Marcelo Rubens Paiva's Blog, page 25

March 7, 2018

Para entender o Brasil


 


Existe um inacreditável acervo de imagens do Brasil do Estado Novo. E de alta qualidade.


Graças ao culto à personalidade de Getúlio Vargas, caudilho que soube usar a máquina de propaganda do Estado, aqui chamada de Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), para se promover.


Guardadas as proporções, como Hitler e Mussolini, sem o histrionismo dos mesmos.


O jornalista Lourival Fontes, chefe do DIP, de novo guardadas as proporções, exerceu o papel do Goebbels tupiniquim: produziu filmetes, eventos, comícios, festas comemorativas, censurou jornais, teatro, livros.


O patriotismo, o novo Brasil, o homem que ia resolver todos os problemas, o “pai dos pobres”, e combater o comunismo, por um longo tempo admirador de Hitler e Mussolini, comemorava seus feitos em estádios no 1 de Maio.


Tudo era muito bem filmado.


Todo material foi cuidadosamente coletado e editado em 12 anos por Eduardo Escorel, produzido por Claudio Kahns, e deram no mais importante e completo documentário já produzido, Imagens do Estado Novo 1937 – 45.


 



 


O filme não cai na ilusão de que Getúlio, por ter feito muito pelos trabalhadores e pobres (salário mínimo, CLT), deva ter as manchas do seu governo repressivo, que prendeu Monteiro Lobato, Jorge Amado, Graciliano Ramos, Prestes, interviu no Estadão e mandou para o exílio Júlio Mesquita Filho, do populismo, apagadas na História.


Era um antidemocrata que se utilizou de artifícios, primeiro a elite agrária, depois o avanço comunista, por fim o fascista, para se eternizar no poder.


São 150 horas de material editado, num filme dividido em duas partes; que, futuramente, será dividido em cinco episódios de 50 minutos e ser transportado à tela da TV (Curta e TV Cultura).


Detalhe: não há entrevistas. Apenas o material de arquivo e a narrativa.


Getúlio tinha um tripé para conseguir governar: o diplomata Oswaldo Aranha, braço civil do governo, o repressor Filinto Muller e o general Gaspar Dutra.


Um capataz da sua fazenda, Gregório Fortunato, montou sua guarda pessoal.


Seu irmão, Benjamin Vargas, o Bejo, fazia o trabalho sujo.


Junto com filha Alzira Vargas, são retratados em sua rotina no Poder.


Vê-se a tentativa de golpe e o endurecimento do regime.


E os adiamentos sucessivos para a volta da normalidade democrática.


Um Brasil que se industrializava, o glamour da capital Rio de Janeiro, filmes de arquivos familiares sobre crianças, comícios dos opositores, como Armando Sales, a exploração de negros nas fazendas de café, uma São Paulo vencida, sob intervenção e desconfiada.


Muitas imagens inéditas.


Momentos incríveis, como Oswaldo Aranha nos EUA, negociando a entrada do Brasil na guerra, ou um concurso de crianças “rechonchudas”, quando imigrantes italianos ensinavam “mangi che te fa bene”.


Até corridas de automóvel na Gávea, corridas de bebês, mais Cassino da Urca, somados aos treinamentos dos pracinhas brasileiros, traçam um retrato firme e preciso do nosso passado e contradições históricas.


Obras do comunista Jorge Amado foram queimadas numa fogueira pública, como nos habitamos a ver na Alemanha do Terceiro Reich.


Será exibido na íntegra (3h47) a partir do dia 15 de março no Espaço Itaú de São Paulo e Brasília, e no Instituto Moreira Salles (IMS) de São Paulo.


Com um intervalo de dez minutos.


Em 22 de março, no IMS do Rio .


E vale cada minuto.


 


https://www.imagensdoestadonovo.com.br/


 


É um documentário fundamental para entender o Brasil de hoje e se desesperar. Já que, aparentemente, a História se repete, e não saímos do lugar.


E por que FHC disse recentemente que “um governo fraco sempre apela para os militares”.


A presença de militares no Estado brasileiro, especialmente as ameaças à democracia, não são de hoje.


Começou no primeiro dia da República, que só foi proclamada com a adesão do herói da Guerra do Paraguai, Floriano Peixoto.


Os civis, republicanos históricos como Campos Sales, Benjamin Constant e Quintino Bocaiuva, os verdadeiros protagonistas do movimento republicanos, foram colocados de lado, e os militares tomaram o poder.


