Marcelo Rubens Paiva's Blog, page 22

May 24, 2018

Argentinos ironizam homofobia russa


 


Homofobia na Rússia preocupa os membros da comunidade que pretendem ir à Copa do Mundo de Futebol.


A barra lá é pesada para a comunidade LGBT.


Apresentadores de TV que se revelam gays, como Anton Krasovsky, são demitidos e recebem ameaças de morte


Gays não se revelam, com medo de perder emprego.


Boates e bares gays são clandestinos.


Casais gays são agredidos nas ruas.


Em 2013, uma lei anti-gay censura revistas, teledramaturgia, propagandas, se difundir personagens gays em suas peças.


Polícia reprime manifestações gays e nada faz para conter agressões contra eles.


Mas vem da Argentina, como sempre, uma resposta bem-humorada à tamanha intolerância.


Um comercial da Tyc Sports, canal argentino, zoa com a homofobia russa às vésperas da Copa do Mundo de 2018. E manda um recado ao todo poderoso (e homofóbico) homem forte da Rússia.


 

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Published on May 24, 2018 06:08

May 22, 2018

O limite e o medo da ficção


 


Alertas no início da segunda temporada de 13 Reasons Why levantam questões sobre os limites da arte.


Imagine no começo de Apoclypse Now o ator Martin Sheen avisar que se trata de um filme de ficção que aborda os extremos da loucura (e violência) humana.


E recomendar aos sensíveis ao tema que se retirem do cinema.


Ou Jack Nicholson informar no começo de O Iluminado que, se teu pai anda tenso, estressado, em crise profissional, e vocês forem viajar para um lugar isolado, melhor não ver o filme.


É o que acontece na nova temporada de 13 Reasons Why (Netflix).


No primeiro episódio, os atores da série que aborda bullying numa high school americana, que resulta num suicídio e numa tentativa de, que mexe com toda comunidade, informam que um site está à disposição para quem quiser conversar sobre abusos, estupro e depressão.


Os atores Dylan Minnete, que faz Clay, Katherine Landford, que faz a vítima de abuso e suicida, Hanna, Justin Pretince, que faz o acusado de estupro, Bryce, e Alisha Boe, que faz outra vítima de abuso sexual, Jessica, fazem questão de afirmar que “fazem” o personagem tal.


Didaticamente e pausadamente, explicam que é uma série de ficção, que aborda questões difíceis do mundo real, como uso de drogas, abuso sexual e suicídio.


Esperam que com o programa eles estimulem conversas.


Mas se um espectador está passando por algum desses problemas, talvez não seja uma série apropriada para ele(a).


Ou melhor seria assistir ao lado de um adulto confiável.


Estimulam os que ficaram tocados a conversar com pessoas de confiança.


Aconselham a ligar para um serviço de auxílio da região ou acessar o site 13ReasonsWhy.info.


O mesmo alerta é feito no final de cada episódio.


O que se justifica, pois na solidão do mundo contemporâneo, muitos adolescentes ficaram tocados com a série e poderiam repetir a onda de suicídio em massa, como no caso do livro de Goethe, O Sofrimentos do Jovem Wherter.


 



 


A história de amor entre um jovem que amava uma garota, Charlotte, que foi prometida em casamento para outro, e originou na morte do protagonista, é considerado o abre alas do romantismo e abalou a juventude alemã do século 18.


No site 13ReasonsWhy.info, aparece em letras garrafais: SE VOCÊ PRECISA DE AJUDA, FALE COM ALGUÉM.


Os americanos são orientados a ligar para National Suicide Prevention Lifeline (1-800-273-8255) ou acess//ar http://www.suicidepreventionlifeline.org.


Se estiver no pico de uma crise, aconselham a digitar REASON para o número 741741.


Uma aba indica serviços de apoio de praticamente todos os países, da Espanha à Arábia Saudita.


Aos brasileiros, indica o telefone 188 do nosso conhecido CVV (Centro de Valorização da Vida), ou pelo site cvv.org.br.


Todo cuidado se deve à polêmica levantada na estreia da série em 2017.


Pelas redes sociais, críticos e psiquiatras questionaram se ela não poderia funcionar como um gatilho para quem sofre de depressão ou tem tendências suicidas.


