Marcelo Rubens Paiva's Blog, page 120
June 4, 2012
ET não quer mais “go home”
Dizem que devemos ver filmes americanos apenas para nos divertir: entretenimento puro de lógica aristotélica e trama mastigada com começo, meio e fim, que não deixa dúvidas ou final em aberto, produção tecnicamente impecável de efeitos mágicos, que torna o projetado mais fascinante do que o mundo ao redor.
Mas quem viveu em outros tempos costuma assistir para acompanhar as atuais noias da Corte e checar qual mensagem subliminar ela quer passar para a militância do mundo livre.
A indústria está conspirando em conluio com o império que mais se utilizou dela em tempos de guerra, ou… relaxa, se liga no tamanho da pipoca, lugar marcado, conforto da poltrona e esterilização dos óculos 3Ds?
Cinco das dez grandes produções atuais mostram que o mundo está por um fio.
O planeta é geralmente ameaçado por mudanças climáticas, asteroides ou ETs.
A distância da Guerra Fria trocou o pavor das bombas caírem em mãos erradas e mal-entendidos pela ciência dos erros da nossa industrialização, incapacidade de uma ação ou consenso coletivo e do terrorismo.
Nas outras cinco produções, são zumbis e vampiros que aparecem para atormentar a paz entre suburbanos reféns do mercado financeiro.
Todas seguem um mandamento: o cidadão periférico deve estar alerta à invasão clandestina e alienígena. E espelham a polarização da política local.
Podem ser divididas em democratas e republicanas.
Democratas: a falência da ética devido à corrupção do mercado exige um poder centralizador, forte, que prioriza a diplomacia. Em Independence Day, exemplo de filme democrata, é o presidente quem lidera o esquadrão de caças a abater a nave inimiga após exaustiva negociação.
Republicanas: o cidadão comum se junta a seus pares e, com a excelência do arsenal privado, guardado na garagem da casinha do subúrbio ou na camionete, arregaça as mangas e parte pra luta, já que o Estado é incompetente. Marte Ataca e Guerra dos Mundos são dois exemplos de filmes republicanos. Como Armageddon, em que petroleiros são enviados ao espaço e salvam a humanidade ao pousarem num meteoro com perfuradoras e uma potente bomba.
A série de filmes Homens de Preto (MIB) é nitidamente democrata. Aliás, a melhor piada da versão em cartaz, a terceira, é quando o agente J (Will Smith), de terno e gravata, pega o achocolatado de uma menina, que diz baixinho para a mãe: “O presidente acabou de roubar o meu copo.”
Ela é protagonizada por terráqueos funcionários públicos- um carteiro, profissional mais odiado pelos americanos, um policial e uma médica legista-, que trabalham numa organização com hierarquia e tentam entender a psique de diversos alienígenas. Criam regras para um convívio pacífico através da diplomacia, sem abrir mão do ferro e fogo se a paz universal for ameaçada.
Traduzindo: é como nos vemos no mundo globalizado, em que a diversidade ocupa os mesmos espaços, as grandes cidades, deve ser respeitada e, apesar das diferenças históricas, viver em harmonia.
MIB 3 desponta como a maior bilheteria do ano, superando Os Vingadores. Com roteiro genial de Etan Cohen (de Beavis and Butthead e Madagascar), agente J e agente K voltam ao tempo, final dos anos 60, para salvar o planeta.
The Factory, coletivo de Andy Warhol no quinto andar do 231 East 47th Street, Manhattan, é frequentado por alienígenas. Mick Jagger é ser de outro planeta, cuja missão na Terra é procriar com o maior número de membros da nossa espécie. Todas as modelos são ETs, e agente J se pergunta como não havia reparado nisso antes.
Warhol é na verdade um agente da organização dos Homens de Preto, que, disfarçado com sua peruca loira, não sabe mais o que fazer para fingir que é artista.
“Estou tão entediado que comecei a pintar bananas e latas de sopa. Me tirem daqui, não aguento mais ouvir sítar”, pede aos colegas.
MIB 3 é a voz do movimento dos direitos civis, que deve ecoar graças ao Tea Party, movimento republicano conservador que não dá folga.
E há uma correção protecionista: o carro do filme anterior, um Mercedes, foi trocado por um Ford Made in Usa.
A imaginação não tem limites.
Em agosto, estreia Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros, ou ”presidente by day, hunter by night” (presidente de dia, caçador à noite), como diz o slogan, filme que transforma o pai da nação e libertador dos escravos em escudo contra aqueles que querem o sangue dos concidadãos.
