Extensão do antipetismo decide eleição


O cenário do Brasil em 2019 é o da transição, para sairmos da desordem econômica institucional.


Assim como precisou-se de Tancredo, o nome de consenso, para enfrentar a candidatura dos militares na corrida presidencial de 1984, apesar de Ulisses Guimarães, Brizola, Montoro e Lula, de quem o Brasil precisa hoje?


O nome de consenso não existe.


O cenário ideal e racional defendido por setores preocupados com a governabilidade seria a presença no segundo turno de Ciro Gomes (PDT) ou Alckmin (PSDB): uniriam o centro, encerrariam a polarização e venceriam Bolsonaro (PSL).


Até petistas e gente da esquerda declararam que, no cenário da ida de um dos dois contra Bolsonaro, optariam pela escolha do concorrente do PSL.


Mas e o inverso?


O cenário ideal é o de uma transição pacífica, uma eleição sem traumas, para cicatrizar feridas abertas no impeachment de Dilma, acalmar a tropa, ajeitar as contas públicas, fazer reformas e consertar a economia do país destroçada.


Pelo Datafolha, Haddad x Bolsonaro no segundo turno é o cenário mais provável; o primeiro, em ascendência, roubando votos de outros, desidratando concorrentes, e o segundo, consolidado.


Petismo x Antipetismo será o tom da campanha do segundo turno.


O antipetista votaria na considerada tríade do retrocesso, xenofobia-homofobia-misoginia?


O resultado não é animador para quem teme o incerto.


O mercado e até antipetistas conhecem o PT. Que, se no Governo Dilma, descarrilhou, no de Lula estabeleceu um pacto político-social que garantiu uma razoável governabilidade, com mensalão e alianças impensáveis, garantiu os contratos, combateu a desigualdade e deu em crescimento econômico, apesar da escandalosa e avassaladora corrupção.


Mas o antipetista, no segundo turno de 2018, votará no desconhecido, na radicalização, no que já propôs o fuzilamento de FHC? Qual a extensão do ódio ao PT?


Apertará o 1 na privacidade da cabine eleitoral.


Mas é o próximo número?


Será o 3?


Um tucano, um brizolista, um conservador de centro, um malufista, um defensor do mercado livre, Estado enxuto, livre inciativa, uma mulher ou um gay terá a manha de apertar o 7?


Segundo Ibope, 53% dos antipetistas votarão em Bolsonaro.


3 e 7, números primos, pertencem a dois mundos distantes de um universo complexo e contraditório.


Dois míseros números que decidirão o futuro do país.


Por vezes, para o bem de todos, é preciso deixar a ideologia de lado e olhar o panorama de cima.  Aparentemente, o brasileiro não demonstra votar com a razão em 2018, mas com a emoção.

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Published on September 16, 2018 07:24
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Marcelo Rubens Paiva
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