Marcelo Rubens Paiva's Blog, page 17
September 26, 2018
Clássico é clássico
O futebol tem alguns jargões que geram metáforas que muitas vezes são utilizadas… fora dos gramados (eu ia escrever “na vida real”).
Jogo é jogo, treino é treino, é das mais conhecidas, para descrever situações que não seguiram o roteiro do planejamento.
Outra: clássico é clássico.
Claro que clássico é clássico. Então, porque reafirmar que um clássico é um clássico.
Porque num jogo entre dois grandes rivais, nem sempre o melhor vence, não há favorito, elementos externos (caldeirão, torcida única) pouco interferem: a partida é tomada pelo emocional de uma guerra, ou disputa, entre dois adversários históricos.
Como teorizou o filósofo René Girard, na rivalidade é que nos enxergamos; o desejo é mimético, é copiado a partir de um outro e não de forma autônoma.
No sábado, 29 de setembro, celebrando os dez anos de sua fundação, o Museu do Futebol, dos mais visitados do país, abre a mostra temporária com o tema Clássico é Clássico e Vice-versa.
A emoção da torcida, a imprevisibilidade, mobilizam cidades.
O espetacular vídeo de 1984 do então videomaker Tadeu Jungle, que mostra o clima do pré-jogo entre São Paulo e Corinthians na Rua Jorge João Saad, arredores do Morumbi, vira uma instalação inédita, Majestosa, a Rua do Clássico.
O visitante pode entrar no Pacaembu pelo túnel dos jogadores.
O canto das torcidas ajuda a recriar o clima de um clássico.
Lances históricos e recentes de jogos clássicos de todo Brasil serão exibidos num vídeo com roteiro do santista José Roberto Torero e direção do tricolor Jungle.
Serão exibidas peças históricas de colecionadores, clubes, torcidas e torcedores, além de itens de uso cotidiano e doméstico.
Para Eric Klug, diretor-executivo do IDBrasil, responsável pela gestão do museu, rivalidade é também um reconhecimento de grandeza do outro: “A exposição Clássico é Clássico tem a preocupação de nunca mostrar um time sem dar espaço a seu adversário. Assim como acontece na ficção, a riqueza das histórias dos times brasileiros também reside em seus antagonistas”,
Período: 29/09/2018 a 03/02/2019
Museu do Futebol: Praça Charles Miller, S/N São Paulo, SP
September 25, 2018
Movimento contra Bolsonaro atravessa fronteiras
#EleNuncaEleNão, movimento das mulheres contra o candidato Jair Bolsonaro, passa por uma expansão.
E ganha adesões fora do Brasil.
No mesmo dia em que mulheres brasileiras preparam manifestações em todo país, sábado dia 29/09, algumas cidades do mundo se organizam para protestar, como Nova York, Londres, Buenos Aires, Berlim, Paris, Lisboa, Barcelona e outras
September 24, 2018
Alerta contra o fascismo
Quer entender como é possível o fascismo voltar?
Originalmente, ele surgiu depois da Revolução Industrial, em que a luz elétrica, telefone, automóvel, navio a vapor deixaram milhões de trabalhadores manuais e fazendeiros sem emprego.
“Fissuras foram abertas na estrutura da sociedade que um século não será capaz de apagar”, escreveu Churchill. Muita gente não conseguia arrumar trabalho.
Hoje, a automação nas fábricas com robôs e no campo em que máquinas plantam, irrigam, colhem e empacotam, a Tecnologia da Informação que fecha comércio de rua, editoras, redimensiona o serviço de transporte, conteúdo, laser, até bancário, muitos deles auto regulamentados, enriquecem poucos, e colocam milhões nas ruas.
A Revolução Tecnológica, como a Industrial, é um campo fértil para o fascismo e criou uma fissura enorme entre pobres e ricos, cidade e campo.
Aqui e acolá, partidos de extrema-direita inspirados no fascismo têm feito a diferença em coligações democráticas (Itália, Alemanha e, agora, Suécia), e tomou o poder com Donald Trump, o turco Recip Erdogan e o húngaro Viktor Orbán.
Como o Nazista fez na Alemanha em 1936.
No livro Fascismo um Alerta, número 1 da lista de mais vendidos do New York Times, lançado no Brasil pela Planeta, Madeleine Albright nos alerta para a iminência do fascismo nos tempos de hoje
Acadêmica e primeira mulher a assumir o cargo de Secretária de Estado nos EUA, ela fala por experiência própria; sua família fugiu da Tchecoslováquia, quando tropas nazistas a invadiram em 1939.
