Marcelo Rubens Paiva's Blog, page 123

April 5, 2012

bisou bisou


 


A série BOSS estreia enfim no Brasil pela TNT.


Já falei dela aqui: trama explosiva sobre o prefeito de Chicago, que descobre ser portador de uma doença degenerativa.


Pensa que o cidadão amansa suas relações políticas e familiares?


Vai nessa.


Kelsey Grammer faz o prefeito linha-dura Tom Kane.


Ele ganhou o GLOBO DE OURO deste ano pela atuação.


Série que mostra que política não é para amadores, nem lá, nem aqui, nem na Conchinchina.


E joga dúvidas sobre se a alma humana tem solução.


Caráter de um País sem confiança em si, em seus banqueiros, políticos e instituições.


Lembra o quê?


 


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CONCHINCHINA existe e fica entre o Vietnã e o Camboja.


A consulta constante a sites de busca é uma neurose.


Espero que tenha tratamento.


 


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Não me pergunte como, mas vi o primeiro e segundo episódios de MADMEN, quinta temporada, que estreou nos EUA há 2 semanas.


É um direito constitucional não apresentar provas que me possam incriminar.


O que posso dizer que, uau, é MADMEN na sua essência.


Sordidez humana na grau máximo, fruto da sociedade competitiva, individualista e narcisa simbolizada pelas agências de publicidade da MADISON AVE, NY.


DON DRAPER agora casado com sua ex-secretária, a canadense MAGEN, só quer saber dela.


Aliás, ela rouba a cena do episódio de quase duas horas.


Pois numa festa surpresa para aniversário de 40 anos de DON, ela dança ZOU BISOU BISOU, vídeo que vazou há dias, e deixa até o mouse e teclado de qq internauta com tesão, assim como a todos da agência:


Pelo visto, a atriz JESSICA PARE, MAGEN, será a nova BETS da série.


Sai a dona de casa neurinha, com o fardo de educar 3 pestinhas no subúrbio, LOIRA, entra a sexy e provocante designer estagiária, que não suporta as tarefas do lar, MORENA.


PETE CAMPBELL continua sendo tratado como um ser inferior, apesar de ter levado grandes contas para a agência.


PEGGY sai agora com um jornalista de esquerda e dá seus foras quando bebe.


BETS [a maravilhosa JANUARY JONES] sumiu da trama.


Esperamos que por enquanto.


 



 


A onda de luta pelos direitos civis entra na trama.


Especialmente a segregação racial. Lembrem que o único negro da agência é o ascensorista.


Estreia aqui pela HBO daqui a duas semanas.


 


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Na semana que vem, enfim BETO BRANT estreia o filme tão aguardado, EU RECEBERIA AS PIORES NOTÍCIAS DOS SEUS LINDOS LÁBIOS, da obra de Marçal Aquino, como Gustavo Machado e Camila Pitanga:


 



Não só baseado no melhor livro do Marçal, como 1 dos títulos mais bonitos da literatura brasileira.


BETO sempre surpreende, não segue uma linha estilística lógica, trafega por outros gêneros, amante do teatro.


E é, de longe, 1 dos cineastas mais originais da chamada "Retomada", que não faz concessões, nem se deixa seduzir pela bilheteria farta.


 


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Fernando Meirelles entra no processo de casting do filme NEMESIS, sobre a biografia do armador grego Aristóteles Onassis – ex de Maria Callas, Jackie Kennedy e tantas outras.


 



 


Baseado no livro thriller político de Peter Evans, aborda a teoria da conspiração que afirma que Onassis ajudou a financiar o assassinato de Bobby Kennedy em 1968.


O motivo? Ciúmes por Jackie.


As filmagens devem começar em 2012.


Antes disso, Meirelles estreia 360, seu projeto antigo de adaptação da obra de Arthur Schnitzler, que teoriza sobre a vida sexual de personagens de diferentes classes sociais, com Anthony Hopkins, Rachel Weisz, Jude Law, e estreia dia 18 de maio aqui no Brasil, e 25 de junho na Europa e EUA.


