Marcelo Rubens Paiva's Blog, page 15
November 28, 2018
Crise no mercado de livros e o desabafo de um editor
O CEO da Companhia das Letras, Luiz Schwarcz, começou comigo nos anos 1980, sob as asas do mesmo editor, Caio Graco, o gênio da Brasiliense, que revolucionou o mercado.
Foi montar sua própria editora, transformou-se numa grife, adquiriu outras e se associou a gigante Penguin.
Viveu comigo todas as crises e bons momentos: moratória de Figueiredo, fim da ditadura, Plano Cruzado, Bresser, Collor, efeito Orloff (Rússia), crise na Argentina, do papel, do dólar em FHC, boom das bienais e feiras de livros, barateamento da produção, compras de livros por governos, leis de inventivo, entrada no mercado de gigantes estrangeiras, fusões de editoras, começo das lojas virtuais e sites de compra, sucesso e falência de megastores.
Conhecemos o boom de livros de autoajuda, religiosos, livros de franquia, distopia, até de livros para colorir.
Livrarias se fundiram, apesar das ameaças da compra digital.
Nunca me esqueço de ficar atrás, na fila de uma livraria, de um cliente com uma pilha de livros variados e comentar: Este aí é um tremendo leitor… Que nada, era o boy da submarino.com, com uma lista, comprando a preço de livraria para revender pela internet com desconto e conquistar o mercado que engatinhava.
Não entrarei no mérito de quem acertou e errou.
Era estranho num mercado em convulsão a Livraria Cultura abrir loja atrás de loja (só em Recife, duas, uma mais incrível que a outra), comprar a FNAC, assim como Saraiva com a Siciliano, enquanto, no mundo todo, as livrarias, até as tradicionais, fechavam; resistiam as de nicho e médio porte.
A crise de hoje nunca vi em 35 anos de carreira. Nunca imaginei que chegaríamos a esse ponto.
Tem coisas a serem feitas, como autorizar um desconto de apenas 10% no ano de lançamento, controle de preços que impediria dumping, prática condenável e ilegal no capitalismo.
Será que a carta de amor aos livros de Schwarcz comove alguém?
Aqui vai na íntegra:
O livro no Brasil vive seus dias mais difíceis. Nas últimas semanas, as duas principais cadeias de lojas do país entraram em recuperação judicial, deixando um passivo enorme de pagamentos em suspenso. Mesmo com medidas sérias de gestão, elas podem ter dificuldades consideráveis de solução a médio prazo. O efeito cascata dessa crise é ainda incalculável, mas já assustador. O que acontece por aqui vai na maré contrária do mundo. Ninguém mais precisa salvar os livros de seu apocalipse, como se pensava em passado recente. O livro é a única mídia que resistiu globalmente a um processo de disrupção grave. Mas no Brasil de hoje a história é outra. Muitas cidades brasileiras ficarão sem livrarias e as editoras terão dificuldades de escoar seus livros e de fazer frente a um significativo prejuízo acumulado.
As editoras já vêm diminuindo o número de livros lançados, deixando autores de venda mais lenta fora de seus planos imediatos, demitindo funcionários em todas as áreas. Com a recuperação judicial da Cultura e da Saraiva, dezenas de lojas foram fechadas, centenas de livreiros foram despedidos, e as editoras ficaram sem 40% ou mais dos seus recebimentos— gerando um rombo que oferece riscos graves para o mercado editorial no Brasil.
Na Companhia das Letras sentimos tudo isto na pele, já que as maiores editoras são, naturalmente, as grandes credoras das livrarias, e, nesse sentido, foram muito prejudicadas financeiramente. Mas temos como superar a crise: os sócios dessas editoras têm capacidade financeira pessoal de investir em suas empresas, e muitos de nós não só queremos salvar nossos empreendimentos como somos também idealistas e, mais que tudo, guardamos profundo senso de proteção para com nossos autores e leitores.
Passei por um dos piores momentos da minha vida pessoal e profissional quando, pela primeira vez em 32 anos, tive que demitir seis funcionários que faziam parte da Companhia há tempos e contribuíam com sua energia para o que construímos no nosso dia a dia. A editora que sempre foi capaz de entender as pessoas em sua diversidade, olhar para o melhor em cada um e apostar mais no sentimento de harmonia comum que na mensuração da produtividade individual, teve que medir de maneira diversa seus custos, ou simplesmente cortar despesas. Numa reunião para prestar esclarecimentos sobre aquele triste e inédito acontecimento, uma funcionária me perguntou se as demissões se limitariam àquelas seis. Com sinceridade e a voz embargada, disse que não tinha como garantir.