Será que Lincoln luta contra a xenofobia para unir o país dividido ou apenas defende a poupança do cidadão comum dos sanguessugas de Wall Street?
Em Cowboys & Aliens, ETs atacam uma vilazinha com vaqueiros, bêbados e renegados do Velho Oeste, que se juntam aos índios para derrotá-los.
Neste caso, os ETs só queriam o nosso ouro.
Uma espécie de Lehman Brothers verde em forma de barata.
A fixação pelos ETs voltou com tudo depois do 11 de setembro. Seres de turbante, esquisitões, que falam outra língua e acreditam em outros deuses costumam fazer estrago na arquitetura da civilização.
O contato não é nada pacífico.
Se nós, quando encontramos uma civilização mais fraca (ou menos armada), como Astecas, Incas, tendemos a dominá-las e afanas suas riquezas, os ETs mais evoluídos não seriam diferentes. ET não quer mais “go home”.
Em Os Vingadores, atacam Nova York sem piedade.
Em Battleship, naves alienígenas agem no Pacífico.
Em ambos, há prédios e torres desabando, engolidas em si, e fumaça dos escombros atravessando ruas apertadas. Pânico e corre-corre lembram… Você sabe.
As mensagens subconscientes de Battleship são tão sofisticadas que penso em pedir ajuda aos universitários.
Dias de hoje. Americanos e japoneses fazem manobras militares perto de Pearl Harbor. Alienígenas nos atacam. Não estão pactuados com coreanos do norte. Querem dominar o planeta e destruir todos, até os chineses.
O que há de mais moderno em tecnologia armamentista e naval não consegue repelir.
O que consegue?
Um navio museu da Segunda Guerra, o encouraçado USS Missouri, ancorado no cais, que é colocado para funcionar em tempo recorde e pilotado pela galera de hoje e por veteranos, guias do museu, que usam gírias e táticas do passado.
Deu pra entender a mensagem?
Talvez que demos deixar nossas armas analógicas em stand-by, caso esta cacarequice digital dê pau bem na hora H.
Ou respeitar nossos soldados de guerras antigas, analógicas, valorizar sua contribuição, afinal são responsáveis pela paz e avanços do presente.
Nossos?!
Meu Deus, já estou me sentindo um deles. Melhor me preocupar mais com o sal da pipoca.
Ou voltar pros enigmas do cinema alternativo.
June 3, 2012
patrocínio de gente grande
É isso mesmo, cinema nacional patrocinando jogo da seleção.
E dando azar: México 2 X 0 Brasil.
Foi mal.
Também, com aquela defesa paraolímpica…
Estreia logo logo E AÍ, COMEU?
June 1, 2012
vai encarar
Aproveite, pede pra sair e vá ver minha peça IL VIAGGIO, recruta.
É uma ordem.
Só mais duas semanas.
Na do feriado, semana que vem, haverá espetáculo tb na quinta-feira.
A VEJA-SP gostou.
Olha o que DIRCEU ALVES JR. escreveu.
E não estava sob a mira do meu rifle:
Comédia “Il Viaggio” traz clima da obra de Fellini sem copiá-lo
Logo depois de rodar o longa-metragem “Julieta dos Espíritos”, em 1965, o cineasta italiano Federico Fellini (1920-1993) escreveu o roteiro de “Il Viaggio di G. Mastorna”. Em razão da intensa produção, o diretor engavetou essa reflexão sobre a vida e a morte e nunca a transformou em imagens. Adaptado por Marcelo Rubens Paiva, o texto inédito nas telas ganha o palco e supera quase todas as dificuldades da ambiciosa proposta em uma bem-sucedida encenação. Em cartaz no Teatro do Sesc Bom Retiro, a comédia “Il Viaggio” mantém — sem copiar — a alma felliniana.
Durante uma excursão de sua orquestra, o violoncelista Mastorna (o ator Esio Magalhães) decide encontrar uma amante e perde o trem para o próximo destino. Atrasado, resolve pegar um avião, que despenca sobre uma estranha cidade. No limite entre a vida e a morte, o protagonista busca alucinadamente retomar o contato com a realidade. Sem sucesso, vê-se ainda mais confuso ao ser conduzido por outros personagens a uma viagem de sonho.
Entre a fábula e o riso, o diretor Pedro Granato alcança um belo resultado visual e na condução de seus atores, capazes de trilhar caminhos distantes do realismo sem cair na caricatura. Granato — que já tinha abusado da mão pesada nas montagens de “Navalha na Carne” (2008) e “Criminal” (2010) — reverteu os exageros a seu favor. Ele pôde investir à vontade na fantasia e nos recursos cênicos e, para alcançar o equilíbrio, teve à disposição intérpretes acostumados com a linguagem de clown e circense.
minissaia matadora
Hj tem exibição do documentário do grande Itamar Assunção às 17h no Cine Olido, ali na avenida São João.
