Marcelo Rubens Paiva's Blog, page 16
October 28, 2018
Aprenda, PT
Aprenda, PT. O antipetismo o derrotou. Faça autocrítica e peça desculpas.
Os votos a Haddad foram pela tolerância, pluralidade, democracia e contra o discurso de ódio.
Foi em defesa das mulheres, gays, índios, negros, das minorias e movimentos sociais, que querem governar juntos.
Os votos que você recebeu e aumentaram na última semana não foi para a arrogância e falta de visão política de Gleise Hoffmann, nem em defesa da corrupção, ou de Dilma e sua gastança irresponsável, enquanto o mundo atravessava uma crise profunda, nem contra a Lava Jato.
Não foi a favor das obras inacabadas da Copa do Mundo, dos estádios nababescos e inúteis, da tese do BNDES das campeãs nacionais, nem das alianças espúrias com o pior da política nacional.
Foi pela identidade de gênero e uma nova política.
Escute, Bolsonaro: as urnas exigem respeito às instituições, democracia e liberdade de expressão.
Escute, PT: você subiu, quando Haddad deixou de ser Lula e virou Haddad.
Concorreu sozinho. Partiu com o apoio crítico de Marina Silva e a ausência nítida de Ciro Gomes e FHC, de PDT e PSDB, aliados históricos das Diretas Já, que se uniram a você contra Collor, mas que foram ignorados por você no Poder.
Aprenda a fazer alianças com seus pares, não como seus inimigos.
Nunca mais expulse autênticos, como Airton Soares, Beth Mendes, ouça quem importa, Erundina, Marina Silva, nunca mais deixe de votar num plano econômico bom, como o Real, nunca mais deixe um Fernando Gabeira esperando horas na antessala de um Zé Dirceu.
Nunca mais apoie um regime que claramente se transformou numa ditadura, como a Venezuela.
Defenda e promova também a democracia dos seus vizinhos.
Saiba, Bolsonaro, a escutar o contraditório, respeitar o outro.
Consiga renascer das cinzas, PT, com sua grande bancada, de 56 deputados, seis senadores e governadores.
Aprenda com os erros.
October 24, 2018
As mentiras e o ódio de Bolsonaro pelo meu pai
Como deputado, Jair Bolsonaro costuma proferir desde os anos 1990 na Câmara dos Deputados discursos mentirosos sobre meu pai, Rubens Paiva, um deputado federal como ele.
Todos taquigrafados em http://www.camara.leg.br
Nunca demos bola. O ex-capitão era uma figura secundária na política brasileira e se sobressaía exatamente pelas falas polêmicas e sem sentido, ofensas a gays, negros, nordestinos e mulheres, no Congresso e em programas de rádio e TV. Falas que continua a pronunciar.
Como candidato à presidente, repete sua teoria sobre uma suposta participação indireta do meu pai na Guerrilha do Vale do Ribeira.
Seus seguidores passaram a reproduzir trechos da sua teoria nas minhas redes sociais. Foi então que eu soube dela.
Meu pai teria dado armas a Lamarca, diz. Todos sabem que, em 24 de janeiro de 1969, acompanhado do sargento Darcy, do cabo José Mariani e do soldado Roberto Zanirato, o capitão Lamarca desertou do Exército levando do 4º Regimento de Quitaúna uma Kombi com 63 fuzis FAL, três metralhadoras leves e alguma munição.
Armamento que usou no Vale do Ribeira, em guerrilha financiada por milhões de dólares roubados do cofre do ex-governador Adhemar de Barros.
Bolsonaro disse no plenário da Câmara de 20 de março de 2012:
“Então, o Lamarca, aproximadamente em 3 meses, estava a montante do Rio Ribeira de Iguape, Município de Eldorado Paulista, lindeiro com a Fazenda Caraitá. Que Fazenda Caraitá é essa? Pertencia à família Paiva. Um dos donos: Rubens Paiva. E o Rubens Paiva, então, foi quem indicou aquela região para o Lamarca, assim como no passado indicaram a região do Araguaia. Então, o Lamarca usava aquela região, indicada por Rubens Paiva, e bancado, financeiramente, por Rubens Paiva.”
Quem foi fazer guerrilha no Araguaia foi o PCdoB, anos depois. Lamarca já estava morto, assim como meu pai.
A fazenda de Eldorado não era do pai, mas do meu avô, Jaime Paiva, morador de Santos, com quem meu pai tinha desavenças justamente por conta das convicções conservadoras do velho, a quem chamava de “Coroné” (meu avô chegou a ser eleito prefeito de Eldorado pela ARENA, o partido braço civil dos militares durante a ditadura).
Meu pai passou a infância dos anos 1930 e 1940 na fazenda, e depois raramente ia. Morávamos no Rio de Janeiro.
“Rubens Paiva deu o local, deu os meios para que Lamarca criasse um foco de guerrilha na região de Barra do Braço, pertencente a Eldorado Paulista.”
