Marcelo Rubens Paiva's Blog, page 122

May 3, 2012

dizem que ela existe pra ajudar

O único erro no roteiro do filmaço TROPA DE ELITE 1: quando o aspirante André Mathias  vai a uma festinha com seus amigos universitários da PUC, “os maconheiros”, como generaliza o Capitão Nascimento, dança com Maria, a mais gatinha da classe [Fernanda Machado], e um invejoso pede para o DJ colocar “Polícia” dos TITÃS.


A pista urra, e o neo gambé se chateia.


Além de polícia, era negro. Os playbas não iam deixar barato.


 



 


A cena é engraçada. Mas na real os tiras gostam desta música. Se divertem.


Conheço alguns.


Como jornalista e boêmio, cruzei com muitos deles por aí. Da PF, Civil, PM, delegados.


Polícia, jornalista, puta, trafica e rapaziada da classe teatral vão todos beber no mesmo bar, bater o mesmo rango e dançar nas mesmas boates desde que Gutemberg revolucionou o mundo e inventou a prensa em 1449.


Pode haver sintonia ética entre as profissões. Mas não quero ofender meus colegas.


O lance é que largamos o batente no mesmo insano horário do começar da madrugada; jornais fecham às 23h; peças de teatro encerram neste horário; e os criminosos agem muito neste horário.


Me dou bem com alguns PMs. Especialmente se não estou fazendo nada errado.


Tem de tudo: leitores, amantes de teatro, bebuns, fãs de rock. Poucos lembram os brutamontes que reprimem manifestações sociais. Sem gozação, até parecem seres humanos normais.


Mas, basta se juntarem, ou uma ocorrência ocorrer…


Entendi no meu aniversário a lógica da PM.


Enquanto comemorava com amigos num boteco da VILA MADALENA, vimos 1 PM entrar armado e tirar um sujeito de dentro do bar.


Logo encostaram duas viaturas. Não era um assaltante. Apenas um maconheiro que engolira seu baseado na abordagem do outro lado da calçada.


Fui até eles, pensando em se tratar de 1 amigo. Nunca vi o “meliante” na vida. Mas fiquei indignado com o raciocínio kafkiano que se seguia e com o poder de uma “otoridade” sobre 1 cidadão.


Eram 4 PMs. Apenas um dele estava nervoso e queria enquadrar o réu.


Com os outros 3, havia diálogo, estavam calmos, falaram seus nomes, papeamos e entendiam o exagero da ação, numa cidade em que acabou de se anunciar o aumento e muito de casos de homicídio, roubo, num bairro que é vítima de arrastões.


A 50 metros dali, um restaurante japonês, TANUKI, sofreu arrastão. A cem metros, um prédio idem. Nossas amigas temem ir a pé até o metrô.


O que duas viaturas faziam ali, enquanto a cidade tem medo?


 


eu negociando com a pm


 


Fumar maconha ainda é crime. Mas se assina um termo na delega, cumpre-se, e quando, uma pena alternativa. Tem até ex-presidente pedindo a sua descriminalização. Logo logo o Congresso aprova. O Supremo julga.


É notório e quase uma unanimidade que reprimir o usuário é perda de tempo. Como disse a revista The Economist, A GUERRA FOI PERDIDA.


Estávamos todos chegando a um acordo, o PM mais nervoso parecia ter sofrido uma lavagem cerebral, repetia códigos, artigos e condutas como numa prova oral da Academia de Polícia, e nem conseguia visualizar o ridículo da ação.


Seu olhar estava em transe. Tinha ódio do réu que engolira a prova. Tinha uma ideia fixa, queria prendê-lo, e a alternativa era a acusação de desacato à autoridade.


A namorada histérica do sujeito quase estragou tudo. Pois quando ela se exaltava, eles se uniam.


Corporativismo realçado.


Outros amigos vieram me acudir. Finalmente acalmamos o PM furioso, e partiram para o verdadeiro combate ao crime.


Lembrou-me a estúpida ação na USP no final do ano passado.


Soube também que na Praça do Pôr do Sol, pracinha ponto de encontro de jovens da ZO desde quando sou adolescente, no entardecer, a PM aparece para prender maconheiros. Vão com faróis desligados, como se estivessem à caça de perigosos marginais.


Será que estão atrás de extorsão, já que citei bairros de classe média alta, ou é uma política da Secretaria de Segurança de repressão total contra jovens maconheiros?


Ambas as hipóteses são provas da falência da Segurança Pública no Estado.


Está faltando foco. E comando.


Sei que o leitorado mais conservador dirá, nem precisa se dar ao trabalho. Conhecemos a sua opinião.


Mas a pergunta é: a PM não tem mais o que fazer? Outras prioridades?


É a minha opinião.


Afinal, dizem que ela existe pra ajudar e defender…

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Published on May 03, 2012 15:03

May 2, 2012

April 27, 2012

quando alguém diz…

Quando alguém diz:


“Não vai doer nada…” É porque vai doer muito.


“É rapidinho.” É porque será demoradíssimo.


“Vou e volto.” É porque vai voando, mas volta rastejando.


“Sem ofensas.” É porque já ofendeu.


“Nada pessoal…” Porque é claro que é pessoal,


Uma resposta ideal:


“Ó, só vou falar uma coisa.” Então fale, mas apenas uma coisa!


“Me dá um segundinho.” Você não prefere um segundão? Quer um pequeno? Então já dei.


Quem diz:


“Sem querer ser chato…” É chato, e por querer


“Sem querer me meter…” É porque já está se metendo.


Quando alguém pergunta:


“Posso fazer o papel de advogado do diabo?” E ele precisa? Intimações chegam lá no inferno?


“Posso ser sincero?” Deve. Aliás, desde quando entrou aqui. Não faça como em outras ocasiões em que você não foi sincero.


