Marcelo Rubens Paiva's Blog, page 23

April 30, 2018

O predador sexual de Hollywood acha que será perdoado


 


Quinta-feira, dia 3 de maio, a revista GQ vai às bancas com uma entrevista que causará muito constrangimento.


Ao entrevistado, Harvey Weinstein.


Que conversou com o apresentador de televisão, Piers Morgan, na clínica The Meadows, no Arizona, em que faz “reabilitação”.


A pioneira em tratamento para dependentes sexuais, que cobra de US$ 37 mil por mês (R$ 128 mil no câmbio de hoje), abriga 28 pacientes monitorados 24 horas por dia, todos homens, em seus 56 mil metros quadrados.


O produtor acusado de assédio sexual por mais de 70 mulheres disse a Morgan, numa conversa de uma hora, que será perdoado no futuro.


Como foi Mel Gibson, comparou.


Com discursos antissemita, pego dirigindo bêbado em 2006, Gibson foi indicado ao Oscar de  melhor diretor onze anos depois, pelo filme de guerra Até o Último Homem; que reabilita o herói americano


Morgan, que já teve o Morgan Live pela CNN, e agora é frila, mantém suspense.


Sabe-se apenas que Weinstein falou mais da família do que de negócios.


E continua prepotente.


Fez uma comparação alucinada: discurso antissemita e dirigir bêbado é bem grave, mas assediar sexualmente 70 mulheres, com uma acusação de estupro…

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Published on April 30, 2018 06:31

April 27, 2018

A vingança de Brad Pitt


 


 


Brad Pitt esteve num filme de Harvey Weinstein de 2009, o predador sexual de Hollywood: Bastardos Inglórios, dirigido por Tarantino, sócio onipresente do produtor-distribuidor.


Agora, ele produz um filme sobre as jornalistas investigativas que revelaram em 2017 os escândalos sexuais do produtor.


Foi anunciada a parceria entre Plan B, a produtora de Pitt, e Annapurna Pictures, para adaptar para o cinema os dez meses da investigação da matéria do New York Times que revelou as acusações contra as investidas do insaciável Weinstein.


Entre uma das vítimas, estava a então girl friend de Pitt, Gwyneth Paltrow.


Angelina Jolie, depois sua mulher, também tinha coisas a dizer do produtor, que com uma máquina de advogados, assessores e ameaças, safava-se das suspeitas.


Jodi Kantor e Megan Twohey [foto acima], repórteres do NYT, em paralelo com Ronan Farrow, da New Yorker, filho de Woody Allen com Mia, revelaram quase ao mesmo tempo depoimentos de vítimas de assédio que, dessa vez, alertaram sobre a importância da denúncia.


As palavras de Gwyneth, Angelina, mais Rose McGowan, Asia Argento e Lea Seydoux, acabaram de vez com as tentativas de Winstein ameaçar jornalistas e abafar as denúncias.


Deram no movimento #MeToo, encorajando outras(os) a denunciar assédio.


O efeito dominó foi imediato.


O jornalismo cumpriu seu papel.


Elas, junto com Farrow, ganharam o Pulitzer.


E Brad come em prato frio.

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Published on April 27, 2018 06:25

April 25, 2018

Como faturar no comunismo


 


É sim um paradoxo, mas tem gente esperta que soube faturar uma grana preta em regimes comunistas.


Tanto no economicamente híbrido, o chinês, como durante a derrocada da União Soviética.


A prova está em dois documentários disponíveis no streaming.


Um é assustador, The China Hustle, da Magnolia. O outro, cômico, Operação Odessa, da Showtime.


Ambos subiram para o Netflix.


O porta-voz do capitalismo, a revista Forbes, afirma que The China Hustle é o filme mais importante de 2018.


Tendo a concordar.


A produção dirigida e produzida por indicados ao Oscar, abre com falas presidenciais desde Nixon elogiando a parceria com a China, até Trump, passando por Obama.


“O que é o capitalismo, um sistema econômico ou um aparato para podermos usar para ganhar mais e tirar mais dos outros? Recompensa aqueles que trabalham duro e também aqueles que estejam dispostos a tirar vantagens dos outros”, assim começa.


O doc sugere que a economia da China é uma farsa.


Que não existem provas dos números do crescimento astronômico invejável.


Que a economia de livre mercado americana pouco pode fazer para regular a associação com a economia chinesa.