O campo de treinamento da guerrilha na verdade ocorreu a mais de 100 quilômetros de Eldorado Paulista, nas matas na fronteira com o Paraná, e na fuga eles saíram em Barra do Turvo, a 50 quilômetros de mata da fazenda, região montanhosa sem estradas.
Continuam os delírios de Bolsonaro: “Acusam-nos de ter matado Rubens Paiva. O grupo do Lamarca suspeitou e chegou à conclusão de que ele foi denunciado pelo Rubens Paiva quando foi preso. Ninguém resiste a tortura… Então, o grupo do Lamarca suspeitou que Rubens Paiva o havia denunciado. E esperaram o momento certo. Quando o Rubens Paiva foi detido pelo Exército, posto em liberdade, com toda a certeza, foi capturado e justiçado pelo bando do Lamarca e pelo bando da Esquerda, da VPR. E aí a culpa recai sobre as Forças Armadas.
Em 2014, o general reformado Raymundo Ronaldo Campos revelou que o Exército montou uma farsa ao sustentar, na época, que Paiva teria sido resgatado por seus companheiros “terroristas” ao ser transportado por agentes do DOI no Alto da Boa Vista.
Raymundo, que era capitão, conduzia o veículo supostamente atacado e estava na companhia dos sargentos e irmãos Jacy e Jurandir Ochsendorf.
Segundo O Globo: “O general, que passou os últimos 43 anos sustentando a farsa, mudou a versão sobre o episódio em depoimentos ao Ministério Público Federal e à Comissão Nacional da Verdade. Ele admitiu que recebera ordens do então subcomandante do DOI, major Francisco Demiurgo Santos Cardoso (já falecido), para levar um Fusca até o Alto da Boa Vista e simular o ataque. Raymundo e os dois sargentos metralharam e incendiaram o carro, jogando um fósforo aceso no tanque de combustível.”
A família Rubens Paiva, além de conviver com a dor morte sob tortura absurda por tantas décadas, ainda tem que aturar o ódio delirante de Bolsonaro, que cuspiu no seu busto nos corredores do Congresso, na inauguração.
Como conta meu sobrinho Chico Paiva Avelino, em texto comovente publicado ontem no Facebook:
A cusparada premonitória de Jair Bolsonaro -por Chico Paiva Avelino
Em 2014, a Câmara dos Deputados fez uma tocante homenagem ao meu avô, Rubens Paiva: inauguraram um busto com a sua imagem em função de sua incessante luta pela democracia – causa pela qual ele literalmente deu a vida. Minha família foi em peso. Emocionadas, minha mãe e minha tia fizeram discursos lindos e orgulhosos sobre a memória do pai. No meio de um deles, fomos interrompidos por um pequeno grupo que veio se manifestar. Era Jair Bolsonaro, junto com alguns amigos (talvez fossem os filhos, na época eu não sabia quem eram), que se deu ao trabalho do sair de seu gabinete e vir em nossa direção, gritando que “Rubens Paiva teve o que mereceu, comunista desgraçado, vagabundo!”. Ao passar por nós, deu uma cusparada no busto. Uma cusparada. Em uma homenagem a um colega deputado brutalmente assassinado.
Gostaria muito de poder conversar com o meu avô nesse momento político pelo qual passamos. Teria muito a acrescentar: foi eleito Deputado Federal por São Paulo em 1962, e cassado pelo AI-1 em 10 de abril de 1964. Como democrata exemplar que era, sempre lutou contra o autoritarismo e nunca encostou numa arma. Infelizmente essa oportunidade me foi arrancada quando, em janeiro de 1971, ele foi levado de casa junto com minha avó e minha tia, que na época tinha 15 anos, para os porões do DOI-Codi do Rio de Janeiro, na Tijuca. Lá, foi torturado até morrer pelo aparelho de repressão montado pelo regime militar, cuja filial paulista era comandada por ninguém mais nem menos do que o Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra.
Na época, não havia ficado claro o motivo dos militares levarem também a minha avó e minha tia. Hoje, conhecendo os métodos praticados por Ustra, sabemos que era para trazê-las à sala de tortura e pressionar o meu avô. Elas, em celas ao lado, separadas, ouviram seus gritos antes que ele fosse morto.
O atestado de óbito só foi entregue à família 25 anos após o assassinato, em 1995. O corpo jamais foi entregue. Na Comissão Nacional da Verdade, outros militares envolvidos no crime disseram que o corpo foi enterrado e desenterrado duas vezes. Sobre o assunto, Bolsonaro debochou: pendurou na entrada do seu gabinete em Brasília uma placa que dizia “quem procura osso é cachorro”.
Hoje em dia, Ustra é mais famoso não pelas atrocidades que cometeu, como torturar mães na frente de suas crianças, colocar ratos e baratas vivas dentro da vagina das mulheres, estupros, pau de arara, choques, entre outras; mas por ser o grande ídolo, chamado de herói, pelo nosso provável novo presidente, Jair Bolsonaro – que diz que seu livro de cabeceira é a história do coronel.
