Marcelo Rubens Paiva's Blog, page 110
December 5, 2012
paradoxe
Paradoxe français
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Soltaram que o RIVIERA vai reabrir, disparado o melhor e mais cheirado bar dos anos 1970-80, na esquina da PAULISTA x CONSOLAÇÃO.
Imortalizado por ANGELI e ARRIGO BARNABÉ em DIVERSÕES ELETRÔNICAS, bar da nova esquerda que nascia longe da Maria Antônia e do velho CPC, influenciada por WILL EISNER.
Era um balcão de bar de fórmica vermelha
E você ali, naquele balcão
- de quê?
De fórmica vermelha
Chorando, embriagado, pedia:
“garçom, mais um
Gim tônica”
Mas ele te avisou:
“você já bebeu muito, já bebeu demais”
Vai pra casa, moleque
E você foi, cambaleando
Se bem que a narrativa acima começa num DIVERSÕES ELETRÔNICAS, nome empolado de FLIPERAMA.
Nunca entendi este paradoxo do clássico de ARRIGO.
O moleque entra num fliperama, mas pede um gim?!
Prum garçom?!
Ou sai de um e entra num bar?
Como em toda obra-prima, as incongruências…
RIVIERA abrirá sob comando do grande empreendedor FACUNDO [ex-Vegas, atual Cine Joia] e ALEX ATALA, o nosso cozinheiro Brasil-il-il, que foi DJ do ROSE BOM BOM, outro espaço símbolo da década de 80 [chega de usar o adjetivo "ícone", cafona como "emblemático", para parecermos cultos sendo empolados; que, aliás, já usei muito, para parecer mais letrado].
Será um clube de jazz, ouvi dizer. Algo que nunca me explicaram por que está em falta em SP. Sensacional.
Aliás, explicaram sim.
Mancini que fechou o seu na Rua Avanhandava. Disse ter tomado o maior preju. Disse ter sido o seu empreendimento mais fracassado.
Disse que paulista vai ao bar pra papear, não ouvir som. Nossa lábia tagarela italiana. Nosso dom pra fofoca.
Mancini deu o ponto pra filha, que montará um brechó no lugar.
Enquanto isso, alguns jazz alternativos rolam espalhados- numa escola da Vila Madalena, num estacionamento em Pinheiros, num bar da República, às segundas no bar São Cristovão- como encontros clandestinos de uma cultura sub, como uma cultura proibida pela polícia que sobrevivesse na periferia do mundo dos espetáculos.
Jazz cultura sub?!
Num Brasil que se futiliza a cada ano e se alimenta de uma bosta chamada música sertaneja universitária [em caixa baixa], assim são as coisas.
Quem abrir um clube decente de jazz vai faturar, aposto toda minha coleção de MP3.
Mas tem que ter o espaço para fofocagem.
Nossa reportagem [eu] flagrou [flagrei] ontem que o RIVIERA está, sim, em reforma.
Dá pra ver?
ARRIGO eventualmente toca por aí.
Começamos juntos, dá pra acreditar?
Ele representava a USP em festivais, eu a UNICAMP.
Pena que o grande ITAMAR, que era baixo do ARRIGO, não toca mais.
Porém sua banda ISCA DE POLÍCIA mantém a chama [a isca] viva.
E vai dar show:
Enquanto isso, na verdaderia perifa.
Ou melhor, NA QUEBRADA.
A Campanha Natal com livros da Cooperifa vai distribuir 8 mil livros na região.
Os livros foram doados por várias pessoas e amigos do Sarau da Cooperifa neste ano. Que foram arrecadados na entrada da festa “Prêmio TRIP Transformadores” no Cine Joia.
Se não me engano, teve show dos TITÃS. Nunca me convidam pra essas festas…
Dia 15 de dez 11h, logo ali, em Piraporinha. Dá pra chegar…

E vem coisa boa por aí.
Começando por hj e depois segunda-feira.
Aliás, parenteses.
Olha o flyer do BORTOLOTTO abaixo. Na vertical. NA VERTICAL!!! Coisa de profissional!
Alô designes, façam flyers na vertical, não na horizontal. Depois da revolução digital, telas, blogs, redes, tablets, flyer horizontal não cabe na tela.
PERDEM-SE INFORMAÇÕES E TEMOS QUE DIMINUÍ-LO.
Vertical fica encaixadinho.