“Posso falar a verdade?” Por que, antes você só mentia?!


Quando receber:


Um twitter da Cleo Pires com uma foto anexada escrito “I’m in instagr…”, entende-se porque pagaram 1 bi por este aplicativo.


 



 


+++


 


Mística pessoal do ano terminado em 2. Meus livros:


FELIZ ANO VELHO faz 30 anos.


BALA NA AGULHA faz 20 anos.


MALU DE BICICLETA faz 10 anos.


Curiosamente, são meus 3 livros que foram adaptados para o cinema.


Corrigindo, BALA NA AGULHA está em pré-produção.


Aliás, estrelado e co-produzido pelo meu alter-ego MARCELO SERRADO, que agora é também conhecido como o CRÔ da novela.


Que protagonizou MALU e chegou a fazer teste para FELIZ ANO VELHO – O FILME.


E ainda fará NO RETROVISOR – O FILME, baseado na minha peça NO RETROVISOR. Que estreou em que ano? 2002.


Nós nos perseguimos. O 2 e o BIRUNDA [apelido carioca do Serrado]. Ele me sufoca…


Só não desmunheco igual. Nem ele desmunheca tanto assim.


Bem, 2012 vem o quê?


Além do filme E AÍ, COMEU?, que está para estrear, um livro que se chamará…


Ops, não poso falar.


Que seja bom como os outros anos.


 


+++


 


Uma curiosidade. Sabia que o livro BALA NA AGULHA é resultado de uma brincadeira que eu e CAIO FERNANDO ABREU fizemos com o editor CAIO GRACO?


Fãs de romance policial [RAYMOND CHANDLER, DASHIELL HAMMETT, RUBEM FONSECA], apostamos quem entregaria antes os originais de um romance no mesmo formato.


Ele ganhou. Publicou ONDE ANDARÁ DULCE VEIGA? semanas antes.


Aliás, as capas são parecidíssimas.


CAIO DE ABREU ganha em breve um documentário feito pelo amigo CANDÉ.


Espero que fique claro que ele não é este autor de aforismos de auto-ajuda em que usuários do FACE tentam transformá-lo.


A obra de CAIO vai além, é ampla.


Quando sacralizam a literatura, ela perde o ponto de partida para entendê-la: o contexto.


Outra curiosidade. BALA NA AGULHA quase virou minissérie da GLOBO.


Chegaram a anunciar, roteirizar [o noveleiro JOÃO EMANUEL CARNEIRO, de AVENIDA BRASIL, e EUCLYDES MARINHO].


Daniel Filho iria dirigir.


Mas a GLOBO entrou em crise, entrou MARLUCE pra botar ordem nas finanças da casa, cortaram as despesas e as minisséries.


Pena.


 


+++


 


Trecho do livro BALA NA AGULHA:


 



 


O grunhido:


— Ex? Ex? Ex?


O sujeito perguntava a quem passasse à sua frente cruzando a Washington Square, porta de entrada do Village. A primeira vez que o vi, imaginei que se tratasse de mais um michê alugando o corpo para uma trepada:


— Sex? Sex? Sex?


Não. Um reles traficante oferecendo uma viagem de ácido por dez dólares:


— Acid, acid, acid…


Há um bom tempo eu morava no Village. O bairro e eu, uma dupla. Atravessar a Washington Square era rota obrigatória para voltar para casa. O traficante me conhecia. Assim que me via, e mesmo sabendo que eu nunca parava, declamava, insistindo:


— Acid, acid, acid…


Eu amava sua persistência, sinal do regresso, prova de que eu continuava vivo. Talvez eu fizesse durante toda minha vida aquele percurso. Ele estaria sempre no mesmo lugar, oferecendo ácido, a despeito das transformações do mundo. Bom e ruim. Bom porque, na minha profissão, era agradável, harmônico, o alerta diário de que eu estava vivo. Ruim porque, na minha vida, não havia transformações, como se a história fosse o encontro de repetições. Talvez um dia eu pare e compre aquele maldito ácido.


16h30


Verãoem Nova York. Muitagente nas ruas, muito calor, tudoem excesso. Voltando para casa, o soneto:


— Acid, acid, acid…


Hino do regresso, eu estava vivo, e nada tinha mudado, e pela primeira vez, depois de anos, desejei que algo de muito sério me acontecesse, me tirasse do círculo. Que parassem de girar! Uma mudança.


Ao abrir a porta de casa, um número foi o prenúncio da transformação. A luz vermelha no visor da secretária eletrônica. Um número digital reluzindo. Seis. Um mau pressentimento. Não era comum ter seis recados gravados na secretária e eu sabia, por experiência, que o excesso tinha um significado perturbador: alguém estava ansioso atrás de mim, atrás de uma presença.


O número seis brilhando, eu, na dúvida se ouvia os recados, se ignorava, quando o telefone tocou. Seria o sétimo se eu não atendesse.


— Porra, caralho, estou o dia inteiro atrás de você!


Era a voz de Marcos de Sotto, do outro lado da linha, assessor de não-sei-o-quê do consulado brasileiro em Nova York. Deduzi que era ele o cliente ansioso.


— Onde você está? — perguntei num tom cordial, procurando ganhar tempo. Não fazia a menor diferença saber onde ele estava. A prática tinha me ensinado: a relação traficante e usuá­rio é mais que comercial, é sobretudo paternal. Numa negociação, a sede de consumo, a desconfiança e a paranóia estão abertamente envolvidas (fraturas expostas). Nós, traficantes, temos de frequentemente esfriar os ânimos de certos clientes ansiosos.


— Estou no Plazza e já te liguei uma porrada de vezes!


O nome Plazza me deu calafrios e quase me fez desligar. Quem podia pagar a diária desse hotel e procurava cocaína com tal urgência, certamente era brasileiro e do poder. Marcos de Sotto, claro, sempre a postos para satisfazer os desejos urgentes de um brasileiro do poder. Vender cocaína para esse tipo de gente é um risco, risco que normalmente eu não correria.