Em seu voto a favor do impeachment, Bolsonaro prestou homenagem ao torturador da ex-presidente. No púlpito do Congresso Nacional, com o país inteiro assistindo, ele decidiu lembrar de um ser asqueroso que era o contrário de tudo que a democracia representa, e que havia covardemente torturado a mulher que ele ali teve o sadismo de torturar psicologicamente mais uma vez.
Desde que me dou por gente, essa cicatriz já havia sido fechada na família. Não era um assunto tabu. E sempre fui ensinado que essa não era uma luta pessoal, que não devíamos denunciar e brigar contra essas práticas como vingança familiar, mas para evitar que isso ocorresse com outros. Não era uma briga nossa, mas de todo o país. Minha mãe foi a muitos eventos e deu muitas entrevistas naquele ano por ocasião dos 50 anos do golpe de 1964. Em todas elas fazia questão de lembrar do caso Amarildo, pedreiro desaparecido e assassinado pela PM do Rio de Janeiro em 2013 – como aquela prática seguia mesmo na nossa frágil democracia, e como a dor da família de Amarildo era a mesma pela qual a nossa havia passado.
Estamos às vésperas de uma eleição na qual Bolsonaro não só reafirmou sua admiração por Brilhante Ustra, mas a todo aparato do regime militar. Meu avô lutou contra discursos como esse e por isso foi covardemente preso, torturado e assassinado. Deu a vida pela democracia. Hoje, fica evidente que aquela cusparada não era algo meramente simbólico, mas um prenúncio daquilo que ele pretende fazer como Presidente, e que vem incansavelmente repetindo durante a campanha: prender e exilar seus adversários políticos, eliminar militâncias e desaparecer com as minorias.
Ainda dá tempo de evitar isso, e o poder está em nossas mãos, com nosso voto. Eu nunca imaginei que, em 2018, essas informações não bastassem para que as pessoas pudessem ter repulsa a um político que defende isso. Espero que ajude alguém a refletir, a tornar mais palpável quem é Jair Bolsonaro. Em 1964, foi Rubens Paiva e milhares de outros. Em 2018, pode ser eu, você, as pessoas que amamos.
October 18, 2018
Homero agora em rap
Quando se pensa em narrativa, quando tudo começou?
No princípio, era o verbo. Os gregos fizeram a Ilíada e Odisseia.
Os poemas de Homero nos inspiram há mais de 3 mil anos.
A base do pensamento da civilização ocidental veio deles, da mitologia, da relação intempestiva entre deuses, semideuses e mortais.
Ilíada e Odisseia são os dois maiores poemas épicos.
Por que não uma releitura atual das obras?
Helena, “com sua beleza e destreza das mãos”, entra na parada.
André Malta desenvolve Ilíada & Odisseia – Ritmo e Poesia para o Selo Sesc. Mc Max B.O. adapta os textos homéricos cantados em rap. DJ Babão faz as bases sob os versos rimados e cadenciados.
“No início da Ilíada, que aqui mostramos, os gregos já estavam em Troia, há muitos anos, saquearam muitos campos…”
A pesquisadora Cacilda Teixeira Costa conta que seus temas “podem ser reconhecidos no nosso cotidiano e continuam sendo lidos e estudados nas academias.”
O material fica disponível no site do Sesc.
October 15, 2018
Barbie na polarização
A boneca Barbie entra no debate político.
Imagens da sexagenária boneca são recriadas com frases (preconceituosas e racistas) e em situações que se tornaram comuns (e piadas) no dia a dia dos brasileiros.
A conta Barbie Fascista no Insta chegou a sair do ar, depois de denunciada, mas voltou como Barbie Fascionista (em alusão à popular hashtag Barbie Fashionista) e já tem mais de 73 mil seguidores.
Frases como “O PT destruiu a minha vida”, “Não quero que o Brasil vire uma Venezuela”, “Não sou racista, tenho amigos gays” e “Homofóbica, eu?? Inclusive tenho vários amigos gays” entraram para o repositório da boneca loira sorridente.
Uma versão Barbie Bolsominion simula uma apoiadora do candidato do PSL, avisa que não é obrigada a ser feminista e acompanha paninhos de louça, como uma digna moça do lar.
Outra carrega uma fuzil de repetição.
Já era difundida a @BarbieMaconheitro, @BarbieRockandRoll.
Ela, agora, se atualiza.
No Twitter, a conta é @BarbieDeBem e já tem mais de 15 mil seguidores.
October 11, 2018
Prazer, Pink Floyd
Vocês conhecem Pink Floyd? Quem reclamou do discurso político de Roger Waters e das posições antifascistas, fazia o quê no seu show?
Os carecas, pais, barrigudos grisalhos, como eu, que acompanham a banda desde Syd Barrett, não acreditavam na reação irada de parte do público nos shows de São Paulo.
Ao incluírem Bolsonaro na lista de inimigos da democracia, vais. Gritos “Ele Não!” abafados por gritos “Fora PT!” e xingamentos contra Lula.