Este flyer do BORTOLOTTO já está eleito aqui no blog como o melhor do ano! Por mim, ora.
Sem contar a referência que dá água na boca. Do flyer.
December 4, 2012
occupy me

Wallace, Franzen, Eugenides jovens amigos
“A vida é uma só.”
Para os agnósticos que não acreditam em reencarnação, espiritismo, vida após a morte, sim, ela é uma só. O que é um alento e um tormento, traz paz na mesma intensidade que aflige. Muitos seguem a vida com a escolha de que ela é uma só e não deixam nada pra depois. É agora ou nunca, é pra já. É?
Tal opinião pode vir precedida de outra frase que gruda na cabeça, como música de festa de casamento: “Quero, mas não posso.”
Poderá ter consequências danosas realizar o querer. A razão, a intuição, ou o que psicanálise chama de superego, combatem numa guerra sangrenta as emoções, os instintos, ou o que os amigos de bar chamam de desejo. Fazer o que não se deve pode nos levar a uma roubada, apesar de tentador. Numa blitzkrieg, a artilharia moral entra em ação e enumera, de acordo com a crença de cada um, o que pode trazer a mais pura anarquia.
Quer, mas não deve, não pode, não vai!
“Mas a vida é uma só”, retorna para atormentar e anunciar outra fatalidade a ser evitada, uma bomba de gás mostarda nas trincheiras dos pensamentos duradouros: o arrependimento! O que leva a uma terceira questão metafísica: “Erro ou remorso?”
Se ela é uma só pode apenas ser provado no fim dela. A dúvida razoável nos torna inocentes se desejarmos levar uma vida desregrada, doida demais, em que a repressão atinge uma blindagem eficiente, e o prazer forma a cabeça de praia por onde a tropa hedonista, que só quer diversão e arte, uma vida dionisíaca, em paz com Eros e com os mais abusados dos mitos, se infiltra pelo território do sentido da vida cantando “a gente quer inteiro, e não pela metade…”
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No domingo, abri os olhos, e silêncio pela casa. Mulher viajou. Estava sozinho, ficaria sozinho. Nada de hóspedes, nenhum amigo recém-separado abrigado no quarto dos fundos, nem compromissos ou visitas agendadas. Eu, dois gatos, uma ressaca deprimente, minha vida e 24 horas para ocupá-la com relevâncias. Afinal, ela é uma só.
Pela janela, deus ex machina: chuva. A vida é uma só, São Paulo tem mais de 200 teatros, 200 cinemas, milhares de estabelecimentos gastronômicos, exposições, mas uma chuva rala e um frio fora de época indicavam que talvez eu devesse ficar em casa. Mas a vida não é uma só?
Daqui a pouco, largada da Fórmula 1 em Interlagos, final de campeonato. Nem o acompanho mais. Porém, é programa obrigatório ver a famigerada reta dos boxes, a largada, aquela primeira curva em que muitos se estrepam, curva em que se chega a mais de 320 km/h, num circuito redesenhado pelo Senna, que dizem ser seletivo, mas tem cara de autódromo vintage, com aquelas arquibancadas aparentemente improvisadas, o Cingapura do Maluf ao fundo, que era azul, mas pintaram de branco, a Curva do Pinheirinho sem pinheirinho, que a maioria não sabe onde é, a Curva do Laranjinha, Galvão Bueno menos ufanista, porque os pilotos brasileiros atuais não chegam aos pés dos seus rivais ou companheiros de equipe, estão longe do posto dos heróis do passado e nem de perto dignos de nomearem uma rodovia pedagiada.
Vi a prova até o fim. O favorito venceu.
Logo mudei para NFL (National Futebol League). Três clássicos na sequência, na fase final de grupos. Mas um jogo de futebol americano dura em média três horas. Conseguiria ficar nove horas diante da TV, sendo que o time mais simpático, Falcons, jogaria, assim como meu time, o 49ers, jogaria depois- com Colin Kaepernick, o quarterback reserva que aos poucos vira titular, repetindo a substituição da lenda Joe Montana pela lenda Steve Young, justamente na temporada em que morei em San Francisco-, e depois teria Giants contra Green Bay, os dois últimos campeões de 2010 e 2011, ou melhor, do Super Bowl XLV e XLVI, assim mesmo, em algarismo romano?