 


+++


 


E hj tem estreia no RIO.


Com festinha depois [show de MIRANDA KASSIN e ANDRE FRATESCHI].


Andrezinho, que tb fez FELIZ ANO VELHO, a PEÇA. Com a mãe, DENISE DEL VECCHIO.


Este mundo é uma noz.


Nós numa noz.


 


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Published on April 27, 2012 08:36

April 25, 2012

a maldição de fellini

Dia 5 de maio, no SESC BOM RETIRO, estreamos a peça IL VIAGGIO.


Direção de Pedro Granato. Texto meu. Quer dizer, adaptação.


Baseado no roteiro inédito de FELLINI, de 1965, “IL VIAGGIO DI D. MASTORNA”.


Famoso exatamente por nunca ter sido filmado ["Il film non realizzato più famoso della storia del cinema", segundo o escritor Vincenzo Molica].


E por ser uma espécie de testamento do diretor, já que A MORTE é a medula que conduz a trama espinhal.


Por que não foi filmado?


Ecco…


O ator [Marcello Mastroianni] brigou com Diretor, que brigou com produtor.


O filme virou uma maldição. Rodaram apenas a primeira cena:


http://www.youtube.com/watch?v=AllOMgJ-_vM


E então foi romanceado, saiu livros com desenhos [story board], cultuado:


http://www.youtube.com/watch?v=eksVqGzU4xM


Uma espécie de MacBeth de Fellini [tragédia de Shakespeare que dá azar só em pronunciarmos o nome].


Sim, estreamos na VIRADA CULTURAL.


Bora?


 



 


+++


 


Depois de uma temporada no OI FUTURO e uma passada pelo FESTIVAL DE CURITIBA, reestreamos a peça DEUS É UM DJ.


Sexta agora no TEATRO CAFÉ PEQUENO, no LEBLON.


Com atriz nova no elenco, JULIANA SCHALCH, conhece?


Deveria.


Ficamos 2 meses. Bora?


Olha ela aí:


Fez TROPA DE ELITE 2, OS 3, MORDE E ASSOPRA, O BRADO RETUMBANTE.


 




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Published on April 25, 2012 15:11

April 23, 2012

Tocou Raul?

Algum músico que já era lenda antes de morrer tem recorrentemente o nome gritado em shows de outros músicos?


Algum músico tem uma composição pedida rotineiramente quando, numa aglomeração, o silêncio se faz, apesar de ter morrido há 23 anos?


Algum político ou artista brasileiro tem um dia dedicado a ele, em que fãs se fantasiam como ele, circulam pelo centro de São Paulo e cantam numa manifestação essencialmente popular e espontânea?


Não só em shows, mas em casamentos, baladas, batizados, passeatas, no intervalo entre músicas, na indecisão de como animar uma festa, o grito é sempre entoado, como um ato de rebeldia e desobediência:


Toca Raul!


A obra de Raul Seixas sobrevive, continua contemporânea, e pode ser revista no documentário O Início, O Fim e O Meio, de Walter Carvalho.


O legado de Raulzito não é apenas a mistura do pensamento maquiavélico (“o fim justifica os meios”). É bem mais profundo e perspicaz.


Apesar de ele ter anunciado: “Eu não sou besta pra tirar onda de herói. Sou vacinado, eu sou cowboy. Cowboy fora da lei. Durango Kid só existe no gibi. E quem quiser que fique aqui. Entrar pra história é com vocês.”


Mas entrou, ao fundir o rock com o baião, sem as sutilezas dos seus conterrâneos tropicalistas. Raul foi a tropicália que tocou no rádio.


Propôs reflexão e sublevação no quartinho da empregada, na tela da TV, no Chacrinha e nos shows em ginásios.


Fundiu o alcance vocal de Elvis com o de Luiz Gonzaga e provou a semelhança entre o produto da corte e a improvisação da colônia, entre deus e sua cria.


A primeira grande aparição foi no Festival Internacional da Canção (1972), provocando a bossa nova e o utopismo messiânico da época: “Let me sing my rock’n'roll. Não vim aqui tratar dos seus problemas, o seu Messias ainda não chegou. Eu vim rever a moça de Ipanema e dizer que o sonho terminou.”


Depois, Mosca na Sopa (1973), quando a ditadura brasileira unificada combatia em todos os fronts.


Quem não entendia a ameaça debochada do roqueiro maluco, dançava como um alucinado nas festinhas infantis, que era o meu caso: “Eu sou a mosca que perturba o seu sono, eu sou a mosca no seu quarto a zumbizar.”


Opositores no pau de arara. Jornais e revistas enquadradas pela censura. Artistas silenciados pelo exílio e ameaças. E o roqueiro entortava a cabeça da repressão política: “Não adianta vir me dedetizar, pois nem o DDT pode assim me exterminar. Porque você mata uma, e vem outra em meu lugar.”


Desta vez, a mistura era o samba de roda baiano, o canto para os orixás e afoxé, com rock pesado.


No mesmo disco, a música Ouro dos Tolos, o maior deboche do projeto Brasil Grande e do Milagre Brasileiro, um alerta existencialista à classe média emergente brasileira.


“Eu devia estar contente, porque eu tenho um emprego, sou um dito cidadão respeitável e ganho quatro mil cruzeiros por mês.”


O regime conseguia o selo de excelência de 100% de autoritarismo- resistência armada dominada, opositores silenciados. O empresariado e a população de bolsos cheios pareciam felizes. Médici tinha altos índices de aprovação.


Não restava nada no campo da contestação: quem sobreviveu estava fora do País ou de si, dopado, maluco beleza.