A banda nasceu nos anos 1960 para contestar: a indústria fonográfica, o capitalismo, o sistema.
Seus shows duravam horas, suas músicas, longas, não eram tocáveis em rádios; tudo o que não podia. Estavam se lixando para as indústrias.
Tocava em clubes, como UFO-CLUB, inspirados no jazz, em jam sessions intermináveis. Nada de concessões.
Toda a cena musical ia assisti-los, de Beatles, Jimi Hendrix, The Who e Rolling Stones. E se influenciou.
Caetano Veloso, no exílio, os ouviu ao vivo em Londres. Nasceu daí Transa e Araçá Azul, seu disco mais experimental.
O LSD era a fonte de inspiração, quando ainda não era ilegal e passou a ser tomado em parques, clubes, análises e terapias.
Ontem, um amigo ao meu lado acendeu um baseado no show do Allianz Parque. Baseados rolam em 100% dos shows de rock em de vou desde 1975.
Um casal ao lado ameaçou chamar a polícia. O sujeito gritava com meu amigo. A mulher gritava indignada: “É maconha!”. Foi dos que gritaram “Mito”, nas críticas a Bolsonaro. Foi constrangedor…
O que estava acontecendo? Conhecem Pink Floyd? É pura rebeldia, contestação.
O primeiro disco deles, The Piper at The Gates Down, foi gravado no Abbey Road, em que gravava-se também Sgt. Peppers, revolucionou a música. Beatles e Floyd encontravam-se pelos corredores.
A banda radicalizou com Ummagumma, fez a trilha de Zabrinskie Point (filme político de Antonioni).
O disco Atom Heart Mother criticava a apatia e alienação da classe média inglesa.
Veio The Dark Side of the Moon, em que a música Money zoa com a ambição consumista: “Dinheiro é o máximo, agarre essa grana com as mãos e esconda. Carro novo, caviar, quatro estrelas, sonhar acordado, pode até comprar um time de futebol… Estou bem, cara, tire suas mãos do meu dinheiro. Não vem com esse papo de que caridade faz bem, quero viajar de primeira classe, quem sabe compro um jatinho…”
E conclui: “Dinheiro é um crime, divida ele irmãmente, é a raiz de todo o mal hoje em dia…”
Apesar do sucesso estrondoso, a banda não dava shows em estádios, mas nas ruínas de Pompeia e em Machu Picchu; em ruínas de civilizações.
As guerras, o liberalismo econômico de Thatcher, o fim do estado de bem-social, Reagan, a ascensão do fascismo e neonazismo, deram em The Wall e na manipulação das crianças na educação sem sentido.
Veio Animals (inspirado na Revolução dos Bichos).
Pigs virou metáfora da sociedade alienante, contemporânea, militarizada. E gíria de polícia. Pig é o poder.
Escrevi este texto ao ler a radialista Amanda Ramalho tuitar “Roger não dá uma dentro”, depois de mostrar uma foto em que Walter levanta um cartaz escrito PIGS RULES THE WORLD. O cartaz seguinte, FUCK DE PIGS. Palmeirenses acharam um afronta a eles.
Pig é o personagem aterrorizador. É a SS. É Trump.
Ela é radialista?! Deveria defender a música, não a burrice. Gosto muito dela, sou fã, acho das poucas que se salvam na rádio Jovem Pan, território livre do MBL, mas…
Amanda nasceu em 1986. Pink Floyd acabava de se desfazer, porque Waters achava que a banda se acomodara. Talvez por notar que seu público não estava entendendo nada.
Como dizia Caetano, “vocês não estão entendendo nada, nada…”
Viva Pink Floyd!
October 10, 2018
Matemática versus Haddad
O que mostra a matemática? Ao analisar o resultado em dois turnos entre prefeitos, governadores e presidentes, em quase 20 anos de eleições no Brasil, o pesquisador do Cepesp/FGV, Jairo Pimentel Jr., constatou que, em 72% dos casos, quem chegou em primeiro lugar no primeiro turno levou.
Com algumas más notícias para a campanha petista: as chances vão aumentando se o candidato em primeiro chegar com 46% ou mais dos válidos conquistados, que é o caso de Bolsonaro.
“Se chegaram com mais 15 pontos percentuais (pp) sobre o segundo colocado, esse índice sobe para 95%.”
95%!
Pelo estudo da Fundação Getúlio Vargas publicado hoje no Valor Econômico, que analisou 272 eleições brasileiras em dois turnos, são mínimas a chance do candidato do PT levar.
Pimentel Jr. escreveu que 39 candidatos saíram vitoriosos em 41 eleições em que chegaram acima de 45% dos válidos e 15 pp ou mais de vantagem sobre o segundo colocado.
É normal em eleições de dois turnos forças concorrentes se apropriarem do discurso do líder.
Os candidatos aos governos de SP e RJ, João Doria e Wilson Witzel, bolsoniranam-se há tempos.