 


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Me senti uma fofoqueira do Canal E! agora.


 


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Falei no post anterior dos filmes HELENO e XINGU e me esqueci de 1 detalhe.


Atenção à trilha sonora dos 2 filmes, especialmente de XINGU.


Obra do grande e cada vez melhor Beto Villares.


E pensar que vi este moleque crescer…


 


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Tá, vai.


Me sobram alguns minutos.


Mais JJ [BETS] pra vc:


 




 


 


 


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E Magen [JESSICA PARE]


Esse DON…


Tem o dom.


 


 



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Published on April 05, 2012 08:34

April 4, 2012

a pedra no sapato do cinema


 


HELENO, do Zé Henrique, é um baita filme.


Rodrigo Santoro é daqueles atores que tem algo a +.


Como se diz no futiba, é um ator "diferenciado".


Além de bonito que dói.


Numa cena de improviso, com pacientes de sanatórios, fica evidente o quanto ele está concentrado, ao começar a improvisar com um não ator, que passa a chorar compulsivamente e pedir desculpas por recusar um cigarro.


Rodrigo está Heleno e conforta o personagem como o jogador faria.


O filme em P&B consegue traçar o emocional do protagonista com alma nas mãos.


Um jogador quase bipolar, atacado pela sífilis.


Porém, detecta-se alguns problemas de roteiro.


Sempre ele, o roteiro…


Esta pedra no sapato do cinema brasileiro.


A vida real de HELENO DE FREITAS é + interessante ainda.


Advogado, filho de cafeeiros ricos, descoberto jogando bola na praia, era muito craque- fazia 1 gol por partida.


Foi expulso do BOTAFOGO, VASCO e BOCA.


Supõe-se que teve 1 caso com EVA PERON.


Na COLÔMBIA, foi 1 grande herói, apelidado de EL JOGADOR.


GABRIEL GARCIA MARQUEZ escreveu sobre ele [até aparece de relance o artigo no filme].


Decadente, tentou jogar no SANTOS e FLAMENGO.


Mas quebrou o pau no treino com todos os jogadores na Gávea e foi expulso.


Na única vez em que jogou no MARACANÃ, pelo AMERIQUINHA de Trajano, Tim Maia e família Antunes, foi expulso ao quebrar um zagueiro no 1/2.


Alguns amigos reclamaram que tem pouco futebol no filme.


O que deve ser bem caro de filmar.


Ou foi opção do diretor?


Também causa estranhamento o elemento incorporado na trama que não aconteceu na vida real: a mulher de Heleno não trocou ele pelo melhor amigo.


Mas isso porque sou chato, rigoroso com meus amigos, meu cinema, meu País, torço pelo melhor.


O que interessa é que chorei no final.


E vi numa sala de shopping lotada, cujo público demorou para sair [ótimo sinal].


+++


Tentei ver o documentário sobre RAUL SEIXAS domingo.


O INÍCIO, O FIM, O MEIO.


Cheguei em cima da hora. Não consegui entrar.


Lotado.


A raiva virou logo satisfação.


Um documentário brasileiro lotando.


Me empanturrei de trash food na Praça de Alimentação duplamente feliz.


+++


 



 


E vi XINGU.


Filme dos amigos da O2 e do meu coleguinha de ECA e TV CULTURA, CAO HAMBURGUER.


Aliás, parênteses.


CAO era "O" cineasta do departamento da USP, que agora se chama Audiovisual.


Meu contemporâneo.


No entanto, ele me contou anos depois que nem era matriculado.


Nunca fez vestibular.


Circulava por lá como 1 aluno sem ser incomodado pela burocracia acadêmica.


Aluno bicão.


Que considerávamos 1 colega dos mais agitadores e talentosos.


Genial…


Outro ator que arrebenta, JOÃO MIGUEL.


Do BAHIA, BAHIA, BAHIA!


"Ator diferenciado…"


Também sempre concentrado, focado.


Ele, CAIO BLAT e FELIPE CAMARGO dão show, cercados por índios e não atores.


A história é incrível.


Chorei no final.