E que o mundo capitalista pode entrar em colapso, se forem revelados os reais valores das empresas e indústrias chinesas, que vendem papeis nas bolsas americanas.


Como a Alibaba, gigante de e-commerce, que lançou ações nos EUA e o CEO é paparicado pelo próprio Trump.


The China Hustle explica o golpe do século: empresas chinesas de valor superdimensionado compram empresas americanas falidas, que têm registros em Wall St., numa operação legal chamada fusão reversa.


Advogados com agências de avaliações e bancos de investimento duvidosos lançam na bolsa papeis dessas empresas aos ávidos potenciais investidores americanos, que querem embarcar na onda chinesa, decepcionados e desconfiados com a economia americana, depois da crise de 2008.


Empresas que não valem nada na China vendem ações e passam a valer milhões nos EUA.


Empresas que se dizem grandes mineradoras de prata, fabricantes de papel, fertilizantes, chegam na bolsa se dizendo gigantes, mas são minúsculas.


Os balanços são fraudados, a burocracia chinesa impede acesso a dados: transparência zero.


Quem tenta checar, é preso. Nada de jornalismo investigativo.


Investigadores americanos disfarçados revelam a fraude.


Ações que valiam 9 passam a valer 0,1, levando para o ralo fundos de pensão (até o dos funcionários do New York Times está ameaçado).


Não é apenas um doc, uma reportagem, mas um alerta mundial.


Até aonde vai a fraude?


 


https://www.youtube.com/watch?v=BtTBJAHvvDI


 


Agora junte um mafioso russo, com um cubano exilado com conexões com o narcotráfico e um gigolô com uma boate em Miami, fazendo negócios numa URSS em começo de colapso, no fim do regime, em que se vende de tudo, fábricas, helicópteros, tanques de guerra, caças.


Compraram motos para colombianos a preço de nada.


E helicópteros para os carteis.


É o doc Operação Odessa, história que parece feita por Martin Scorsese, mas real, em que três malandros quase compraram um submarino da gloriosa marinha russa, para venderem aos traficantes da Colômbia, para levarem drogas aos EUA.


Claro que um deles, o cubano, embolsou uma quantia considerável no golpe.


Foragido, acaba encontrado pelos produtores.


Além de cômico, o documentário sem querer acaba revelando, e é aqui que está o interessante, os bastidores da falência do regime comunista soviético.


O desânimo que contaminou especialmente os militares, que se sentiram traídos.


E o que rolou lá durante a transição, em que quem pôde comprar a indústria do País, levou a preço de batata.


 

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Published on April 25, 2018 06:03

April 23, 2018

Fui ao Radiohead e não me matei


 


Calma lá, é das minhas bandas favoritas.


Mas posso dar uma de velho chato dos anos 1980 (quando íamos a shows nem tanto para curtir, mas ouvir e criticar)?


Fui ao Radiohead, não me matei, e confesso que no começo me entediei.


A acústica de arenas é, uma pena, mas é a culpa da Física, pior que a de um campo aberto.


Primeiro, se você não ouvir Radiohead com o som afiadíssimo, bem passado, num local com boa acústica, é melhor nem ouvir.


Cada um dos músicos, Thom Yorke, Jonny Greenwood (na lista dos maiores guitarristas de rock de todos os tempos), Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, é independente e parte do todo, como um instrumento fundamental de uma sinfonia.


Ninguém está para fazer apenas a base.


Sem contar que, há nove anos, a banda realizou um dos shows mais inesquecíveis e mágicos da cidade, na Chácara do Jóquei, cercada por neons gigantes, com um repertório recheado de sucessos.


Para o velho chato que nasceu na era do vinil, o som de ontem em São Paulo, que começou pontualmente às 20h, no Allianz Parque, começou embaralhado.


Não se ouvia o contra-baixo de Colin, peça fundamental para o andamento das músicas. A bateria parecia distante. Só pela sexta música, ufa, a mesa de som acertou.


E, tá, todos os fãs sabem: a banda não entra em onda comercial, não faz concessões, não toca sucessos fáceis, não faz rimas, nem refrões, sem dididi, dadadá, mal interage com a plateia.


É a segunda vez que eles vêm ao Brasil e só aprenderam a falar “obrigado”.


Radiohead não é Coldplay, nem nunca quis ser.


Porém… Talvez devesse, sim, na humildade, tocar mais sucessos antigos, que nem são tão antigos (de 15, 20 anos atrás).