Haddad seguiu conselho do cientista político Luiz Felipe de Alencastro de entender o pensamento conservador e adotar o discurso da segurança pública.
Para Alencastro, que morou em Paris por décadas, é legítimo e perfeitamente honesto no Brasil o cidadão se sentir inseguro, nos seus bens e na sua vida, diante do aumento da criminalidade, que se descontrolou.
Ao vivo para o JN (Rede Globo), Haddad disse que vai rever alguns itens do programa, como chamar uma constituinte, falou em socialdemocracia e discordou de declarações de Zé Dirceu, que já foi chamado de o Mourão de Haddad, por conta das falas desastradas, como “é questão de tempo tomar o poder, que é diferente de ganhar uma eleição”.
Não surgiu na tela com a mão fazendo um L, não falou em Lula ou Lula Livre, nem mandou abraços para o presidente preso, apesar de no primeiro dia de campanha visitar o mentor na cadeia em Curitiba, o que gerou críticas.
Falou em reforma tributária e bancária. Enviou emissários para conversar com as Forças Armadas.
Pipocam nas redes sociais entusiastas propondo mudanças na postura do candidato do PT.
Áurea Emilia Braz (@milasorrentino) tuitou: “O desafio que se apresenta é muito grande. Se cada um que votou em Haddad convencer os que não votaram por ele ser do PT, e convocarmos os que se abstiveram… A multa é pequena, mas a burocracia é grande.”
O ator Paulo Betti clamava nas redes sociais para que Haddad usasse e defendesse as cores da bandeira brasileira.
Bolsonaro ao vivo no JN, apesar das infelizes declarações anteriores subjugando as mulheres, deu a tirada que conquistou o eleitorado: “Quero que as mulheres se sintam seguras ao andar nas ruas.”
É o discurso que seduziu 46%.
October 8, 2018
O mapa do Brasil conservador
Não se sabia que quase metade da população não se importa (ou até apoia) com o discurso de intolerância a gays, que defende a tortura e rebaixa a mulher a um ser nascido de uma “fraquejada”.
De 63 eleitos ao Senado, só vão cinco mulheres, apesar da cota partidária de 30%.
Nenhuma governadora eleita; uma candidata, Fátima Bezerra, disputa o segundo turno do RN.
A única mulher candidata à Presidência recebeu 1% dos votos, Marina Silva.
Quando Bolsonaro diz que será o governo da maioria contra uma minoria, é ovacionado ao vivo e nas urnas.
Sabemos que o Brasil é um país de tradição religiosa e conservadora.
São Paulo não fica atrás.
No Estado, Bolsonaro ganhou com 53,02% dos votos válidos.
Só perdeu em parte do Vale do Ribeira, onde se criou, e claro no Portal do Paranapanema, reduto do MST.
A cidade de São Paulo votou maciçamente em Bolsonaro, que só perdeu em quatro distritos: Cidade Tiradentes, Piraporinha, Grajaú e Parelheiros.
Suplicy perdeu a vaga para um major.
Entre os candidatos a Deputado Federal por SP mais votados, estão o crème de la crème do conservadorismo brasileiro: Eduardo Bolsonaro (PSL), Joice Hasselmann (PSL), Celso Russomanno (PRB), Kim Kataguiri (DEM), Tiririca (PR), Policial Katia Sastre (PR), Pastor Marco Feliciano (Pode), Capitão Augusto (PR) e, ele, Alexandre Frota (PSL).
Intrusos na lista de mais votadas(os), candidatas(os) do PSOL Sâmia Bomfim, Erundina, Ivan Valente, e Tabata Amaral do PDT.
Janaína Pascoal, autora do impeachment, foi a candidata para a ALESP com maior votação da história: mais de 2 milhões.
Doria, depois de se declarar eleitor de Bolsonaro e deixar a Prefeitura, apesar de promessas, só perdeu no extremo zona leste, de Vila Matilde pra fronteira do município, e zona sul, Capela, Cachoeirinha, Grajaú e Parelheiros.
Deu Bolsonaro e Doria até no Capão, berço dos Racionais.
Teses progressistas, como descriminalização das drogas e aborto, jamais terão o apoio do eleitor.
Quando o ex-capitão candidato diz que se deve armar a população, recebeu 47% dos votos válidos.
Votos que, pelo visto, não se importaram com os comentários homofóbicos, xingamentos pelos corredores do Congresso e em comissões, declarações que rebaixam as mulheres, subjugam índios, negros.
Pobre dos índios, me dizia ontem um amigo antropólogo. Serão milhares de posseiros, garimpeiros, madeireiros e fazendeiros diminuindo o cerco de suas reservas com centenas de nativos.
Pobre dos quilombolas, já atacados pelo “mito”.
Pobre dos negros, que podem perder a cota nas universidades, a dívida social.
Pobre dos gays.
Pobre do contraditório.
Que maioria será essa, que ele apregoa?
October 3, 2018
A censura de volta?