Na última cena, em que…


Opa, melhor não falar.


Minha mãe foi advogada dos índios, especialista em demarcação de terras.


Vivia na minha casa o ambiente de revolta e medo dos primeiros habitantes brasileiros, que viam suas terras tomadas por mineradoras, fazendeiros, pastos, grilagem etc.


A sorte deles é que o BANCO MUNDIAL só emprestava dinheiro a projetos brasileiros agrícolas, de hidroelétrica e mineração, com aval da minha mãe, que checava se os limites do território indígena era respeitado.


Porém, lá vou eu, O CHATO.


Senti problemas no ROTEIRO.


Parecia escrito por autores que seguem as regrinhas e manuais dos livros de Syd Field.


Devem ter frequentado palestras e simpósios sobre roteiro.


Estou sendo sarcástico.


Prometi a mim mesmo que, neste ano, me controlarei mais [já que estou sem cigarros, remédios, nada].


Mas a obrigatoriedade de um grande conflito aparecer a cada terço do filme força os autores a manipularem a verdade em busca do tal ponto de virada.


Como na cena maniqueísta em que CAMARGO discute com um MAJOR.


Militares e fazendeiros são tratados como vilões.


Mania do cinema brasileiro de desenhar fronteiras entre o bem e o mal.


Na verdade, e isso é até mais interessante, a relação entre os irmãos Vilas-Bôas e os milicos foi dúbia durante a ditadura.


No começo, no meio e no fim.


Isto é dialética.


Quem viveu, se lembra.


Eles eram apolíticos, não se envolviam, não criaram problemas para os militares.


Diferentemente do que mostra o filme.


O que deixava a esquerda decepcionada.


Especialmente pq o PARQUE era um projeto do governo deposto em 64.


Os milicos tinham como projeto Brasil Grande reorganizar a AMAZÔNIA.


Índios e parques de um lado, estradas e mineradoras do outro.


Deixaram o XINGU em paz, deram grana e visibilidade.


Foi na construção da PERIMETRAL NORTE e da TRANSAMAZÔNICA que o massacre rolou.


Tenho um livro que falas sobre isso, UA:BRARI. Por isso conheço bem a história.


Pesquisei como um desgraçado. Fui umas dez vezes para a região.


Não peguei malária por pouco [1 amigo meu pegou].


Mas passei boas noites sentado num vaso sanitário no TAPAJÓS e ALTAMIRA tomando soro.


A operação de colocar os índios KREENS, não contatados, os TEMÍVEIS gigantes da floresta, dentro do parque, é o melhor conflito do filme.


Não é desperdiçado.


Mas se perde muito tempo criando conflitos secundários, para uma artificial curva dramática.


Outra coisa, RONDON, o verdadeiro tutor dos irmãos, sumiu no filme.


Não se sabe por que eles foram escolhidos para liderar a marcha.


Bem, quem sou EU para falar?


Vá ver os FILMES citados.


Valem a pena e o ingresso.


Se emocione.


Vale a pena se emocionar.


+++


 



 


Lembrei-me que IRACEMA, UMA TRANSA AMAZÔNICA mal tinha roteiro.


O filme de Jorge Bodansky, que mistura documentário, como SEM DESTINO,  ainda é a maior obra sobre a região de tantos conflitos.


Meu coleguinha e crítico José Geraldo Couto escreveu no seu blog [http://blogdoims.uol.com.br/ims/roteiro-pra-que-roteiro/]:


"Roteiro? Pra que roteiro?"


Frase que Godard teria dito a Billy Wilder.


Criaram-se cursos, oficinas, laboratórios, hospitais, prontos-socorros de roteiros. Os manuais norte-americanos, como o do famigerado Syd Field, entraram em voga.


Nunca se falou tanto em "curva dramática", "ponto de virada", "trama secundária", "jornada do herói" e coisas do tipo. Buscava-se "o bom roteiro" como quem busca a fórmula da felicidade eterna. O resultado disso, com as exceções de praxe, foi uma enxurrada de filmes corretos, bem feitinhos e insípidos, sem alma, sem vida, que na ânsia de agradar todo mundo acabam não agradando ninguém.