E Homeland, rapá, a série que você assiste de olhos esbugalhados, passa à noite no FX. Passar um domingo inteiro diante da TV faz sentido? A vida é uma só. Jogará um dia desta preciosidade na lata de lixo do entretenimento HDTV?
Estude uma língua, reconfigure seu computador, baixe os novos e mais populares aplicativos, consulte fundos de investimento que pagam mais, vá a uma loja de construção e compre enfim aquela luminária, planeje uma viagem para a primavera europeia, aproveite agora os supostos preços baixos da antecedência, privilégio de pessoas organizadas que conseguem prever o futuro e estabelecer planos e metas que são cumpridos e se dão bem, os ídolos da classe média e da sacolagem.
Nada disso. Pedi comida da lanchonete. O entregador foi a única pessoa que vi no domingo. Até dei para ele um livro autografado. Vi Falcons vencer, 49ers arrasar, e Giants trucidar, numa noite memorável a zero grau em Nova York. Ainda gravei Homeland que vi dentro da madrugada e da coberta.
Não li uma linha do meu terceiro Jonathan Franzen de 600 páginas. Estou no final. Mas ele foi trucidado numa roda de amigos na quarta-feira anterior. “Muito novelão”, disseram. Sim, muito novelão, mas que novelão, que escritor, que personagens, que narrativa, que estilo, quantos conflitos… Todos já bêbados afirmaram que Jeffrey Eugenides e Foster Wallace, que se matou, são muito melhores que o melhor amigo deles, Franzen.
Fiquei revoltado, aflito, frustrado. Não li Eugenides e Wallace! Li tudo de Franzen. Estou perdendo meu tempo com um escritor que até a Veja diz que “não está com essa bola toda”?
Minha sorte foi que passou Daniel Galera, tradutor de Wallace (Ficando Longe do Fato de Já Estar Meio que Longe de Tudo). Me piscou tipo “não ligue para estes bêbados” e declarou em bom tom: “Franzen é ótimo!”
Passei mais de 14 horas em frente à TV. Não aprendi nenhum truque de mágica. Não fiz absolutamente nada. Me pergunto se ocupei bem o dia ou o desperdicei sem levar em conta a raridade que é a vida.
Sei lá. Como saber vivê-la se não há jurisprudência ou manuais? Talvez seja melhor imaginar que ela não é uma só. Assim, a culpa de não fazer nada num domingo chuvoso não estraga o resto da semana. Reabri meu Franzen só na terça e já coloquei Eugenides e Wallace na fila.
December 1, 2012
qdo o cliente não tem razão
Mais um bar abre na cidade.
Onde o cliente nunca tem razão.
Avisem a MARIANA XIMENES que aqui tem o que ela procura.
Inaugura hoje em grande estilo.
Quem convida é o agregador, idealizador, gente boníssima, empreendedor, gente calma, sadia, peito de aço, MARIO BORTOLOTTO:
Eu podia tá roubando, abrindo um bingo, um negócio de churrasco grego com Fanta Uva, ou simplesmente ficando em casa e relendo minha coleção de Ken Parker, enfim, qualquer negócio mais edificante. Mas eu resolvi ferrar um pouco mais a minha vida. Então resolvi ter um teatro. Olha só que idéia mais brilhante, né? Tem um trecho do meu livro “Bagana na Chu
va” em que eu escrevi o seguinte há muito tempo atrás: “Teve um livro que eu li com bastante atenção. Aliás, eu não li, eu decorei. É um manual pra mim. Não consigo viver sem consultar esse livro que trago comigo no bolso da calça. Trata-se de “Como foder minha vida em N lições”. É um grande livro. Meu pocket inseparável”. Então eu tava guardando há muito tempo uma grana pra eu dar entrada num apartamento maior. E aí eu vendia minha kitchenette e ia morar num lugar com um pouco mais de espaço pros meus livros, gibis, discos de vinil e bugigangas culturais que fodem minha renite alérgica e só interessam mesmo a mim e a mais ninguém. E então apareceu essa oportunidade de eu ferrar ainda mais a minha vida e é claro que eu ia me sentir um puta cuzão se eu não desse a minha fuça maltratada pra bater. A partir de amanhã (01/12 – Sábado), Danielle Cabral e eu seremos sócios do “Teatro e Bar