Só uma década depois soube que seus avós, tios e primos foram mortos em campos de concentração.
Exilou-se nos Estados Unidos em 1948, quando tropas soviéticas invadiram a Tchecoslováquia. Montou grupos de estudo na escola sobre Tito, o socialismo, e Gandhi, virou professora PhD pela Universidade de Columbia, e foi embaixadora dos EUA na ONU.
“Talvez o fascismo deva ser visto menos como ideologia política e mais como forma de se tomar e controlar o poder”, escreveu.
E aponta como operam líderes fascistas: estabelecem uma ligação emocional com as massas, como a figura central de um culto, emerge sentimentos arraigados e repulsivos.
Desacreditam o Judiciário e a democracia.
A energia do fascismo é alimentada por homens e mulheres abalados por uma batalha perdida, como a de uma guerra ou a das drogas e violência urbana, empregos perdidos, a humilhação de que seu país vai de mal a pior.
“Quanto mais dolorosa for a origem da mágoa, mais fácil é para um líder fascista ganhar seguidores ao oferecer a expectativa de renovação ou prometer restitui-lhes o que perdera.”
Os mais eficientes orquestram encontros de massa com música solene, retórica incendiária, aplausos ruidosos e saudações com braços e mãos.
O opositor é ridicularizado.
Fascistas tentem a ser agressivos, militaristas. Para assegurar o futuro, transformam escolar em seminários, para os verdadeiros fiéis, ela diz.
“Uma outra característica é a reversão do contrato social. Em vez de cidadãos darem o poder ao Estado em troca de proteção de seus direitos, o poder emana do líder, e as pessoas não têm direitos. Sob o fascismo, a missão do cidadão é servir; o trabalho dos governantes, ditar regras.”
Albright não fala de um candidato que propõe militarizar a sociedade e as escolas, faz gesto de uma arma com as mãos, é chamado de mito pelos seguidores, duvida das urnas eletrônicas, da democracia, quer acabar com bolsas e não tem paciência com o contraditório.
A ex-Secretária de Estado cita Trump. “Se pensarmos no fascismo como uma ferida do passado que estava quase sarada, colocar Trump na Casa Branca foi como arrancar o curativo e cutucar a cicatriz”.
“O fascismo não é a ausência de humanidade, mas sim parte dela. Até pessoas que se envolveram com tais movimentos por ambição, cobiça ou ódio provavelmente não tinham noção dos reais motivos ou negavam-nos para si mesmas.”
“A meu ver, um fascista é alguém com profunda identificação com um determinado grupo ou nação em cujo nome se predispõe a falar, que não dá a mínima para os direitos de outros e está disposto a usar os meios que forem necessários – inclusive a violência – para atingir suas metas. A se julgar por esse prisma, um fascista provavelmente será um tirano, mas um tirano não necessariamente será um fascista.”
E atesta: a democracia está hoje sob ataque e recuando.
September 21, 2018
Judeus contra Bolsonaro

Foto da página da comunidade Judeus Contra Bolsonaro
Depois do Face abrigar comunidades como Mulheres Contra Bolsonaro e Homens Contra Bolsonaro, chegou a vez da página Judeus Contra Bolsonaro.
“Nós temos um passado em comum de luta contra todas as formas de discriminação. Não aceitamos que um fascista possa ser presidente do Brasil. Nos unimos as demais minorias na luta contra este fascista”, é a descrição do grupo.
https://www.facebook.com/groups/380286162509816/
Ele faz um contraponto à parte da comunidade que recebeu Bolsonaro em 3 abril de 2017 no Clube Hebraica, do Rio de Janeiro, com aplausos e apupos, apesar de afirmações preconceituosas contra negros, indígenas, mulheres, gays, refugiados e integrantes de ONGs.
O candidato defendeu na ocasião que todo brasileiro tenha uma arma de fogo em casa e ouviu gritos de “mito” por parte da plateia..
O grupo é fechado.
Está associado a outros grupos, como Comunidade Judaica Humanista do Brasil, Brasileiros em Israel.
A aprovação de novos membros requer aprovação prévia dos moderadores e a resposta de três perguntas: se é judeu, se é a favor de Bolsonaro e por que quer ser membro do grupo.