Concordo.


Me lembrei também o livro de LILIAN ROSS, O FILME, sobre os conflitos que JOHN HOUSTON teve com o estúdio, na preparação das filmagens e roteirização de A GLÓRIA DE UM COVARDE.


Algum produtor achava que seria útil para HOUSTON relatórios psicanalíticos do que era a COVARDIA.


Contratou especialistas da área.


Enviou para o diretor, que nem abriu o envelope e jogou no lixo.

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Published on April 04, 2012 08:39

April 3, 2012

a verdade

Confesso que me orgulho de movimentos sociais criativos.


Sem perder a dureza das denúncias.


As redes sociais já são os pesadelos dos impunes.


Mobilizam como nunca antes.


A verdade pode nunca aparecer.


Mas ir em busca dela sempre foi a obrigação da humanidade.


Mesmo que não a encontremos, nos sentimos vivos e em evolução ao procurar.


É o que nos diferencia de uma pedra.


 



 



 


Interessante ver que o estado policial criado por eles, mais especificamente, a Polícia Militar, ainda segue ordens dos Reformados.


E mantém a impunidade e a defesa de interesses de 1 grupo político.


O entulho autoritário ainda presta serviços à ditadura.


Mais uma razão para extingui-la e unificar as polícias.


O bebum tem razão, amanhã vai ser outro dia:


http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=BuqKSc_EOIs#!

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Published on April 03, 2012 06:26

March 29, 2012

aula de arte

FESTIVAL DE TEATRO DE CURITIBA


Hoje e amanhã, DEUS É UM DJ, peça que dirigi, às 21h no TEATRO DA REITORIA


Estarei por ali.


Bem agasalhado, pelo visto.


Apareçam.


 


+++


 


Agora, sim, ninguém mais vai se confundir.


Se fosse assim nas escolas…


 


 


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Published on March 29, 2012 06:33

March 28, 2012

Milton

Foi-se o maior poeta do humor e filósofo brasileiro.


Com quem tive a honra de conviver quando criança no Rio de Janeiro.


Amigo de pôquer do meu pai.


Jogou botão comigo algumas vezes.


Com quem ia ao MARACA ver jogos da Seleção.


Ele e a sobrinhada.


Sempre com o sorriso estampado, gozador.


Do outro lado, ficava NELSON RODRIGUES emburrado.


Este BRASIL se vai.


E sobra aquele 1 pouco + medíocre.


Que dá Pânico…


Mal sabia eu que o Brasil já foi tão mais inteligente.


Inspirador.


Adios, Millôr…


 



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Published on March 28, 2012 08:25

papam

 Polêmica a visita do Papa a Cuba.


Especialmente ao declarar que o marxismo não corresponde mais à realidade.


1. Então para o Santo Pontífice já funcionou alguma vez?


2. É visível que não funcionou, afinal, em 52 de doutrinação, não se cristalizou a noção de ópio do povo.  O que tinha de cubano de lencinho nas ruas acenando para o Papa…


Outra coisa que não se entende é se o chefe de um Estado dentro de outro, cuja guarda é de outro país, a Suíça, armada com lanças, armaduras e capacetes da Idade Média, tem moral para criticar o governo de uma ilha caribenha.


Na saída, o Papa ainda passou por uma revista rigorosa.


Imigração cubana queria se certificar se não tinha dissidentes escondidos em sua batina.


E foi embora só depois de se certificar de que quem não tem Jesus vai de Che.


Com uma bata cubana branca debaixo dos panos e tecidos papais.


 


+++


 



 


O filme Habemus Papam (2011), de Nanni Moretti, agora nos cinemas daqui, parte de uma trama genial: joga duas das "religiões" mais sólidas do mundo ocidental em confronto, a Católica e a Psicanálise.


Pois o novo Papa, com síndrome do pânico, se recusa a assumir o cargo para o qual foi o escolhido por deus [e cardeais], obrigando o Vaticano a se render e chamar o melhor psicanalista de Roma.