Cemitério de Automóveis”. Vai ser uma inauguração simples, mesmo pq não temos grana pra algo maior. Vou tentar instalar um som no bar pra gente ficar curtindo uns blues (de várias seleções que pretendo fazer) madrugada a dentro. Vou colocar uns quadros na parede que tenham a ver com a gente, sabem como é: Bukowski, Kerouac, Johnny Cash, Cassius Clay, etc. Ou vcs tavam achando que eu ia colocar uns palhacinhos alegres e tristes? E vamos abrir com uma exposição do Carcarah. Tá bom, né? Então é isso. Amanhã (dia 01/12), vamos fazer a nossa peça “O inferno em mim” às 21h30 e depois ficar por lá bebendo e ouvindo blues (cenas essas que devem se repetir indefinidamente). É claro que teremos que abaixar a porta lá pelas 00h30 (tem a tal da lei psiu, né?), mas nós vamos continuar lá dentro e os amigos sabem que é só chegar e bater na porta que a gente abre. Nós vamos estar lá, no nosso refúgio, nosso bunker que eu vou usar pra me esconder um pouco (tô precisando me esconder – já tô chegando naquela fase de evitar os bares e ir dormir cedo, caramba – nos últimos dias tô chegando em casa antes da uma da manhã – que merda tá acontecendo comigo?). O que eu sei é que se eu vou mesmo continuar a ferrar a minha vida como venho insistentemente fazendo há 50 anos, pelo menos quero ver se consigo fazer isso em boa companhia, boa bebida e boa música. Me parece que já é o suficiente pra um sujeito com cada vez menos aspirações na vida. Eu não tenho mesmo pra onde ir.
O Teatro e Bar (notem que é importante frisar o “Bar”) “Cemitério de Automóveis” vai funcionar onde era o Teatro Estação Caneca. Na Rua Frei Caneca, 384. Vai abrir sempre às 19h00 e abaixar as portas à 00h30 (eu disse que a gente vai abaixar as portas, mas não disse que a gente vai fechar, ok?) Mas já quero também deixar claro que assim como no antigo “Bar Cemitério de Automóveis” que a gente tinha na Conselheiro Ramalho, vamos colocar uma placa com os seguintes dizeres: “Aqui o cliente nunca tem razão”. Isto é, não adianta pedir pra gente mudar a música que tá tocando, não adianta pedir outra marca de cerveja se só tiver uma (a gente até pretende ter mais de uma) e não venham me encher o saco. Eu sempre aponto o bar da frente. Não levo jeito pra um bom negociante, mas sou bom em ferrar a minha vida.
November 30, 2012
esforço de reportagem
Nossa reportagem compareceu no lançamento do novo livro de MARCELO RUBENS PAIVA no Espaço Parlapatões, Praça Roosevelt, que reuniu uma global, muitos biscoitos Globo, 1 bandal, pessoal da PIG, uma ex-Paquita, palhaços, gatas, palhaços casados com gatas, gatas em busca do amor perfeito com trapezistas, criadores de gatos e gente da sociedade roosevence:
Figurinhas carimbadas que caem da paraquedas e gente da indústria do entretenimento foram fotografadas sem nenhum teor alcoólico pelo fotógrafo experiente, galerista querido pelos artistas, FRÂNCIO DE HOLANDA. Foi servido apenas mate gelado [em copos de plástico com canudinho].
O autor organizou uma leitura de alguns textos do seu novo sucesso, AS VERDADES QUE ELA NÃO DIZ:
Escalou gente de renome, gente bonita, gente agregadora, gente que faz e desfaz, com muita experiência em leituras teatrais, como ANTÔNIO PRATA e MARCELO TAS.
Os cercou que gente talentosa, bem-humorada, como o palhaço HUGO POSSOLO.
E 3 atrizes símbolo da força do teatro paulistano, apesar da beleza duvidosa e estarem fora do peso, como MARIA MANOELLA, HELENA CERELLO e CAROLINA FAUQUEMONT.
A reportagem acompanhou os ensaios, em que o autor tentava explicar o que tinha escrito, e poucos compreendiam.
A atriz MARIANA XIMENES estava escalada, mas surtou, pois era madrinha de um casamento no mesmo horário.
Aparece aqui desabafando com o escritor e agregador.
Dizia ela desesperada que se cansara da TV e queria dar um novo rumo à sua vida repleta de imperfeições, uma transformação de 360 graus.