Quando o Regime entulhou as TVs com propagandas de Brasil Grande, difundindo os feitos do crescimento recorde, em que o dinheiro emprestado do exterior estava barato, e o País criou infraestrutura suficiente para a importação de parques industriais, ele compôs:


“Eu devia estar feliz, porque consegui comprar um Corcel 73… Eu devia estar sorrindo e orgulhoso por ter finalmente vencido na vida. Mas eu acho isso uma grande piada e um tanto quanto perigosa.”


Perguntado se ele fazia música de protesto, respondia de bate pronto: “Faço raulseixismo.”


O verso que Caetano canta de boca cheia do documentário, palavras que propositalmente não cabem na melodia, um pré-rap, contém o mais profundo dos sentimentos literários, a falta de sentido da vida: “Eu devia estar feliz pelo senhor ter me concedido o domingo pra ir com a família no Jardim Zoológico dar pipoca aos macacos. Ah!, mas que sujeito chato sou eu, que não acha nada engraçado, macaco, praia, carro, jornal, tobogã. Eu acho tudo isso um saco…”


A maior ironia é que a música foi composta em cima de acordes de Detalhes, do neo conformista Roberto Carlos, artista que deixava a irreverência do rock para se acomodar nas plumas de uma causa mais romântica.


 



 


Em 1974, os ideais libertários de Maio de 68 desembocaram num fracassado projeto armado de terrorismo isolado. Baader Meinhof, Brigadas Vermelhas, ETA, IRA, OLP confundiam e assustavam a juventude mais do que agregavam. A utopia foi questionada.


Raul lançou com Paulo Coelho a Sociedade Alternativa, uma terceira via, que defendia o direito de ter riso e prazer. No manifesto, pregavam:


“O espaço é livre. Todos têm direito de ocupar seu espaço. O tempo é livre. Todos têm que viver em seu tempo e fazer jus às promessas, esperanças e armadilhas. A semente é livre. Todos têm o direito de semear suas ideias sem qualquer coerção da inteligência ou burrice. Não existe mais a classe dos artistas.”


“Todos nós somos capazes de plantar e colher. Todos nós vamos mostrar ao mundo e ao Mundo a nossa capacidade de criação. Todos nós somos escritores, donas de casa, patrões e empregados, clandestinos e careta, sábios e loucos. E o grande milagre não será mais ser capaz de andar nas nuvens ou caminhar sobre as águas. O grande milagre será o fato de que todo dia, de manhã até a noite, seremos capazes de caminhar sobre a Terra.”


O governo Geisel não entendeu muito bem o que propunha esta sociedade com pinta de subversiva, prendeu os dois e os mandou para o exílio.


Ele preferia ser uma metamorfose ambulante a ter opinião sobre quase tudo. Mas não conseguia deixar de ver, pensar, propor e rediscutir os rumos da arte e da política do seu País.


Com metafísica, espiritismo, antropofagia, de mãos dadas com o povo, ele era o nosso sacrifício, a placa de contramão, a vela que acende, a luz que se apaga, a beira do abismo, o tudo e o nada, raso, largo, profundo, os olhos do cego, e a cegueira da visão.

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Published on April 23, 2012 08:10

April 19, 2012

fragmento

Estou de passagem nesta vida. Estamos todos. Por que não dizer o que se quer dizer? Por que esconder a maior fantasia? O que eu perco, mostrando o que ambiciono? Eu enlouquecia. A loucura é um duto por onde escoam a coragem e a irresponsabilidade. Eu não tinha nada no mundo, a não ser aquele quarto escuro e livros embolorados. Eu estava cagando pra tudo. Normas e convenções… Fazia da minha vida uma trama ficcional. Com 18 anos, eu era um monstro, capaz de tudo, menos ser conveniente. Andava pelo campus da universidade, simplesmente chegava para as mulheres e dizia:


“Prometi a mim mesmo que hoje eu daria um beijo na boca de alguém. De língua. E a vi aqui parada, fumando este cigarro. É você. Vamos. Posso te beijar? Um beijo longo. Eu quero, você talvez queira, nem a conheço, vamos, vai?”


Fui bem-sucedido algumas vezes. Existem sempre garotas da USP com um parafuso a menos, solitárias, estranhas, interessantes. Beijei uma que insistia em tomar banho de sol nua na piscina. Beijei, e depois trepamos no bosque. Beijei outra que corria à pé na ciclovia. Não trepamos. Comi uma que rangava sempre sozinha no bandejão, lendo Maiakovski, e tinha os mesmos olhos tristes e confusos que ele. Eu, sempre com a mesma abordagem. Claro que a maioria riu da minha cara, ou ignorou, ou se assustou, ou xingou, o que me dava mais prazer do que se aceitassem o confronto. Eu me travestia de sádico. Era o tirano em busca de experiências infringentes. Auto-flagelação.


É bom pra caralho ter 18 anos.


Todas têm um ponto fraco. A jovem quer ser vista como uma experiente mulher. A mais velha quer reviver as loucuras de tempos atrás. Elas mentem quando dizem que desejam um homem gentil, sensível, educado, bem vestido. É a velha história, você sabe: a desleixada quer um príncipe, a fina quer um puto. Acho que a maioria das mulheres quer o avesso do que pensa que quer.


 


do livro Malu de Bicicleta; Editora Objetiva, 2002

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Published on April 19, 2012 08:27

April 12, 2012

epitáfios

Já decidi qual será o meu epitáfio: “Tentei.”


Se morrer no dia 12/12/2012, será: “Mas falaram que eles eram uns selvagens… Se os Maias tinham razão, quem então me enterrou? Há sobreviventes…”


Quando não tenho o que fazer, bolo epitáfios.


Pensei em vender este serviço para os que não sabem que mensagem deixar.


Porque 1 epitáfio seja talvez o último gesto em vida, que pode resumir uma história.


É a derradeira voz, o legado, o que se quer que fique para gerações.