Sem querer julgar publicamente erros de terceiros, mas disposto a uma honesta autocrítica da categoria em geral, escrevo mais esta carta aberta para pedir que todos nós, editores, livreiros e autores, procuremos soluções criativas e idealistas neste momento. As redes de solidariedade que se formaram, de lado a lado, durante a campanha eleitoral talvez sejam um bom exemplo do que se pode fazer pelo livro hoje. Cartas, zaps, e-mails, posts nas mídias sociais e vídeos, feitos de coração aberto, nos quais a sinceridade prevaleça, buscando apoiar os parceiros do livro, com especial atenção a seus protagonistas mais frágeis, são mais que bem-vindos: são necessários. O que precisamos agora, entre outras coisas, é de cartas de amor aos livros.
Aos que, como eu, têm no afeto aos livros sua razão de viver, peço que espalhem mensagens; que espalhem o desejo de comprar livros neste final de ano, livros dos seus autores preferidos, de novos escritores que queiram descobrir, livros comprados em livrarias que sobrevivem heroicamente à crise, cumprindo com seus compromissos, e também nas livrarias que estão em dificuldades, mas que precisam de nossa ajuda para se reerguer. Divulguem livros com especialíssima atenção ao editor pequeno que precisa da venda imediata para continuar existindo, pensem no editor humanista que defende a diversidade, não só entre raças, gêneros, credos e ideais, mas também a diversidade entre os livros de ambição comercial discreta e os de ambição de venda mais ampla. Todos os tipos de livro precisam sobreviver. Pensem em como será nossa vida sem os livros minoritários, não só no número de exemplares, mas nas causas que defendem, tão importantes quanto os de larga divulgação. Pensem nos editores que, com poucos recursos, continuam neste ramo que exige tanto de nós e que podem não estar conosco em breve. Cada editora e livraria que fechar suas portas fechará múltiplas outras em nossa vida intelectual e afetiva.
Presentear com livros hoje representa não só a valorização de um instrumento fundamental da sociedade para lutar por um mundo mais justo como a sobrevivência de um pequeno editor ou o emprego de um bom funcionário em uma editora de porte maior; representa uma grande ajuda à continuidade de muitas livrarias e um pequeno ato de amor a quem tanto nos deu, desde cedo: o livro.
November 27, 2018
Estranhou? Bolsonaro avisara que ia governar com militares
Uma das condições sine qua non para um regime ser considerado democrático é o controle civil das Forças Armadas (Defesa).
Mas desde a campanha Bolsonaro avisou: seu ministério será com a presença de miliares.
Presença num governo civil eleito democraticamente, que tem causado estranheza e medo entre republicanos.
Estranheza, pois as urnas deram o aval que seu governo precisa para se instalar, sem precisar recorrer às armas.
Medo, por conta do trauma da última vez que a intervenção ocorreu, em 1964.
Além do vice, são quatro militares já anunciados, Defesa, Secretaria de Governo, CSI e Ciência e Tecnologia, com um piloto do Aeronáutica barra astronauta entre eles.
O presidente eleito não é burro.
Tem uma intuição política que o transformou num fenômeno eleitoral.
Sabe que muitos dos seus votos foram para quebrar o sistema de desgastados clãs político (PT, MDB e PSDB).
O eleitor quer renovar a política, numa democracia partidária fragmentada e sem prestígio, com um Judiciário envolto em contradições, que prende e solta sem uma lógica jurídica, apesar da lei ser uma só.
Cinco vezes deputado federal eleito, sabe também que seu partido é uma colcha de retalhos sem um perfil claro, um ideal comum, que juntou espertalhões e birutas bons de voto, como um ator pornô.
O presidente eleito não coloca a mão no fogo por seus filhos, campeões de voto, que o cercam e, com declarações e atitudes estapafúrdias, atrapalham tanto quanto ajudam e precisam de um eventual puxão de orelha.
Só que papai anda meio ocupadinho agora, criançada…
Por outro lado, as teorias da conspiração também se justificam.
Foi logo depois da inclusão, em 1 de outubro de 2018, do general de reserva Fernando Azevedo e Silva no time de assessores que o ministro Dias Toffoli, 15 dias depois de assumir a presidência do STF, passou a chamar o Golpe de 64 de “Movimento de 64”, afinando o discurso com os militares.
O advogado criminalista José Carlos Dias disse que era uma má ideia a inclusão de um general no templo do Judiciário e lembrou que o Supremo “jamais precisou de uma assessoria militar”.
A indicação foi do general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército.
Foi descoberto um campo fértil para aqueles que falam em intervenção miliar no Judiciário, já que se dera menos de um mês depois da facada que o candidato levou no abdômen.
Bolsonaro depois anunciou o general Mourão como vice, quando seus concorrentes anunciavam mulheres, em busca do voto delas.
Janaína Pascoal chegou a ser aventada.
Segundo jornalista Jânio de Freitas, Mourão foi uma exigência dos militares, que testemunhavam o despreparo do líder das pesquisas e de olho nos rachas das instituições democráticas, inclusive no STF.
Seria um gesto patriótico dos militares uma intervenção num governo balístico com declarações racistas, misóginas, homofóbicas e xenofóbicas, cujo eleito não emenda uma frase na outra sem agredir alguém.