Tenta assim evitar a ação de hackers.
September 20, 2018
Organizações repudiam contestação das eleições
Contestar as Eleições é Boicotar a Democracia é o manifesto assinado por mais de 40 organizações em repúdio a declarações dos candidatos Jair Bolsonaro e seu vice, General Hamilton Mourão (PSL).
Ambos colocaram em suspeição a legitimidade do processo eleitoral.
Bolsonaro ainda levantou suspeita de fraude nas urnas eletrônicas, equipamento usado desde 1996
O manifesto chega depois do atual presidente do STF, Dias Toffoli, afirmar na segunda-feira, dia 17, que as urnas eletrônicas usadas nas eleições são confiáveis, e que não faz sentido questionar a segurança dos equipamentos.
“Não tem absolutamente sentido isso, as urnas eletrônicas brasileiras são totalmente confiáveis”, disse Toffoli, que lembrou que tanto Bolsoraro, como seus filhos, são eleitos há décadas pelas mesmas urnas.
Contestá-las seria contestar seus mandatos e a representatividade deles.
Entidades como Transparência Brasil, Idec, Bancada Ativista, Instituto Vladimir Herzog, Instituto Ethos, Instituto Sou da Paz relembram colocações polêmicas do general Mourão: insinuações de golpe “com apoio das forças armadas” e sugestão da troca da Constituição de 1988 por uma carta elaborada por representantes.
“Diante disso, as organizações reafirmam o seu compromisso com as regras democráticas, com a não-violência, discriminação ou intolerância de qualquer natureza e com os valores e fundamentos expressos na Constituição Federal.”
MANIFESTO – Contestar as Eleições é Boicotar a Democracia
Em seu primeiro discurso após a terrível violência da qual foi vítima, o candidato Jair Bolsonaro questionou antecipadamente a lisura do processo eleitoral. Segundo ele, “a possibilidade de fraude no segundo turno, talvez no primeiro, é concreta”. Ao sugerir que só reconhecerá a validade do pleito caso seja vitorioso, o candidato manifesta seu desapreço às regras mais elementares da democracia.
Seu candidato a vice General Hamilton Mourão insinuou recentemente que não descarta um autogolpe “com apoio das forças armadas” e sugeriu a substituição da Constituição de 1988 por uma carta que não seria elaborada por representantes eleitos pelos cidadãos.
Há poucos atos mais simbólicos do sentido da democracia do que o reconhecimento da derrota nas urnas e a legitimação do adversário eleito.
Não à toa, a imprensa costuma noticiar o telefonema de congratulação feito à candidatura vitoriosa pela preterida, no geral poucos minutos após a divulgação pela Justiça Eleitoral do resultado das urnas.
Não é de hoje que vivemos uma crise institucional. É dever de todas e todos — lideranças políticas, imprensa, instituições de Justiça, cidadãs e cidadãos — zelar pelas instituições e pela Constituição Federal. A cadeira de presidente da República caberá àquela ou àquele que o povo escolher. Aos demais, cabe reconhecer a vitória e seguir na luta política, democraticamente.
Nesse contexto, repudiamos as declarações dos candidatos Jair Bolsonaro e do General Hamilton Mourão e reafirmamos nosso compromisso com as regras democráticas, com a não-violência, discriminação ou intolerância de qualquer natureza, com os valores e fundamentos expressos na Constituição Federal, conquistados pela ação conjunta de milhares de homens e mulheres que vieram antes de nós.
Reiteramos, por fim, o compromisso de todos, conforme exposto no Pacto pela Democracia, em defender as instituições e práticas democráticas e produzir eleições limpas, diversas e com ampla participação em outubro, capazes de efetivamente representar a cidadania e fortalecer as bases de confiança e legitimidade no ambiente político.
Assinam esta nota, as seguintes organizações:
Bancada Ativista
Brasil 2030
Bússola Eleitoral
Casa Fluminense
Centro de Liderança Pública
CIVI-CO
Conectas Direitos Humanos
Escola de Governo
Fórum Brasileiro de Segurança Pública
Frente Favela Brasil
Fundação Avina
Fundação Cidadania Inteligente
Geledés – Instituto da Mulher Negra
ICS – Instituto Clima e Sociedade
INESC
Instituto Alana
Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor – Idec
Instituto Brasileiro da Diversidade – IBD
Instituto Construção
Instituto de Estudos da Religião – ISER
Instituto Ethos
Instituto Não Aceito Corrupção
Instituto Sou da Paz
Instituto Soma Brasil
Instituto Tecnologia e Equidade
Instituto Update
Instituto Vladimir Herzog
Jogo da Política
LabHacker
Mandato Cidadanista
Maria Farinha Filmes
Movimento Acredito
Movimento Agora!