Se é que alguém vai visitar nossas tumbas.


Será que na de Jânio Quadros está escrito “fi-lo porque qui-lo”?


E na de Vicente Mateus, “agradeço à Antártica pelas braminhas”?


É uma frase dita em vida que ficá, ou aquilo que o autor da obra deseja e deixa em testamento?


Sei que tentarão escrever “não esquenta, se não caspa vira mandiopã” no meu epitáfio, frase de Feliz Ano Velho pela qual sou muito conhecido e citado.


Só preciso lembrar que ela não é minha, mas de um enfermeiro da UTI do Mário Gatti, hospital de Campinas, que me dizia assim que me via.


 



 


Sim, ainda se fabrica o Mandiopã [em Limeira], uns flocos concorrentes da pipoca que, no forno, explodiam.


Foi lançado em 1954, no tempo em que os salgadinhos ainda não existiam. A empresa responsável é a Mandiopóca Produtos Alimentícios Ltda.


O fundador, Antônio Gomercindo, que começou como faxineiro, é o cara que tem o segredo da massa de Mandiopã.


 



 


Olha onde encontrar: http://www.mandiopa.com.br/


Se para o filósofo Cioran “o tempo não é o que passa, o tempo é o que não passa”, lá vou eu emprestar epitáfios a pessoas que nem conheço.


Se dermos azar e os MAIAS estiverem certo:


Epitáfio de Paulo Maluf é o mais lógico: “Foi Maluf quem fez”.


Epitáfio de Mark Zuckerberg: “E não é que colou?”


De Biz Stone, co-fundador do Twitter: “A ideia era boa, mas não soubemos como ganhar uns trocados.”


Epitáfio de FHC: “Vou apertar, mas não vou acender agora.”


Epitáfio de Steve Jobs: “iPitáfio”


De Bill Gates: “Reiniciando.”


Epitáfio de Adriano, imperador: “Agora emagreço!”


Do Milton Neves: “Será que cabem aqui todos os patrocinadores deste Epitáfio?”


De Netto: “Enfim, livre de Milton Neves.”


Epitáfio de um trol:  ”Sem o anonimato, não consigo me expressar.”


Epitáfio de Oscar Niemeyer: “Quero ver chegarem aonde cheguei. Se é que você tem certeza de que estou aqui.”


Epitáfio de Xuxa: “Beijinho, beijinho, galerinha, cês foram muito fofos e incríveis comigo, do começo à minha vidinha no Retiro.”


Epitáfio de Mano Brown: “Nada de flashes, filmagens, gravações, dá licença, certo?”


Epitáfio de FRED, do Flu: “E 75 caipirinhas são muito?”


Epitáfio de Ronaldiho Gaúcho: “Professor, é minha prima de Porto Alegre…”


Epitáfio de Tite: “Epitafibilidade de um vencedor.”


Epitáfio de Dunga: “Seus filhos da p&¨Ta, vão todos tomar no %$, seus cuz867 do ca*&LJ%.”


Epitáfio de Galvão: “Acabou! A-ca-bou!”


Epitáfio de Tiago Leifert: “Mudei a TV brasileira. De jeans e Lacoste.”


Epitáfio de Rafinha Bastos: “Vocês não entenderam, era só uma piada.”


Epitáfio de Danilo Gentili: “Vocês não entenderam o Rafinha, era uma piada.”


Epitáfio de Marco Luque: “Vocês não entenderam, o Danilo falou que o que o Rafinha fez foi uma piada seguindo os preceitos da liberdade de expressão.”


Epitáfio de Pedro Bial: “Saio da casa para entrar para a história.”


Epitáfio de Guido Mantega: “No próximo trimestre, o crescimento será maior.”


Epitáfio de Ronaldo Fenômeno: “Alarga porque está apertada.”


Epitáfio de José Serra: “Aqui jazz e um ex-presidente. Da UNE”


Epitáfio de Datena: “Algum motivo para deixar um epitáfio?!”


Epitáfio de William Bonner: “Boa noite. Desta vez, para sempre.”


Epitáfio de Caio Ribeiro: “Concordo plenamente, e mais um pouco.”


Epitáfio de Reginaldo Leme: “Veja bem, Galvão…”


Epitáfio de Arnaldo Cesar Coelho: “Tá, confesso, nem sempre a regra é clara.”


Epítáfio de George W Bush: “O mundo não está melhor sem Saddam?”


De Obama: “No, we can not.”


De Sarney: “Aqui jaz um Estado e o Senado.”


Epítáfio de Milton Leite: “Que beleza…”


Epítáfio de Eike Batista: “Não meXem no meu cabelo.”


De Luis Fernando Veríssimo: “Bah, diz-me que não foi pênalti em Tinga?!”


De Jabor: “Nelson, cheguei.”


 



 



 


Amanhã estarei com meu amigo MARIO BORTOLOTTO falando de LITERATURA.


Sexta-feira 13, rapaziada!!!


às 19h.


Entrada Franca


PROJETO  CEMITÉRIO DE AUTOMÓVEIS 30 ANOS – ARTES DO SUBTERRÂNEO,  BENEFICIADO PELO PROGRAMA MUNICIPAL DE FOMENTO AO TEATRO, PROMOVE DEBATES E OFICINA DE LITERATURA


___________________________________________


No Teatro Estação Caneca (onde acontece a Mostra) fica na Rua Frei Caneca, 384.


Mais informações: (11) 3657-2606.


Ou no site: www.cemiteriodeautomoveis.com.br


 

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Published on April 12, 2012 18:44

April 11, 2012

como matar 1 zumbi

Bets [JANUARY JONES], ou Betty,  ou Elizabeth, que havia dado um perdidão nos primeiros 2 episódios da quinta temporada de MADMEN [veja post anterior], aparece no terceiro.


Aparece e rouba a cena.


