companhia!

Cerca de 20% dos portugueses vivem no estrangeiro, a emigração devia ser um tema recorrente na nossa literatura. A Oxalá Editora (editora portuguesa na Alemanha) publicará em breve uma coletânea de contos sobre emigração. E assim me vejo eu em excelente companhia:










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Published on February 03, 2018 08:11

February 1, 2018

Calendário 2018 da UZ (3)

«Os cães riem. E nenhum ri como ri o outro. Quando os cães nos mostram como riem, ficamos a saber quem são».


«O sorriso do Ceilão é esperançoso. Lembra que já faltou mais para a Primavera».










https://www.facebook.com/uniaozoofila/



http://www.uniaozoofila.org/


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Published on February 01, 2018 02:51

January 27, 2018

A Vida Trágica De Uma Escritora Que Morreu em Auschwitz









Foto: dpa/AP




Else Ury, autora alemã de livros infantis da primeira
metade do século XX, foi morta nas câmaras de gás de Auschwitz, um destino
ignorado durante cinquenta anos no mundo literário alemão, apesar de os seus
livros tornarem a conhecer grande êxito depois da 2ª Guerra Mundial. A razão?
Os intelectuais alemães da literatura infanto/juvenil desdenhavam de uma escritora por eles intitulada de «propagandista do mundo
de conto de fadas”.






Else Ury ficou famosa, a partir de 1913, com uma série
dedicada a uma menina chamada Annemarie Braun, que vivia em Berlim no seio de
uma família feliz, com o pai médico, a mãe dona de casa, dois irmãos mais
velhos, uma criada, uma ama e a sua boneca. Por ser a mais nova, Annemarie
Braun era apelidada de Nesthäkchen
(benjamim), uma criança vivaça e traquina, que tinha muito a aprender, até se
tornar numa jovem obediente e, mais tarde, numa esposa e mãe perfeita. Os
episódios da série Nesthäkchen decorriam sob o esquema: «ultrapassar das regras - arrependimento - final
feliz».









Entre 1913 e 1925, a série conheceu grande sucesso.
Else Ury enriqueceu, mas nunca casou nem constituiu família própria, pelo que
se dedicou aos pais, aos irmãos e aos sobrinhos. Dir-se-ia que a sua vida
decorria perfeita, um retrato dos seus livros, até que… chegou o nazismo.






Else Ury era judia. A partir de 1933, foi proibida de
escrever e de publicar. Viu os seus livros serem retirados das livrarias. Um
dos seus irmãos suicidou-se em 1935, os outros familiares fugiram para o
estrangeiro. Else Ury ficou em Berlim. Mais! Regressou à sua cidade-natal,
depois de uma viagem que fez a Londres, em 1938! Regressou para não deixar a
mãe de noventa anos sozinha. Mas terá havido igualmente um pouco de
inconsciência? Acreditaria Else Ury no mundo conto de fadas que criara nos seus
livros?




O certo é que a sua biografia, publicada em 2007 por
Marianne Brentzel (e que finalmente revelou a vida desconhecida desta autora de
sucesso) se intitula Nada de mal me acontecerá…
(tradução livre de Mir kann doch nichts geschehen… ). Else Ury confiaria na justiça e na humanidade, acreditaria que
o bem acabava por vencer o mal e terá pensado que os nazis não se preocupariam
com uma mulher que já passara os sessenta.









Como todos os judeus, ela foi despojada dos seus bens
e direitos, roubada e humilhada. Depois da morte da mãe, com 93 anos, foi
obrigada a mudar-se para o ghetto
nazi de Berlim. Em Janeiro de 1943, foi deportada para Auschwitz e guiada para
a câmara de gás, logo à chegada, por ser dada como inapta para trabalhar. Tinha sessenta e cinco anos.





Livros da Nesthäkchen publicados depois da guerra


Apesar de gerações de meninas alemãs continuarem a ler
os seus livros, a partir dos anos 1950, e se ter feito inclusive uma série
televisiva neles baseada, em 1983, imperava o silêncio sobre o seu fim por ser
má vista pelos intelectuais. Na Alemanha de Leste, os seus livros permaneceram
proibidos até à queda do Muro de Berlim! E, no entanto, ao contrário de outros
autores do género, Else Ury acompanhou a vida da sua heroína muito para lá da
infância. Annemarie Braun, a Nesthäkchen,
tornou-se adolescente, casou, formou família e até envelheceu. No último livro
da série, publicado em 1925 e intitulado Nesthäkchen im weißen Haar, ela é uma avó de cabelos brancos.
















 
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Published on January 27, 2018 08:38

January 20, 2018

Comer Carne







Não é preciso muita carne para se comer bem.





«Comer e ser comido, condição essencial para a evolução» - esta frase, com toda a verdade que encerra, não justifica a maneira lastimosa como mantemos os animais que servem para a nossa alimentação, na produção industrial de carne.