"É desnecessário lembrá-lo de que os conceitos de alma e subconsciente não podem co-existir", é avisado o doutor ateu, assim que entra no Vaticano.


A trama começa com a morte do Papa anterior, a escolha do atual, os dilemas dos cardeais, retratados como estudantes numa sala de aula, numa prova de múltipla escolha.


MORETTI humaniza o Poder de ROMA.


Mostra cardeais australianos mais interessados em fazer turismo do que na crise resultada pela depressão papal.


Outros que brigam num jogo de cartas e vôlei como crianças.


Revela que a maioria toma remédios para dormir sem nenhum controle, e misturam antidepressivos com ansiolíticos.


E prova que, ambas, a Igreja e a Psicanálise, são incapazes de entender as confusões da alma [inconsciente] e de curá-las.


O que os Existencialistas nos cansaram de alertar.


Habemus papam.


Mas no habemus paz interior.


Ancora…


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Published on March 28, 2012 06:55

March 27, 2012

o punk ñ morre

Ontem os carros pararam para eu atravessar uma faixa de pedestres na Rua João Moura.


Numa quadra tranquila, que tem até lombada.


Tão civilizado, que os sabiás pararam de piar.


Diante de uma escola e uma casa modernista, que o kassabismo quer colocar  abaixo.


Haverá sábado, 15h, na Praça Benedito Calixto, manifestação contra a verticalização de Pinheiros.


Fenômeno que está acabando com São Paulo.


Atravesso a faixa até a metade, agradeço com a cabeça os educados motoristas, sentindo que cidadania é aquela semente que, se regada…


Vou atravessar a outra metade, quando 1 carro quase me atropela.


Não parou, nem olhou, não respeitou.


Xinguei como um solista de ópera.


Ele me mostrou o dedo e continuou.


O playba ainda tinha um adesivo de uma banda playba no vidro traseiro.


Não sei o que me deu.


Calibrei a velocidade e fui atrás, com minha cadeira motorizada Quickie P200, bateria selada, LEVE, centro de gravidade baixo e pneus de 16″ novos.


Quando a comprei, em 1995, pedi na loja: Quero a mais rápida.


Não sei se ainda é.  Mas chega fácil a 14 km/h.


Uma bicicleta em marcha normal.


Como a ladeira me favorecia, chegaria a mais.


Ah, o desgraçadinho parou no farol.


Acelerei.


Imaginei o playba olhando pelo retrovisor e concluindo: Melhor não encarar, este aí é possuído.


Ou, como costumam falar de cadeirantes irados: Este aí não se conformou


Ao me aproximar, eu já tinha o plano traçado.


Se ele saísse do carro para me encarar, eu voaria com a cadeira até seus 2 joelhos.


E voltaria de ré para atropelá-lo e ficar em cima do seu braço.


Já fiz isso com um frentista francês que tentou me roubar.


Fiquei na dúvida se gritava: "Aqui é curintia!"


Nós, curintia, estamos ligeiramente exacerbados, descontrolados, nos achando os donos do mundo.


Até meus porteiros curintia estão diferente.


Esta arrogância não faz bem…


Mas o cara de tão assustado engatou, foi pela contra-mão e furou o farol vermelho.


Posso confessar que eu, apesar de não aparentar, me sentia mais um jogador de xadrez do que um beque de fazenda num jogo de mata-mata.


Planejei cada passo do ataque.


Um deles era: jogaria o braço móvel da cadeira no vidro traseiro se ele fugisse.


Bem no adesivo da banda de playba.


Mas havia crianças na calçada.


Não adianta.


Sou curintia e da geração que não deixava barato.


Que devolvia bomba de gás para a Tropa de Choque, enquanto a liderança do movimento estudantil gritava: Não reajam!


E estive neste show aí, há 30 anos.


No SESC POMPEIA.


De roupa preta!


Na primeira fila.


Por isso me chamam de metido.


Cadeirante tem que ficar em casa deprimidinho.


Vai nessa…


No mesmo ano, mesmo local, lancei FELIZ ANO VELHO


E depois BLECAUTE, que "retrata" o fim do mundo.