Não queria mais ser linda, gostosa, rica e famosa, queria trabalhar nos teatros da Praça Roosevelt, ficar pelada nos palcos do Satyros 2, jantar no Planetas, beber no Biro’s, namorar o Eldo, comparecer às segundas na Merça para discutir literatura com Marcelo Mirisola, entrar no Grupo Oficina de Automóveis e cantar na banda Indústria de Animais.
O autor tentou acalmá-la, dizer que linda e gostosa ela deveria continuar, que na praça a concorrência era grande, tinha muitas lindas e gostosas. Talvez no Projac ela se destacasse mais.
Que o grupo se chama Cemitério de Automóveis, a banda, Fábrica de Animais, que Eldo era um cara muito concorrido, por ser uma lenda na Praça, e que Mirisola só ia discutir literatura se pudesse cantar no ouvido dela toda a obra de Chico Buarque.
“Aqui você não se sentiria uma truta fora d’água?”, indagou o autor, que lhe informou que uma quitinete na Praça estava custando o equivalente a um apê no Leblon.
Ela partiu conformada, ruiva, linda, gostosa, com um presente e a promessa de que o autor iria conversar com amigos, diretores, autores, roqueiros, agendar testes, para dar uma chance à coitada, mais uma atriz perdida neste zoológico que se chama meio artístico.
Enfim, durante a leitura, a família de Paiva e figurantes contratados faziam cara de que estavam gostando e riam.
Aplausos no final da leitura. Todos aliviados por ter terminado rápido.
Mate gelado servido. E o autor tentará vender alguns livrinhos
Amigas de PAIVA contratadas para sorrir.
Quitutes típicos da vida roosevence são servidos.
Compareceu a senhorita LUCIANA VENDRAMINI, eterna lolita, que terá a mesma cara quando completar 80 anos.
O criador de gatos do Pacaembu, Kiko Zambianchi, mais conhecido como senhor Kiko Zambianchi.
Casal ícone da PIGID [Partido da Imprensa Golpista Impressa Diariamente], senhor Prata e senhora Duailib, ele da folha de pagamento da Folha de S Paulo, ela do Estadão.
Mais amigas de PAIVA sorriem altinhas, efeito do Mate Gelado.
Cada amigo do Paiva que ganhava 1 autógrafo tinha direito de corrigir à sua maneira o cabelo do autor.
Parte da família de PAIVA que não partiu ainda para TÓQUIO comparece já aflita.
Amigo de PAIVA e dono de boate, LÚCIO RIBEIRO, compareceu para disputar com o autor quem tinha com a camiseta mais… roquenrol.
Amigos fingem comprar com entusiasmo o livro. Estavam bêbados de mate. Tiveram de devolver depois da foto, pois não queriam pagar.
A editora ISA PESSOA, pessoa boa, pessoa bacana, pessoa honesta, pessoa sóbria, que podia estar roubando, mas decidiu montar uma nova editora, FOZ, que publicará em breve RUY CASTRO e MÁRIO PRATA:
November 29, 2012
balada que vale a pena
Existem aqueles eventos que nascem “debaixo pra cima”, como se definia antigamente alguns movimentos revolucionários.
Da base para o topo, propostos pela militância.
Não orientados pela cúpula, afastada dos sentimentos das ruas.
Do poste, a poesia marginal
Dos mimeógrafos, os fanzines.
Da perifa, como os saraus de poesia.
Do teatro alternativo, como as Satyrianas.
Do vislumbre de um tradutor-poeta, como a BALADA LITERÁRIA.
De quem entende o que está faltando, como fazer, quem chamar, sobre o que conversar.
Do que O POVO precisa.
Não do que a cúpula acha do que o povo precisa.
E se tornam pouco a pouco inspiração à programação oficial.
Costumam ser os melhores eventos.
Pois começou em SP, em homenagem ao isolado RADUAN NASSAR [que estreou como Reinaldo Moraes, Caio Fernando Abreu, Ana Cristina César, eu, na coleção CANTADAS LITERÁRIAS - BRASILIENSE], o evento em sua homenagem.
Convida seu organizador, curador e mentor, MARCELINO FREIRE:
Mais um ano de Balada Literária.
Este é o sétimo.
E a cada ano é uma festa diferente.
Não estranhe, por exemplo, se não encontrar, abaixo,
nenhuma foto de escritores.
É que o homenageado deste ano é o paulista Raduan Nassar.