Assim como o capitão Bolsonaro fazia, quando ainda estava no Exército.
A quantidade de militares no Executivo é inédita em tempos democráticos.
E o suposto “interventor” do STF, general Azevedo e Silva, virou o comandante do Ministério da Defesa.
Daqui a uns anos, quando começarem a abrir o bico, saberemos o que de fato aconteceu nos bastidores da campanha de 2018.
E se o general Azevedo e Silva participou indiretamente de decisões do Supremo que prejudicaram candidatos concorrentes.
November 25, 2018
Um excelente irmãos Coen da Netflix
Netflix ataca o cinema sem piedade.
Produziu um filme dos irmãos Coen, The Ballad of Buster Scruggs, desprezando a rede de exibição e distribuição.
Ou seja, um filme com cara de filme (enquadramentos longos) que homenageia o cinema, mas que praticamente não foi para o cinema, Estreou em Cannes agora em agosto de 2018; ganhou melhor roteiro.
Ficou pouquíssimo tempo numa rede minúscula de exibição, exatamente para ser inscrito em prêmios de cinema e estrear em Cannes.
E, pode acreditar, está na lista dos melhores irmãos Coen.
São seis histórias de lendas do Velho Oeste. Seis histórias diferentes, unidas pela mesma trama: a trágica e patética conquista do oeste americano.
As duas primeiras são bem-humoradas.
Buster Scruggs, um cowboy americano bom de voz e melhor ainda de mira, percorre o Monument Valley em busca de uma mesa de pôquer, outra de suas habilidades. Mas o figurino, todo branco, e sua cara de bonzinho são poucos convidativos, em que todos tem que fazer cara de mau.
Acaba humilhando seus detratores. Tim Blake Nelson é incrível na interpretação.
No segundo episódio, outra comédia, um azarado cowboy (James Franco), está na hora errada no dia errado, metendo-se com quem não deveria, e acaba sendo julgado por algo que não fez. Começou indo assaltar um banco em que nem deveria entrar.
Começam os episódios de humor negro, como Meal Ticket, sobre um garoto sem braços e pernas que ganha a vida declamando Shakespeare magistralmente em cidadelas do Velho Oeste, All God Company, em que um garimpeiro (ele, o grande Tom Waits) descobre o paraíso e uma pepita gigante, The Gal Who Got Rattled, que retrata a dureza de peregrinos que atravessam numa caravana terras indígenas para ocuparem o Oregon, e The Mortal Remains, em que cinco viajantes numa diligência falam de casos, religião e valores.
Sim, os títulos, que costumam ser traduzidos ou adaptados por distribuidores, são todos em inglês.
As referências a clássicos do cinema aparecem em todo instante, na trilha e no cenário.
O conflito que explica o sucesso do gênero, a luta solitária do bem contra o mal, uma obsessão do fundamentalismo religioso, parte da ocupação de uma terra que não era deles, a busca pela riqueza escondida, que não os pertence, a ausência do Estado, a vastidão do território a ser explorado, a busca por um estado unificado de ética, fizeram e fazem a América ser o que é.
Programão.
November 22, 2018
É lançado o selo Quilombos do Maranhão
O governo do Maranhão lança o selo Quilombos do Maranhão.
O único estado brasileiro governado pelo PCdoB, reeleito em 2018, lançou oficialmente um selo que atesta a origem e qualidade de produtos oriundos de quilombolas.
O estado é governado por Flávio Dino, advogado e ex-juiz federal, que ganhou o segundo mandato com 60% dos votos válidos numa coligação inédita entre PCdoB, PDT, PRB, PPS, PTB, DEM, PP, PR, PTC, PPL, PROS, AVANTE, PEN, PT, PSB e Solidariedade, para derrotar o clã José Sarney.
Enquanto alguns querem o seu fim, o Maranhão é um dos estados que mais reconhecem comunidades quilombolas (24% do país): são 682 comunidades certificadas, enquanto no Brasil todo são 2.847 quilombos certificados.
A cerimônia de lançamento foi na sede do governo, Palácio dos Leões.
“É um selo de referência em relação à origem social e também à qualidade. A partir de amanhã [hoje], todas as comunidades quilombolas que têm produção local podem nos procurar para serem acompanhadas pela inspeção estadual, federal e municipal”, disse o secretário de Igualdade Racial (Seir), Gerson Pinheiro.
O selo foi instituído por decreto estadual: fruto da ação conjunta entre a Seir, Direitos Humanos e Participação Popular, Agricultura Familiar e do Instituto de Colonização e Terras do Maranhão.
A comercialização dos produtos será feita em lojas, barracas e através de ambulantes autônomos.
Também na ocasião, o titular da Seir anunciou a organização de um grupamento militar, Patrulha Negro Cosme, formada pela Secretaria de Segurança, para proteger comunidades quilombolas, combater e intolerância religiosa e conflitos agrários.