DEMOCRACIA CORINTIANA era desta época também.


Como os primeiros discos do TITÃS, IRA, LEGIÃO…


E a derrota do dream team, a SELEÇÃO DE TELÊ.


Vai ter muita coisa fazendo 30 anos.


Os planetas estavam alinhados.





 


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Published on March 27, 2012 09:37

March 26, 2012

peça que dá tesones

Em abril no SESC BOM RETIRO


Estreamos IL VIAGGO, peça que escrevi em homenagem ao grande FELLINI e aos DONATI, FACCIOLLA, CERELLO e GRANATO.


Nossos parentes que vieram da ITÁLIA e fizeram de SP sua extensão.


Baseada no roteiro de FELLINI, "Il viaggio di G. Mastorna".


Em 1965, Fellini teve a ideia de fazer o filme  sobre a história de um violoncelista, mas que nunca chegou a ser realizado.


A história começa com Mastorna dentro de um avião a caminho de se apresentar em um concerto.


Só que por conta de uma tempestade de neve, o avião é obrigado a fazer um pouso de emergência na praça de uma cidade em frente a uma catedral gótica imponente.


Numa cidade misteriosa chamada MASTORNA [?!].


 



 


 


 



 


 


 


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FESTIVAL DE TEATRO DE CURITIBA abre nesta quarta, dia 28.


E estaremos lá com DEUS É UM DJ.


Peça que adaptei e dirigi, quinta e sexta [29 e 30 de março], 21h, no TEATRO DA REITORIA.


Com MARIA RIBEIRO e MARCOS DAMIGO, duplinha da arretada.


Peça que dá tesão.


 




 


 





TEATRO – Casal multimídia encena Deus É um DJ






Ter, 20 de Março de 2012 15:58



Maria Ribeiro e Marcos Damigo em cena de Deus É um DJ. Divu…

Curitiba, BR Press) – Um dos destaques do Festival de Teatro de Curitiba, que acontece de 28/03 a 08/04, é a peça multimídia Deus é um DJ, adaptada e dirigida por Marcelo Rubens Paiva.


A montagem, encenada dias 29 e 30/03, às 21h, no Teatro da Reitoria, mostra  um casal  de artistas – vivido por Maria Ribeiro e Marcos Damigo – convidado a morar numa galeria de arte, transformando sua própria vida numa performance.


Produtos


Eles vendem a si mesmos como produtos, veiculam imagens na internet e sabem lidar profissionalmente com essa situação. Além disso, trabalham num ousado projeto de revolucionar o mundo através da sua obra audiovisual.


No espetáculo, todos os equipamentos de som, luz e projeção são operados pelos próprios atores em cena. O texto, escrito em 1998 pelo alemão Falk Richter, faz uma crítica cheia de humor a certos fenômenos do mundo moderno, como os reality shows e as redes sociais.


Tudo é falso e espontâneo ao mesmo tempo, ao ponto de nem eles saberem onde está a verdade.


Ingressos: de R$ 25 a R$ 50.


Teatro da Reitoria – Rua XV de Novembro, 1299



 


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De resto?


Depende dela:


 


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Published on March 26, 2012 06:57

March 15, 2012

balzacão

 


devo muito a este cara aí, saudoso EDSINHO


filmagem MALU DE BICICLETA






Há 30 anos eu lançava FELIZ ANO VELHO no SESC POMPEIA, que também inaugurava.


Os convivas eram meus colegas da ECA -USP, parentes e amigos da família.


Surpresos ao saberem que um PAIVA virara escritor e, mais ainda, na coleção CANTADAS LITERÁRIAS da BRASILIENSE, que se gabava de ressuscitar a literatura brasileira que saía do coma depois de anos de ditadura, exílio e censura.


Na verdade, o livro quase se perdeu.


Sua única cópia ficou jogada uns dias no banco traseiro de um GURGEL sem capota – o editor CAIO GRACO achava que eu tinha xerox dos originais.


Pobre que eu estava na época, claro que não tinha.