Ele que abandonou a literatura depois de escrever dois clássicos brasileiros,
Lavoura Arcaica e Um Copo de Cólera.
Logo, o que vale é a obra.
E são as obras que darão a cara – e o tom -
da Balada Literária 2012.
Obras cruciais que, muitas vezes, levaram os seus autores
à censura, à perseguição.
Discutiremos o que é ser poeta na época de hoje.
Falaremos de mídia, linguagens radicais, novos suportes para a literatura.
Celebraremos o teatro, a TV, o cinema.
Tudo discutido de forma descontraída – e pulsante.
A literatura sem frescura. Como tem de ser.
Veja a programação abaixo. E apareça.
Assim, “sem aparecer”.
Esperamos por você.
Agora à tarde tem:
14h00 – Livraria da Vila:
Lavoura Arcaica:
O livro, o filme
LOURENÇO MUTARELLI
conversa com
LUIZ FERNANDO CARVALHO
Depois:
O Lugar à Mesa:
Uma conversa sobre arte e censura
JOMARD MUNIZ DE BRITTO
conversa com MÁRIO MAGALHÃES
e MÁRIO PRATA
Tem no b_arco
CLAUDINEY FERREIRA
conversa com HERMANO PENNA,
JOÃO UBALDO RIBEIRO
E sexta tem:
18h00 – Espaço Revista Cult:
Humor e Cólera:
Uma conversa sobre
o humor na literatura
RONALDO BRESSANE
conversa, dentro do projeto BLABLABLÁ,
com ANTONIO PRATA
No sábado:
18h00 – Biblioteca Alceu Amoroso Lima:
Show com LIRINHA [abaixo]
Participação especial dos poetas
ÉSIO RAFAEL e WILSON FREIRE
Veja a programação completa:
http://baladaliteraria.zip.net/
O próprio RADUAN estará presente no final:
RESSACA LITERÁRIA
Mantendo a tradição, toda BALADA LITERÁRIA
termina com a RESSACA LITERÁRIA
DIA 5 DE DEZEMBRO [quarta]
19h30 – Centro Cultural b_arco:
MARCELINO FREIRE,
GILBERTO F. MARTINS
e os participantes
da oficina de criação literária do
Centro Cultural b_arco
conversam com o escritor
MILTON HATOUM
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Faz parte da BALADA:
November 28, 2012
querem mesmo apurar?
Nessas horas, mais uma vez [aprendi com a minha mãe] é preciso separar as emoções e pensar objetivamente.
E, como faz um DEMOCRATA, confiar nas instituições.
No Rio Grande do Sul, foram encontradas cópias de dois documentos que finalmente comprovam que meu pai, RUBENS PAIVA, esteve detido numa unidade do DOI-Codi no Rio de Janeiro em 1971, durante a ditadura militar.
Comprovou-se o que sempre soubemos.
O documento é incrível, e parece ter saído de um filme policial.
Vê-se a cena: o preso deixa seus pertences sobre uma mesa, um carcereiro enumera, anota e guardando numa caixa.
Pertences que em tese seriam devolvidos quando o prisioneiro fosse solto.
Sim, meu pai entrou. Quando saiu? E como?
Minha mãe esteve presa também por 13 dias no mesmo prédio, viu fotos dele no álbum de presos assim que chegou, um dia depois dele.
Meu pai foi preso dirigindo o próprio carro. Minha tia Renee Paiva, sua irmã, retirou este carro do pátio do II Exército um mês depois e recebeu o recibo assinado e timbrado da devolução.
Tal documento foi a única prova de que ele estivera preso, apesar das negativas do Exército.
Que aliás negou que minha mãe também estivera presa.
Para a própria, que voltou lá e foi barrada, tentando ver o marido.
Se encontrou agora, 41 anos depois, casualmente, a ficha de entrada de Rubens Paiva pela Polícia Civil gaúcha nos arquivos de um militar reformado morto em Porto Alegre.
Os documentos foram entregues ontem pelo governo do RS à COMISSÃO DA VERDADE, que promete investigar.
No início do mês, o coronel Júlio Miguel Molinas Dias trocou tiros com 3 “elementos” em Porto Alegre e morreu. Era fora chefe do DOI-RJ no começo dos anos 80. Viúvo, deixara uma pasta que foi encontrada pela polícia. Há também papéis sobre o atentado do RioCentro, em 1981.