Pagamos caro pelo show. Muito caro.


Na média, a banda vem ao Continente uma vez a cada década.


Creep, como anunciado, ficou de fora (a Satisfaction deles), tocada em 2009. E muitas outras.


Outra constatação.


Os primeiros álbuns, quando ainda se faziam discos conceituais, herança do vinil (e da revolução que começou com Beatles), Pablo Honey, The Bends, OK Computer, Kid A e Amnesiac, são bem superiores aos que vieram nessa década.


Hail to the Thief, de 2003, é uma obra prima (tocaram o hit There There, mas não A Wolf at the Door, que tocaram em 2009).


Em 2003 foi quando a banda largou a gravadora EMI e partiu para os discos liberados pelo download pague-quanto-pode.


No show de ontem, meou clássicos com novidades mais fracas, que são boas para se ouvir deitado, num gramado, olhando as estrelas; o tempo estava encoberto, assim como o gramado.


Momento em que voltávamos para a bolha, em nossas redes sociais, dos celulares pessoais, algo impensável nove anos antes.


 

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Published on April 23, 2018 07:03

April 20, 2018

Padilha se redime em filme


 


O diretor José Padilha continua obcecado na sua luta para demonizar as esquerdas.


No letreiro inicial, totalmente desnecessário, do filme que acaba de estrear, 7 Dias em Entebbe, aparece “grupos de esquerda ajudam os palestinos que lutam contra israelenses, chamados de terroristas por Israel.”


Essa simplificação de rede social destoa da qualidade do filme.


Lembra o absurdo da polêmica fala inicial de O Mecanismo, que afirma que o maior problema do Brasil é a corrupção, não a desigualdade social, o sistema educacional, a reforma política, a herança escravocrata, ditatorial.


Desinformação de roteiristas que se tornam especialistas em técnicas de roteiro (estilo Syd Field e Robert McKee), e que encostam a bibliografia fundamental de Euclides da Cunha, Gilberto Freire, Caio Prado, Darcy Ribeiro, Sérgio Buarque, Florestan Fernandes…


O mais impreciso é que a esquerda estava no poder também em Israel.


O PCF (Partido Comunista Francês) e o PCI (Italiano) formavam a segunda força democrática em seus países.


A esquerda derrubava as ditaduras de Salazar (Portugal) e Franco (Espanha).


E Jimmy Carter, em campanha para ser eleito presidente americano exatamente no ano do sequestro do avião, 1976, tinha uma plataforma mais à esquerda e combatia as duras ditaduras Latino Americanas de direita.


Os “grupos de esquerda” em questão eram células minúsculas da extrema-esquerda, herdeiros do OLAS e a tese do “foquismo” (Revolução Cubana) e do maio de 68, que optaram pela luta armada num mundo que se democratizava: Brigadas Vermelhas (Itália), ETA (Espanha), IRA (UK), Baader-Meinhof (Alemanha), Exército Vermelho (Japão), Sendero Luminoso (Peru), entre tantos.


A confusão ideológica, a fragmentação, encontrou uma causa única, a da Frente Popular para a Libertação da Palestina.


E encontrou apoio do mundo árabe.


Mas 7 Dias em Entebe consegue, depois, contradizer o letreiro e entrar no debate contemporâneo da polarização política mundial.


Padilha é um tremendo diretor.


Criou ambientes e cenas fantásticas.


Retomou uma história já (bem) contada num filme isento de 1977, Resgate Fantástico, que ganhou Globo de Ouro de Melhor Filme Feito para TV.


Orçado em US$ 25 milhões, com música do nosso Rodrigo Amarante, o filme prende, cria arcos dramáticos em muitos personagens, mostra uma disputa de poder que mudou a política mundial entre aqueles que buscaram acordos de paz com os palestinos, como Yitzhak Rabin e Simon Perez, e o posterior radicalismo de direita de Benjamin “Bibi” Netanyahu, cujo irmão foi morto na operação em Entebbe.


Mostrou o isolamento político dos grupos que optaram pelo terror.


Deu voz a palestinos e israelenses.


Humanizou jovens terroristas.


Dessa vez, não tomou partido; apesar de Rosamund Pike, a terrorista alemã, parecer uma doidona drogada.

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Published on April 20, 2018 08:07

April 18, 2018

Boato da compra do Twitter pelo Facebook causa revolta


 


O moral do Facebook está tão baixo, que um boato espalhado de que estaria comprando o Twitter causou revolta.