Negro Cosme, o Cosme Bento das Chagas, foi um líder quilombola no Maranhão e da Balaiada, revolta que chacoalhou o estado entre 1838 e 1841. Chegou a comandar nos anos 1830 um exército de três mil revoltosos. Foi enforcado em 1842 em Itapecuru.
November 20, 2018
Um amigo bolsonarista tem razão
Tenho um amigo bolsonarista que me disse, num bar: “Abusaram, Marcelo”.
Num ponto, ele tem razão. Me fez concordar com ele- que tem uma editora de livros de arte.
Reclamou da crise. Perguntei se, num país em que livro para a maioria é decoração, e as livrarias quebram, os “coffe-table books” não estavam em alta.
A Lei Rouanet acabou com o seu negócio. Entupiu o mercado de livros inúteis, que ocupam o volume necessário para quem quer um coffe-table book; que sai de graça para o editor e o consumidor, quebrando a dinâmica do mercado.
Só a escultora Bia Doria tem quatro livros apoiados pela lei, Raízes do Brasil, Bia Doria, Flor da Terra e Preto no Branco.
A biografia do Fagner, Quem Me Levará Sou Eu, captou até março R$ 300 mil do patrocinador Café Três Corações, contou o colega Jotabê Medeiros, autor da incrível biografia Belchior: Apenas um Rapaz Latino-Americano, numa matéria na Carta Capital.
“Quem me segura é o povo, nunca achei que devesse recorrer à lei de incentivo. Lei é para quem não tem grande vínculo com a massa, para artista que está começando”, disse Fagner numa entrevista a Silvio Essinger (O Globo, 31 de agosto de 2013).
Nunca a usei para escrever ou publicar um livro.
Economistas, banqueiros e artífices do neoliberalismo, como Andrés Esteves e Arminio Fraga, já a utilizaram para financiar projetos de amigos e parentes.
A Lei nº 8.313, de 1991, foi a forma que o governo federal (leia-se Collor) encontrou para apoiar e subsidiar a cultura, transferindo para a iniciativa privada o dever da escolha.
Era a germinação do ideal da meritocracia: o critério “qualidade” seria decisório.
Não interferiam mais critérios políticos ou “brodagem”.
Ou seja, seria uma decisão de profissionais do mercado, com contrapartidas (na maioria das vezes, mal cumpridas).
Porém, privatizaram a brodagem, e a corrupção comeu solta.
Virou financiamento de biscoito fino e também lavagem de dinheiro, em que até igrejas queriam mamar.
Empresas davam 100 e pediam 50 de volta. O produtor cultural tinha que produzir notas-frias. Problema dele.
O mercado foi entupido de porcaria. Assim como as coffe-tables.
O bom e histórico teatro comercial brasileiro, que vivia de bilheteria, não conseguiu concorrer com a produção financiada por milhões da Lei Rouanet para pagar os profissionais e alugueis dos teatros.
Só Fagundes consegue sobreviver sem ela (obrigado, amigo, por se manter firme).
Teatros foram ocupados por musicais americanos. Graças aos milhões da lei que capta, o Cirque du Soleil derrubou a lona do nosso maravilhoso e tradicional circo.
A lei é boa e necessária: usa recursos públicos de renúncia fiscal do dinheiro de todos nós, conhecido como Tesouro Nacional, para financiar feiras de livros, festivais de cinema, grupos de dança de prestígio internacional, museus, exposições.
Mas sofreu um abuso que meu amigo eleitor do Bolsonaro constatou na pele.
Tenho amigos bolsonaristas. Saio, tomo cerveja com alguns deles.
Nunca me afastei de nenhum petista ou bolsonsarista. Ao contrário, os poucos que tentaram romper a amizade comigo, eu reatei na base do diálogo e respeito democrático.
No fundo, sou legitimamente plural (republicano), com críticas (pesadas) aos dois lados da polarização.
O mundo quebra a cabeça para entender o bolsonarismo.
É confuso. Jair já tretou com países consumidores históricos, quer ler o ENEM antes, chamou gente do Temer, o condenador do adversário e outro que considera preocupações com o clima coisa de marxista.
Quer alterar decisões do Supremo e, se não sabe quem chamar, chama um militar.
Para entender, continuo a tomar cerveja com alguns deles.
November 14, 2018
O embate entre STF e Bolsonaro
No modelo americano, é praxe um presidente governar sem maioria na Câmara. Até com o carismático Obama, a regra se manteve.
Com Trump do Partido Republicano no poder, lá foi o eleitor americano dar maioria à oposição, o Partido Democrático, na eleição de “mid-turn” que renova a Casa.
O americano demonstra, assim, não querer o poder na mão de apenas um grupo ideológico. Pensa plural. Pensa nos dois se controlando.
No Brasil, a falta de governabilidade, ou seja, maioria no Congresso, derrubou três presidentes eleitos democraticamente, Jânio (que renunciou em protesto), Collor e Dilma.
A partir de 2019, Bolsonaro não terá dificuldade em compor maioria na Câmara.
