Marcelo Rubens Paiva's Blog, page 21
June 22, 2018
A parceria Nino Rota e Fellini no Municipal
Cinema é feito de parcerias.
Algumas uniões entre diretor e roteirista, produtor e diretor, diretor e fotógrafo, diretor e ator, diretor e músico deixaram dúvidas se um funcionaria sem o outro.
Uma das parcerias mais felizes do cinema é a do diretor Federico Fellini e o maestro Nino Rota.
De 1950 a 1970, um não trabalhou sem o outro.
É o que pode ser conferido em 29 (às 20h) e 30 de junho (16h30) no Theatro Municipal de São Paulo.
A Orquestra Municipal de São Paulo, sob a regência do maestro Roberto Minczuk, apresenta Fellini & Nino Rota em Concerto. Com execuções de músicas de:
O Abismo de um Sonho
Amarcord
Oito e Meio
La Dolce Vita
Os Boas Vidas
La Strada
Simultaneamente, cenas dos filmes e dois atores interpretarão Giulietta Masina e Marcello Mastroianni. No saguão do teatro, um duo formado por músicos tocará clarineta e piano
Ingressos a R$12 a R$40.
June 20, 2018
O assassinato não resolvido do melhor do rap
Dois dos maiores do rap, Tupac e B.I.G., que inspiraram gerações, foram “bro”, adversários e mortos a tiros num intervalo de seis meses.
Seus álbuns disputaram os primeiros lugares das listas de mais vendidos, mais tocados e mais premiados.
No entanto, os dois crimes nunca foram solucionados. Por quê?
Eventualmente, Netflix lança uma série sem muito alarde. Unsolved: Os Assassinatos de Tupac e The Notorious B.I.G.¸ originalmente da USA Network, entrou segunda-feira no ar discretamente.
A produção de época e elenco numeroso, narrada em duas fases (entre 1992 e 1997 e 2007), começa com a amizade e parceria da dupla antagônica: o rapper politizado contra o racismo de Los Angeles. e o de Nova York, mais biográfico nas letras que abordavam também ostentação com dose incômoda de misoginia.
Com o tempo, o primeiro ensinou o outro a usar a música como instrumento político. Gravaram juntos.
Tupac, que vendeu mais de 75 milhões de cópias, era filho de duas lideranças do Panteras Negras (Afeni Shakur, que chegou a ser presa grávida dele, e Billy Garland).
Citava em suas letras de Maquiavel a Sun Tzu (A Arte da Guerra), dicas de leitura da mãe.
Mas ambos estavam envolvidos com gangues envolvidas em crime e tráfico.
A amizade azedou.
Desentenderam-se, provocaram-se e passaram a se xingar nas letras dos últimos lançamentos.
A suspeita de suas mortes caiu sobre a rixa entre rappers e gangsters da Costa Leste e Oeste.
Mortes tratadas como vingança.
Mas aí tem…
Suas gravadoras faziam negócios com a polícia, de drogas apreendidas a armas, contratavam policiais (presentes nas cenas dos crimes) corruptos como seguranças e terceirizavam roubos cometidos dentro da própria indústria dos novos milionários do rap.
Em dois momentos, duas equipes da polícia tentaram resolver seus assassinatos.
Nos dois momentos, esbarraram em nomes de colegas da corporação e tiveram dificuldades para avançar as investigações.
O ator Marcc Rose está incrivelmente parecido com Tupac, assim como Wavyy Jonez, com B.I.G.
Jimmi Simpson acaba de sair de Westworld (fazia o protagonista Ed Harris jovem) e é o detetive de Los Angeles, Russell Poole, encarregado de investigar o caso em 1997.
Procura o óbvio: associa as duas mortes, a de Tupac, ocorrida em 13 de setembro de 1996 Las Vegas, e a de Wallace (como o chamava a mãe de Norotious), em LA, território inimigo, seis meses depois.
Josh Dugamel, de Transformers, e gente revelada pelas séries The Wire e Fargo, monta uma segunda equipe de investigação anos depois, quando a mãe de Wallace processa a polícia de LA em US$ 400 milhões por não ter resolvido o caso.
Ele faz o policial que conduziu a segunda investigação e escreveu o livro Murder Rap, Greg Kading, base da série.
Apesar de se tratar de um crime sem resolução, ela prende, é bem conduzida e mostra os bastidores do ritmo que revelou dois dos maiores artistas da música americana.
A crítica é favorável.
Problema: aparentemente, ambas as famílias, produtores, agentes e gravadoras não a aprovaram e, além de proibirem a execução de suas músicas, exigiram nos créditos inciais que as acusações são suspeitas, e os crimes estão há 20 anos sem solução.