Ao jornal O Globo de março de 2017, Carmita Abdo, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), disse: “Não é uma opinião pessoal, e sim um fato: a veiculação ou divulgação de um suicídio pode inspirar pessoas que pensam no assunto. Se, por um lado, estamos nos solidarizando pela Hannah e mostrando os riscos que ela pode sofrer dentro de situações cotidianas, por outro estamos, talvez sem saber, dando munição para muitos indivíduos que sofrem de desequilíbrio mental. Uma saída para a ficção é falar sobre o suicídio como algo que se pode combater, em vez de se afirmar somente que é um evento horrível.”


Por precaução, a produção arregaçou as mangas.

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Published on May 22, 2018 08:26

May 18, 2018

No Twitter, Lula ganha apoiadores, e Bolsonaro lidera


 


O que define eleição no Brasil é tempo na TV e grana, dizem os especialistas.


Internet (leia-se Insta, Face, Twitter, WhatsApp) ajuda, porém… O país não experimenta uma revolução digital, já que a maioria da população não tem acesso à banda-larga.


O que as pessoas andam dizendo pela rede social de no máximo 280 caracteres?


Candidatos da esquerda receberam mais apoio de usuários do Twitter, diz a nova pesquisa do Scup Social.


Mas Bolsonaro (PSC), o candidato que tem um bom desempenho entre eleitores mais ricos e de maior escolaridade, continua o presidenciável com mais intenções de voto da rede.


Em abril, foram ao todo 15 mil interações sobre o tema.


Dos 5.089 tweets que continham a hashtag com o nome do pré-candidato do PSC, 77,5% indicaram intenção de voto positiva.


E, depois de preso, Lula aumentou a aprovação, comparando com março, quando índice de rejeição ao petista superava o de aprovação.


O líder do PT ficou em segundo lugar. Foram 4.847 menções com o seu nome. 64,4%, indicaram que votariam nele.


O estudo não expressa a real intenção do eleitor e foi revelado pela Scup Social, ferramenta de monitoramento de redes sociais, com mais de 400 clientes, que identificou as intenções de voto dos principais presidenciáveis no Twitter.


Lula e Bolsonaro têm sido os candidatos com mais comentários que indicam a possibilidade de voto ou não.


Manuela D’Ávila, do PCdoB, ficou em terceiro e também vem crescendo a cada mês. Dos 1.513 tweets com o seu nome, 94,2% foram favoráveis a ela.


O monitoramento detectou tweets que tinham hashtags com nomes dos candidatos e expressões tais como “meu voto é”, “vou votar em”, “jamais votaria”, “não terá o meu voto”, dentre outras.


Criada em 2009, a Scup Social monitora as interações nas redes sociais para ações personalizadas de marketing e ajudar as empresas a se comunicarem com seu público e descobrir suas necessidades.


PS> Não há informações de bots.

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Published on May 18, 2018 06:29

May 17, 2018

Face e Twitter declaram guerra contra trolls, fake news e bots.

A opinião pública chiou. Governos ameaçaram. Acionistas pressionaram.


Enfim, Facebok e Twiter reagiram, arregaçaram as mangas e declararam guerra.


Os lucros falam em primeiro lugar.


Até o YouTube, empresa do Google, removeu, entre outubro e dezembro de 2017, 8,3 milhões de vídeos que feriram o código de conduta da comunidade.


Os números são astronômicos.


Facebook anunciou que monitorou nos primeiros meses de 2018 mais de 1,5 bilhões de contas e posts que violaram regras da rede.


O feito se deu graças a novas ferramentas que conseguiram detectar spans (98% deles) e todas as contas falsas, baseadas em inteligência artificial, e não mais em apenas denúncias dos usuários.


Até os “condenáveis” nudes são detectados por uma nova tecnologia de reconhecido de imagem.


Segundo comunicado feito recentemente, em três meses, o Facebook:



contabilizou 837 milhões de spans
cancelou 583 milhões de contas falsas
apagou 2,5 milhões de posts com discursos de ódio
detectou 2 milhões de peças de propaganda terrorista e 3,4 milhões de violência gráfica.

O mais difícil ainda é detectar o discurso de ódio. Precisam da ajuda (denúncias) dos próprios usuários, afirma o The Guardian.


Segundo a Reuters, a Twitter Inc, fundada em 2006, pela primeira vez revê sua estratégia de combater os “trolls”, identificar usuários de comportamento abusivo e diminuir a visibilidade de seus tweets.


Os tweets das contas com pouquíssimos seguidores ou que não confirmam seus e-mails, identificados como bots (robôs), mesmo que não tenham violado nenhuma regra, não serão replicados.