Núcleo de Estudos de Direito Contemporâneo
Open Knowledge Brasil
Plataforma dos movimentos sociais pela reforma do sistema político
Quero Prévias
Rede Filantropia para a Justiça Social
Rede Justiça Criminal
Rede Nossa São Paulo
Tapera Taperá
Transparência Brasil
Transparência Partidária
Um Novo Congresso é Possível
Vote Nelas
September 17, 2018
A vez do ‘Homens Unidos Contra Bolsonaro’
Grupos de apoio e contrários a Bolsonaro mobilizam eleitores, ativistas, simpatizantes e tomam as redes sociais.
Depois do furor causado pelo grupo Mulheres Unidas Contra Bolsonaro, do Facebook, haqueado sábado, quando chegou a 2 milhões de seguidoras, retomado domingo à tarde, haqueado novamente domingo à noite, retomado hoje, chegou a vez dos homens.
Homens Unidos Contra Bolsonaro é a comunidade do Facebook que pretende a união contra misoginia e o “fortalecimento do machismo” promovido por seguidores do candidato do PSL à Presidência.
Para se prevenir de hackers e se diferenciar de grupos invadidos por descuido de organizadores, que distribuem logins e senhas para aliadas(os), que vazam, o grupo Homens Unidos Contra Bolsonaro requer aprovação para ser incluído.
Contém apenas cinco administradores e 13 membros moderadores.
Se de manhã tinha 110 mil, agora às 12h30 já conta com 243 mil.
Thiago Z postou: “Sou gay e hoje tenho problemas psicológicos causados pela homofobia no passado. Homofóbicos não passarão. #Elenao!”
Fernando Baptista postou: “Sou gay e já fui espancado por 7 homens dentro de um shopping. DIGA NÃO A HOMOFOBIA #ELENAO”.
Já Leonardo Silva postou: “Sou policial militar e digo não a Bolsonaro.”
“Grupo destinado a união dos homens de todo o Brasil (e os que moram fora do Brasil) contra o avanço e fortalecimento do machismo, misoginia e outros tipos de preconceitos representados pelo candidato Jair Bolsonaro e seus eleitores. Acreditamos que este cenário que em princípio nos atormenta pelas ameaças as nossas conquistas e direitos é uma grande oportunidade para nos reconhecermos como homens de bem, de amor, de respeito ao próximo e suas diferenças. Esta é uma grande oportunidade de união e reconhecimento da nossa força! Podemos juntos direcionar o futuro deste país!”
September 16, 2018
Extensão do antipetismo decide eleição
O cenário do Brasil em 2019 é o da transição, para sairmos da desordem econômica institucional.
Assim como precisou-se de Tancredo, o nome de consenso, para enfrentar a candidatura dos militares na corrida presidencial de 1984, apesar de Ulisses Guimarães, Brizola, Montoro e Lula, de quem o Brasil precisa hoje?
O nome de consenso não existe.
O cenário ideal e racional defendido por setores preocupados com a governabilidade seria a presença no segundo turno de Ciro Gomes (PDT) ou Alckmin (PSDB): uniriam o centro, encerrariam a polarização e venceriam Bolsonaro (PSL).
Até petistas e gente da esquerda declararam que, no cenário da ida de um dos dois contra Bolsonaro, optariam pela escolha do concorrente do PSL.
Mas e o inverso?
O cenário ideal é o de uma transição pacífica, uma eleição sem traumas, para cicatrizar feridas abertas no impeachment de Dilma, acalmar a tropa, ajeitar as contas públicas, fazer reformas e consertar a economia do país destroçada.
Pelo Datafolha, Haddad x Bolsonaro no segundo turno é o cenário mais provável; o primeiro, em ascendência, roubando votos de outros, desidratando concorrentes, e o segundo, consolidado.
Petismo x Antipetismo será o tom da campanha do segundo turno.
O antipetista votaria na considerada tríade do retrocesso, xenofobia-homofobia-misoginia?
O resultado não é animador para quem teme o incerto.