Seu partido, a segunda bancada, o PSL, tem 10% das cadeiras (52 deputados).
Somando os que já se aliaram, o presidente chega a 58% na Câmera e no Senado.
Com o apoio do Novo e DEM, vai para 65%.
E graças a Doria e governadores eleitos pelo PSDB que abraçaram a causa bolsonarista (considerados traidores pela velha guarda tucana), abre vantagem sobre os 2/3 necessários para emendas constitucionais.
Ou seja, podem mudar em partes a Constituição.
O grande embate entre Bolsonaro não se dará no Congresso, mas no STF, como direitos individuais, de quilombolas e indígenas, fim das cotas em universidades, casamento gay, aborto, liberdade de expressão, escola sem partido, armamento, diminuição da maioridade penal, entre outras propostas que estão no programa chancelado democraticamente pela maioria do eleitor.
O STF, que se reúne e vota sob um discreto crucifixo, terá que legislar sobre as relações entre Estado laico e “Deus acima de tudo”, lema tão propagado na campanha do presidente eleito.
Diferentemente dos EUA, em que o embate se dá entre Executivo e Legislativo, aqui será entre a dupla Executivo-Legislativo versus Judiciário.
Vai ser uma luta sem favorito.
Até começarem a mudar os ministros que se aposentam. Aí…
Alea acta jest.
November 12, 2018
A grosseria de Silvio Santos
OK, está na onda agora a grosseria, e hibernarmos ganhos conquistados por movimentos de intolerância e contra o assédio. Mas o que o apresentador Silvio Santos fez com Claudia Leite ultrapassa os limites éticos.
La estava ela, sábado, dia 10, apresentando-se numa ação de filantropia e como parte da sua agenda profissional.
Ao entrar com um vestido vermelho, curto, e pedir um abraço, ouviu o que jamais imaginou do veterano apresentador: “Esse negócio de eu ficar dando abraço me excita, e eu não gosto de ficar excitado”.
Claudia Leitte tentou consertar: “No sentido feliz da palavra, né? De alegria, euforia, excitação”.
Silvio Santos: “Não é euforia, não, é excitação mesmo”.
Risos da plateia e entre assistentes.
Claudia: “Agora eu acho que meu marido tem uma razão pra ficar chateado”.
“Da maneira como você está se apresentando dá vontade de tomar uns chopes, umas cervejas e depois… Procurar um conforto.”
Claudia Leite ameaçou sair do programa: “Balancinho é minha música nova, mas estou quase pensando em… vazar.”
A cantora baiana se apresentava no Teleton, programa franquia para arrecadar dinheiro para a AACD, veiculado no Brasil pelo SBT. Demonstrou sua indignação ainda no palco: “Silvio, você falou que fica excitado?!”
“Agora você não é apenas uma loirinha bonita, agora é uma mulher provocante, sensual, agora é outra coisa…”, continuou o apresentador na sua metralhadora de grosserias, lembrando que ela estava lá para apresentar a música nova, e ele cedia a oportunidade de ela divulgar o seu trabalho.
Hoje, Claudia Leitte mostrou sua indignação pelas redes sociais e fez uma defesa antenada com os movimentos contra assédio, como #MeToo: “Aonde quer que eu vá, minha entrega é total. Tem que ser com todo amor do mundo, especialmente quando se trata de contribuir para o bem de alguém. Senti-me constrangida sim! Quando passamos por episódios desse tipo, vemos em exemplificação, o que acontece com muitas mulheres todos os dias, em muitos lugares. Isso é desenfreado, cruel, nos fere e nos dá medo.”
“A provocação vem disfarçada de piada, e as pessoas riem, porque acostumaram-se, parece-nos normal! E lá se vai a nossa vida, cheia de reflexões quanto ao que usar como artista, como empresária, como esposa, como amiga, como empregada, como patroa… como mulher”.
No dia seguinte, ontem, dia 11, o concorrente da Rede Globo, Faustão, deu o troco.
Foi irônico no seu programa, ao falar para uma repórter da plateia: “Aqui cada uma usa o vestido que quiser, não é? Deus é justo, mas essa roupa sua, olha, parabéns, tem que saber usar”.
Logo as redes sociais associaram o dito por Faustão com o por Silvio Santos um dia antes.
Está na onda colocações racistas, homofóbicas e de intolerância contra a comunidade LGBT. Ser contra o politicamente correto está na onda.
Só que não. Porque tem lei, e algumas atitudes de assédio, ódio e preconceito se tornaram crime.
Uma ala da classe masculina precisa aprender que mulheres não se vestem para içá-la, mas da maneira que se sentem confortável, desejam e gostam.
November 6, 2018
Literatura, racismo e negritude em debate
O BNDES acerta também. Depois da conduta questionável no governo anterior, como o envolvimento entre outros com a JBS, patrocina desde 2012 a feira literária mais que necessária para o momento em que o país vive.