“Queremos tirar o incômodo das pessoas que recebem abuso ou assédio”, disse o executivo Jack Dorsey.


Tweets não serão removidos, apenas cairão no buraco negro da falta de visibilidade.


Dorsey anunciou que os 336 milhões de usuários ativos mensais do Twitter devem esperar mais mudanças nos próximos meses, enquanto a empresa explora maneiras de encorajar os tweets menos ofensivos.


Uma delas já começou.


Recebemos por e-mails a confirmação de que uma denúncia feita contra um troll está sendo analisada.


No meu caso, não surtiu efeito.


Depois de denunciar e bloquear um usuário que me mandou “Ahhhh vsf seu alejado de merda! Toma no cu seu arrombado! […]”, recebi da empresa.


Que me diz que o texto acima “pode parecer abusivo”, mas não é, ” isto no contexto de uma longa conversa”.


Pode parecer? “Alejado de merda”?! Que conversa? Nem conheço o cara, não o sigo.


Julgue você:


 


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Published on May 17, 2018 07:30

May 14, 2018

O impasse brasileiro: e se Lula estiver na urna?


 


Se Lula for candidato e eleito, viveremos um impasse democrático excêntrico.


O PT tem até dia 15 de agosto para registrar uma candidatura. O TSE tem até 17 de setembro, 20 dias antes do primeiro turno, para julgar os registros.


Ministro Luiz Fux é o presidente do TSE exatamente até 15 de agosto. Será sucedido pela ministra Rosa Weber, a que pensa de um jeito, mas decide de outro (votou contra a prisão em segunda instância em 2016, mas negou o habeas corpus de Lula em 2018).


E se, num sem número de recursos contra Lei da Ficha Limpa, pedidos de vistas, o rosto de Lula estiver na urna em outubro?


E se ele for eleito?


Dois e meses e meio depois, toma posse da cadeia?


Poderia se auto indultar depois de 1 de janeiro de 2019?


E condenado pelas ações do Sítio de Atibaia e Terreno do Instituto Lula, “crimes” cometidos antes do mandato, seria cassado?


Pelo Congresso, que duas vezes não cassou Temer por crimes cometidos antes do mandato?


E, se cassado, anula-se a eleição, os votos dados a Lula, ou assume seu vice?


Da prisão em Curitiba, onde poderá ficar por um longo tempo, ele tinha liberado seu partido a escolher um candidato para 2018.


Falou-se em Jaques Wagner, já na mira da Polícia Federal e dos bacharéis da Lava Jato. Fala-se em Haddad, o prefeito gente boa, que perdeu a eleição de lavada, mas tem moral na base e prestígio.


Fala-se em Celso Amorim, o chanceler cabeça-feita. Já ouvi de uma “fonte quentíssima” que o nome é Patrus Ananias, diretamente das Minas Gerais, estado populoso na balança das eleições.


A única certeza: vice de Ciro Gomes, nunca. Não é do feitio do partido de maior bancada, que nunca abriu mão de encabeçar uma chapa para eleição majoritária, estar na sombra de outro.


Lula pensou melhor. Desdisse o que disse e disse: “Se aceitar a ideia de não ser candidato, estarei assumindo que cometi um crime”.


O PT jamais iria contra uma vontade do grande timoneiro. Candidato, de 15 de agosto a 17 de setembro, Lula estará em campanha em cadeia nacional da cadeia. Será a estrela do partido da estrela, com mais tempo na TV.


Pode continuar na frente das pesquisas ou até aumentar a diferença para o segundo colocado. Pode estatisticamente estar garantido no segundo turno.


O TSE vai barrar a candidatura?


Que impasse…

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Published on May 14, 2018 06:27

May 10, 2018

Documento da CIA sobre Geisel é perturbador


 


Geisel entrou para a História como o ditador que controlou os excessos da “tigrada”.


Depois da morte sob tortura nos porões do Exército (DOI-Codi) do diretor de jornalismo da TV Cultura, Wladimir Herzog, em 1975, e do operário Manuel Fiel Filho, em 1976, Geisel exonerou o general Ednardo D’Ávila Mello, comandante do II Exército.


Mais tarde, demitiu o general de linha-dura, Sylvio Frota, anunciou a política da Abertura, retirou os censores dos jornais e extinguiu o AI-5.


No entanto, o pesquisador brasileiro da FGV, Matias Spektor, encontrou um documento da CIA que contesta a imagem de bom pastor do ex-presidente.