O que já indica o final da série de dez episódios.
Eu que sou fazaço dos dois, gostei.
June 18, 2018
Novo Jurassic World é o recomeço de uma era
Jurassic World: Reino Ameaçado é o assustador recomeço de uma era que nunca existiu, mas sobre a qual morremos de curiosidade.
A ilha a 170 km da Costa Rica em que estão os dinos clonanos de Jurassic Park, fechado para o público depois de incidentes previsíveis e fatais, que acompanhamos em Parque dos Dinossauros, O Mundo Perdido, Jurassic Park 3 e Mundo dos Dinossauros, pode ir para os ares: o vulcão adormecido entra em erupção.
Criaturas dóceis, herbívoras, assim como os piores predadores da Terra, o abominável T-Rex, podem novamente ser extintos.
O debate vem à mesa.
Foram extintos uma vez, os recriamos e deixaremos ser extintos de novo?
Sim, pede o especialista dos especialistas, Ian Malcolm (Jeff Goldblum), presente em todos os filmes da franquia, diante de um comitê do Congresso americano (não sei por que tinha que ser no Congresso americano, se a ilha está na nação soberana da Costa Rica).
Uma operação humanitária pede para se resgatar algumas espécies.
Capitalistas inescrupulosos vêm nos ativistas a chance de faturar.
A operação de resgate é planejada.
Já vimos em King Kong e Planeta dos Macacos que é melhor deixar as feras em seu habitat.
Não aprendemos a lição.
O final do novo filme da franquia (calma, não vou estragar nada) dá muito pano pra manga do que virá por aí.
Nos alerta Ian Marcolm: o Jurassic World.
E será emocionante.
June 15, 2018
Brasileiro pode sim não torcer na Copa
Muitos se chocam com a falta de interesse da maioria de brasileiros pela Copa do Mundo (53%, segundo Datafolha).
Eu vou torcer.
E ver todos os jogos.
Se a Seleção for desclassificada, continuarei vendo.
O futebol é mágico, já parou guerras, mas é um direito justo não torcer.
Estranho era, antes, aquela unanimidade artificial: todos juntos em ação, pra frente Brasil.
É um direito não gostar de futebol.
Não querer se envolver, se decepcionar, sofrer, torcer, acompanhar.
É justa a decepção com a Seleção.
Pode sim não torcer na Copa. Não é obrigado a pintar a rua de verde amarelo, colocar bandeirinhas na fiação, decorar a casa ou o carro com bandeiras, pintar a cara.
É justo não se identificar com os heróis da ostentação, comandado por dirigentes indiciados, corruptos, presos, envolvidos na hipocrisia que dita que o importante é competir.
Se o importante é competir, por que falamos rumo ao penta, ao tetra, ao hexa, e não simplesmente rumo a uma boa competição?
Se é, por que chegar num digno segundo lugar, como na Copa de 1950, representa a maior e mais traumática derrota nacional, junto com o 7 x 1.
Se é, por que chegar num digno segundo lugar, como na Copa de 1998, na França, deu até em CPI?
É um direito dizer “sou brasileiro, sem orgulho”, trata-se de um dos países mais retrógados e conservadores em direitos fundamentais, em que teses progressistas são barradas por uma classe política não laica.
É digno admirar outras culturas, outros países, outras etnias, outras religiões, torcer por outro futebol.
É justo não cair na empáfia global, detestar anúncios de patrocinadores, que exaltam um nacionalismo que beira a histeria.
É justo querer distância do ufanismo dos que pagam para colar sua marca no rastro de um time de futebol.
Copa é a pátria? Não. É uma competição.
A pátria de fato é um estado nação desigual e socialmente injusta, violenta e corrupta, instável e rica, sem solucionar sua pobreza.
É um direito torcer, se quiser, para outra seleção.
Minha avó, nascida em Modena, que veio ao Brasil com 5 anos, torcia para a Azurra (Itália).
Num país de maioria descendente de todos os cantos do planeta, é justo querer torcer pelo país de origem, o país dos pais, dos avôs.
June 13, 2018
Coma como um rei
É possível comer como comia o rei e a realeza portuguesa (e brasileira)?
Sim.
O livro Arte de Cosinha, de João da Matta, famoso cozinheiro real, traz detalhes dos banquetes preparados na época para a família real portuguesa e brasileira.
A obra, cuja primeira edição é de 1876, vem com trezentas páginas com receitas originais dos principais jantares organizados pelas Famílias Reais de Portugal e Imperial Brasileira.
Com grande riqueza de detalhes, traz receitas completas dos quitutes e pratos servidos: do lendário bolinho de bacalhau ao pastel de Santa Clara.
