Marcelo Rubens Paiva's Blog, page 26
February 15, 2018
PT nas eleições italianas?
“Atenção eleitor italiano no Brasil! Cuidado para não ser enganado pelo PT mais uma vez!”
Quem tem cidadania italiana no Brasil e vota em candidatos para deputado e senador nas eleições de lá está recebendo este alerta pelo e-mail eleccionesitalianas@20296.mail1.list-manage10.net.
Segundo o texto anônimo, “a grande maioria dos membros do Partido Democrático (PD) é CONTRA o direito da cidadania italiana aos nossos descendentes. Está em perigo o direito da cidadania italiana aos nossos filhos e netos e não só daqueles que não tiraram a documentação ainda!”
“Além disso, o Partido Democrático (PD) se apresenta nestas eleições escondendo dos cidadãos italianos residentes no Brasil sua íntima ligação com o PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), que é seu aliado histórico.”
O texto cita o apoio que o PD, partido de Matteo Renzi, desgastado no poder italiano, teria dado à reeleição de Dilma, e afirma que o candidato do partido, Fábio Porta, “é um sindicalista que apoiou TODOS os governos do PT”.
Como fonte, cita bemblogado.com.br e europaquotidiano.it.
Porta teria presidido na Câmara dos Deputados da Itália uma sessão para divulgar que Lula é um perseguido político.
“O candidato a deputado FAUSTO LONGO, socialista de carteirinha, já declarou publicamente que é contrário à Operação Lava-Jato. Fabio Porta também é contrário à Operação Lava-Jato como disse em diversas ocasiões. Portanto, se você não vota no PT, não dê jamais o seu voto ao PD da Itália!”
Longo é arquiteto, trabalhou no IPT, na Fapesp, e foi eleito pela AL pelo Partido Socialista Italiano, com 29 mil votos. Ao contrário do que diz o e-mail, ele articulou no final de 2017 para retirar da pauta a emenda que ameaçava o direito à cidadania de brasileiros.
Todos que possuem cidadania italiana podem votar para a Câmara dos Deputados e para o Senado. O direito é baseado no “juis sanguinis”, a Lei Tremaglia, segundo o qual o cidadão italiano residente no exterior pode votar nas eleições italianas.
A América do Sul tem direito a seis representantes (dois senadores e quatro deputados).
Coincidentemente, como sou cidadão italiano e voto, tenho recebido pelo mesmo e-mail (como o descobriram?) cartas de candidatos da coligação Cívica Popolare, como de Renata Bueno, eleita deputada italiana em 2013, que se anuncia “referência do Brasil e da América do Sul na Itália, mesmo sendo uma das mais jovens parlamentares italianas”.
Renata pede que se vote para o senado para a candidata do Civica Popolare, Helena Montanarini.
As cédulas chegam na casa dos descendentes nas primeiras semanas de fevereiro.
Vota-se pelo correio até o dia 22/02.
As eleições são agora em 4 de março.
As pesquisas de opinião de dezembro de 2017 mostraram a oposição, Movimento Cinco Estrelas, em primeiro lugar (27,5%), seguido de centro-esquerda, o Partido Democrata (24,3%). A direita, do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, segue em terceiro (16,1%). A extrema-direita, Liga Norte, partido anti-imigração, alcança 13,7%.
February 13, 2018
Identidade do carnaval paulista
Carnaval de rua de São Paulo parece te encontrado sua identidade.
Há 15 anos, era impensável o sucesso dos blocos. Hoje, eles estão espalhados e se popularizam.
O que os diferem de outros carnavais de outras capitais? A variedade musical.
Bloco 77 vai de punk rock; com os Originais do Punk.
Tarados ni Mim vai de Caetano.
Bloco de Belchior, lógico, vai do grande Belchior.
Ritaleena, de Rita Lee.
Sydney Magal surfou na onda e estreou seu próprio bloco.
Forrozin, de Mariana Aydar, levou Gilberto Gil e o forró para uma multidão na Ipiranga com São João.
Se na Bahia, predomina o axé, o afoxé e toda riqueza da música e do tambor baiano, em Olinda, o frevo, em Recife, o maracatu, e no Rio, as marchinhas e o samba, Bloco Emo, de São Paulo, arrasta fãs da música emo, e Beat Loko, de rap.
Explode Coração homenageia Maria Bethânia.
Unidos do Swing leva jazz à Avenida Paulista.
Bloco do Síndico, Tim Maia.
O Bloco do Baixo Augusta, do qual faço parte, aposta na diversidade. Toca axé, frevo, brega, Adoniran, Stones, Caetano, homenageou David Bowie e, ano passado, Edgar Scandurra levou Envelheço na Cidade, do IRA!, banda símbolo de SP.