E o quarteto de ouro da editora- CAIO TÚLIO, MATINAS SUZUKI, LUIZ SCHWATRZ e CAIO FERNANDO ABREU, seus assistentes e conselheiros- tentava desencorajar o editor a publicá-lo.


Fracasso garantido, diziam.


CAIO GRACO bancou sabe-se lá por quê.


Sentia 1 potencial no livro que eu mesmo desconhecia.


Livro que demorou pra pegar. Foi no boca-a-boca.


3 décadas depois, uma obra razoável [todos os livros agora editados pela OBJETIVA], muitas peças de teatro [minha paixão platônica], crônicas, matérias jornalísticas e até roteiros de cinema.


Meus primeiros 2 livros ainda foram cuspidos por uma máquina de escrever.


Com tendinites e bursites herdadas, deixo aqui a iconografia de uma vida literária cuja prioridade sempre foi a diversidade, a diversão.


E fazer amigos.



peça NO RETROVISOR




 


 



 






primeira resenha, meses depois - VEJA



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Published on March 15, 2012 07:12

March 14, 2012

paradoxo em ai se eu te pego

Análise literária da música AI SE EU TE PEGO, pelo professor Edmilson Borret.


Já que professor de literatura sou, dediquei alguns minutos do meu

precioso tempo para me debruçar sobre a letra desse "fenômeno" de

crítica e público que assola as rádios e tv's, não só do Brasil, mas

também do mundo: "Ai, se eu te pego", desse grande artista chamado

Michel Teló.


Uma letra de música tão profunda, filosófica e poética como essa

merece, sem sombra de dúvida, uma análise literária mais esmiuçada…

Então vamos lá!


"Delícia, delícia

Assim você me mata"


Nos versos acima, nota-se de imediato que o eu lírico expressa

metaforicamente seu deleite sexual, chegando mesmo – pode-se dizer – a

um estado de clímax sexual, um orgasmo.


Entretanto, à medida que

avançamos na leitura da letra da música, percebemos logo no verso

seguinte uma ideia parodoxal que nos leva a constatar que talvez o eu

lírico, através de um eufemismo muito bem elaborado, aponte para uma

das práticas difundidas na tradição literária ocidental,

principalmente a partir do Romantismo. Observem o verso:


"Ai se eu te pego, ai ai se eu te pego"


A anáfora presente nesse verso, com a repetição da interjeição "ai",

mais uma vez denota a ideia de deleite, de clímax sexual.


Entretanto,

através do papel hipotético conferido pela conjunção condicional "se",

percebe-se que o eu lírico não chegou, de fato, a um enlace, a uma

conjunção carnal com o objeto de seu desejo: o "ai se eu te pego"

significando algo como "ai, como eu gostaria de te pegar" ou "ai, se eu

pudesse te pegar" (levando-se em consideração também o neologismo já

absorvida pela linguagem coloquial quando ele usa o verbo "pegar" para

significar o ato sexual).


Ou seja: se, nos dois primeiros versos, o eu lírico expressa seu

deleite, seu clímax sexual, seu orgasmo; mas, logo imediatamente, nos

dá dicas de que o enlace sexual não ocorreu de fato, somos

forçosamente levados a considerar que o eu lírico é…


UM ONANISTA DE MARCA MAIOR !


(Edmilson Borret)


 


Concordo com o professor.


A personagem foco do narrador já é delícia antes de ser pega.


Ou o narrador é mágico e prevê o futuro com exatidão, ou é um embuste que vive nas nuvens do platonismo neurótico.


ps> Apenas ressaltar que o professor usou outra palavra no lugar de ONANISTA.


 


+++


 


Eis a carta que o presidente do bloco ACADÊMICOS DO BAIXO AUGUSTA publicou na TRIP.


E, como porta-estandarte do mesmo, assino embaixo.