É a primeira vez que aparece um documento que associa os nomes de Geisel e do general João Figueiredo em comandos de execução de presos políticos (“subversivos”).


O memorando de 11 de abril de 1974 que William Egan Colby (diretor da CIA entre 1973 e 1976) enviou ao Secretário de Estado, Henry Kissinger, tem um título nada sutil:


“Presidente brasileiro Ernesto Geisel decide continuar execução sumária de subversivos sob certas circunstâncias”.


Num texto curto de seis parágrafos, alguns deles ainda “not desclassified” (não liberados), o diretor relata que, em 30 de março de 1974, Geisel se reuniu com os generais Milton Tavares de Souza e Confúcio Danton de Paula Avelino, do Centro de Inteligência do Exército (CIE), e o general João Baptista Figueiredo, do Serviço Nacional de Inteligência (SNI).


Exatos 15 dias depois de tomar posse (15 de março de 1974).


Ouviu que o Brasil não poderia ignorar a “ameaça subversiva terrorista”.


O general Milton Tavares contou que métodos ilegais foram empregados contra “subversivos perigosos”, e que 104 pessoas foram sumariamente executadas pelo CIE nos últimos anos, diz a CIA.


Figueiredo apoiou a continuidade desse tipo de combate à subversão.


Segundo relatório da CIA, “em 1 de abril, o presidente Geisel disse ao general Figueiredo que a política deveria continuar, mas que cuidados deveriam ser tomados para assegurar que apenas subversivos perigosos fossem executados.”


No décimo aniversário do Golpe de 64.


“O presidente e o general Figueiredo concordaram que, quando a CIE prender uma pessoa que possa ser enquadrada nessa categoria, o chefe da CIE consultará o general Figueiredo, cuja aprovação deve ser dada antes que a pessoa seja executada. O presidente e o general Figueiredo também concordaram que a CIE deve dedicar quase todo o seu esforço à subversão interna, e que o esforço geral da CIE será coordenado pelo general Figueiredo”, finaliza o memorando.


Pode-se então deduzir que o afastamento do general Ednardo foi por insubordinação; não pedira autorização para matar.


E que os combatentes da Guerrilha do Araguaia foram executados com aprovação do Planalto.


Assim como três dirigentes do PCdoB, Pedro de Araújo Pomar, Angelo Arroyo e João Batista Franco Drummond, executados na Lapa em dezembro de 1976.


A não ser que a demissão de Sylvio Frota em 1977 tenha relação a estas outras insubordinações.


Spektor escreveu na sua página do Twitter: “Este é o documento mais perturbador que já li em 20 anos de pesquisa: Recém-empossado, Geisel autoriza a continuação da política de assassinatos do regime, mas exige ao Centro de Informações do Exército a autorização prévia do próprio Palácio do Planalto.”


Leia-o na íntegra:


 


https://history.state.gov/historicald...


 

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Published on May 10, 2018 09:18

May 9, 2018

América é isso!


Por vezes, uma música é capaz de criar um debate que nos faz acreditar no potencial da arte.


Especialmente se ela vem com um clipe pontuado por referência bem escolhidas.


O ator-roteirista-músico-produtor Donald Glover, californiano criando na racista Geórgia, surpreendeu em 2017 por ganhar os principais prêmios (Globo de Ouro) de série cômica com a sua Atlanta (derrotando uma The Veep favorita), série de humor-negro que escreve e em que atua.


Ganhou também prêmio de melhor ator.


Dessa vez, lançou uma bomba como ChildDish Gambino: This is America.


Os americanos se preocupam demais com a imagem que representam no exterior.


Sabem que a ideia de ser o país que divulga ideias democráticas, de respeito a direitos civis e defesa do mundo livre é balela, para implementar o que realmente interessa: uma máquina de ganhar dinheiro.


No novo rap de Glover, em que canta com um sotaque africano, ele mostra ao mundo em desenvolvimento, que faz de tudo para cruzar as fronteiras e viver o sonho americano, o que de fato rola por lá: racismo, xenofobia, individualismo, demagogia e um vasto armamento pesado às mãos da população civil, direito constitucional.


Num clip filmado num estacionamento de carros (símbolo americano), sua dança esquisita lembra a de outro personagem, Jim Crow, personagem racista estereotipado negro criado no século passado.


Crow, o palhaço que divertia plateias brancas, inspirou a luta contra segregação racial.