No Twitter.


E virou o assunto mais comentado do dia.


Com mais memes.


@seoking92 chegou a escrever: “Quer apostar que a primeira mudança vai ser tirar o limite de caracteres e colocar as lembranças! Já tô até vendo ‘1 ano atrás você passou essa vergonha aqui olha’ Mark Zuckerberg é sádico! ALGUÉM SALVA A GENTE DOS FACEBOOKERS POR FAVOR!”


Calma. É mentira.


Para seus usuários, a rede que impõe limite de caracteres goza de uma certa liberdade e está livre dos “textões”, stories e debates intermináveis entre amigos.


@rodsants resumiu: “vei o twitter é a rede social perfeita: sem textão; sem parente p encher o saco; eu q mando na porra do meu tt e ngm opina; sem Stories; sigo só nego q eu curto”.


Na era da polarização política, as ambições de Mark Zuckerberg, a ganância insaciável, que jogou nos tribunais a reputação da maior rede de todas, tem levado muita gente ha ter distância do Facebook.


O Face comprou o Insta em 2012 (pela bagatela de US$ 1 bi), o WhatsApp em 2014 (por US$ 19 bi) e muito mais.


E o que não consegue comprar, copia.


Ameaça levar o Tinder para dentro da sua plataforma, depois da maior rede de relacionamentos recusar uma oferta bilionária.


Mas o Twiter continua independente.


“Ninguém tentou seriamente comprar a empresa ainda. Uma teoria é que os potenciais compradores esperavam que o Twitter ficasse mais barato. Certamente não há pressa para conseguir uma oferta, enquanto as ações da TWTR se alternarem [em altas e baixas], e as outras empresas de tecnologia continuam a crescer”, escreveu Ian Bezek, do InvestorPlace.

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Published on April 18, 2018 13:23

April 17, 2018

Plante na cidade, mas plante bem


 


Segundo a NASA, o Brasil usa 7,8% do território nacional com lavouras.


Mas o que os satélites não revelam é o hábito do brasileiro urbano de plantar na rua, em casa, num escritório, no quintal, na varanda, laje, uma horta, ou vasos com temperos, na rede de proteção. Até na sala.


Certa vez, decidi comprar uma muda de Pau Brasil, a árvore em extinção que nos impulsionou, e plantar na minha varanda com vista para a Vila Madalena.


Foi a roubada. Não vingou.


Depois, plantei uma jabuticabeira, árvore que se espalhava por São Paulo na minha infância; na minha primeira casa, tinha uma que abastecia a família.


Foi atacada por fungos e maritacas.


Em São Paulo, grupos de moradores da zona oeste ocupam praças malcuidadas pelos órgãos públicos e criam ecossistemas próprios.


Na Mata Atlântica, grupos de preservação replantam árvores que dão frutos nativos, como Cambuí, Cambuci [abaixo], Gabiroba, e começam a comercializar em lojinhas orgânicas ou fabricar geleias e sorvetes.


 



 


Compõe uma parte ínfima dos 64 milhões de hectares plantados no país considerado uma potência agrícola.


Mas como gerenciar hortas urbanas seguras, bem-sucedidas e sustentáveis?


Com apoio da União das Hortas Comunitárias de SP, o Grupo de Estudos de Agricultura Urbana do Instituto de Estudos Avançados decidiu lançar a cartilha Agricultura Urbana – Guia de Boas Práticas.


Escrita numa parceria do engenheiro ambiental Luís Fernando Amato-Lourenço e Thais Mauad, ela conta que cidades são ótimos lugares para o cultivo de alimentes, mas que alguns lugares podem não ser apropriados por causa da contaminação do solo, água ou ar.


Plantas podem absorver metais, compostos orgânicos ou outras substâncias em concentrações acima do recomendado para o consumo humano.


Chumbo, mercúrio, arsênico, ou compostos derivados da queima incompleta da matéria orgânica, como o benzo(a)pireno, são muito tóxicos e comuns e podem estar associados a doenças.


Primeiro, então, é preciso fazer uma coleta de amostra do solo.


A irrigação não pode ser feita com qualquer água; a captação e uso da água da chuva é recomendada, pois implica em economia para agricultor urbano, reduz o consumo de água potável e auxilia na redução de enchentes.


Vegetais folhosos com superfície rugosa tendem a acumular poluentes que podem ser absorvidos pelas plantas próximas de ruas e avenidas com grande circulação de veículos.