No mais, muitos blocos partem para uma temática única.
Ilú Obá de Min é um grito de resistência ao candomblé, ameaçado e perseguido hoje em diz. Um afoxé da Barra Funda que presta respeito aos orixás.
Michoqueens é um bloco LGBT que atravessa o Minhocão.
Tem para todos.
February 8, 2018
Tranqueira espacial
A ideia de enviar um carro Tesla Roadster com um boneco ao espaço, na ponta do superfoguete Falcon Heavy, da Space X, empresa de Elon Musk, pegou muita gente de surpresa.
E inaugurou uma era que pode ser muito explorada comercialmente.
Considerado o foguete mais potente em atividade, reutilizável, econômico, coloca a iniciativa privada de vez na escalada da conquista espacial; o sonho de Musk é chegar a Marte.
Porém, perdemos todo glamour e simbologia do que significava a conquista, uma união de esforços entre vários povos, antigos aliados ou inimigos, em várias línguas, representando a humanidade, a Terra, o pensamento e a crença, a arte e a biologia, e a possibilidade da paz futura.
Não enviamos mais sondas com mensagens em disco de ouro sobre nós.
Mas um carro com um boneco, que será bombardeado por radiação e queimará na entrada da atmosfera do planeta mais próximo.
O precedente comercial está aberto.
A Space X poderá começar a negociar o espaço em seu foguete e o que enviar.
Logo, uma franquia de fastfood poderá enviar hambúrgueres com batata frita ao espaço.
ETs engordarão.
Ou pizzas que giram, para alienígenas experimentarem uma de nossas delícias gastronômicas.
Naves em formato de garrafas de cerveja ou latas de refrigerante podem viajar pelo espaço.
Júpiter será bombardeado por meteoritos da M&M nas cores verde, vermelha, amarela e azul, numa transmissão ao vivo pelas redes sociais.
Um satélite redondo e azul como um enorme Viagra, em ação patrocinada pelo laboratório, poderá ser colocado ao redor da Terra, e girar no céu sobre nós, associando-o à potência fálica do superfoguete.
Astronautas poderão viajar com roupas de super-heróis da Marvel, em ações de marketing em pré-lançamentos de filmes.
O céu não é o limite.
Vivemos uma nova era, sem bandeiras de nações, mas marcas de corporações.
February 5, 2018
Judiciário e o poder paralelo
A cada dia, o brasileiro se surpreende com as diferenças de ganhos e auxílios entre alguns juízes, promotores e quem os sustenta, o contribuinte comum.
A cada dia, é difícil compreender como a lei exige um teto salarial, mas alguns juízes e promotores, com penduricalhos inexplicáveis, apesar de legais, ultrapassam os limites éticos e morais.
É um Estado dentro de outro.
Um Estado paralelo.
Seus salários são pomposos. São bons, dignos, justos.
Alguns requisitam auxílio-moradia, mesmo morando no mesmo local em que trabalham.
Outros ganham auxílio-educação para seus filhos de até 22 anos.
Ganham carros, dão carteiradas, têm camarotes e lugares cativos em teatros, estádios.
E sabe-se lá o que mais ganham: auxílio-beca, auxílio-barbearia, auxílio-manicure, assistentes, caronas em jatinhos, convites a recepções, viagens, festas nababescas.
São uma casta sobre a miséria e a desigualdade social.
São uma elite sobre um povo sem saúde e educação dignas.
Como membros de um politburo, ou aristocratas numa monarquia falida, criaram uma classe intocável, a que todos temem, e que se mantém firme com seus privilégios legais mas imorais através das ameaças e do poder.
Um juiz pode impedir a circulação de jornais, até bloquear uma rede social.
O que já fizeram.
Constantemente, um ministro do Supremo ameaça processar jornalistas e personalidades que o criticam ou investigam seus negócios e relações promíscuas com outros poderes.
Tem um escritório de advocacia contratado para isso.
Processou alguns. Ganhou, numa equiparação de poder desigual.
Esta elite da elite defende seus direitos.
Não justifica seus privilégios.
E causa um rombo no orçamento que é grave e só aumenta.
Quem dará um fim nisso?
Quem tem coragem para dar um fim nisso?
Talvez os éticos do próprio Judiciário, juízes e promotores sensíveis às dificuldades do país, que não são poucos (nem poucas).
February 2, 2018
Por que saí do Facebook
Não tenho nada contra o Facebook. Acho que é uma rede social que presta serviços, cria debates, reaproxima pessoas e faz companhia a solitários ou insones.