Sob as regras da tão questionada Lei Rouanet e com o apoio do atualmente ameaçado Sesc, abre hoje no Rio de Janeiro a FLUPP (Festa Literária das Periferias), que junta mais de 80 autores de países como Inglaterra, Camarões, França, EUA, Senegal e Brasil.
De 6 a 11 de novembro, a FLUPP homenageia na Biblioteca Parque Estadual (avenida Presidente Vargas, centro do Rio de Janeiro) o grande Martinho da Vila e Maria Firmina dos Reis, a escritora maranhense considerada a primeira romancista brasileira, autora de Úrsula (1858), pioneira na crítica abolicionista da nossa literatura, que morreu cega, miserável e foi esquecida por décadas.
Neste ano, o tema será A Negritude. E, claro, debatem racismo, inclusive Machado de Assis.
São seis dias de palestras e saraus com gente como Djamila Ribeiro, Gilberto Gil, Liniker, Luciana Diogo, Heloisa Buarque de Hollanda, Giovani Xavier, Bonaventure Ndikung (Camarões), Felwine Sarr (Senegal), Paola Anacoana (França), Saul William (EUA) e Taiye Selasi (Inglaterra).
Hoje, rola um desfile de moda em que jovens estilistas negros fazem uma releitura do desfile que Zuzu Angel realizou nos anos 1970 nos EUA, denunciando a morte sob tortura no DOI-Codi do Rio de Janeiro do seu filho Stuart Angel, informando para a elite americana o que a ditadura militar fazia no Brasil.
No dia 11, domingo, o evento encerra com a final do Slam BNDES, competição em que os participantes recitam poesias criadas naquele momento.
06 DE NOV – Hoje
19h. Abertura solene com Antônio Grassi
FBDC – Fórum Brasileiro pelos Direitos Culturais
19h30. Maria Firmina – A Invisibilidade da Mulher Negra Também na Literatura
Eduardo de Assis Duarte, Giovana Xavier, Jarid Arraes e Luciana Diogo
20h30. Preta-Porter no hall de Entrada da Biblioteca Parque Estadual
Jovens estilistas negros fazem releitura do desfile com que Zuzu Angel denunciou a ditadura militar na década de 1970, agora para mostrar que o estado brasileiro mata jovens negros de nossas favelas.
07 NOV – Quarta-feira
14h. Meu Machado
Maurício Hora e Geovani Martins, com mediação: Milton Guran
Uma da armas mais poderosas que a juventude da periferia dispõe para se inserir no mundo é a literatura. Tem sido assim desde Machado de Assis, maior escritor brasileiro da história. Escritores negros contemporâneos leem e discutem a herança desse cria da Rua do Livramento.
18h. Renascença Sankofa
Bonaventure Ndikung e Saul Williams, com mediação: Eugênio Lima
Poucas vezes na história os artistas africanos e da Diáspora conseguiram rimar sucesso comercial e reconhecimento da crítica. A inclusão das narrativas negras no gps da arte mundial se deve a uma dialética Sankofa, em que os pés firmemente fincados na ancestralidade ajudam no salto para o futuro.
08 NOV – Quinta-feira
16h. Na qualidade rara de sereia
Gilberto Gil e Liniker, com mediação: Heloísa Buarque de Hollanda
A música popular brasileira tem sido uma inesgotável plataforma para transgressões que dialogam com os desejos mais libertários de nossa juventude, em particular no campo do comportamento. Tem sido assim desde que os tropicalistas pediram para que o super-homem mudasse o curso da história.
18h. Feminismos plurais
Carla Akotirene, Joice Berth, Juliana Borges e Silvio de Almeida
O Rio de Janeiro começou a perceber a presença da mulher negra nos espaços públicos com a expressiva votação da vereadora Marielle Franco. Como mostra a coleção criada e organizada pela filósofa Djamila Ribeiro, ela própria um fenômeno de popularidade, aqueles milhares de votos depositados nas urnas foram apenas a ponta de um iceberg que tem abalado as estruturas do país.
18h30. “Os mortos nunca se vão”
Boneventure Ndikung, Rafa Joaquim, Sol Miranda, Tainah Longras, no auditório Darcy Ribeiro
Lecture performance coletiva, guiada por Boneventure Ndikung, do texto “Those Who Are Dead Are Not Ever Gone”, sobre a manutenção da supremacia e a exploração da riqueza africana pelos museus europeus. Como o Fórum Humboldt, citado no texto, gigantesco e polêmico projeto em Berlim, que reúne coleções de arte e objetos históricos de todo o mundo, muitos deles oriundos dos sangrentos períodos coloniais na África e Ásia. Novos museus abrindo antigas feridas.
09 NOV – Sexta-feira
14h. Página Reveladas
Maria Duda, Poeta SK, Raya, com mediação: Aílton Graça
Três primeiros colocados do Slam Pequena África discutem a renovação do poetry slam no Brasil e no Rio de Janeiro, cada vez mais popular na periferia. Organizadora do maior evento de slam da América Latina, a FLUP foi uma das maiores responsáveis pela popularização e acima de tudo pela renovação da cena do spoken word na periferia do Rio de Janeiro.