O mercado e até antipetistas conhecem o PT. Que, se no Governo Dilma, descarrilhou, no de Lula estabeleceu um pacto político-social que garantiu uma razoável governabilidade, com mensalão e alianças impensáveis, garantiu os contratos, combateu a desigualdade e deu em crescimento econômico, apesar da escandalosa e avassaladora corrupção.
Mas o antipetista, no segundo turno de 2018, votará no desconhecido, na radicalização, no que já propôs o fuzilamento de FHC? Qual a extensão do ódio ao PT?
Apertará o 1 na privacidade da cabine eleitoral.
Mas é o próximo número?
Será o 3?
Um tucano, um brizolista, um conservador de centro, um malufista, um defensor do mercado livre, Estado enxuto, livre inciativa, uma mulher ou um gay terá a manha de apertar o 7?
Segundo Ibope, 53% dos antipetistas votarão em Bolsonaro.
3 e 7, números primos, pertencem a dois mundos distantes de um universo complexo e contraditório.
Dois míseros números que decidirão o futuro do país.
Por vezes, para o bem de todos, é preciso deixar a ideologia de lado e olhar o panorama de cima. Aparentemente, o brasileiro não demonstra votar com a razão em 2018, mas com a emoção.
September 14, 2018
Jesus era um alcoólatra?
Cadeirante americano faz sucesso em stand-up comedy. Ou seria sit-up comedy?
E vai fundo nas provocações a mitos e tabus. Como no quadro ‘Jesus Was an Alcoholic’ (Jesus Era um Alcoólatra).
Lucas Waterfill ganhou vários concursos de stand-up, como o Morty’s Comedy Joint de Indianápolis, o mais importante do Midwest (região central dos Estados Unidos), produzido pela Comcast, uma das maiores companhias de TV paga do país.
Com paralisia cerebral, já é uma sensação no meio e lota os bares em que se apresenta e capa da revista New Mobility.
Avisa que não é engraçado no dia a dia, apenas no palco. Em que faz piadas sobre outro cadeirante notório, Franklin Roosevelt, ex-presidente americano.
Aproveitando-se do lugar de fala, divide os deficientes, que chama pelo termo pejorativo “aleijado”, em categorias, urrando com uma certa raiva dos “aleijados ativos, aqueles filhos da puta presunçosos fazem parecer fácil ser aleijado”.
Se é quieto, educado e fala baixo no contato pessoal, não tem medo de atiçar temas desconfortáveis para arrancar risos da plateia.
“Eu me sentia diferente, sempre me senti, por causa da minha condição física…. Então, comecei a beber, até virar um alcoólatra… E agora sou alcoólatra, vivo com eles, e me tratam como um bêbado carente, solitário. Já imaginou se Jesus Cristo fosse alcoólatra? Iria ao Alcoólatra Anônimo… ‘Olá, meu nome a Jesus, de Nazaré e, sim eu sou alcoólatra. Vou em festas e transformo água em vinho’.”
O garoto de 27 anos já deu shows para uma plateia de mil pessoas, como no Brew Ha-Ha Comedy Festival, e não se intimidou.
Formado em ciência política pela University Indianapolis, foi estagiário do senador Joe Donnelly (D-IN) e utiliza a política e o ativismo como tema de suas piadas.
Tem sempre uma tensão extra assim que ele entra no palco. Ele gosta dela. Tira vantagens dela. A cadeira de rodas chama a atenção.
A entrada, a dificuldade motora… Tudo enfim acaba fazendo parte do show de sete minutos, segundo a New Mobility. Explora as situações que quase todos cadeirantes enfrentam.
“Uma mulher se aproximou e me disse, ‘posso rezar para você?’. Claro que pode, LONGE DE MIM!… Privadamente, pode fazer o que quiser. Mas, não, ela colocou a mão no meu ombro e começou a rezar ali, no meio da rua.”
September 12, 2018
Beber enquanto que o navio afunda
Há 20 anos, eu participava de reuniões semanais no apartamento art déco da atriz Bete Coelho, em frente à Praça Buenos Aires, Higienópolis.
Fui levado por Nando Alves Pinto e pela surpreendente Luciana Vendramini, para ajuda-los na adaptação teatral de O Banquete, de Platão, um dos diálogos do filósofo grego, cujo tema é o amor. No comando, a inquieta Daniela Thomas.