Na verdade, não saí, abandonei a conta.
Não quero apagar anos de videozinhos dos meus filhos, os quais nem sei se tenho cópia.
Saí do Orkut no início. Abandono o Face com a mesma convicção.
No início, apenas amigos se reencontrando já era como uma festa, em que se lembrávamos os bons tempos, trocávamos fotos de filhos, netos, informações.
Com a polarização política, tornou-se uma rede de debates virulenta.
Descobri então por que me afastara daqueles amigos dos velhos tempos. Porque não tinham mais a ver comigo.
Os mais próximos são os com quem tenho afinidades. Os distantes, apenas um passado nos une, e lembranças.
Quem gosta de debate e principalmente tem tempo, encontra no Face o espaço na medida.
Imagine se você tem mais de 1 mil amigos (seguidores).
Serão 1 mil escrevendo sobre a condenação do Lula, a imoralidade dos juízes que recebem auxílio moradia, queixando-se contra o serviço de internet, a operadora de celular, o banco.
Além dos textos, que podem ser textões, vêm os comentários, as réplicas, as tréplicas, algumas ofensivas: o debate.
É como passar o dia lendo 1 mil colunistas de revistas ou jornais, entendedores, e seus leitores.
Tem gente que tem disposição.
Muitos preferem só as fotos, e para isso tem o Insta.
Outros, as informações rápidas, concisas, com link daquilo que se quer ler, e fotos e vídeos, com um facilitador de bloqueio e sem censura. Para esses, o Twitter é ideal.
Amigos e família encontro no Zapzap.
Há dois meses sem entrar no Face, restringindo a privacidade (apenas eu posso postar na minha página; como não posto nada, não existo mais), imagino que serei esquecido pelo algoritmo misterioso que comanda a socialização da rede.
Deixarei de existir.
Ficarão minhas fotos, vídeos, memória.
Deixarei de ler alguns dos meus favoritos.
Como os desabafos sinceros e muitas vezes procedentes dos amigos Marcelo Mirisola e Mario Bortolotto, um contra a incompreensão dominante, o outro em defesa da sua solidão.
Mas, como diz meu irmão Kiko Zambianchi, “eu te amo você, mas não quero me ver, te roubando o prazer da solidão, eu te amo você, mas não quero te ver, me roubando o prazer da solidão”.
Importante: o Face é uma empresa astronomicamente lucrativa e mentirosa. Afirma ter mais de 2,4 bilhões de usuários. Nada disso. Pode até ter este número espetacular de contas, mas a grande maioria está inativa ou abandonada, como a minha. Basta ver a quantidade de amigos que há anos não publica nada. A verdade seria dizer quantas contas ativas ela tem. Sem contar que muitas são bots, robôs, ou uma mesma pessoa pode ter várias contas.
January 31, 2018
Pensa que é fácil ser escritor?
Da coluna: A Dura Rotina de Um Escritor.
Já fui chamado de machista, sexista e homofóbico.
De farsante, me chamavam nos anos 1980.
De comunista, desde o colegial. Petista e esquerdopata, escuto direto.
Esquerdomacho, virei um neste ano – em que me chamaram também de racista, antissemita, e quase fui processado e condenado a pagar uma indenização a Gilmar Mendes, o magistrado mais impopular da história da República, por prejuízos à sua honra, condenação da qual Monica Iozzi não escapou.
Que ano…
Meu primeiro livro, Feliz Ano Velho, precisa ser revisto periodicamente. Termos, apelidos e expressões que eram usuais numa década tornaram-se ofensivos na seguinte. O livro não é reescrito, mas enxugado. Daqui a anos, talvez sobrem apenas algumas páginas, e terei que mudar o título, por ser ofensivo a alguém.
Não me queixo. Me pergunto como foi possível usarmos anteriormente termos e expressões que eram ofensivos, e só depois de décadas percebermos.
Centenas de mulheres, no ano retrasado, durante a Flip, numa praça lotada no centro de Paraty, fizeram coro: “Machista!”
Eu mediava um bate-papo ao ar livre entre Maria Ribeiro, Xico Sá e Gregório Duvivier, no primeiro dia da feira.
Estava feliz e confortável entre ídolos. Especialmente ao lado de Maria, amiga há quase 30 anos, com quem ri, trabalhei e acabara de dirigir uma peça de teatro complicadíssima, viajei, convivi, ciceroneei, testemunhei sua evolução no palco e descobri: tornara-se uma das maiores atrizes de sua geração.