O velho marechal, Deodoro, fechou o novo Congresso e tentou dar um golpe e se eternizar no poder numa ditadura. Foi destronado.


Getúlio Vargas se manteve no Poder graças ao seu ministro de guerra, general Gaspar Dutra.


Que se uniu ao movimento contra a ditadura com o opositor, brigadeiro Eduardo Gomes.


Dutra que, por anos, foi fiador da ditadura de Getúlio no Estado Novo (de 1937 a 45), o substituíra, para depois passar-lhe a faixa presidencial em 1951.


A Golpe de 64 só foi possível graças ao apoio de última hora de general Castello Branco.


Seu substituto, general Costa e Silva, deu um golpe no golpe, em 1968, instaurou um regime ditatorial, que foi até 1985.


O documentário foi premiado no Festival É Tudo Verdade com Menção Honrosa e no Festival Recine – Festival Internacional de Filmes de Arquivo, como Melhor Filme Júri Popular e Melhor Pesquisa.


Ele é recheado de marchinhas de carnaval, cinejornais brasileiros, americanos e alemães, fotografias, cartas, trechos manuscritos do diário de Getúlio Vargas, filmes de ficção e de família e canções populares.


Segundo Kahns, foram mais de 40 arquivos diferentes advindos de cinematecas no Brasil (brasileira em São Paulo e do MAM no Rio de Janeiro, além do CPDOC da Fundação Getúlio Vargas) e no exterior, instituições diversas além de filmes familiares.


Kahns promete ainda mais dois documentários futuros, sobre o turbulento período de 1954-64, e sobra a ditadura militar, 1965-85.


 


Ficha técnica


Direção: Eduardo Escorel


Produção: Cláudio Kahns.


Roteiro: Flávia Castro e Eduardo Escorel.


Pesquisa de imagem: Antonio Venâncio.


Montagem: Pedro Bronz e Eduardo Escorel.


Editor de Som: João Jabace.


Música: Hermelino Neder e Newton Carneiro.


Empresa Produtora: Brasil 1500.


Produtores associados: Tatu Filmes e Cinefilmes.


Apoio: Univesp, Tv Cultura, Canal Curta.


Duração: 3h47min em duas partes com intervalo.

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Published on March 07, 2018 11:50

March 5, 2018

Tearn down this wall


 


Artistas protestaram no Oscar 2018.


Esperei alguém dizer: “Mr Trump, tear down this wall”.


Em plena crise de identidade da União Soviética, na chamada distensão (détente), o presidente mais anticomunista de todos, Ronald Reagan, em 12 de junho de 1987 diante do Muro de Berlim, nos portões de Brandemburgo, desafiou:


“Mister Gorbachev, tear down this wall (derrube este muro)”.


Gorbachev ficou branco, mudo e calado.


O ator de segunda classe, Reagan, entrou para a história.


As repúblicas soviéticas se tornaram independentes e derrubaram a cortina de ferro.


O efeito dominó fez o muro cair dois anos depois.


Gorbachev foi derrubado e hoje é considerado um traidor pelos russos.


Ontem, no Oscar, a América Latina, especialmente o México, foi a grande vencedora: filmes como Coco (no Brasil, Vida) e A Forma da Água faturaram os prêmios mais importantes.


O chileno Uma Mulher Fantástica levou o de melhor filme estrangeiro.


Os diretores mexicanos ganharam quatro dos últimos cinco prêmios Oscar: Alfonso Cuarón (Gravidade), Iñárritu (Birdman e Revanche), Gilhermo del Toro (A Forma da Água).


Antes deles ganharam um tailandês, Ang Lee (A Vida de Pi), e um francês, Michel Hazanavicius (O Artista).


Faz sentido ainda o muro na fronteira do México, promessa de campanha de Trump?


Sem contar o fim do programa Dreamers (expulsar filhos de não documentados que vivem nos EUA desde a infância e estudaram em escolas americanas), o desfecho mais desumano de uma política social.


Em pleno século 21, barrar de forma quase obsessiva a imigração é produtiva?


Na fragmentada eleição italiana, em que ninguém levou, a frente anti-imigração, A Liga, cujo líder propõe metralhar botes infláveis com imigrantes africanos que tentam entrar na Europa, pode dar o poder ao 5 Estrelas ou a Berlusconi, numa coligação eventual.


Logo na Itália, alguma dessas frentes terá estômago para se aliar ao neofascismo?