Ela foi reeditada pela Imprensa Oficial do Estado do Governo do Pará, em parceria com o Grêmio Literário Português, associação de 150 anos de Belém.
O lançamento será hoje, 13 de Junho, às 18h, no Consulado Geral de Portugal em São Paulo.
Fica na Rua Canadá, 324 – Jardim América.
Pois…
June 11, 2018
Canarinho Pistola é o maior legado do fim do governo
Sai o brasileiro cordial, o povo mais alegre do mundo, entra o cético, desconfiado e irritado (com as diretrizes dos que nos dirigem).
Sob o recorde de impopularidade, a desconfiança eterna de estar lá graças a um golpe, incapaz de emplacar um sucessor, com o dólar a R$ 4, e crescimento do PIB pífio, não poderia restar um legado mais simbólico, o da nossa irritação.
Ninguém dá crédito ao inventor.
Mas, por onde passa, ele causa furor.
Entre os torcedores e especialmente entre os jogadores.
O mascote da Seleção, criado em 2016, mas lançado pela CBF oficialmente apenas em 2018, já foi chamado de Canarinho Bolado e Canarinho Putaço.
O diretor de Marketing da CBF, Gilberto Ratto, preferia Canarinho Enfezado.
Mas o que manda é o gosto popular, e o que ficou foi Canarinho Pistola.
Talvez seja o único legado que deixa um governo de dois anos que não nos levou a lugar nenhum; a não ser a uma reforma trabalhista que mais irrita do que causa alegria.
Claro que a origem do mascote foi o 7 x 1, que revelou a realidade mascarada pelo marketing do esporte brasileiro: gestão ultrapassada, corrupção, lavagem de dinheiro.
Porém, depois em que parte da população se viu, de camisa da mesma CBF, ser manobrada para um movimento que deu poder ao de mais controverso da política nacional, duas vezes indiciado, e de um ministério homem, branco, de mais indiciados e malas de dinheiro, a expressão enfezada do mascote extrapolou as quatro linhas.
Irritação que passou a duvidar do nosso próprio sistema de governo.
Se o Fusca virou símbolo do governo tampão de Itamar, o Pistola faz sombra ao pato da Fiesp e entrou pra nossa iconografia oficial.
June 7, 2018
Flagrantes de uma São Paulo fantasma
A paisagem sem começo, meio e fim de São Paulo é arte.
Anitta Mafaldi explorava a sua gente. Gregório Gruber, a paisagem noturna.
O ilustrador e ator Carcarah, a toxicidade.
Ele é desses caminhantes solitários que resgatam a paisagens de uma São Paulo apocalíptica, degradada, deserta, com o passado glorioso sobreposto pela anarquia do “pixo”.
Aquela em que poucos prestam atenção na beleza oculta pela fiação e abandono.
Como o edifício ainda intacto e já ocupado Wilton Paes de Almeida, que desabou depois de um incêndio há exatamente um mês, no Largo do Paiçandu.
Que poucos sabiam se tratar de um marco na arquitetura modernista.
Ele abre hoje no Baixo Augusta (Teatro & Bar Cemitério de Automóveis, Rua Frei Caneca, 384), sua sexta exposição individual com 26 obras em técnicas de aguada, nanquim e marcadores: São Paulo Fantasma
Carcarah já foi publicado pelas revistas Rolling Stone, Coyote, Jazz + e pela Folha de São Paulo.
Ilustrou capas de livros para as editoras Martins Fontes, Córrego, Atrito Art, Edith e Alaúde, além de diversas capas de CDs. Já expôs em coletivas em São Paulo, Salvador e Portugal.
Ele diz:
“Eu gosto de desenhar São Paulo. Difícil é encontrar poesia no meio de todos esses cabos e fios e tantas janelas, árvores esparsas amordaçadas dentro do concreto e todos esses carros e pessoas apavoradas circulando freneticamente pela metrópole tóxica. São Paulo é uma cidade cruel e injusta. Ela é o travesti que dopa seu drinque numa noite qualquer, o traficante viciado que te vende droga falsa, o policial que estapeia sua cara. Talvez por isso eu goste de desenhar a São Paulo das madrugadas de domingo e segunda-feira, enquanto todo mundo se encolhe e dorme, seja num quarto em casa ou nas ruas entre papelões e cobertores, e apenas os ratos e baratas tomam conta das ruas do Brás e do Parque Dom Pedro II, da Lapa e da Barra Funda. As paredes descascadas dos prédios e das casas, o pavimento com naipe de cidade síria bombardeada, as antenas e os telhados, tudo ganha outro significado pra mim. O cheiro de podridão nas ruas. O som da metrópole assombrada e cheia de fantasmas parece um lamento perdido na noite, como o a sirene de uma ambulância cortando a Radial às 5h23 da manhã. Eu gosto de São Paulo de madrugada.”