Íntimos, temos uma quantidade enorme de private jokes. Costumamos nos provocar até ao vivo. Ela me cutucava, eu devolvia com mais sarcasmo, e ela com mais ainda.
O público, fã de Maria, não nos entendia. Quis se manifestar. Olhei para trás, procurando os olhos dos organizadores. Não, a plateia não poderia se manifestar, nem microfone tinha para isso, e eu tinha sido alertado à conhecida prática dos debates da Flip.
Foi quando começaram: “Machista!”
A mais exaltada gritava: “Eu odeio machistas, me dá este microfone!” Joguei o microfone para ela e fiquei repensando a minha vida. Eu não podia ir embora. Estávamos rodeados, o palco, tomado. Fui chamado de machista o resto da noite.
Olhei para o céu. Só falta começar a chover agora.
Começou a chover.
Mais tarde, a GloboNews nos procurou. Queria repercutir a polêmica que tivemos num debate ao vivo para centenas de pessoas. Sorrimos. Eu e Maria afinamos o discurso e dissemos que não rolou nada demais. Fui para a pousada, fiz o check-out e parti de madrugada. Perdi o resto da Flip 2015.
A peça E Aí, Comeu? foi escrita para indicar a decadência do discurso masculino, da piadinha de bar, do papinho malicioso e desrespeitoso praticado por caras da minha geração. A maior parte do público entendeu. Virou uma sensação. Costumávamos fazer debates depois da peça sobre a necessidade de o homem repensar o discurso e rever seu papel.
Psicanalistas, psicólogos, acadêmicos e estudantes a citavam. Ganhou prêmio de melhor texto. Hoje, sou chamado de esquerdomacho por causa de uma peça intitulada E Aí, Comeu? por gente que não a viu.
Uma década da minha literatura é questionada.
Tudo porque minha editora, a genial Isa Pessoa, me encomendava livros em que eu falaria de mulheres. Dizia que eu entendia da alma feminina, e as leitoras amariam ler a minha visão sobre elas.
Foram quatro: Malu de Bicicleta, O Homem Que Conhecia as Mulheres, A Segunda Vez Que Te Conheci e As Verdades Que Ela Não Diz.
Flaubert, Tolstoi, Machado de Assis e Truman Capote fizeram a fama escrevendo sobre mulheres e a opressão que sofrem.
Com a predominância do lugar de fala, Madame Bovary, Anna Karenina, Dom Casmurro ou Quincas Borba e Bonequinha de Luxo jamais deveriam ter sido editados. E Chico Buarque jamais afinado um violão e abandonado o curso de arquitetura da FAU.
Eu me vejo obrigado a, rotineiramente, fazer retratações.
Chegará um dia em que farei mais retratações ou darei explicações detalhadas do que quis dizer do que continuar aliado ao ineditismo.
A compreensão de texto é um déficit no Brasil.
A cegueira ideológica impede o entendimento de sutilezas, entrelinhas, ironias. Para um autor, ter que anunciar “é uma piada” é uma tortura.
Senti saudades do tempo em que me chamavam apenas de analfabeto, subescritor, e diziam que quem escrevia meus livros era uma comissão da editora.
Professores de cursinho, assim como escritores, juravam em público que meus livros eram na verdade escritos por Caio Fernando Abreu. Manifestação de um preconceito a qual estou habituado.
Ser escritor, hoje, é um ser didático.
É, antes de tudo, um forte.
Dá vontade de largar tudo.
January 30, 2018
Noite de Adoniran no Municipal
O local não poderia ser mais propício: o maior sambista paulista, dos poucos para quem a velha guarda do samba carioca tirava o chapéu, e que, com Paulo Vanzolini, questionava o ditado de que São Paulo era o túmulo do samba, será homenageado no teatro símbolo do modernismo, da alta cultura, do biscoito fino.
Amanhã, quarta-feira, 31 de janeiro, uma leva de artistas de primeira homenageia o cantor e compositor João Rubinato, ou Adoniram Barbosa, filho de imigrantes italianos, de clássicos como Samba do Arnesto (baseado numa história real), Trem das Onze, Tiro ao Árvaro, e Saudosa Maloca.
Começando às 20h, roqueiros como Arrigo Barnabé, interpretando à sua maneira a música Iracema, Kiko Zambianchi, Baby do Brasil, Nasi, Luiz Carlini, Paulo Miklos, se juntam a Raping Hood, Carlinhos Vergueiro, Luiza Possi, Paulinho Boca do Cantor.
Claro que a banda que acompanhava Adoniran, Demônios da Garoa, participa.
E o maestro João Carlos Martins com a Orquestra Bachianiana Filarmônica do Sesi-SP levarão o clássico Trem das Onze; ouvi dizer por aí.