Não contestando o facto de comermos carne (não sou vegetariana) condeno veementemente as condições em que são mantidos os animais. E, se me dizem que hoje tem de ser assim, para alimentar os biliões de humanos, então eu digo: reduza-se a quantidade de carne que comemos! Li algures que um terço da carne produzida acaba no lixo. Se prescindirmos de um outro terço, chegamos à conclusão de que necessitaríamos apenas de um terço daquilo que é produzido. Ninguém morre à fome, limitando o seu consumo de carne, pelo contrário: é um bem que fará à sua saúde!



Comer e ser comido só é condição essencial para a evolução na vida selvagem. Na nossa civilização, nós próprios manipulamos a criação de animais. Que evolução proporcionamos nós aos porcos, aos bovinos e às aves que mantemos em condições catastróficas, provocando-lhes sofrimento sem fim?



Os humanos sempre foram omnívoros, ou seja, comem de tudo. Não há razão nenhuma para que a carne seja o alimento principal. Há muito que a maior parte de nós não se alimenta de animais que andam à solta, no seu habitat, e o mínimo que devemos fazer é manter os que nos são úteis em condições dignas, sem lhes inflingirmos sofrimento gratuito.



Não continuemos a fechar os olhos e a fugir às nossas responsabilidades!




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Published on January 20, 2018 02:55

January 17, 2018

A Crueldade Da Natureza


Foto © Horst Neumann



A suposta "crueldade" da Natureza nunca pode ser pretexto para nós humanos maltratarmos ou abandonarmos um animal (somos muito lestos a procurar razões para fugirmos ao sentimento de culpa). Aliás, não sei se podemos dizer que a Natureza é cruel, pois ela não tem ética, nem moral. Nós, pelo contrário, temos!



Nós humanos mudámos o mundo, com tudo o que a ele pertence e com tudo o que isso implica. Mudámos irremediavelmente, e para sempre, a vida de (quase) todos os animais e nada mais nos resta do que assumir essa responsabilidade. Muitos de nós esquecem-se de que os animais que nascem e crescem no nosso meio nunca aprenderam a viver na Natureza. Além disso, no caso dos cães, por exemplo, há características em muitas raças que tornam a sua sobrevivência na vida selvagem impossível: o tamanho (pequeno demais), ou pêlos longos que, sem a higiene e os cuidados adequados, facilitam a acumulação de sujidade e parasitas (não esqueçamos que as raças surgiram por

intervenção humana).



Todos os cristãos (ou quase) admiram São Francisco de Assis, mas poucos seguem os seus ensinamentos. E até nem precisamos de ir tão longe como ele, que considerava os animais seus irmãos. Eu, por exemplo, considero-os meus primos. Desde Darwin que sabemos possuir um qualquer grau de parentesco com todos os animais e, sendo impossível separar a condição humana das componentes moral e ética, temos o dever de os tratar com dignidade e não lhes infligir sofrimento gratuito.



Temos igualmente o dever de preservar as espécies! Isto não é mania do nosso tempo, tem tradição bíblica! É essa a mensagem do episódio da Arca de Noé. Com o mundo a ser destruído por cheias e enxurradas, Deus não ordenou a Noé que salvasse outros humanos (além da sua família), mas sim "casais" de animais. É a prova de que o nosso planeta e a nossa própria vida dependem das outras espécies, mesmo das que não servem para a nossa alimentação, nem vivem no nosso meio. O equilíbrio do planeta depende da existência dos outros animais.



Nós, com a nossa inteligência e os meios que adquirimos, temos a obrigação de preservar o mundo que Deus nos ofereceu e de assumir as responsabilidades de que Ele nos incumbiu.




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Published on January 17, 2018 02:27

January 15, 2018

Recordando Francisco Sá Carneiro

Do Boletim da Assembleia da República COMUNICAR, Janeiro 2018:



«Na sessão de 15 de
janeiro de 1972 da Assembleia Nacional, Francisco Sá Carneiro, Deputado
da denominada Ala Liberal, denuncia a atuação da Direção-Geral de
Segurança como atentatória dos direitos humanos, referindo diversas
queixas por “prisões e buscas sem mandados”, pelos “métodos de
interrogatórios praticados, durante os quais se não admite a presença de
advogado dos suspeitos presos”, assim como pelo regime prisional da
Cadeia de Caxias.



O Deputado exige o
respeito da legalidade, com a presença de advogado nos interrogatórios,
garantia do tratamento justo das pessoas, preservando-as de qualquer
“coação física e moral”, e, simultaneamente, da própria credibilidade
das autoridades instrutórias. Sá Carneiro refere que se trata apenas de
defender o cumprimento da lei, pois a “investigação não é, não pode
nunca ser, obtenção de confissões”.