Dois dias depois o EXÉRCITO cercou a área e recolheu o que encontrou na casa do coronel Molinas.
Toda a operação leva a muitas perguntas:
1. O que esses documentos faziam com ele?
2. Com quem trocou tiros?
3. Trata-se de um crime comum ou queima de arquivo?
4. O que o Exército foi fazer lá 2 dias depois?
Para A Comissão da Verdade, além da preciosidade, também sobraram pistas e a possibilidade de convocarem:
O capitão “Santabaia” – além da cópia da ficha encontrada pela polícia gaúcha, há um manuscrito informando que os pertences do carro do meu pai foram retirados por um oficial identificado como “capitão Santabaia”.
O general de reserva José Antônio Nogueira Belham, um dos ex-chefes da unidade do DOI-Codi – seu nome está anotado no documento, como quem teria ficado com as cadernetas de endereço do meu pai
No Rio, um protesto do grupo ESCRACHO em maio deste ano aconteceu em frente ao prédio nº 218 da rua Marquês de Abrantes, no Flamengo, onde mora o general.
Na verdade, muitos sabem quem trabalhava no DOI-Codi em janeiro de 1971.
Se quiserem apurar mesmo, é fácil.
São oficiais hoje reformados, que ganham pensão e podem ser encontrados numa busca nos arquivos do governo.
Se a Comissão da Verdade quiser mais detalhes, leia SEGREDO DE ESTADO [Editora Objetiva], lançado recentemente, livro do biógrafo JASON TERCIO.
Lá está o nome de alguns oficiais que davam plantão nos dias 21 e 22 de janeiro de 1971 no DOI-Codi do Rio de Janeiro e podem ter muito a dizer sobre o que aconteceu com o preso Rubens Paiva:
Ex-coronel Ronald José da Motta Batista Leão
Capitão de cavalaria João Câmara Gomes Carneiro
Subtenente Ariedisse Barbosa Torres
Segundo-sargento Eduardo Ribeiro Nunes
Major Riscala Corbage, da PM do Rio de Janeiro
Foram já interrogados pelo ex-procurador-geral da Justiça Militar, Leite Chaves, no começo da redemocratização, e alguns confirmaram num Inquérito Policial Militar de 1986 que estavam de serviço quando meu pai foi interrogado [21 de janeiro].
Provavelmente morreu sob tortura neste dia ou no posterior.
Se algum deles estiver vivo, parte da história facilmente vem à tona; se convocados pela COMISSÃO.
Basta vontade.
Que em 40 anos não se conseguiu agrupar.
November 26, 2012
sobreviver à ressaca
Meu colega PEDRO ASBERG lança o terceiro livro de receitas.
Dessa vez é COZINHANDO DE RESSACA.
VIVENDO COM RESSACA.
SOBREVIVENDO À ELA, missão que durante as primeiras 24 horas parece impossível, e, com a idade, um transtorno cada vez mais duradouro.
Manual fundamental para quem passa da conta.
Livro de cabeceira dos boêmios.
E no sábado começa:
2ª Feira de Livros sobre a Resistência Política
Onde
Memorial da Resistência de São Paulo
Largo General Osório, 66 – São Paulo, SP
Tel. (11) 3335-4990
Quando
Sábado, 1º/12, 10h às 17h30
Mesa redonda
O papel do jornalismo investigativo no conhecimento da verdade: 10h às 12h, com os jornalistas Mário Magalhães e Leonencio Nossa
November 23, 2012
isso é o que elas dizem
AMANHÃ, sábado, vamos lançar meu livro novo AS VERDADES QUE ELA NÃO DIZ.
Começa às 17h no ESPAÇO PARLAPATÕES, Praça Roosevelt, 158, São Paulo.
É aberto, só aparecer.
E a editora carioca, FOZ, traz 200 sacos de Biscoitos GLOBO e mate/limão.
Na faixa.
Pra dar à reformada praça um astral de praia..
Faremos leituras de alguns textos, crônicas, cenas, contos, trechos [como o abaixo].
ISSO É O QUE ELA DIZ
“Amanhã eu paro, prometo.”
“Claro que adoro sua mãe, irmãs. Elas que implicam comigo.”
“Ai, amor, desculpa. Dá um desconto. Estou de TPM.”
“Adicionei, porque é um cliente. Ia pegar mal ignorar.”
“Hoje não estou de TPM! Você que nunca me leva a sério.”