O evento Adonirando – Ano Adoniran é da Casagrande Produções, produzido pelo próprio Walter Casagrande Jr, ex-jogador e comentarista da Rede Globo, e dirigido por André Acioli.
Será apresentado pelo radialista Zé Luiz, Sabrina Parlatore e pelo ator Cassio Scapin.
Ingressos a partir de R$ 20 (eventim.com.br).
December 28, 2017
Bitcoin compra bananas?
O tema é dos favoritos nas festas de fim de ano.
Minha irmã lançou a pergunta que, acredito, todos os leigos fazem: Compro bananas na feira com bitcoin?
A iconografia em torno do dinheiro criptografado, uma moeda (coin, em inglês), engana.
Na verdade, bitcoin até compra bananas.
Tem supermercados que já o aceitam.
Mas devolvi com outras perguntas:
Você vai à feira com uma barra de ouro?
Compra bananas com ações da Vale?
Troca diamantes por carambolas?
Paga o pastel com títulos do tesouro?
Não.
São aplicações, moeda, trocadas pela moeda corrente do seu país, com a qual se vai à feira.
O mesmo acontece com bitcoin.
Se você precisa comprar bananas, carambolas, verduras ou pasteis, vende seu bitcoin, cujo valor tem variações diárias e chegou a valer US$ 25 mil.
E faz uma tremenda feira.
December 27, 2017
Investir em bitcoin? Espere
Bitcoin é a moeda perfeita.
A ideia nasceu há mais de 20 anos, quando a internet engatinhava, por gênios da criptografia do Vale do Silício, que num dos primeiros blockchains, corrente de dados controlados sem um poder central, se pensou numa moeda sem a interferência dos poderosos bancos centrais.
O raciocínio é simples: há muito o dinheiro não tem como lastro o ouro; banco quer nosso dinheiro para lucrar. Por que não criar uma moeda sem intermediários, agentes financeiros, livre para transações internacionais?
Com medo de serem enquadrados em leis federais, inventaram um personagem Satoshi Nakamoto.
Nakamoto na verdade era vizinho de Craig Wright. Pegou o nome emprestado para, em 2008, durante a crise dos bancos mundiais, criar enfim o bitcoin.
Deram um lastro para a moeda e passaram a vender num galpão vizinho a Wall Street, durante um Occupy Wall Street.
Era um leilão de vendas diárias ao vivo e online.
A palavra de ordem é: transparência e descentralização.
Não há taxas de transações, nem sigilo bancário.
Todas as informações estão na rede para todos consultarem.
Aos poucos, o público alternativo e militante foi sendo absorvido pelo mercado financeiro.
Japoneses e chineses passaram a negociar a moeda.
A Bolsa de Chicago passou a fazer transações da moeda.
Não adiantou as pressões dos grandes bancos, nem das acusações dela servir a traficantes, crime organizado, lavagem de dinheiro e, ultimamente, políticos corruptos.
A moeda pegou.
Como disse pensador francês, Michael Trazzi, da Ecole 42 de Paris, “bitcoin is the new gold”.
Quem comprou lucrou.
Quer comprar?
Pode arriscar, mas saiba que este é o começo de uma nova era, e outras moedas criptografadas já estão nascendo.
Aquela que adquirir a confiança do bitcoin, estoura igualmente.
December 22, 2017
A pegadinha do ano
The Shed at Dulwich é o melhor restaurante de Londres, segundo o site Trip Advisor.
Vírgula.
Na verdade, ele não existe.
Foi uma piada do “crítico gastronômico”, Oobah Butler.
Fez um logo. Criou um cardápio de mentira:
https://www.theshedatdulwich.com/
Inventou pratos absurdos, fotografou, não deu o endereço, apenas informou que era ao sul de Londres.
Deu, sim, telefone da casa dele, atendia para agendar reservas, e nunca tinha vaga, pois segundo dizia vivia lotado.
Pediu a uma rede de amigos que elogiasse o restaurante, que só aceitava reservas, em várias plataformas.
Butler, na real, recebia dinheiro para elogiar restaurantes que nem conhecia, nas redes sociais.
Decidiu fazer o próprio restaurante, para revelar a fraude.
A comida era falsa.
O recheio, creme de barbear.
Em quatro meses, estava entre os 200 melhores restaurantes de Londres.
Dia 1 de novembro, conseguiu o primeiro lugar, sem nunca ter servido um cliente, ou feito um prato.
O que importa, afinal, não é o fato, mas a foto, e o que dizem dele.
E viralizar [segundo o site Play Ground].
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