O convescote na casa do poeta trágico de Atenas, Agatão, regado a bebida, comida e muita conversa entre amantes, filósofos, poetas e até um comediante, em que participaram Sócrates, Aristodemo, Fedro, Pausânias, Erixamaque, Aristófanes, Alcibíades, seria transportado para os anos 1990.
Nosso jantar teria jornalistas, críticos, cômicos. Nosso amigo Otavio Frias Filho era um personagem.
Fiz mais de três versões. Nunca alcançava o resultado final desejado por Daniela. O projeto miou.
A impressão que eu tinha era de que Daniela ainda não sabia exatamente o que queria.
Pois, acredite, O Banquete de Daniela virou filme, “uma celebração do amor”, e estreia em cinemas amanhã, 13/09, quinta-feira. Depois de duas décadas daqueles encontros.
É o sexto filme, o segundo solo, daquela que veio da cenografia teatral e se firma como uma grande diretora. Que sai logo depois de Vazante, filme deslumbrante sobre um casamento arranjado no tempo do Império e da escravidão.
Sem Bete, mas com um elenco deslumbrante: Drica Moraes, Mariana Lima, Gustavo Machado, Bruna Linzmeyer, Caco Ciocler.
Jantar que rola na casa de Nora (Drica), que convida: “Vamos beber enquanto o navio afunda”.
Conta a autora, filha de Ziraldo, que na infância do Rio de Janeiro dos anos 1960 e 70, teve a casa, um apartamento pequeno de Copacabana, também um estúdio de desenho, o aparelho de oposição política, redação de jornal e sala de jantar, em que os filhos circulavam com a turma do Pasquim, escritores, jornalistas, desenhistas, atores, músicos, diretores.
“Escrever O Banquete, portanto, não foi tanto criar diálogos, mas lembrar das conversas, do jeito engraçado e despretensioso, de gente que, fora das quatro paredes, fazia a diferença na cultura, na política do país, mas que ali, protegida pela amizade, pelo álcool e privacidade, não se importava em ser desbocada.”
O feminismo, os movimentos identitários e de gênero estão nos debates do jantar agora transposto para 1990.
No filme, de planos sequências enormes, como numa peça de teatro (ou Jantar Para André, de Lois Malle), o poderoso editor de uma revista seu aniversário de casamento e pode ser preso naquela noite, já que escreveu uma carta aberta com graves denúncias contra o presidente do país.
Poderia ser baseado em Paulo Francis, Cony, Ênio da Silveira, Herzog, a redação do Pasquim, que eram presos por conta de suas tiras e tiradas durante a ditadura militar.
“O jantar se passa em tempo real, e filmá-lo foi uma experiência extraordinária. Planos-sequência de quase uma hora, sem intervalos, sem correções. A câmera em contínuo movimento de Inti Briones poderia focar qualquer um dos atores, a qualquer momento. No fundo da sala, um espelho de fora a fora não permitia a qualquer um deles a mínima desconcentração. Foi intensidade máxima.”
Claro que com música de Antonio Pinto, nosso ‘Oscar Nominated‘.
September 11, 2018
Galvão Bueno para as crianças
Galvão Bueno no Gloobinho?
Muitos sentiram sua falta na narração dos jogos da Seleção. Muitos estranharam sua narração incomum no MMA.
Já não é exclusivo na Fórmula-1 e falou-se em se aposentar depois da Copa da Rússia.
Mas Galvão não deixará a televisão, assim, sem antes deixar sua marca para o público infantil.
Narra um episódio de Senninha na Pista Maluca que vai ao ar hoje, terça-feira (11), no Gloobinho, às 17h.
Claro, faz o que mais sabe fazer e em que se notabilizou: narra uma corrida do personagem inspirado em Ayrton Senna.
O plot lembra o que aconteceu no GP do Japão de 1991, quando Senna, tricampeão mundial, diminuiu a velocidade para seu comopanheiro de equipe, o piloto gente boa e fiel escudeiro, Berger, vencer a corrida que sacramentou o tricampeonato mundial de Senna.
Naquele diz, Galvão lançou um de seus bordões: “Eu já sabia!” Gritava, onipresente em tudo que envolvia o ídolo brasileiro.
Senninha na Pista Maluca estreou dia 27 de agosto no Gloobinho, o novo canal da empresa voltado para o nicho infantil, com o Gloob.
Escute aqui: https://wetransfer.com/downloads/32bc...
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