E o que acontecerão com as atletas Paola Eganu (melhor jogadora de vôlei) e o time de atletismo indoor italiano (obrigado Antero Grecco)?


O mundo é outro.


Só os xenófobos não notaram.


 


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Published on March 05, 2018 06:22

Turn down this wall


 


Artistas protestaram no Oscar 2018.


Esperei alguém dizer: “Mr Trump, turn down this wall”.


Em plena crise de identidade da União Soviética, na chamada distensão (détente), o presidente mais anticomunista de todos, Ronald Reagan, em 12 de junho de 1987 diante do Muro de Berlim, nos portões de Brandemburgo, desafiou:


“Mister Gorbachev, turn down this wall (derrube este muro)”.


Gorbachev ficou branco, mudo e calado.


O ator de segunda classe, Reagan, entrou para a história.


As repúblicas soviéticas se tornaram independentes e derrubaram a cortina de ferro.


O efeito dominó fez o muro cair dois anos depois.


Gorbachev foi derrubado e hoje é considerado um traidor pelos russos.


Ontem, no Oscar, a América Latina, especialmente o México, foi a grande vencedora: filmes como Coco (no Brasil, Vida) e A Forma da Água faturaram os prêmios mais importantes.


O chileno Uma Mulher Fantástica levou o de melhor filme estrangeiro.


Os diretores mexicanos ganharam quatro dos últimos cinco prêmios Oscar: Alfonso Cuarón (Gravidade), Iñárritu (Birdman e Revanche), Gilhermo del Toro (A Forma da Água).


Antes deles ganharam um tailandês, Ang Lee (A Vida de Pi), e um francês, Michel Hazanavicius (O Artista).


Faz sentido ainda o muro na fronteira do México, promessa de campanha de Trump?


Sem contar o fim do programa Dreamers (expulsar filhos de não documentados que vivem nos EUA desde a infância e estudaram em escolas americanas), o desfecho mais desumano de uma política social.


Em pleno século 21, barrar de forma quase obsessiva a imigração é produtiva?


Na fragmentada eleição italiana, em que ninguém levou, a frente anti-imigração, A Liga, cujo líder propõe metralhar botes infláveis com imigrantes africanos que tentam entrar na Europa, pode dar o poder ao 5 Estrelas ou a Berlusconi, numa coligação eventual.


Logo na Itália, alguma dessas frentes terá estômago para se aliar ao neofascismo?


E o que acontecerão com as atletas Paola Eganu (melhor jogadora de vôlei) e o time de atletismo indoor italiano (obrigado Antero Grecco)?


O mundo é outro.


Só os xenófobos não notaram.


 


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Published on March 05, 2018 06:22

March 1, 2018

Políticos franceses dormem com moradores de rua


 


Neste inverno de frio intenso na Europa.


Num gesto de solidariedade, 50 políticos franceses dormiram nas ruas congelantes com moradores de rua.


Os deputados protestaram quarta-feira, dia 28 de fevereiro, contra a decisão de abrigar sem-teto apenas em noites de frio extremo.


E contra os critérios de frio intenso.


Nevava a noite que não foi considerada pela prefeitura de Paris “frio intenso”.


 



 


 

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Published on March 01, 2018 14:52

February 28, 2018

Os códigos secretos do Netflix


 


Fuja da mesmice.


Dê um pontapé nos algoritmos.


Faça você mesmo a busca do que quer.


Sabia que Cassino (Scorsese) e Spartacus (Kubrick) estão no Netflix?


Mas o algoritmo que avalia suas preferências nunca os indica?


Eles estão em épicos clássicos, cujo código é 52858.


A busca agora ficou mais fácil: acesse pelo seu computador, escolha e assista onde quiser.


Escolha o gênero e digite o número no wwew.netflix.com/browser/genre/[código]


Quer clássicos de aventura? Código é 46576


Três Indiana Jones, Scarface e Fuga de Alcatraz estão nele.


Monthy Python está na página do código 9434.


A lista vai de filmes independentes, LGBT, estrangeiros, cult, clássicos, a comédias obscura.


Liberte-se.


Veja toda a lista de códigos secretos no site:



Mais de 220 códigos para acessar filmes e séries ‘secretos’ na Netflix



E curta.

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Published on February 28, 2018 04:01

February 27, 2018

Temer retira um dos pilares da democracia


 


Os americanos se consideram pais e mentores da democracia moderna.