 



O coro gospel de uma igreja é fuzilado por uma AK-47, diante de um carro de polícia que não faz nada.


Lembra massacres de Charleston e Sutherland Springs e a alienação que certos grupos religiosos impõem à comunidade negra.


Colegiais africanos dançam e inocentemente sonham com a América, que acham “cool”, mas desconhecem que no fundo as relações comerciais entre os dois continentes passam mesmo pelo tráfico, contrabando e dinheiro emprestado (lavado).


Sou legal, sou bonito? Não seja doido…


Canta, enquanto um cavalo com um cavaleiro do apocalipse passa.


Ao final, depois de dar uns passos ao estilo Michael Jackson, figura controversa (o grande ídolo negro que embranquecia), corre como que fugindo do linchamento.


 



 


We just wanna party


Party just for you


We just want the money


Money just for you


I don’t wanna party


Party, de festejar, lembra Apartheid.


Traduzindo:


Nós só queremos festejar


Festa só para você


Nós apenas queremos o dinheiro


Dinheiro só para você


Eu não quero festa


Festa só para mim


Esta é a América


Cuidado, não fique dando sopa


Cuidado, que eu estou te rapando

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Published on May 09, 2018 07:39

May 7, 2018

Ornitorrinco comemora 40 anos


 


Há quatro décadas, o teatro estava em debate. Como toda a arte.


A dramaturgia e a encenação foram viradas do avesso (por Bob Wilson).


No Rio, Asdrúbal Trouxe o Trombone propôs um novo teatro.


Em São Paulo, em que Zé Celso e Antunes Filho começaram a romper com as estruturas tradicionais, surgiu o Ornitorrinco, egresso da ECA-USP.


Apesar da origem acadêmica, a adesão popular foi imediata. Salas ficaram abarrotadas inclusive por um público novo.


Asdrúbal se espalhou pelo teatro, rock e TV.


Ornitorrinco, sob a regência de Cacá Rosset, sofreu baixas (saudades do meu professor da ECA-USP, Roberto Galizia, e do pensador frasista Chiquinho Brandão), e nunca largou os palcos.


Continua comemorando seus 40 anos no grande palco do Teatro Sérgio Cardoso com Nem Princesa Nem Escravas, texto inédito no Brasil do mexicano Humberto Robles, agora (estreia em 19 de maio).


O grupo estreou em 1977 com Strindberg (Os Mais Fortes). Veio Ornitorrinco Canta Brecht e Weill, uma releitura de Brecht (A Ópera dos Três Vinténs).


Com Ubu, Folias Physicas, Pataphisicas e Musicaes, subiu outro patamar.


Ganhou projeção internacional. Encenou no Central Park (NY); embarcou no cômico em Shakespeare (Sonho de Uma Noite de Verão e A Comédia dos Erros).


Quase foi literalmente soterrado em 19 de setembro de 1985, quinta-feira, num terremoto na Cidade do México (8.1 na escala de Richter) que devastou a cidade e deixou dez mil mortes. O hotel em que estavam hospedados foi um dos prédios que vieram abaixo.


Reencontra o México na tradução e direção geral de Cacá, e produção de uma das musas da companhia, Christiane Tricerri.


A peça é uma comédia daquelas, sobre conflitos femininos, e ganha um formato teatro de cabaré: três atrizes cantam e dançam entre seus monólogos.


Christiane divide o palco com Angela Dippe e Rachel Ripani e fará Thelma Maria, “servidora sexual” que quer se transformar em “servidora pública” e se candidata a deputada pelo PM, Partido da Mãe.


Longa vida ao Ornitorrinco!

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Published on May 07, 2018 07:47

May 3, 2018

Dicas para ‘O Mecanismo T2’


 


A série O Mecanismo é muito boa, bem dirigida, prende, tem personagens ótimos, atores então…


Mas tem um erro na estrutura e faltou malandragem nos roteiristas.


Se um jornalista quer denunciar algo e não quer parecer parcial (o recomendável, ético), coloca na boca de outros (as fontes) o que quer denunciar.


Em O Mecanismo, rola sarcasmo para todos os lados:


Aécio é retratado como um playboy sempre em botecos e cercado por belas mulheres, que diz, ou ler denúncias contra Lula/Dilma na revista Leia (Veja?): “Adoro esta revista, e ela me adora.”


É uma série importantíssima, e devemos ansiar pelas próximas temporadas, sim.