E depois haverá show, às 19h, da sua banda, ÍSCA DE POLÍCIA.
Com Suzaninha Salles e tudo mais. Rá-tá-tá!
Encontrei com eles ontem nos corredores da TV Cultura, onde aliás nos conhecemos em 1979!!!
Moleques, nos preparávamos para o festival universitário que a emissora organizava.
Eles pela USP, eu pela UNICAMP.
Suzana era uma ninfeta que cantava de minissaia com Itamar, no baixo, pro bruxo Arrigo Barnabé- com outras duas parceiras, uma delas Vânia Bastos.
Lembrei que eu toquei neste festival com 2 rastas, LUMUMBA e DING DONG, negões nada sensuais. Digo, afro-campineiros.
Elas cantavam, dançavam, lindas, eram as musas da militância estudantil.
Nosso crooner, Cassiano, desabafa no final como se tivesse morrido.
Eles e elas ganharam o festival, e fui desclassificado.
Binquei com ela ontem: “Ganharam por causa daquela sua minissaia matadora”.
Detalhe, no júri estava TOM ZÉ.
Não é mole, não…
Viva Arrigo Barnabé!
Saudades Itamar!
May 31, 2012
Capitão Russo
Não entendi o auê por causa do show da LEGIÃO com Wagner Moura.
Todos mandaram muito bem, fizeram o que sabem fazer..
A trollagem no Twitter foi recorde. Esperavam o quê?
Que gente chata…
Quem ligou a TV ou foi ao Espaço das Américas queria esta união inusitada, não ver Renato holográfico ou cópia projetada.
Se quisessem fidelidade absoluta, que chamassem o ator Bruce Gomlevsky, que fez o espetáculo RENATO RUSSO, dirigido pelo meu amigo Mauro Mendonça Filho, e imitava a voz e os trejeitos do seu personagem com perfeição.
Falam que até eu critiquei. Critiquei nada.
Os caras são meus amigos há 30 anos.
Brinquei que queria ver se cantavam Eduardo & Mônica e Faroeste Caboclo sem cola. E que a plateia estava tão animada, e o coro tão forte, que nem precisava de vocal.
Era um tributo, ora, não a banda original.
RENATO MORREU. E quem viu, lembra, ele também desafinava.
Bonfá podia errar algumas passagens, Dado podia não ser perfeito, e o grande barato da banda eram as músicas.
Virtuosismo víamos nos shows dos PARALAMAS, IRA!
Da LEGIÃO queríamos a catarse e orgia poética, a ingenuidade das letras, o otimismo, a comunhão, em torno de um dos caras mais carismáticos e diferentes que já conheci.
Que idolatria doentia é esta que nem uma homenagem se pode fazer?
No mais, poucos sabem, mas MOURA canta bem, tem banda (SUA MÃE), faz shows, as músicas são ótimas; inspiradas no brega.
E há anos que a dupla Dado e Bonfá quase não se juntava, proibidos pela família de Renato desde quando ele morreu, para tocar LEGIÃO.
Alguns falam de oportunismo. O quê, grana?
Acham que a MTV está nadando em dinheiro, para pagar um cachê astronômico?
Bilheteria? Em 2 shows na Barra Funda?
As viúvas do Renato podem reclamar, mas que foi bacana a homenagem, foi.
E sem pieguice [ou com, porque ele gostava de ser piegas], Renato Manfredini Júnior, vaidoso que era, deve ter adorado.
Assim como achei demais LOBÃO tocar no BARETTO, bar do FASANO, para clientes do Mastercard Black. A maior ironia é que pagaram [e deve ter sido 1 bom cachê].
E zoei com ele pelo Twitter: “Tem que tocar Vida Bandida!”
Vida! Vida, vida, vida vida bandida
É preciso viver malandro
Não dá pra se segurar, não
A cana tá brava, e a vida tá dura
Mas um tiro só não vai me derrubar não
É preciso viver malandro
Não dá pra se segurar, não
Ou a elite mudou. Ou os roqueiros envelheceram e usam Mastercard Black.
É, a vida tá dura até para o pessoal do Fasano, o dólar subiu, consequentemente o champanhe e caviar idem, os importados não têm IPI reduzido, e acabou a farra dos juros.