18h. Nossos Passos Vêm de Longe
Djamila Ribeiro, Tom Farias e Ungulani Ba Ka Khosa, com mediação: Thiago Ansel
Djamila Ribeiro, Tom Farias e Ungulani Ba Ka Khosa ganharam relevância em geografias e momentos históricos diferentes. Mas os três têm em comum o resgate de um pensamento ancestral, produzindo narrativas e discursos sobre fatos e personagens decisivos para a subjetividade negra.
10 NOV – Sábado
14h. Quando lemos a nós mesmos
Carla Fernandes, Mtima Solwazi, Paula Anacaona, com mediação: Binho Cultura
Um dos grandes problemas dos jovens criados na Diáspora é que não são apresentados a livros de autores negros, com os quais possam reforçar seus vínculos de pertencimento e acima de tudo melhorar sua autoestima. Que estratégias estão sendo criadas para fornecer os espelhos de que todos precisamos para nos ver em nossos heróis?
16h. Revoluções invisíveis
Ana Maria Gonçalves e Marcelo D’Salete, com mediação: Ale Santos
Os escritores negros têm demonstrado cada vez mais interesse no passado de seu povo, em particular pelas revoluções que somente à custa de muito sangue o poder colonial conseguiu sufocar.
18h. As Áfricas possíveis
Felwine Sarr e Taiye Selasi, com mediação: Nick Barley
Uma África cada vez mais complexa e diversificada pode ser traduzida por dois neologismos criados por dois expoentes do movimento negro. A Afrotopia que deu título a um dos livros do filósofo senegalês Felwine Sarr fala de um deslocamento geopolítico em direção ao continente africano. E o Afropolitismo da escritora britânica Taiye Selasi aponta para uma geração de negros, como ela própria, totalmente integrada às grandes mudanças em curso na sociedade contemporânea.
20h. Prêmio Carolina Maria de Jesus
Quinta edição do prêmio com que a FLUP homenageia personalidades que tiveram o curso de suas vidas transformado pela literatura, ou que transformaram o curso da vida de outrens por intermédio da literatura.
11 NOV – Domingo
14h. Primeira pessoa
Ana Paula Lisboa, Spartakus Santiago e Renê Silva, com mediação: Elisiane dos Santos e Valdirene Silva de Assis
Não é uma coincidência semântica o fato de as primeiras pessoas de uma família ou mesmo um bairro a trilharem o caminho do sucesso, usarem as próprias narrativas para ajudar suas irmãs e seus irmãos a rasgarem as cortinas da invisibilidade. Mais do que ninguém, elas sabem que a periferia precisa de referências.
16h. 40 anos de Cadernos Negros
Esmeralda Ribeiro, Márcio Barbosa e Selma Maria, com mediação: Márcio Black
Poucas publicações podem se gabar de ser tão longeva quanto os Cadernos Negros, cuja primeira edição, há exatos 40 anos, tornou-se um marco tanto para a literatura brasileira quanto para o nosso movimento negro. Assinaram suas páginas autores relevantes como Conceição Evaristo e Éle Semog.
18h. E quando eles não admitem que são racistas?
Mame- Fatou Niang e Rokhaya Diallo, com mediação: Flávia Oliveira
Cidades como Londres, Paris e Berlim se veem como sociedades republicanas no sentido mais amplo da palavra, onde em tese todos teriam direitos e oportunidades iguais. Que narrativas podem ser criadas para desnudar o racismo dos países que se veem como democracias inclusivas e generosas, principalmente em meio à crise migratória atual?
November 4, 2018
A culpa é das feministas?
Com Paul Giamatti (Richard) e Kathryn Hahn (Rachel), que fazem o casal com mais de 40 anos que tenta engravidar, novo filme da Netflix, Vidas Privadas, retrata o drama e dilema da FIV (Fertilização in Vitro), o alto custo, o preparo doloroso, e a crise por terem adiado a gravidez.
Os amigos sugerem que adotem um filho.
Outros, que usem a rede organizada até em aplicativos de barriga de aluguel.
Muitas questões morais se levantam. A ansiedade só piora. Rachel, num desabafo, culpa as feministas Gloria Steinem e Betty Friedan, que foram interpretadas como um incentivo para as mulheres sacrificarem a maternidade em prol do trabalho.
Claro que é uma ironia. O filme é comédia.
Em 1978, a medicina reprodutiva não sabia que estaria conectada com o ativismo das mulheres e o feminismo. Lembra-se do Bebê de Proveta?
O nome é péssimo. Mas foi a técnica criada no Reino Unido que revolucionou a fertilização e proporcionou a casais com problemas de viver o sonho de terem filhos, e às mulheres focadas na carreira a chance de adiar ao máximo a reprodução.
O procedimento do FIV popularizou-se hoje em diz, existem técnica diferentes, mas de uma coisa não se libertou, do quanto uma mulher sofre para fazê-lo.