A mistura de poeiras compostas por desgaste de pneus, asfalto e peças podem atacar uma horta.


Partículas em suspensão no ar vão sedimentar e contribuir para a contaminação do solo.


Não basta plantar.


E devemos optar pelas estufas ou o uso de barreiras verticais.


O lançamento da cartilha Agricultura Urbana – Guia de Boas Práticas será às 12h em 27 de abril, na Faculdade de Medicina, avenida Dr. Arnaldo, 455, 5º andar, São Paulo.

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Published on April 17, 2018 06:55

April 12, 2018

Brasil, potência ou anão diplomático?


 


Éramos o país do futuro.


Fomos já considerados o Colosso do Sul, segundo Noam Chomsky.


Potência diplomática, nos chamou Helmut Khol, ex-chanceler alemão.


Anão diplomático, nos chamou Yigal Palmor, em 2014, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, quando o governo Dilma, com tropas em missão de paz no Haiti, quis interceder em favor dos palestinos.


Segundo professor em Segurança Internacional Sérgio Luiz Cruz Aguilar (Unesp), o Brasil se aproximou da última opção.


Especialmente agora em que militares se voltaram a opinar sobre a crise institucional interna.


Em novembro de 2017, o Departamento de Operações de Paz da ONU decidiu aumentar o efetivo da operação de paz na República Centro Africana, em guerra civil desde 2012, para proteger civis e cortar rotas de suprimentos dos grupos armados.


 



 


O Brasil foi convidado para enviar uma tropa, seguindo o bem-sucedido modelo haitiano.


Foi um pedido do próprio Conselho de Segurança, clube fechado em que o Brasil lutou tanto para ter um assento.


Enrolamos, enrolamos, enrolamos e… Refutamos.


Chegamos a enviar militares, diplomatas e funcionários do governo ao Quartel General da ONU, em Nova Iorque, e militares e diplomatas em missões de reconhecimento na República Centro Africana.


O Itamaraty se engajava politicamente. O Ministério da Defesa e das Forças Armadas colocaria a ação em prática.


Chomsky lembra que deveríamos voltar ao papel de protagonista, como na época de Celso Amorim, quando “o Brasil se tornou provavelmente o mais respeitável ator do cenário internacional”.


Agora em abril o Brasil, alegou problemas financeiros internos e recusou o convite, o que repercutiu negativamente nas Nações Unidas.


“A questão da intervenção federal no Rio de Janeiro, com utilização das Forças Armadas, não deve ser utilizada como justificativa para o não engajamento em operações de paz. Durante os 13 anos que o país manteve tropas na operação de paz da ONU no Haiti, desempenhando papel de protagonismo, vários eventos ocorreram no Brasil sem prejudicar essa atuação externa. Logo após o terremoto de 2010, mantivemos dois batalhões naquele país enquanto várias operações de ‘Garantia da Lei e da Ordem’ foram realizadas na capital carioca. Durante anos, as forças armadas, especialmente o Exército, mantiveram tropas ocupando morros no Rio de Janeiro, além de ter atuado no Espírito Santo, realizado ações cívico-sociais e de segurança em eleições, dentre outras, em diversos locais do país. Além disso, nesse mesmo período ocorreram a Copa do Mundo e as Olimpíadas, eventos que demandaram o emprego de efetivos militares consideráveis, sem que essas ações fossem utilizadas como justificativa para que o Brasil se retirasse do Haiti. Nesse sentido, as Forças Armadas, e principalmente o Exército que carrega o maior peso da participação em operações de paz, já demonstraram capacidade de atuação em frentes diversas ao mesmo tempo”, explica Aguilar.


Para o acadêmico do campus da Unesp de Marília, a decisão foi política.


E mostra um racha entre Planalto, Itamaraty e Defesa.


“A decisão vai contra uma das linhas que norteiam a política externa do país de fortalecimento das organizações internacionais, especialmente a ONU. Também fortalece a percepção, que já vem de alguns anos, de haver uma desconexão da política externa brasileira em relação à segurança internacional.”

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Published on April 12, 2018 06:47

April 9, 2018

Lado B da censura


 


Poucos milleniais sabem o que é lado b.


E poucos brasileiros nascidos no milênio passado sabem que os tentáculos da censura da ditadura militar alcançaram até o inimaginável.


Não tem problema.