E meu vizinho Lobão tem mais é que faturar e se dar bem.
May 30, 2012
vem aí
A peça é de 2000, foi 1 sucesso.
Ganhei até o Prêmio Shell de melhor texto com ela.
O que deixou mamãe bem orgulhosa, apesar de reclamar que a peça tinha muitos palavrões, e o protagonista usava Havaianas.
Aliás, uma rotina: ela sempre reclamava dos palavrões da minha obra.
E dos figurinos das minhas peças.
Dizia que meus atores eram mal vestidos.
E que quem vai ao teatro quer ver coisa bonita, caprichada.
Minha mãe é uma pessoa fina, sofisticada, fala línguas, estudou em escola francesa.
Advogada, tradutora, especialista em Dostoievski e nos Iluministas.
Uma lenda viva.
Tadinha, só a envergonhei com minhas peças cabeludas e provocativas.
E meus elencos com roupas do dia a dia.
Sem contar os personagens degenerados, drogados, sexistas, tarados, vagabas…
Eu dizia que era teatro naturalista, que o figurino ajudava a compor o personagem.
Ela dizia que mesmo assim 1 ator jamais deveria atravessar um palco com sandálias em que aparecessem as unhas.
O filme está prontinho.
Roteiro meu e do Lusa Silvestre.
Acho que nossos nomes aparecem no cartaz lá no cantinho.
Em destaque, só os das gostosas e galãs.
Talvez com um zoom consiga vê-los.
Mas, e daí?
Eles que são do front de batalha.
Nós apenas escrevemos a declaração de guerra.
Ator é a alma do teatro, comédia e drama.
E do cinema também, acho.
Aguarde…
Mas já vou avisando, é produção carioca, deve estar assim de neguinho descalço, de sandália, de unha aparecendo.
May 28, 2012
virada porn em sp!
Não existe amor em SP?
Nos dias 1, 2 e 3 de junho, o PopPorn, festival pornô, está de volta com novo formato, reunindo todas as atividades em 48 horas de programação.
“EssaVIRADA PORN reunirá o público na Trackers, criando uma atmosfera sociocultural diversificada, propondo um intercâmbio de experiências sensoriais e gerando um evento fluído e democrático”, diz a divulgação, que avisa que quem comprar ingresso antecipado paga 20% a menos.
Nesta edição, o festival contará com mais de 40 sessões de cinema, cinco workshops, performances, festas, debates, intervenções artísticas e uma lojinha.
Para entrar no evento é indispensável ter o nome na lista.
A partir do dia 29 de maio, você poderá comprar seu passaporte (para todas as atividades, à exceção dos workshops), ingressos simples para o sábado (somente filmes e debates) e domingo (somente filmes e debates).
No site, encontram-se também informações sobre a venda de ingressos para as duas festas que integram a programação (na sexta e no sábado): http://www.popporn.com.br/blog/
Saiu no JT [por Igor Giannasi]
Iinspirado no Pornfilmfestival Berlin, ganha segunda edição no próximo fim de semana, com uma programação de atividades variadas, que transitam nas fronteiras da indústria do sexo, da cultura pop e da arte.
“É discutir o sexo nas intersecções com a arte, com o cinema, com a performance, com a música, enfim, e como isso é representado nesses meios, nessas áreas diferentes, inclusive na indústria do sexo, na pornografia”, define a jornalista Suzy Capó, umas das organizadoras do festival.
Na estreia, o PopPorn teve uma programação espalhada por locais diversos, ao longo de uma semana, experiência que não foi satisfatória, deixando o evento “muito solto”, explica Suzy. Desta vez, tudo se concentra em 48h, desde as 22h de sexta-feira, em um só local, a escola de produção audiovisual Trackers, no centro. Ganhou, então, o apelido de Virada Porn.
Dos filmes em exibição, entre longas e curtas-metragens, destacam-se exemplares da produção do cubano Jorge Molina que, como conta a organizadora, foram proibidos no país dos irmãos Castro. O diretor terá o longa Molina’s Ferozz, no qual subverte o conto infantil da Chapeuzinho Vermelho, mostrando uma jovem cheia de energia sexual. “É um filme bem latino. A gente não tem muito mais produção erótica no cinema latino-americano como na década de 1970, por exemplo,com a pornochanchada no Brasil”, diz Suzy.
Três curtas do cubano - Molina’s Solarix, Molina’s Test e Molina’s Culpa - também serão exibidos. A produção latina de curtas tem espaço na programação especial Cojame Mucho, assim como a brasileira, na mostra Pornô BR. Animações, como a O Melhor Amigo do Homem, de autoria anônima, produzida em 1947, são as atrações da Animay.