Deveria focar na investigação da corrupção que, afirma, é um câncer; lembra muito The Wired, a série pioneira que mudou o rumo da TV mundial.


Estreou numa hora péssima, em que o país está emocionalmente contaminado e politicamente rachado.


Diferentemente de alguns mais exaltados, não é apenas antipetista, é antitudo e todos, e com isso se aproxima do discurso que vê a democracia um entrave e suas instituições contaminadas.


O maior criminalista brasileiro, Márcio Thomaz Bastos, aparece como líder de um complô.


Juízes do STF são retratados por soltar presos e melar ações da PF/MP/1ª. Instância.


Lula e Dilma não são Pablo Escobar. Não deveriam aparecer como personagens.


Se Padilha fizesse o que fez acertadamente em Narcos, a série ganharia mais: deixar o real da política ser realpolitik; deixar as câmeras dos arquivos de telejornais falarem por si.


Nixon nem aparece em Todos os Homens do Presidente, filme que o investiga e o leva à renúncia


Mas Lula é Higino, chamado de Capo, aparece num apartamento suntuoso vazio de frente para o mar, tramando pelo celular, e usa falas de outros personagens, como “estancar a sangria”.


Eu, se fosse os roteiristas, deixaria a macropolítica de fora e ficaria na investigação da PF, MP, juízes, e no enquadramento de diretores de estatais, doleiros, empreiteiros e marqueteiros.


Que é a parte que sustenta a série:


Os dramas de Ruffo (Selton Mello), que aposentado investiga a seu modo a Lava Jato, Verena (Carol Abras), delegada da PF líder da operação envolvida com o promotor casado do caso, o doleiro Ibrahim (Kike Diaz), os empreiteiros JP Rangel (Leo Medeiros) e Ricardo Brecht (Orciollo Netto), e a marqueteira ambiciosa (Maria Ribeiro) têm arcos suficientes para longas temporadas.


E olha de quem estou falando: Selton Mello, Carol Abras, Kike Diaz, Leo Medeiros, Orciollo Netto, Maria Ribeiro… No timaço dos melhores atores do cinema brasileiro.


O dilema de Moro, digo Rigo (Otto Jr), na série um ciclista casado com uma mulher que não gosta de Curitiba, poderia ganhar contradições: persegue apenas governantes e aliados, e ignora a oposição; a tortura psicológica, jogar presos em situações de abandono, para forçar a delação, é correta?


Os diálogos por vezes são recheados de clichês e utiliza expressões do noticiário, como “nunca antes na história do Brasil” ou “se denunciar, a República cai”. Nem deveria.


Criou bons diálogos. Como:


– Não sou seu inimigo – diz o promotor para a namorada.


– Não. É muito pior – diz a namorada, delegada da PF.


O Mecanismo ganhou muitos inimigos. Não precisava. Dá pra corrigir nas T2, T3…

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Published on May 03, 2018 09:50

May 1, 2018

Facebook anuncia seu Tinder


 


Planejam há uma década ter dentro do Facebook um serviço de namoro, termo técnico “dating matchmake”.


E o próprio Mark Zuckerberg anunciou hoje o lançamento do concorrente ao Tinder e OKCupid, ambos da Match Group.


O mais curioso é que o Face nasceu de uma experiência semelhante: eleger as garotas mais bonitas de Harvard por eliminação, o FaceMash (lembra-se do filme?).


Ele calcula que haja mais de 200 milhões de solteirões e descompromissados na maior rede de todas.


Segundo disse, no evento anual, o F8, em San Jose (Califórnia), a empresa não podia ignorar este número.


Envolvida em escândalos da quebra da privacidade e venda de dados dos usuários, anuncia um serviço que promete ficar de olhos abertos e precavido.


Os potenciais matches serão recomendados aos usuários que têm amigos e interesses em comum.


Um botão indicara interessado (“interessed”), e outro passo (‘pass”), revelou David Ingram, da Reuters.


As pessoas poderão começar uma conversa com uma possível correspondência comentando sobre suas fotos, mas por motivos de segurança serão apenas textos, nada nudes não solicitadas.


Em baixa na opinião pública e investigado por muitos governos, Zuckerberg precisava de um factoide para manter viva a chama de sua empresa sob ataque.


Não anunciou a data do lançamento.


Conseguiu, ao menos, derrubar as ações dos seus novos concorrentes, especialmente o Match Group, o maior deles.

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Published on May 01, 2018 17:04

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Marcelo Rubens Paiva
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