 


2010 - livre descendo a Rua Augusta


2011 - cercado pela polícia


 


 


Em fevereiro de 2010, uma semana antes do Carnaval, organizamos o bloco Acadêmicos do Baixo Augusta, aproximando da nossa festa mais popular a região mais divertida da cidade. A ideia nasceu de uma brincadeira entre amigos proprietários de clubes, bares e frequentadores da noite paulistana. Mais precisamente, foi no casamento do arquiteto Guillaume Sibaud e da jornalista Sandra Soares que, em meio a muitos amigos e rostos conhecidos, no auge da alegria e diversão, tivemos a ideia: vamos formar um bloco de Carnaval! Vamos dançar e cantar no meio da rua Augusta!


Naquele ano nosso ato foi anárquico, resolvemos sair pelas ruas sem avisar ninguém, afinal era uma brincadeira entre amigos que não traria grandes neuras para a cidade. Fizemos um esquenta no bar Sonique com um batuque, instalamos nosso estandarte feito por Zé Carratu na cadeira do nosso porta-estandarte Marcelo Rubens Paiva e saímos. Começamos pela rua Bela Cintra, descemos a rua Costa e tomamos a Augusta de assalto, atravessando no meio dos carros, cantando uma cidade libertária e feliz. O final do cortejo foi em frente ao Studio SP, onde parte da patota se aglomerou para uma festinha pós-bloco.


Antes de entrar para a festa, um batalhão da polícia militar chegou e procurou o responsável pela baderna. Como tinha sido eleito de brincadeira o presidente do bloco – e ostentava uma camisa "oficial", com uma caveira de Ray-Ban e a palavra "presidente", foi para mim que o sargento deu voz de prisão. Cheguei a ficar uns três minutos dentro do chiqueirinho da polícia, até que um bando de advogados da região, junto com a doutora Mara Natacci, também uma das figuras centrais do bloco, interviesse impedindo que me levassem para o DP.


A baderna a que o sargento se referia foi parar uma faixa de trânsito da rua Augusta, em pleno final de tarde de domingo. O sacrilégio que quase me fez ser preso foi sair cantando pela rua da cidade que nunca dorme, em plena época de Carnaval.


De lá pra cá, o bloco do Baixo Augusta cresceu bastante, foi contratado para animar festas carnavalescas de gala, saiu com destaque em jornais, sites e revistas – sendo diversas vezes listado entre as melhores coisas para fazer em São Paulo –, chegou aos trending topics do Twitter e até teve seu hino entoado em pleno Jardim Botânico no auge do Carnaval carioca pelo bloco Último Gole – que reúne artistas e boêmios da Cidade Maravilhosa que conheceram as maravilhas do Baixo.


A única coisa que não mudou uma vírgula foi a conturbada relação com o poder público: em 2011 fomos esculachados pela CET, que nos obrigou a "pagar pela baderna do ano anterior" descendo a Consolação e não a Augusta. E este ano, como muito já se falou, tivemos que locar um estacionamento na esquina da Augusta com a rua Dona Antônia de Queirós para o bloco acontecer, pois novamente a mesma CET se negou a ajudar e participar "dessa pouca vergonha carnavalesca".


Nossa brincadeira entre amigos virou uma via crucis que eu e meu chapa Alê Natacci, dono do Sonique, temos que enfrentar todo ano.


São Paulo careta


São Paulo não trata bem os cidadãos que acreditam em uma cidade divertida e criativa. São Paulo não olha pro lado para ver os exemplos de Rio de Janeiro, Recife e Salvador, que têm suas economias aquecidas com a folia de rua, muito mais do que com qualquer festa oficial e paga que aconteça nos sambódromos da vida. São Paulo é careta demais. Demais. E já passou de todos os limites.


Sonho em ver outro tipo de governo e de visão para a minha querida São Paulo. Vai ser muito mais fácil colocar o nosso bloco e os blocos de tantos outros na rua em uma cidade mais cabeça aberta que esta que está aí.


*Aê Youssef, 36, é fundador e sócio do Studio SP e do Studio RJ, um dos fundadores do site Overmundo e presidente do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta. Foi coordenador de Juventude da prefeitura de SP (2001-04). E-mail: ayoussef@trip.com.br

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Published on March 14, 2012 07:46

Marcelo Rubens Paiva's Blog

Marcelo Rubens Paiva
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