(...)

Por entre interrupções e
apartes, Sá Carneiro prossegue solicitando o fim das detenções de
pessoas sem culpa formada em “crimes contra a segurança do Estado”».



Um ano mais tarde, Sá Carneiro apresentou um projeto de
lei de amnistia dos presos políticos, sobre o qual a Comissão de Política e Administração Geral e Local emitiu o seguinte parecer:



«“Passando à Apreciação
do Projeto de Lei apresentado pelo Senhor Deputado Francisco Sá
Carneiro, foi o mesmo unanimemente considerado, pelos membros presentes à
reunião da Comissão de Política e Administração Geral e Local, como gravemente inconveniente.”»



Francisco Sá Carneiro renunciou, assim, ao seu mandato. 

Depois da Revolução, seria o primeiro Secretário-Geral do Partido Popular Democrático, do qual foi cofundador. Viria a ser Primeiro-Ministro num governo liderado pela coligação AD, mas faleceu a 4 de dezembro de 1980, num desastre de aviação, com apenas 46 anos.



Quem quiser ler mais sobre a intervenção de Francisco Sá Carneiro, na sessão de 15 de janeiro de 1972, pode fazê-lo aqui:



http://app.parlamento.pt/COMUNICAR/Artigo.aspx?ID=1112



 

   
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Published on January 15, 2018 02:55

January 12, 2018

Educar Sem Violência


Foto © Horst Neumann



Na Alemanha, há cada vez menos pais a bater nos filhos. E a delinquência juvenil diminuiu para metade, nos últimos dez anos!



«É uma diminuição histórica», dizem os criminologistas Dirk Baier, Christian Pfeiffer e Sören Kliem, que procederam a um estudo de longa duração. Ainda há uma década se discutia, na Alemanha, o problema do aumento da criminalidade juvenil (dos 14 aos 18 anos), com delitos cada vez mais brutais. As instituições prisionais próprias para delinquentes desta idade estavam a abarrotar, por isso, se procedeu ao aumento das instalações de umas, enquanto surgiram novas, construídas de raiz.



Hoje verifica-se que muitas estão vazias, outras apenas ocupadas pela metade. Mesmo uma cadeia acabada de construir em 2010, a Jugendvollzugsanstalt Wuppertal-Ronsdor, tem muitas alas vazias. Já se procedeu ao fechamento de algumas, outras estão prestes a seguir o mesmo destino e os municípios fazem planos de adaptação dos edifícios a outras funções.



Mas quais as razões para esta evolução, se as leis e os tribunais até se tornaram mais duros? Os criminologistas citados não hesitam em referir o cada vez mais raro uso da violência familiar, o denominador mais comum nos delinquentes juvenis: quem experimenta violência em casa é mais suscetível de a usar fora de portas - confirma o que escrevi aqui, em Agosto de 2016: Os dados oficiais dizem que a violência doméstica é o principal factor de risco para jovens em Portugal (neste post). Em sondagens escolares, na Alemanha, a percentagem de estudantes que declaram terem pais que não os castigam corporalmente subiu de 43,3% para 60,8%.  Paralelamente, verifica-se que os pais e/ou educadores dão mais apoio emocional às suas crianças e aos seus jovens.



Também outros fatores contribuíram para esta diminuição. Os criminologistas apontam para a necessidade de os jovens terem uma perspetiva e a verdade é que o desemprego juvenil diminuiu de 15% para cerca de 7%, entre 2004 e 2016. Onde há perspetivas, dizem eles, desenvolvem-se menos agressões. Também o consumo de álcool tem diminuído.



Porém, nem tudo são rosas. Com a crise dos refugiados (a Alemanha recebeu quase milhão e meio, nos últimos dois anos), assistiu-se a um aumento da criminalidade juvenil, contrariando a tendência que se vinha a verificar desde 2007. Os refugiados são vítimas e agressores, ao mesmo tempo. Se, por um lado, sofrem ataques da extrema-direita, por outro, com menos perspetivas de emprego, os jovens tornam-se mais violentos e são mais facilmente atraídos por movimentos extremistas.



Nota: post baseado neste artigo, de autoria de Patrick Diekmann (em alemão):



http://www.t-online.de/nachrichten/panorama/kriminalitaet/id_82990678/jugendkriminalitaet-liebe-fuehrt-zu-leeren-gefaengnissen-in-deutschland-.html



Adenda: já depois de ter escrito este texto, tomei conhecimento deste artigo, no blogue IP :



Filhos de vítimas de violência doméstica chumbam cinco vezes mais (clique). 



Não faltam provas de que a violência doméstica é extremamente prejudicial, por isso, me surpreende que ainda há quem a defenda (em relação aos filhos).








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Published on January 12, 2018 02:24