Passaram o século 20 intervindo com ela no estandarte de grandes guerras, a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria.


Feriu seus próprios princípios apoiando golpes de Estado.


Pediu, enfim, para cientistas políticos listarem como diferenciar um regime democrático de um autoritário.


O casal Philippe Schmitter e Terry Karl, professores de Stanford, foi convocado pela Casa Branca, que detectou um movimento pró-democracia na Europa a partir da Revolução dos Cravos em 1974 em Portuga.


Seguindo pela Espanha, antigas colônias africanas, ditaduras da América Latina, países do Oriente Médio, Ásia e países da antiga Cortina de Ferro, inclusive da própria Rússia, nas décadas de 1970, 80 e 90.


OEA, ONU, EUA, sob o democrata Clinton, movimentavam tropas e rediscutiam uma nova ordem mundial com o colapso da União Soviética.


No verão de 1991, o casal lançou o artigo definitivo: What Democracy Is…And is Not (O que é e o que não é democracia).


E listou.


Só é democracia se tiver:



Renovação no Poder
Eleições livres e liberdade partidária
Liberdade de expressão
Punição, recompensa e reconhecimento a crimes cometidos no período autoritário.
Controle civil nas Forças Armadas.

FHC, um dos mentores dos professores de Stanford, reconheceu e recompensou crimes, colocou um civil na Defesa (promessa de campanha), seguiu à risca a tabela e cumpriu 90% dela, deixando de fora apenas “punição” a crimes cometidos na ditadura.


Temer acaba de tirar um dos pilares: nomeou um militar, o general Joaquim Luna, para o Ministério da Defesa.


É o primeiro militar no comando do estratégico ministério desde a sua fundação.

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Published on February 27, 2018 05:03

February 26, 2018

Marina Lima e o funk Só os Coxinhas


 


Uma nova, sarcástica, paulistanésima, militante das redes sociais, @marinalixax, ressurge com um funk provocativo.


Música dela, Marina Lima, e do novo imortal da ABL, Antonio Cícero.


É uma das canções inéditas do 21° disco, Novas Família, a ser lançado em março.


O videoclipe gravado no Vale do Anhangabaú, em São Paulo será lançado domingo, em 3 de março.


Neo-paulistana, sem perder a galhofa carioca.


Segue a simplicidade dançante do novo funk.


Satiriza o novo personagem da vida e política nacional, “curtindo o seu inferninho”.


Solta o som, vai!


 



 


Só os Coxinhas


Só os coxinhas, vai!

Agora abaixa um pouquinho

Agora dá um risinho

Agora solta o mindinho


Só os coxinhas, vai!

Bota o seu chapeuzinho

Sai balançando o rabinho

Agora manda um beicinho


Só os coxinhas, vai!

Vai, coxinha! Vai!

Vai, coxinha, vai!

Vai, vai!


Agora faz um passinho

Feito um pica-pauzinho

Curtindo o seu inferninho

Só os coxinhas, vai!


Agora faz um sonzinho

Com aquele seu apitinho

Tirando aquele sarrinho

Só os coxinhas, vai!


Desce agarradinho

Mexendo o umbiguinho

Você é tão safadinho

Só os coxinhas, vai!


Só pagando cofrinho

Bem no seu quadradinho

Agora só no biquinho

Só os coxinhas, vai!


Vai soltando o nozinho

Afrouxando o cintinho

Vai piscando o olhinho

Só os coxinhas, vai!


Isso! Só falta a bundinha

Agora então adivinha

Quem vai levar na maminha

Só os coxinhas, vai!


E não esquece de dizer pro seu gerente

Que você está dando o seu melhor

Só os coxinhas!

Só os coxinhas, vai!


 


http://marinalima.com.br/

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Published on February 26, 2018 06:39

February 22, 2018

Ética dos emoji


 


Emoji, idiogramas usados em mensagens, nasceu, claro, no Japão, terra dos ideogramas.


Parecia, no início, mais uma febre entre adolescentes.


Nada disso: tornou-se linguagem do cotidiano, profissional ou não, de quem lida com a comunicação rápida e sucinta da rede.


E dele uma nova ética nasceu.


Numa pesquisa informal pelo Twitter, descobri as preferências de códigos e emoji de alguns usuários.


Como rir virtualmente?


A disputa foi acirrada, mas “kkk” venceu por pouco “hahaha”.