O festival terá ainda a première do documentário nacional A Primeira Vez do Cinema Brasileiro, de Hugo Moura Santos, que aborda o primeiro filme pornô realizado no País,Coisas Eróticas, produzido pelo ítalo-brasileiro Raffaele Rossi e lançado em 1982, durante o regime militar.
Para bancar a realização do PopPorn, a organização realizou uma campanha de crowdfunding (financiamento colaborativo) com a venda de obras de artistas como avaf, Felipe Morozini e Rafael Coutinho. Quem colaborou, terá direito a participar do coquetel de abertura, ao estilo de cabaré, com performance do coletivo de dança burlesca The Burlesque Takeover.
Do grupo, que surgiu na edição do festival do ano passado, a dançarina Sweetie Bird ministra um workshop sobre sensualidade burlesca. Haverá também debates, com temas como pornô feminista e o futuro da pornografia. Uma loja exclusiva venderá itens que vão de camisetas e DVDs a sex toys e até um baralho erótico, este criado pelo artista plástico Greg Vinha.
DESTAQUES:
A Primeira Vez do Cinema Brasileiro - Documentário nacional de Hugo Moura Santos comemora os 30 anos do primeiro filme pornô nacional Coisas Eróticas, de Raffaele Rossi. Sábado, às 15h10, e domingo, às 20h15.
Molina’s Ferozz - Longa-metragem do cubano Jorge Molina traz versão política e suja do clássico Chapeuzinho Vermelho. Na área rural de Cuba, a adolescente Miranda vive em uma cabana com sua família, repleta de distúrbios e energia sexual. Sábado, às 19h50 e domingo, às 11h15.
Mamãe Está Chegando - Selecionado para o Festival Internacional de Cinema de Berlim, o filme de Cheryl Dubyl retrata o poder das mulheres frente o sexo, a pornografia e os estímulos sexuais da vida. Sábado, às 12h, e domingo, às 21h55.
Insetos no Quintal - Filme da tailandesa Thanwarin Sukkhapisit acompanha rotina dos jovens Johnny e Jennifer que, na ausência dos pais, são criados por sua “irmã mais velha” Tanya, uma travesti supermontada, que causa inúmeros constrangimentos para os dois. Domingo, às 18h35.
Festival PopPorn
Trackers. Rua Dom José de Barros, 337. De sexta a domingo.
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humor refinado
Ironia o programa SNL da REDE TV! bombar no Twitter, estar em 5 dos 10 TTs ,e dar traço no Ibope.
Traduzindo:
O novo programa de Rafinha Bastos estreou ontem, domingo, às 20h30.
Competição pesada na aberta e paga com FANTÁSTICO, SS, GUGU, PÂNICO, séries da HBO e até o novo METRÓPOLIS dominical da TV CULTURA.
No Twitter, 5 dos 10 assuntos mais comentados eram o programa de Rafinha.
No entanto, sua audiência média foi de menos de 1 ponto [pico de 0,9 pontos].
Os números não batem, a audiência é outra, descobre-se.
Militância tuiteira não representa consumidores de produtos com IPI reduzido.
Adianta o barraco nas redes sociais, se o que importa para o mercado é o anúncio ser visto por consumidores potencial?
O baixo ibope desanimou a emissora. Esperavam algo entre 3 e 7 pontos de média.
Culpa talvez daqueles que colocaram o programa SATURDAY NIGHT LIVE num SUNDAY concorrido, por birra contra os meninos do PÂNICO, que se mudaram pra BAND e registravam 9 pontos.
A versão brasileira de STL é boa. Rafinha gozando de si mesmo está à vontade.
Aliás, o segredo é ele ironizar sua postura politicamente incorreta, mostrar o ridículo das ações contra ele e da grosseria de algumas das suas piadas.
Começou pedindo desculpas aos ofendidos do passado, numa lista interminável.
Se, como DAVID LETTERMAN, SEINFELD, LARRY DAVID e os grandes, não se levar a sério e expor suas “fraquezas”, o humor está garantido.
Se comprar guerra contra aqueles que não o entendem, está perdido.
Acertou, aprendeu com o inferna astral que viveu e promete.
A emissora que precisa se desapegar das suas perdas, superar a dor, o abandono, as saudades, deixar o PÂNICO aprontar em outra casa, e devolver o programa para SATURDAY.
Aí o ibope e os lucros podem aparecer.
Enquanto isso.
Que genial é este MARCELO ADNET, que comanda a comédia da MTV.