A ex-mulher de Don, loirinha e dona de casa clássica dos anos 60- não trabalha, cuida de 3 filhos, mora no subúrbio-, protagoniza o terceiro episódio.


Birdy, como Don a chama, surpreende.


Os roteiristas como sempre idem.


Uma ideia macabra, marca da série, entra para a trama.


Bets está OBESA! Se empanturra de comida em frente à TV, rouba sobremesa das crianças e não cabe nas roupas.


Depressão =  Tédio


Genial solução para esconder a gravidez da atriz.


Ela engravidou na pré-produção, o que não foi um problema, mas uma oportunidade de focar a depressão das mulheres pré-emancipação.


Que não trabalhavam.


 



 


+++


 


Zumbi lembra "nzambi", que, na região do Congo, significa deus.


Existem para todos os gostos.


O abobado, fácil de matar.


Os ágeis e fortões.


Os que ganham vida durante a jornada, como no game Left 4 Dead.


Os que se alimentam de cavalos, como no filme Survival of the Dead.


E animais zumbis, como os cachorros da série Resident Evil.


No passado, era apenas uma entidade de crenças afro caribenhas, conhecida como vodu, que intrigou o racionalismo do pensamento ocidental.


Em meados dos anos30, a antropóloga de Harvard, Zorra Neale, começou a difundir o mito haitiano do ser que não tem vontade própria e é controlado por um "bokor".


 



 


Na mesma época, surgiram "bokors" de sanidade duvidosa, capazes de mobilizar hipnoticamente grandes massas, como Hitler e Mussolini.


Durante a contracultura, a geração LSD circulou por países periféricos devorando cultos sincretistas e tudo quanto é tipo de raiz, flor, cacto, cipó, peiote, para abrir as portas da percepção, em busca da luz divina natural e do barato ritualista.


O sentido da vida não estava nos manuais dos eletrodomésticos da sociedade de consumo pós-guerra. Místicos diziam que, se a Igreja tinha provas semânticas da vida após a morte, os haitianos tinham provas materiais, que circulavam em estado de torpor pelas ruelas pobres e escuras das suas aldeias.


O etnobotânico também de Harvard, Wade Davis, maior autoridade em farmacologia de zumbis, escreveu que duas substâncias específicas injetadas na corrente sanguínea, o "coup de poudre", toxina encontrada na carne do baiacu, e drogas dissociativas, como a datura, transformam o mais crente num obediente seguidor.


Uma espécie de Goebbels ingerível.


 



 


Zumbi na sua pureza é um morto que foi reanimado e vaga como um sujeito irracional. Tem escaras, ossos aparentes, olhos vazados. Não fala, pois perdeu a língua no processo de decomposição interrompido. Não raciocina; o pouco oxigênio da tumba danificou a massa encefálica.


 



 


Mas simboliza diversos arquétipos. Pode ser escravizado e manipulado como um capitão do mato. Pode simbolizar o trabalhador hipnotizado pelas correntes de uma linha de produção industrial, como os empregados chineses da Foxconn, montadora da Apple, que precisam de redes nas janelas, para não cometerem suicídio.


Numa interpretação da psiquiatria, aspectos psicológicos da "zumbificação" sugerem o início de um estado esquizofrênico.


E até a filosofia criou o conceito "zumbi filosófico", para definir o ser que não possui consciência plena, mas tem a biologia ou o comportamento de um homem.


Passeatas de zumbis, manifestações estilo flash mob, ou Zombie Walk-  pessoas fantasiadas que saem correndo por ruas, parques e shoppings-, são contabilizadas pelo Guiness.


Hoje, o zumbi concorre com o vampiro, virou um ícone do cinema e da cultura de massas.


Por quê?


Simboliza o medo da violência urbana, já que bêbados, drogados e degenerados saem das tocas em estado catatônico e ocupam as pacatas ruas das cidades, circulando livremente depois que o sol se põe.


As doenças sexualmente transmissíveis também alimentaram a sua popularidade, especialmente entre os teens.


Monstros querem nosso sangue ainda puro e inocente.


"Loosers" que se vestem como mendigos, não com roupas de grife, e que só sobrevivem se conseguirem a transfusão da saúde burguesa bem tratada pela previdência privada.


Numa leitura marxista, simboliza a falência do Estado de bem-estar social, que não é capaz de dar emprego, residência, saúde, gera injustiças sociais, tensões e medo, gera diferentes castas.


Zumbi é o lumpesinato.


 



 


Em 1968, o diretor de cinema George Romero sacou o potencial e a representação contemporânea desse personagem no filme A Volta dos Mortos Vivos.


Mal sabia que sua releitura do mito caribenho daria num dos maiores clássicos do cinema de horror e influenciaria a cultura pop, o cinema fantástico, a literatura e os games.


Filme de baixo orçamento, com poucas locações, gerou polêmica por ser acusado defender o satanismo e ir contra valores religiosos.


Exibidores só aceitavam nas suas salas Night of the Flesh Eaters, o nome original, se os produtores cortassem cenas mais sangrentas e oferecessem um final otimista.


Sim, porque, para completar o fascínio que filmes de zumbis exercem, todos têm o apocalipse como fio condutor, tema inevitável no auge da Guerra Fria e, agora, com o Aquecimento Global, Fim da Camada de Ozônio, Derretimento das Calotas etc.


Na série Resident Evil, com Milla Jovovich- não mais magrinha e pálida de O Quinto Elemento de Luc Besson- alguns zumbis são sarados, ricos, têm bocas que se parecem com a de polvos, vivem num mundo que terminou e, como em Matrix, está mais digital que analógico.


Até nossa Alice Braga os combateu com Will Smith em Eu Sou a Lenda.


E quem não se lembra de Michael "Wacko" Jackson dançando com eles em Thriller?