O lado B da MPB, que por sinal tocava mais e vendia muito mais do que o chamado lado A, e portando deveria se chamar MPB-maiúscula, vai pessoalmente contar essa história.


No palco do teatro no 1º subsolo do Sesc 24 de Maio (Rua 24 de Maio, 109, Centro, São Paulo.


Benito di Paula, Luiz Ayrão e Odair José se apresentarão entre os dias 11 e 15 de abril.


No repertório, músicas que foram alvo de censores por questões políticas, morais e religiosas.




 


Benito di Paula, em 11 de abril, às 16h e 21h, começa com o show Piano & Voz.


Em 1971, Benito viu o primeiro LP, que abria com a temida Apesar de Você, de Chico Buarque, recolhido das lojas; a mensagem subliminar da música mais tocada em rodas de samba da década era enviada aos militares que apesar deles, amanhã haveria de ser um novo dia.


Luiz Ayrão, em 12 de abril, às 16h e 21h, toca Liberdade Liberdade, na onda da música de protesto, inscrita no festival da antiga TV Excelsior. Dele também foram censuradas Meu Caro Amigo Chico, dedicada ao Chico, e Treze Anos, rebatizada como Divórcio, para burlar censores.


Odair José, talvez o maior nome do brega, em 13, 14 e 15 de abril, traz aquela conhecida como Pare de Tomar a Pílula, cujo nome é Uma Vida Só e foi para a tesoura da censura por pressão de Igreja.


Em 13 de abril, às 21h, Odair apresenta um repertório com obras censuradas por motivos morais (religiosos).


Nos dias 14 e 15, volta acompanhado pelo Trio Azymuth, com quem gravou sete discos, para o show O Filho de José e Maria, do disco conceitual de 1977, cujo protagonista era uma representação de Cristo envolto em drogas e em dúvida da sua condição sexual; seu Jesus Cristo, de um casal que se divorciou e era gay, foi ser gauche na vida e desagradou público, críticos e, claro, o regime.


Ingressos R$ 40 (inteira), R$ 20 (meia: estudante, servidor de escola pública, + 60 anos, aposentados e pessoas com deficiência) e R$ 12 (credencial plena: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes).


Classificação: 16 anos

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Published on April 09, 2018 15:48

April 5, 2018

Trump, o pesadelo americano


 


Channel 4, do Reino Unido, teve o brilhante insight de produzir a série documental Trump: An American Dream, em 2017 (agora no Netflix).


Porque apenas produtores independentes, de fora, poderiam arriscar entender do que se trata a maior aberração polícia da história das democracias modernas.


Dividida em quatro partes, quatro episódios, revemos o empresário ambicioso Donald Trump que começou em 1976 e atravessou cinco décadas enriquecendo com isenções espúrias, três casamentos e um número incontável de gafes e grosserias.



Como homem de negócios da construção, filho de um empreiteiro do Brooklin, que priorizava o luxo e o dourado na decoração de suas obras megalomaníacas.
Como investidor de hotéis, cassinos e até uma companhia aérea, que aparentava ter muito mais do que seus extratos indicavam e acabou falindo.
Como homem da mídia, num programa popular exibido em rede, O Aprendiz, que namorava modelos mais jovens.
Como político, inspirado no discurso de um lutador de luta-livre, que se elegeu governador por Minnesota, Jesse Ventura, entre 1999 e 2003, xingando a imprensa e políticos tradicionais, grosserias que surpreenderam o eleitor e serviram de inspiração ao atual presidente americano.

Trump é pior do que imaginamos.


Egocêntrico e narcisista, é um sociopata (no sentido de não ter a menor empatia) full-time, que humilha a própria mulher, Ivana, publicamente, quando sua popularidade era maior que a dele.


Mente a todo tempo. Exagera dados. Usa apenas hipérboles.


Mentiu que tinha um caso com Carla Bruni, quando ela namorava Mick Jagger.


Mentiu sobre a certidão de nascimento de Obama.


O documentário mostra como suas boas relações com a Máfia, que monopolizava a distribuição de concreto em NY, renderam bons frutos: a Trump Tower.


Associou-se com o pior da política americana, como o ex-promotor direitista, Roy Cohn, principal nome do macarthismo, que perseguia homossexuais e morreu de complicações da Aids.


Trump é um doente, com o prognóstico pior do que se pensa.


E se isso é o sonho americano, imagine o pesadelo…

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Published on April 05, 2018 06:36

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Marcelo Rubens Paiva
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