O polegar para cima é o emoji preferido quando se concorda com uma amiga ou amigo, ou quando finaliza um combinado (apesar de eu achar o cadeado muito mais charmoso).


“Blz” todo mundo sabe o que significa.


E corações em mensagens têm diferentes interpretações.


E pessoas “estão”; desculpe o atentado contra a língua.


Aproveitei fiz umas perguntinhas ao estilo conselheiro amoroso, que estão em falta hoje em dia.


Veja o resultado final (sem qualquer base científica):


 


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Published on February 22, 2018 12:49

February 20, 2018

Comissão da Verdade não puniu ninguém, general


 


Ontem de manhã, dia 19/02, o general Eduardo Villas Bôas fez um alerta, depois que o presidente Michel Temer informou aos integrantes do Conselho da República a intervenção federal na área de segurança do Rio de Janeiro.


O Comandante do Exército Brasileiro disse ser necessário dar aos militares “garantia para agir sem o risco de surgir uma nova Comissão da Verdade” no futuro, informou a colunista Cristiane Lôbo no seu blog do G1.


Se não cometer nenhum abuso, infringir a lei, não torturar, desaparecer, ferir convenções e tratados internacionais, dos quais o Brasil é signatário, não há o que temer.


No mais, a Comissão da Verdade, concluída em 2014, 50 anos depois da instauração do regime militar, em 1964, investigou casos de tortura e mortes durante o período.


Mas não puniu ninguém.


Nem era seu papel punir.


Desde o começo, num acordão do Governo Dilma, ficou decidido: a função da comissão era apenas investigar, relatar, ouvir testemunhas e apresentar um relatório final.


Quem pode punir é a Justiça em ação do Ministério Público Federal.


Alguns promotores e juízes defendem que a Lei da Anistia não deveria acobertar casos de tortura, que, segundo compromissos internacionais assinados pelo Brasil, são crimes imprescritíveis.


O Supremo Tribunal Federal julgou, em 2010, que a Lei da Anistia não pode ser revista.


“Só o homem perdoa, só uma sociedade superior qualificada pela consciência dos mais elevados sentimentos de humanidade é capaz de perdoar. Porque só uma sociedade que, por ter grandeza, é maior do que os seus inimigos é capaz de sobreviver”, afirmou o presidente à época, ministro Cezar Peluso, último a votar, rejeitando pedido da Ordem dos Advogados do Brasil.


A Ordem pretendia que a STF anulasse o perdão dado aos representantes do Estado acusados de praticar atos de tortura durante o regime militar.


O caso foi julgado improcedente por 7 votos (Eros Grau, Cármen Lúcia, Ellen Gracie, Gilmar Mendes, Marco Aurélio, Celso de Mello e Cezar Peluso) a 2 (Ricardo Lewandowski e Ayres Britto).


O relatório final da CMV pode ser encontrado:


http://cnv.memoriasreveladas.gov.br/i...

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Published on February 20, 2018 07:27

February 18, 2018

Brasil é campeão em cidades violentas


 


No passado, dizia-se que, quando o governo brasileiro queria resolver um problema social, era criada uma comissão.


Agora, numa administração que sobrevive graças ao compadrio, crê-se que, para se resolver o problema da violência, basta criar um ministério.


E destravar as armas e meter os coturnos do Exército no asfalto.


Em ano eleitoral, será uma disputa acirrada entre aliados para disputar o trono, indicar parças, tendo em conta o xadrez das coligações.


Que desanimo…


Atolados. Giramos em falso.


E agora, José?


Discutir a derrotada guerra contra as drogas, a desigualdade social e a incapacidade do Estado em atender às necessidades básicas para se compor cidadania, poucos se dispõem.


Me lembra de uma pesquisa divulgada no ano passado.


No ranking das cidades mais violentas do mundo (homicídios por cem mil habitantes), o Brasil liderava com folga.


Foras escolhidas cidades com mais de 300 mil habitantes.


Das 50 listadas, tínhamos 19.


O México vinha em segundo com oito.


Venezuela, sete.


Das 50, 43 ficam na América Latina, e a violência está, lógico, relacionada com a marca do continente: instabilidade política, desigualdade social e drogas.


O ranking realizado pelo Conselho de Segurança Pública do México e revelado por Christopher Woody, da Business Insider, é de 2016.

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Published on February 18, 2018 05:41

Marcelo Rubens Paiva's Blog

Marcelo Rubens Paiva
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