Também tiraram uma onda dos zumbis, como em Todo Mundo Quase Morto (2004) e Zumbilândia (2009), genial filme que passou em branco aqui no Brasil, considerado a maior bilheteria mundial de filmes de zumbi, estrelado por, ironia, Jesse Eiseberg, o mesmo que protagonizou um ano depois Mark Zuckerberg no filme A Rede Social, fundador do Facebook, acusado de sugar o seu tempo e a sua privacidade.


 



 


Duvido que um cent desse mega sucesso tenha sido enviado como royalties aos feiticeiros do Haiti ou xamãs do Congo.


E é bom que se saiba que, para acabar com um zumbi, caso você trombe com um (matar não é a palavra, pois ele já está morto), é preciso destruir o cérebro ou a coluna vertebral.


Simples.


Basta atirar na cabeça ou separá-la do corpo.


Mas, cuidado.


Tem cabeças decepadas que podem morder.

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Published on April 11, 2012 07:50

April 8, 2012

os popôs do pop

Num momento raro das datas religiosas, quando coincidiu a Páscoa judaica com a cristã, a MTV nos brindou com a seleção TOP 10 POPOZUDAS.


Ontem à meia-noite.


Pesquisa trabalhosa sobre os dez clipes em que estariam as cantoras mais pops e de popôs proeminentes.


Relevante preocupação dos programadores da grade da emissora do SUMARÉ.


Importante lembrar que a pesquisa não seguia uma base científica, nem foram utilizadas fitas métricas.


Foi de escolhas subjetivas de um júri, esperamos, de confiáveis e criteriosos especialistas.


Que deviam ter em mente os quesitos que classificam e diferenciam os popôs em disputa.


Ou será que tais dilemas foram julgados por outra cabeça?


No mais, por que POPOZUDAS e não BUNDUDAS?


O horário permitia irreverência semântica.


POPÔ é como a tia do pré-primário se referia a nosso tão precioso traseiro.


Não sei também se foi em respeito à data religiosa.


Provavelmente, a MTV fala a linguagem do seu nicho, da audiência, o pré-adolescente.


Pipi, popô, pum, feio, bobo e meleca devem ser expressões rotineiras nos telepropteres da emissora.


Mas, chega de enrolation, bora lá, as 10 MAIS.


Antes, devo dizer que parabenizo a seleção.


Errei na vencedora.


Escolhi BRITNEY.


A xaropinha de Louisiana, que vendeu mais de cem milhões de discos, nem apareceu na seleção.


Mas concordei com todas as outras. Perdão, com as 5 finalistas.


Especialmente com a vencedora. Era uma barbada, e eu nem tinha me tocado.


E, de fato, os POPÔS do POP são de tirar o fôlego.


O que me deixou em dúvida: quem veio primeiro, ou melhor, favoreceu o andamento das carreiras delas, o talento para cantar e dançar ou a genética lombar?


Quem ontem dormiu logo depois do programa deve ter tido sonhos ricos, que fariam um divã ficar branco de vergonha.


A não ser que o mano ou as mina continuaram ligados na MTV.


Aí os pesadelos devem ter sido tortuosos.


Pois em seguida a emissora exibiu TOP 10 METAL.


O horror, o horror…


E a MTV poderia investir na disputa.


Que tal o TOP 10 VADIA?


TOP 10 DISSIMULADA.


TOP 10 PAPO CABEÇA.


TOP 10 MOÇA DE FAMÍLIA.


TOP 10 BOTOCUDA.


TOP 10 AIR BAG DUPLO ou SILICONADA.


E deixar este atraso sexista de lado e eleger também o TOP 10 POPOZUDO.


Bem, lá vai.


TOP 10 POPOZUDAS.


Tem até brazuca na seleção.


 


10. HILARY  DUFF


 



 


9. CIARA


 



 


8. MARIAH CAREY


 



 


7. GABY AMARANTOS


 



 


6. SPICE GIRLS


 



 


5. PUSSYCAT DOLLS


 



 


4. JENIFFER LOPEZ


 



 


3. SHAKIRA


 



 


2. BEYONCE


 



 


1. FERGIE


 



 


 


 


 


 

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Published on April 08, 2012 10:20

April 6, 2012

a volta dos mortos-vivos

A primeira denúncia do Twitter foi considerada mais um delírio de baderneiros radicais.


Porém, ela toma corpo. Merece cuidado e atenção.


Militares que sofreram protesto no CLUBE MILITAR, quando comemoravam o GOLPE DE 64, retaliam.


Os detalhes vieram do site


http://sul21.com.br/jornal/2012/04/militares-ameacam-jovens-que-protestaram-contra-comemoracao-do-golpe/


Se ficarem nas palavras, estão dentro das regras democráticas.


Se é que aprenderam o que é democracia, debate, convivo com opositores.


Se saírem dela, a sociedade deve reagir, sob o império das leis.


São figuras abomináveis, não confiáveis, que desonraram a FARDA e estão mais próximas a réus do Tribunal Internacional De Crimes Contra a Humanidade do que a ex-comandantes militares, reformados e anistiados.


Tortura é um crime imprescritível.


 


Militares ameaçam jovens que protestaram contra comemoração do golpe de 1964

Site de coronel da reserva exibe vídeo e troca informações sobre jovens que participaram de protesto no Rio de Janeiro | Arte: Ramiro Furquim/Sul21

Samir Oliveira


Cinco jovens do Rio de Janeiro que protestaram contra a comemoração do golpe de 1964 feita por militares da reserva no dia 29 de março estão sendo ameaçados e tendo suas vidas expostas. O site A Verdade Sufocada, mantido pelo coronel da reserva Carlos Alberto Brilhante Ustra, publicou fotos com o nome de cinco manifestantes e os locais onde eles trabalham. A ira da caserna recaiu com mais força sobre Luiz Felipe Garcez, que foi flagrado numa fotografia cuspindo no coronel-aviador Juarez Gomes enquanto ele deixava o Clube Militar no Rio de Janeiro.