Outro que aprendeu a refinar o humor, depois de quase mergulhar na polêmica.
Olha o que aprontou dessa vez:
May 24, 2012
da lata
Muitos se perguntam se um dia a maconha fosse liberada, como seria a venda.
Olha aí uma sugestão:
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Bela capa. Falou por todos:
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Líder da gangue, do bando ou do hospício lança biografia:
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Convitão pro fim de semana.
Peça sobre FELLINI.
Olha do que se trata, segundo o site http://www.italiaoggi.com.br
INSPIRANDO-SE EM UM CONTO DE DINO BUZZATI, O DIRETOR ITALIANO PRETENDIA FAZER “UM FILME SOBRE COISAS MORTAS”, MAS FOI PROCESSADO PELO PRODUTOR DINO DE LAURENTIIS POR NÃO TER CONCLUÍDO O TRABALHO, INICIADO EM 1966
A Viagem de Giuseppe Mastorna”, o filme que Fellini planejou fazer e nunca fez -embora tenha tentado rodá-lo várias vezes, desistindo em seguida-, narraria a vida de um violoncelista após a morte.
No assim chamado mundo do além, Mastorna desembarcava numa cidade que parecia um gigantesco cartão-postal de todas as cidades do mundo, habitado por gente de todas as partes do planeta. Encontrava os pais serenamente leves, livres enfim do papel que lhes cabia.
Reencontrava os brinquedos da infância, que ele costumava destruir; as mulheres amadas, todas mal amadas.
Ou seja, depois da morte, era a própria vida que se reapresentava, com desejos e conflitos, remorsos e dúvidas. “Não se trata de um filme sobre a transcendência”, disse Fellini, “mas de um filme sobre coisas mortas, que estão numa zona estagnada. Aquelas que precisam de uma morte verdadeira”.
Que “A Viagem de Giuseppe Mastorna”, inspirado em um conto juvenil do escritor Dino Buzzati [1906-1972, autor também de "O Deserto dos Tártaros"], fosse uma história sobre a morte real ou sobre a morte interior, que Fellini não o tenha feito por superstição -como disse Dino de Laurentiis ao levá-lo ao tribunal por perdas e danos- ou porque fosse um filme que não conseguiu fazer -como afirmará o próprio Fellini-, hoje tudo isso pouco importa. Fellini queria um filme sem brilho, essa era a sua intenção. E sem cores. Mandou desenhar e executar milhares de figurinos, todos de cor cinza: diversos matizes de gris, tom sobre tom, do branco ao preto.
Mas um filme que não foi feito não existe, e o que hoje resta são poucas e preciosas relíquias. A única cena rodada: o desembarque de Mastorna perdido em meio a uma forte nevasca, muito cinza e barulhenta como um furacão, diante de uma catedral gótica tão alta quanto um arranha-céu. Cena conservada por Fellini do documentário “Block Notes di un Regista” [Anotações de um Diretor], produzido pelos EUA em 1969.
O que fica é o fascínio dessa história maldita, recontada em um recente documentário de Maite Carpio (exibido em dezembro último na Casa do Cinema de Roma, quando também foi lançado o livro de Alessandro Casanova sobre todos os filmes incompletos de Fellini ["Scritti e Immaginati", Escrito e Imaginado, ed. Guaraldi Universitaria]).
Resta também o roteiro, definido por Tonino Guerra como “a história de uma melancolia oblíqua, como a perda de um perfume”. Restam os pensamentos do cineasta recolhidos ao longo dos anos por Dario em “Cose Dette da F.F. a proposito del “Viaggio di G. Mastorna’” [Coisa Ditas por F.F. sobre "A Viagem de G. Mastorna"].
A íntegra deste texto foi publicada no jornal “La Repubblica”.
A OBRA-PRIMA FANTASMA
PARCEIROS EM SUCESSOS COMO “A DOCE VIDA” E “OITO E MEIO”, FELLINI E MASTROIANNI JÁ SE ESTRANHAVAM NAS FILMAGENS DE “A VIAGEM DE GIUSEPPE MASTORNA”, QUE SE TORNARIA UMA OBSESSÃO PARA O CINEASTA
NATALIA ASPESI
As 48 fotografias de Tazio Secchiaroli, exibidas em Roma, documentam melancolicamente que o filme em fase de filmagem estava destinado a não nascer nunca. Mais ainda: naquela altura, ele já estava morto e enterrado, e Fellini, em 1969, estava apenas desencavando seus restos para o documentário “Block Notes di un Regista” [Anotações de um Diretor], encomendado por uma TV norte-americana.