Quem viveu a ditadura, ou, como prefere o ministro Dias Toffoli, o regime do “movimento”, lembra-se da tragicomédia que era a censura.
Trágica, pois trazia um dano profundo para o debate e elucidação dos problemas brasileiros; até um mapeamento da fome no mundo, feito pela Igreja, foi censurado.
Cômica, porque era insana; como ator de peça infantil, fazíamos uma sessão para a censora, uma senhora respeitosa, idosa, para obter certificado; tínhamos 14 anos.
O Brasil gargalhava nos cinemas na cena de um sexo a três de Laranja Mecânica (Stanley Kubrick). A censura apenas o liberou com bolinhas pretas cobrindo os membros dos atores. Como a cena é em câmera rápida, a bolinha ficava correndo pela tela.
O livro Meninos sem Pátria acaba de ser censurado no Colégio Santo Agostinho, considerado O colégio do Leblon, paradoxalmente zona eleitoral em que as pessoas do bairro votam.
É baseado numa história real e foi acusado por pais e alunos de retratar a ditadura sob o ponto de vista da esquerda.
Lançado em 1981 por Luiz Puntel, é inspirado no caso do jornalista José Maria Rabêlo, criador com Euro Arantes do tabloide Binômio, que teve quer se exilar, fugir com a mulher e sete filhos, durante a ditadura.
O caso foi parar na página Alerta Ipanema, do Facebook, com 18 mil seguidores, que faz campanha dos deputados Jair e Flávio Bolsonaro à Presidência e ao Senado:
Alerta Ipanema
1 de outubro às 12:37
Colégio Santo Agostinho – Leblon É ACUSADO DE DOUTRINAR CRIANÇAS DO SEXTO ANO (11 e 12 anos) COM IDEOLOGIA COMUNISTA EM SALA DE AULA
“Bom dia. Os pais do 6o ano do CSA estão indignados com o livro que a escola mandou ler no 4o bimestre. Meninos Sem Pátria conta a história de um jornalista que vive exilado com a família durante o regime militar e mediante a aventura, o livro critica governos militares enaltecendo a ótica de esquerda.”
Pressionada, a direção do colégio suspendeu a adoção do livro adotado em muitas escolas desde 1981.
Entre os que responderam o post, apoiadores da censura e muitos críticos.
Gustavo Zeitone: “Tirem seus filhos dessa escola.”
Técnica Santec: “Quero estar presente quando começar a queima. Vão ler a Bíblia!”
Flavia Cruz: “Excelente denúncia. Finalmente, depois de décadas de controle comunista, começamos a agir! Que mais livros tendenciosos como este sejam retirados das escolas. Basta de manipular as crianças com informações falsas.”
Rodrigo Gomes: “Fiquei curioso pra ler, ainda mais pq penso em colocar minha filha pra estudar lá. Será que realmente o livro enaltece a esquerda ou o simples de criticar a ditadura já faz os pais pensarem assim. Na minha época eu li livro que criticava a ditadura.”
Paulo H S Moreira: “Gente, menos. Li esse livro no colégio, no quinto ano, lá em 1992 e se tem alguma coisa que não sou é comunista. Banir literatura é a primeira medida de qualquer regime totalitário. Censura é coisa de cubano.”
Delisete Menezes: “Alguns pais é que precisam estudar. Estudei sobre tudo isso nos anos 70, antes da Era Mimimi. Fiz um trabalho escolar na época do Papel e Caneta e tive que ler o livro A Revolução por Dentro. Hoje, nossa história tornou-se um amontoado de pode/não pode. Que chato!”
Kika Vianna: “Qualquer dia vcs estarão dizendo que escolas tb não deviam recomendar a leitura do Diário de Anne Frank, lido por jovens do mundo inteiro. Menos, né?!”
Carol Berriel: “Agora as pessoas ficaram a favor da ditadura… é um retrocesso sem tamanho! Todos precisam ler, precisam saber das barbaridades que foram feitas e marcaram toda uma nação… Isso é história! Não pode ser apagada… o que mais me choca é o radicalismo, tirar os filhos da escola? Oi? E o pior… mulheres dizendo isso… lamentável!”
Renato Veras: “Que absurdo destes pais. Minha filha estuda há 11 anos no CSA Leblon e ela recebe uma ótima educação social, acadêmica religiosa e humanista, aliás famílias preconceituosas, leiam Santo Agostinho e sejam menos preconceituosos e mais solidários!”
João Carlos Oliveira: “Criticar a ditadura não significa enaltecer a esquerda, a obra traz uma ótica particularmente diferente sobre o que foi esse período da história, o livro é usado didaticamente a fim de desenvolver o senso crítico no aluno. Não vejo nada de errado no material!”
Mario Gomes Da Silva: “Lembro de algo similar na Alemanha nos anos 30”
Guilherme Cunha: “O livro existe desde 1981. O regime militar nunca implicou com ele. Eu li na série Vaga-Lume, que formou gerações de milhões de leitores. A pessoa tem que estar muito mal da cabeça pra achar que a Série Vaga-Lume doutrina alguém.”