ABERTURA: dia 07 de junho (5ªf), às 19h
LOCAL: Teatro & Bar Cemitério de Automóveis
Rua Frei Caneca, 384 – Consolação / SP Tel: (11) 2371-5743
VISITAÇÃO: 3ª a domingo das 19h às 23h – até 08 de julho
June 4, 2018
Assentamento do MST produz cerveja Fora Temer
Num assentamento do MST no Paraná, um produto inusitado entra na linha de produção.
A Cervejaria Latino-Americana, do assentamento Maria Lara, em Centenário do Sul, produz a cerveja artesanal e livre de transgênicos, Fora Temer.
Alguns assentamentos viram produtores agrícolas de respeito.
Em maio, o MST expôs e comercializou na 3ª Feira Nacional da Reforma Agrária mais de 350 toneladas de alimentos de mais de 900 assentados dos 23 estados da Nação (mais o Distrito Federal).
Foram quatro dias de alamedas lotadas no Parque da Água Branca, em São Paulo, que incluía shows como de Ana Canas e debates sobe promoção de agrobiodiversidade e os males do agrotóxico.
Sem milho, arroz, soja, a Fora Temer, que começou com uma brincadeira entre amigos, transformou-se em coisa séria.
Outros assentamentos também do Paraná, como o Olivio Balbino, entraram na onda e prometem oferecer o produto em bares da uma cerveja “acessível” que esteja “disponível nos bares da classe trabalhadora e não nos bares da burguesia”, garantiu Ezequiel Evandro Porsch, ao site do Brasil de Fato.
Elas podem ser consumidas agora entre os dias 6 e 9 de junho, na 17ª Jornada da Agroecologia, em Curitiba (na Praça Santos Andrade, UFPR, UTFPR e demais localidades).
Será que algum assentamento lançará a Lula Livre?
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Corrigindo às 12h20.
Cerveja Lula Livre é vendida no Bar do Ano, rua Levindo Lopes, 158, na Savassi. Em BH
May 31, 2018
Netflix investe em produções brasileiras
Mais uma série brasileira da (na) Netflix
Os irmãos Caio e Fabiano Gullane, mais o grande diretor e montador “Oscar Nomination”, Daniel Rezende (que montou parte dos melhores filmes brasileiros), acertam parceria com a Netflix para uma série original:
Uma comédia, Ninguém Tá Olhando, vem aí em oito episódios, como O Mecanismo.
Com pitadas de drama, Uli, um anjo da guarda inconformado com a arbitrariedade das ordens que recebe lá de cima, rebela-se e apronta.
Erik Barmack, vice-presidente de Conteúdo Original Internacional da Netflix, comenta: “O Brasil é um dos nossos principais mercados internacionais e em constante crescimento.”
Segundo disse em comunicado oficial, depois de realizarem séries nacionais, notaram que o brasileiro se interessou em consumir ainda mais conteúdo local.

O’Mecanismo
“Ninguém Tá Olhando apresenta temas que interessam não só no Brasil, mas em todo o mundo, com um olhar crítico e bem-humorado sobre o que é ser humano nos dias de hoje.”
Netflix já investe pesado em séries brasileiras: 3%, O Mecanismo e Laerte-se estão na plataforma.
Em 6 de julho, estreia o sitcom Samantha!.
E ainda vem aí as séries Sintonia, do canal de Youtube, KondZilla, e Coisa Mais Linda, sobre os tempos da bossa nova, da Prodigo Films.
Segundo os produtores de Bicho de Sete Cabeças, O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, Até que a Sorte nos Separe, Que Horas Ela Volta?, Como Nossos Pais, o Brasil é hoje um dos maiores mercados consumidor de conteúdo audiovisual do mundo e já há alguns anos vem se colocando também como um importante produtor no cenário internacional.
“Exibir globalmente Ninguém Tá Olhando, de Daniel Rezende, em todos os países onde a Netflix está presente será uma experiência transformadora”, dizem os Gullane.
Responsáveis por algumas das melhores e mais premiadas produções do mercado, há mais de 20 anos no mercado, foram parceiros de Rezende em Bingo, O Rei das Manhãs, e já produziram a série da HBO, Alice.
Este casamento promete.
May 28, 2018
Partido Novo e a dancinha velha
Convenção traz dancinha desanimada do Partido Novo.
E mal ensaiada.
Prato cheio para gozação.
Diz a letra:
Novo é moderno
Para renovar
Pense novo
Haja novo
Tudo novo
Novo é moderno, mas a dancinha…
Já virou piada.
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