Percebe-se nele um ar de cansaço, de encenação, e é óbvio que ninguém mais ali acreditava no projeto: Mastroianni se olha no espelho, sonolento, e se irrita quando lhe metem na cabeça o habitual chapéu felliniano; perdido na fumaça do cigarro, como para disfarçar-se, quase não olha o mestre, que por sua vez parece inquieto, concentrado nos gestos típicos de diretor, que observa através da câmera apertando um olho, enquanto o ator ajusta o paletó. Apenas o violoncelo, com toda sua corpulência, tem um aspecto concreto, apesar de deslocado e melancólico: um objeto que sabe que nunca será protagonista de nada.
A aventura inútil de “A Viagem de Giuseppe Mastorna” tinha começado em 1966, quando Marcello Mastroianni estava com 42 anos e Federico Fellini com 46 -ambos venerados, estrelas de um cinema italiano que havia conquistado o mundo. Juntos, diretor e ator haviam criado “A Doce Vida” [1960] e “Oito e Meio” [1963], obras-primas que já faziam parte da história do cinema.
Sonhos, litígios e doenças
Agora, para aqueles testes sem objetivo, eles se reencontravam e se estranhavam, incapazes de se entenderem, e tentavam representar, juntos, um filme inexistente, que Fellini já havia descartado depois de episódios de fúria, sonhos infaustos, litígios e seqüestros judiciais, doenças misteriosas.
Um filme que jamais foi rodado, como se o cineasta temesse sua realização e o percebesse como uma profecia maléfica, uma nêmesis aterradora, um espantalho a ser mantido à distância.
Um filme que nunca morreu, que se tornou uma lenda, sobre o qual o próprio diretor dava a cada vez, e a quem lhe perguntasse, uma versão diferente, imaginando-o para sempre como uma meta suspensa no futuro, que cedo ou tarde seria alcançada, a “obra-prima fantasma” que teria imortalizado sua arte.
Há um caráter amável e esquivo, conciliador e irredutível, do grande autor em seu longo adiamento, inclusive nessa sessão de fotos que ele sabia inúteis, um pretexto para libertar-se da armadilha criativa em que se deixara cair sem se dar conta.
A vida breve e o coma infinito de Giuseppe Mastorna são muito bem relatados por Tullio Kezich no livro “Fellini, uma Biografia” [lançado no Brasil pela ed. L&PM]. A idéia surgiu muito antes, em 1938, quando Fellini ainda morava em Rimini e tinha seus 18 anos; foi então que ele leu no semanário “Omnibus” um conto de Dino Buzzati em que um garoto de 12 anos morre e se vê diante de uma odisséia no mundo do além, para depois voltar à terra, após ter compreendido o segredo da vida.
Essa história ficou na sombra de seus pensamentos durante quase 30 anos, como um refúgio à realidade do trabalho e do sucesso crescente.
Depois algo se rompe, e ele filma “Julieta dos Espíritos” [1965], seu primeiro longa-metragem em cores, experiência que o deixa insatisfeito, notando a decepção do público. Foi na primavera de 1965, ao passar por Milão, que lhe veio a vontade de conhecer Buzzati, autor daquele conto inesquecível: faz a proposta de escreverem juntos o roteiro, e juntos freqüentaram magos videntes, conversaram por mais de um ano, tudo inutilmente.
O violoncelista Giuseppe Mastorna continua sendo uma figura nebulosa, plantada numa praça desconhecida, silenciosa e sombria, diante de uma catedral gótica.
À medida que o roteiro avança na história como se entrasse num sonho, o produtor Dino de Laurentiis, que pouco antes havia fundado a “Dinocittà”, vai investindo milhões no filme, todo entusiasmado com sua primeira parceria com Fellini, sem se preocupar com que o diretor lhe prometesse vagamente uma história que será “uma experiência inefável, mística, o sentimento do todo”. Escolhem-se figurantes, preparam-se locações, desenham-se cenários e figurinos, busca-se um ator principal que alivie o crescente mau humor do cineasta.
Fellini já está cansado de Mastroianni, e, além disso, o ator estava comprometido com uma peça; Giorgio Strehler gostaria de fazer o papel; Laurence Olivier não se interessa; Steve McQueen impõe condições; quem sabe Paul Newman?
Isso leva mais de um ano, e nesse meio-tempo morre Ernst Bernhard, o analista de Fellini, o que o deixa desconsolado. Então ele escreve: “Caro Dino, estou me sentindo exausto e sem ânimo; nessas condições, não posso realizar o filme”.