A censura durante a ditadura agiu pesadamente contra revistas, jornais, filmes, teatro, até novelas globais.
Foi levantada a censura política nos anos 1970, graças aliás a um editorial do Estadão.
Continuou na música. Raul Seixas até fez uma música para ela, “Anos 1980”: Hey, anos 1980, charrete que perdeu o condutor. Hey, anos 1980, melancolia e promessas de amor. É o juiz das doze varas de caniço e samburá dando atestado que o compositor errou, gente afirmando não querendo afirmar nada, que o cantor cantou errado e que a censura concordou. Hey, abram alas, aí viem los anios oitenta. La mamacita, ui! Hey, anos 1980, charrete que perdeu o condutor…
Ela foi instituída com o AI-5 em 13 de dezembro de 1968, que criou a Divisão de Censura de Diversões Públicas (DCDP), por onde deveriam passar previamente todas as obras artísticas — filmes, peças de teatro, músicas, discos — antes de serem executados nos meios públicos.
Nos anos 1980, passou para a PF, que mirava o rock que surgia.
Veraneio Vascaína, de Renato Russo, ainda na fase Aborto Elétrico, assim como Conexão Amazônia, foram censuradas.
Cruel Cruel Esquizofrenético Blues e Ela Quer Morar Comigo na Lua da Blitz foram censuradas.
Sônia, do Leo Jaime, foi censurada. Sônia era Sunny, clássico dançante dos anos 1960 de Bobby Hebb, que ganhou a versão brasileira bem sacana: Sônia, vamos nessa festa fazer um trenzinho, você na frente e eu atrás, e atrás de mim um outro rapaz… A censura exigiu que o disco viesse com o selo “proibido para menores de dezoito anos” e fosse vendido lacrado.
Leo Jaime voltaria a ser censurado: Cobra Venenosa.
Em desforra, o compositor gozador fez Solange (sobre as bases da música do Police, So Lonely). Em homenagem a Solange Maria Teixeira Hernandes, chefe da censura brasileira (do DCDP, entre 1981 e 1984), a patética figura conhecida como dona Solange
Em 1984, foi a vez de Lobão, em Teoria da Relatividade. Em 1985, foi a vez de Roger, do Ultraje, hoje apoiador declarado de Bolsonaro, com as divertidas Marylou e Prisioneiro.
Em 1986, Titãs: Bichos Escrotos”. Depois, foi a vez de Música Urbana, do Capital Inicial, receber o veto da censura.
Para Fernando Molica, da Veja, Luiz Puntel disse que nunca teve problemas com a obra lançada há quase quarenta anos.
“Mães que protestaram contra a adoção do livro ressaltaram também trecho que, segundo elas, apresenta uma visão equivocada de Jesus Cristo. Trata-se do diálogo de um dos filhos do jornalista com um padre. Na conversa, o sacerdote afirma que o pai do garoto estava sendo perseguido por defender suas ideias, e que Cristo também fora mal interpretado. Em seguida ele diz que o crime de Jesus ‘foi estar sempre ao lado dos pobres e resumir toda a sua filosofia em uma única frase: Amai-vos uns anos outros’”, escreveu Molina.
Rebelo fugiu de BH vestido de padre no Golpe de 64, perdão, Movimento. Passou pela Bolívia, Chile e França. Ao todo, 16 anos no exílio. Quando retornou, recuperou a obra do Binômio graças à irmã.
Publicado 1952 e 1964, 801 em edições, Binômio vendia 60 mil exemplares e hoje pode ser acessado pela internet. Satirizava a política, durante os governos JK, revelou Gabeira, Ziraldo e serviu de inspiração ao Pasquim, outro que vivia nas garras da censura.
October 2, 2018
A novidade da candidatura coletiva
Se alguém quer apontar o novo na política, coletivos testam um jeito inovador de fazê-la: candidatura coletiva.
Como assim?
A Bancada Ativista, em São Paulo, promete “trazer o seu amor pela política de volta”.
Nove ativistas de diferentes trajetórias, na defesa de pautas progressistas, juntam-se numa mesma candidatura a deputado estadual, Mônica Seixas, que aparecerá na urna como Mônica da Bancada (PSOL).
Entre eles, uma estudante trans negra, uma liderança indígena com mestrado pela PUC-SP, uma professora da rede pública, um nordestino que milita pela cultura nas periferias, uma ativista ambiental. Militam no PSOL, REDE, entre outros.
Querem “hackear o sistema”, dar voz e representatividade a quem, sozinha(o), não conseguiria chegar aos espaços de tomada de decisão.
Na urna, aparecerá apenas o nome da co-candidata Mônica, jornalista, ativista do movimento negro, mãe solteira.
O grupo se inspira em outras candidaturas coletivas bem-sucedidas pelo país, como o movimento Muitas, que ocupa duas cadeiras na Câmara Municipal de Belo Horizonte. Em 2016, foram 35 mil votos para duas vereadoras, Áurea Carolina e Cida Falabella.