No caso do homem com alterações no sêmen, baixa concentração de espermatozoides bons, como eles falam, ou para reverter uma vasectomia, basta coletá-lo.
Já a mulher toma doses cavalares de hormônio FSH, que quase sempre alteram o seu humor, em injeções diárias na barriga.
Semanalmente, é preciso ir na clínica, fazer exames de sangue e imagem.
Então, estimula-se a mulher a produzir o maior número de óvulos. Assim que se dá o crescimento folicular, mais hormônio é injetado, HCG.
Os óvulos são coletados numa punção, num procedimento doloroso em que se dá uma anestesia geral.
Os óvulos são examinados e selecionados. No mesmo dia, o homem colhe o esperma, que também são selecionados, para que seja feita a fecundação.
Em alguns casos, óvulos fecundados voltam para a mulher. Em outros, espera-se um mês, e selecionam os mais saudáveis. Que serão implantados de volta, com a divisão celular em andamento.
Mais medicamento e repouso se sucedem. Com a chance de 25% de dar certo. Óvulos fecundados podem ficar guardados na clínica para um mês depois voltarem a ser injetados, se preciso.
Tem que arrumar tempo, preparar o bolso e a cabeça para partir para o projeto.
O filme sensível e inteligente é uma cometida dirigida por Tamara Jenkins, autora e diretora de filmes cults, como O Outro Lado de Beverely Hills e o indicado ao Oscar A Família Savage, com o maravilhoso Seymor Hoffman.
Descobrimos que Richard e Rachel, dois entusiastas do teatro, que foram atores, autores e produtores de um teatro alternativo (de vanguarda) em Nova York- ele agora trabalha em outra área-, decidem que chegou a hora.
Vale a pena o sacrifício?
O filme vale. A aprovação no site Rotten Tomatoes é alta: 93%.
October 30, 2018
Os homens loucos no controle
Que mundo viramos?
Que Mundo É Esse?, programa imperdível sobre política e costumes internacionais da Globo News, com coprodução da Base#1Filmes, vai ao Irã e estreia semana que vem, 6 de novembro, uma série de seis novos episódios.
Vozes do Irã, ao som da trilha de Pedro Guedes, abre com uma panorâmica aérea da Praça de Naqsh-e Jahan, de Teerã, com charretes, feita por um drone.
Imaginamos: vão falar do Irã do passado.
Então, a imagem se colore. Não. É dias de hoje. É agora.
O Irã do passado e o moderno é o que conduz o programa. Especialmente por agora voltar à ponta de lança como maior inimigo americano: Trump rompeu com o acordo nuclear e aumentou as sanções.
Resultado: o país vive uma grave crise econômica.
O time André Fran (que assina a direção), Michel Coeli (direção fotográfica), Rodrigo Cebrian (diretor executivo) e Felipe Ufo (produção) é um time de coringas: todos defendem e atacam.
Os quatro operam as câmeras, finalizam, produzem e entrevistam.
Na semana em que a equipe esteve por lá, ao trocar o dinheiro, surpreendeu-se porque a moeda local, o rial, ou toman, desvalorizou 20%.
Em um ano, um iPhone passou de 5 milhões para 16 milhões de tomans, o preço de um carro
Fran reencontra Lia Khalil, professora muçulmana, ativista e democrata, fã da banda Sepultura, com quem conversou nove anos antes.
Ela disse que decidiu aprender inglês depois de conhecê-los e faz dowloads ilegais de heavy metal.
Como condutora, ela conta como os reformistas não obtiveram muito sucesso nos avanços sociais e econômicos. Os conservadores se aproveitam do endurecimento de Trump para voltar a endurecer a sociedade iraniana, que quer mudanças.
Conclui que o mundo está querendo o extremismo polarizado porque os “mad men” (homens loucos) estão no controle.
No Irã de hoje, as mulheres não são obrigadas a usar o hijab, lenço que cobre a cabeça. Elas são pressionadas, mas não são obrigadas a se converteram. E os protestos recentes não são contra a religião, mas a obrigação.
Num parque, descobrem que mulheres podem andar de skate e patins, mas não de bicicleta.
Garotas se vestem como meninos para burlar a lei.
Rap e grafite são proibidos.
O grupo lembra que o Irã é dos aiatolás e também da democracia, das ativistas e opressão: “País impossível de se encaixar na visão certo e errado”
Visitam a embaixada americana invadida em 1979, que virou museu
O país que não respeita a propriedade industrial e direitos autorais virou o país da pirataria. De 2009 pra cá, o mercado artesanal virou o mercado mais globalizado, com manufaturados de hoje.
E comerem num McDonald’s totalmente pirata.
Fez um retrato sem preconceitos sobre a Coreia do Norte e México, passou pelos Estados Unidos, para entender Era Trump, foi atrás do combate ao ebola no Quênia e falou com a comunidade LGBT na Rússia
Que venham mais programas.
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