O site de Ustra, ex-comandante do DOI-CODI de São Paulo e torturador reconhecido pela Justiça, informa o e-mail e os perfis no Twitter e no Facebook de Luiz Felipe. Os dados se espalharam por sites e blogs mantidos por militares, que estão postando diversas ameaças aos cinco jovens pela internet.


No blog do coronel da reserva Lício Maciel – que participou da repressão à Guerrilha do Araguaia – há um vídeo de 3 minutos, que já foi retirado do YouTube, com o título de "maloqueiros alucinados", em referência aos manifestantes. Os jovens são tratados o tempo inteiro como criminosos e agressores de idosos e os militares fazem questão de expor informações sobre eles.


No post que exibe o vídeo, o comentário de um sujeito identificado como Eduardo Cruz demonstra que a vida desses cinco jovens – especialmente a de Luiz Felipe – foi investigada. "Após um levantamento preliminar, obtive algumas informações importantes sobre o covarde que agrediu aquele senhor idoso no dia 29. O nome completo do meliante é Luiz Felipe Monteiro Garcez, vulgarmente conhecido como Pato, estudante do curso de Produção Cultural do IFRJ (Instituto Federal do Rio de Janeiro) desde 2010. Tem 25 anos de idade, frequenta o Diretório Estadual do PT no Rio de Janeiro e não trabalha", escreveu o comentarista, que fornece informações dos empregos que o jovem já teve.


Eduardo Cruz vai além em seu comentário no blog de Lício Maciel. Ele dá informações sobre a família de Luiz Felipe e ainda faz juízo de valor sobre sua criação. O comentarista cita o nome da "namoradinha" de Luiz Felipe, informa que ele tem uma filha, publica o nome dos pais do jovem e ainda comenta que eles "visivelmente falharam na educação do moleque".


Site mantido por Carlos Alberto Brilhante Ustra instiga militares a procurarem informações sobre jovens que participaram do protesto | Foto: Brasil247

Eduardo Cruz finaliza o comentário dizendo que "por enquanto é isso" e assegurando que irá prosseguir com a "averiguação" e que voltará "em breve com informações sobre os outros agressores presentes naquele episódio".


Nesse mesmo post do blog do coronel Lício Maciel há um link para uma pasta no site de compartilhamentos 4Shared com informações sobre a vida de Luiz Felipe Garcez. São exibidas fotos dele, de sua mulher e até de sua filha. Uma das imagens mostra o jovem com a filha recém-nascida no colo, com as devidas identificações.


"Não podemos nos permitir ter medo", diz jovem ameaçado


Em conversa por telefone com o Sul21, Luiz Felipe Garcez conta que já recebeu mais de 150 ameaças por Facebook e por e-mail. Ele assegura que o vídeo feito com informações sobre sua vida, de seus amigos e de sua família – que chegou a ter mais de 11 mil acessos até ser retirado do ar – foi produzido por um jovem "infiltrado" no protesto do dia 29 de março e diz que vai entrar com processos judiciais contra as pessoas que estão expondo sua vida. "Estamos tomando medidas preventivas, documentando as ameaças e vamos entrar com um  processo por incitação ao ódio. Não podemos ter medo, senão vão entender que esse tipo de intimidação funciona", comenta.


Pasta criada em site de compartilhamento exibe fotos e informações de Luiz Felipe e da sua família | Arte: Ramiro Furquim/Sul21

Ele acredita que os ataques venham de grupos organizados de extrema direita – com a presença ou não de militares. "São grupos organizados politicamente que podem ter militares da ativa. Mas não é a instituição Exército que está nos atacando, são fascistas que se organizam internamente", explica.


Luiz Felipe garante que continuará denunciando os abusos e não se intimidará com as ameaças. "Sabemos que é isso que eles fazem, não podemos esperar nenhum tipo de reação diferente. São filhotes de uma ditadura que matou, perseguiu e torturou, ainda tem muita gente que acredita nisso. Muitos dos que eles mataram deram a vida para que pudéssemos estar hoje protestando. Não podemos nos permitir ter medo", defende.


Outro manifestante exposto por Ustra, Rodrigo Mondego, também conversou por telefone com o Sul21 e disse que também vem sofrendo ameaças. "Se identificam como militares e nos ameaçam de morte. Entramos em contato com o ouvidor da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, com a Defensoria Pública do Rio de Janeiro, com a OAB-RJ e vamos conversar também com Ministério Público Federal", avisa.


Rodrigo explica que o principal objetivo é retirar a exposição de seus dados e dos seus amigos dos sites dos militares. "Podemos ver que vários blogs de militares nos citam, basta colocar nossos nomes no Google", lamenta.


Ele acredita que há policiais da PM do Rio de Janeiro atuando para ajudar na apuração de informações sobre sua vida e a dos outros jovens expostos. E lembra que havia diversos agentes disfarçados da P2 – o setor de investigações da Polícia Militar carioca – durante a manifestação contra a comemoração do golpe no dia 29 de março. "Eles são organizados e muita gente simpatiza com a lógica da ditadura. As ameaças são virtuais, mas vindo de onde estão vindo, tememos que se transformem em realidade", considera.


Rodrigo diz que está tomando precauções quanto à sua segurança e admite que as ameaças afetam o seu cotidiano. "A tortura psicológica está funcionando", desabafa.


Dentre as centenas de pessoas que participaram do protesto no dia 29 de março, apenas cinco jovens foram expostos por Ustra. Rodrigo Mondego acredita que foram escolhidos por estarem envolvidos na organização do ato, além de serem todos amigos de Luiz Felipe Garcez. Além disso, todos militam na juventude do PT do Rio de Janeiro.

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Published on April 06, 2012 09:12

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Marcelo Rubens Paiva
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