Fora de si, o napolitano De Laurentiis processa o diretor, declarando um prejuízo enorme, sem contar que, com esse “comportamento irresponsável”, 70 pessoas ficaram sem trabalho.
Na casa de Federico em Fregene, agentes apreendem quadros e objetos, enquanto o cineasta se entrincheira em casa, recusando-se a dar declarações. Poucos meses depois, os dois se reconciliam em um passeio pela Villa Borghese [em Roma], acompanhados pelos respectivos advogados. “Mastorna” será feito, e finalmente é firmado um contrato com Ugo Tognazzi [1922-90], eufórico, enquanto Fellini o considera muito terreno, ou seja, pouco neurótico para o seu “Mastorna”.
Maldição
Em abril de 1967, o filme já se tornou um pesadelo: certa noite, sozinho em casa, Fellini passa muito mal e desmaia. Por sorte é socorrido a tempo: a maldição de Mastorna abateu-se sobre ele sob o misterioso diagnóstico de síndrome de Sanarelli-Schwarzmann. De Laurentiis consegue vender por quase metade de seu prejuízo o material filmado de “Mastorna” a um advogado napolitano, Alberto Grimaldi, que já havia produzido dois faroestes com Sergio Leone. Também ele será desiludido por Fellini, que se recusa a fazer o filme, recomprando-o depois, em prestações, em 1971.
Mas a vida inexistente do pobre violoncelista sem rosto ainda não terminou: em 1992, o cineasta o cede a Milo Manara, para que o transforme em HQ.
Por que Fellini nunca realizou esse filme? Muito se disse sobre o assunto, e ele mesmo falou de sonhos premonitórios que o teriam feito abandonar o projeto. Talvez, mas ninguém jamais levantou a hipótese de que o grande diretor tivesse simplesmente intuído que o filme nunca chegaria a ser a obra-prima digna de suas ambições e de sua fama.
Numa das tantas entrevistas que generosamente concedia a jornalistas que o adoravam, Fellini disse: “Como a carcaça de um navio afundado, “Mastorna” alimentou todos os meus filmes seguintes”.
A íntegra deste texto foi publicada no jornal “La Repubblica”.
Traduções de Maurício Santana Dias.
(© Folha de S. Paulo)
Diretor chegou a consultar médium
O último longa de Fellini, “A Voz da Lua” [1990], foi baseado no livro “Il Poema dei Lunatici”, de Ermanno Cavazzoni, que deu palestra na USP, em outubro de 2005, falando de seus livros e relatando as peripécias que envolveram “A Viagem de Giuseppe Mastorna”. Segundo ele, antes de começar a rodar esse filme, Fellini teria consultado um famoso médium da época, o qual vaticinou que, se ele fosse concluído, o diretor morreria. Diante do sombrio prognóstico, o cineasta teria preferido deixar o projeto de lado.
Cavazzoni também esclareceu que o nome do protagonista, “Mastorna”, é uma corruptela da frase italiana “Ma si torna?”: “Mas se volta [do além]?”. Parece que Fellini estava tentando retornar a esse longa quando morreu, em 1993. (MSD)
a defesa mais espetacular
Zoação à parte.
Vi este lance de frente, in loco!
O gol não feito que poderia matar de enfarte milhões de corintianos.
Alessandro é o último homem de defesa corintiana.
Passa mal a bola, rebate no artilheiro, que entra sozinho no campo corintiano.
O estádio inteiro não acredita no que vê.
Entre Diego Souza e as traves, um goleiro gigante, Cássio.
Ele tem todo o campo para carregar a bola e pensar no que fazer.
Até olha para os lados, porque ele mesmo não acredita que está só.
E a torcida se olhou, entendeu, viu a tragédia iminente: mais uma vez estamos fora.
Segundo tempo, 12′. Se o Vasco fizesse, o Corinthians teria que fazer dois, para passar à tão sonhada semifinal.
Praticamente impossível.
Porém, o único calmo do épico de poucos segundos que durou uma eternidade era a vítima, o goleiro.
Surpreendentemente, ele não se jogou sobre o goleador, não correu para trás, manteve a distância que cobria a visão do gol.
Diego avançava, na mesma velocidade, enquanto Cássio impassível, sempre mantendo a mesma distância do gol.
O atacante não poderia encobrir.
O goleiro com sangue frio não se desconcentrou.
Chutou no canto, o salvador espalmou.
Não foi o gol mais perdido da rodada.
Foi a defesa mais espetacular dela.
Frieza ganha jogo, é o segredo do bom profissional.
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