Elas têm uma equipe única, num gabinete compartilhado: a Gabinetona. Neste ano, o coletivo Muitas lançará 12 candidaturas por Minas Gerais (sete estaduais e cinco federais).
Em Pernambuco, a chapa Juntas (PSOL) lançou a primeira co-candidatura por um mandato compartilhado no Estado.
A jornalista Carol Vergolino, a militante Joelma Carla, a professora Kátia Cunha e a advogada trans, Robeyoncé Lima, são as participantes da candidatura da ambulante Jô Cavalcanti, o nome que aparecerá na urna para a vaga de co-deputada estadual para a Assembleia Legislativa de Pernambuco.
O PSOL é partido escolhido para carregar o número da Bancada Ativista e Juntas, pois foi o único que concordou com as exigências do movimento: total independência nas suas posições; os coletivos não estão amarrados a posições partidárias, nem apoiam diretamente os candidatos ao Executivo.
O material de campanha não traz menção ao partido, nem a candidatos do Executivo, e a diversidade de cores remete à diversidade que trazem: focam nas pautas convergentes entre eles, para evitar rusgas relacionadas ao jogo partidário.
Em 2016, a Bancada Ativista fez curadoria de candidaturas a oito vereadores que defendiam as bandeiras progressistas. Organizada às pressas, tiveram relativo sucesso – cerca de um em cada 100 votos a vereador no município de São Paulo foram para os candidatos apoiados.
Elegeram Sâmia Bonfim (PSOL).
Mônica fez parte da equipe de assessoria parlamentar de Sâmia na Câmara Municipal.
Além dos R$ 5.500 recebidos pelo fundo eleitoral do PSOL (R$ 21,4 milhões), a candidatura da Bancada tem recursos oriundos de site de crowdfunding.
colaboração: Chico Avelino
September 30, 2018
Anti-conservadorismo entra na campanha
Antipetismo versus anti-conservadorismo?
A tese de que o cenário seria decidido pelo antipetismo ganhou outro front.
O que se viu pelas ruas do Brasil e nas redes sociais revela um movimento de conquistas de que não se quer abrir mão.
O discurso de Bolsonaro e seguidores contra as minorias, as falas homofóbicas, o desprezo pelas conquistas femininas, especialmente a da equiparação salarial, a pregação da violência como solução para a violência, enfim encontraram resistência entre jovens, mulheres, gays, democratas, ativistas ou não, que conquistaram direitos depois de décadas de luta.
Não se pode voltar atrás, é como pode ser traduzido.
A onda conservadora que impulsiona a campanha de Bolsonaro encontrou um quebra-mar.
#EleNao não se refere apenas à recusa a um homem, um candidato, um número da urna, mas às suas ideias.
O brasileiro quer o amor ou o ódio, a tolerância ou o contrário, o respeito ao contraditório e ao lugar de fala ou a predominância do projeto de uma suposta maioria?
Quer reconhecer a derrota ou duvidar do resultado das urnas eletrônicas e tumultuar as eleições?
A questão de gênero já é realidade nas escolas, não se pode voltar atrás; em muitas delas, o aluno quem escolhe o “nome social”, e se um professor questiona, é acusado de “hétero normativo”.
Paradas de orgulho GLBT mobilizam milhões no país. Querem respeito, ser reconhecidos, direitos e, principalmente, não serem perseguidos.
Não se questiona o politicamente correto, ele já está entre nós, faz parte da rotina; e blocos de carnaval continuarão a não cantar músicas de cunho racista, assim como a FIFA e UEFA continuarão a punir times de torcidas com cantos homofóbicos ou racistas.
O projeto de uma escola participativa já é realidade, adianta melhorar o ensino militarizando-a?
O brasileiro quer a democracia, não esta. Aceita e até defende uma reforma. Mas só uma minoria deseja a volta de tempos autoritários.
Quer uma imprensa livre. E também um país sem corrupção.
Quer preservar as florestas, as reservas indígenas, cotas no emprego e nas faculdades.
A guerra contra as drogas foi derrotada. Nos inspiremos na experiência de outros países, na liberação dela, como em muitos países, o plantio regulado para uso próprio, ou continuemos com o combate com o Exército contra o tráfico?
Muito antipetista esteve nas ruas ontem, de lilás, defendendo #EleNunca. Depois do primeiro turno, a gente vê o que faz, diziam.
Eleitores de Ciro, Alckmin, Marina, Meirelles ainda espera a auto-crítica petista, que nunca aparece (não virão anunciar o erro que foi o Petrolão, acelerar a economia depois da crise de 2008, ou apoiar o regime da Venezuela?!).
Nunca associarão os erros de Dilma com o crescimento do descrédito na política?
Mas se uniram ontem a eleitores petistas e da esquerda nos protestos.
#EleJamais, concordavam.
Projetos derrotados pela mobilização da história não têm volta.
Derrotar o fascismo custou a vida de milhões.
Tortura nunca mais.
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