“Acha que tenho ciúmes dela? Maior cara de fuinha…”
“Baby, hoje tenho uma reuniãozinha com as amigas. Até te convidaria. Mas só vão as meninas.”
“Amor, não precisa ter ciúmes. Ele é gay.”
“Acha que fico espionando o seu Face? Tenho mais o que fazer.”
“Um minutinho, só!”
“Já estou chegando.”
“Tô na esquina.”
“Eu tô gorda?”
“Esta multa não é minha!”
“Tenho certeza de que foi você quem ficou com o ticket do estacionamento.”
“Não tenho ideia de onde veio essa batida no para-lama.”
“Ah, hoje não, estou com a maior cólica.”
“Não sei quem era. Desligou.”
“Você é, disparado, o melhor homem que eu tive na cama.”
“Estou com esta minissaia pra te agradar, pra você me achar gata.”
“Fica tranquilo. Eu enchi o tanque, coloquei óleo e calibrei os pneus.”
“Imagina! Não fui eu quem raspou o seu carro.”
“Eu não vejo muito a novela. Só sei de ouvir minhas amigas falando.”
“Eu não estou chorando!”
“Eu não estou brava!”
“Eu não estou gritando!”
“Você é que está nervoso!”
“Só vou olhar. Não vou comprar nada.”
“Não fiz nada. Só apertei aquela tecla.”
“Eu só estava dançando com ele porque ele dança bem.”
“Amor, ele não estava me paquerando.”
“Eu não sou teimosa!”
“Aquele radar não estava aqui ontem.”
“Já estou indo!”
November 21, 2012
mentira
Mentira maldosa mesmo viveu dona Odete, uma amiga da família.
Apaixonou-se por um geólogo, que conheceu num carnaval em Santos. Que trabalhava em prospecção de petróleo em alto mar. Com quem dançou, bebeu, se esbaldou e fez amor nas areias não iluminadas do Boqueirão.
Zé Álvaro fascinava, pois explicava com paixão os esforços para se extrair o líquido tão precioso onde jamais ninguém tentara. Falava da potência em que o Brasil poderia se transformar. E todo esse vocabulário, extrair, potência, camadas, perfurar, excitavam mais ainda Odete, que nem viu o Carnaval passar.
Foi só na quarta-feira de cinzas, quando teria de pegar um helicóptero para a plataforma marítima, que ele anunciou, envergonhado, porém sincero, que era casado.
Foi só na sua volta, semanas depois, que ela soube detalhes do quanto ele era mal casado, de que a esposa deprimida tentara se matar quando ele anunciou o fim do casamento, e de que continuava com ela até o único filho entrar na faculdade, pois tinha medo de que um ambiente emocionalmente complexo e desestabilizado pudesse atrapalhar os estudos e o futuro do menino.
Odete acabou novamente seduzida pelos encantos e lábia do geólogo, especialmente quando ele explicou detalhes da perfuratriz, prospecção, de como sugar e enfiar a broca, e se entregou numa pensão de José Menino.
Decidiu amar aquele homem até que a situação se definisse. Não o pressionou. Foi até fiel. Contou para poucos confidentes que se relacionava com um homem casado. Ouviu da maioria que ela deveria vazar o mais rápido possível. Não perguntou onde ele morava, nem como era a concorrente, nem se o filho ia bem na escola, tirara nota boa no Enem e estava decidido a seguir qual profissão.
Mas a pior das mentiras estava por vir. Um dos confidentes, também do ramo petrolífero, resolveu investigar mais detalhadamente a vida de Zé Álvaro, preocupado com a amiga, que se mudara para um flat no Gonzaga. Assombrado, decidiu contar pessoalmente o que descobriu:
“Ele não é nem nunca foi casado.”
O mundo desabou para Odete. Por que inventar toda aquela história, por que não assumir que era solteiro, livre, por que mentir durante tantos anos?
“Antes fosse casado”, repetia uma Odete abismada com a traição e decidida a nunca mais aparecer na Baixada Santista.
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E você pode aparecer no lançamento do livro AS MENTIRAS QUE A MULHER NÃO DIZ.
É sábado, 24/11, das 17h às 20h, no ESPAÇO PARLAPATÕES, Praça Roosevelt, 158, São Paulo.
É isso mesmo, sábado à tarde.
Depois do churrasco dos amigos ou da feijuca do bairro.
No começo, lerão crônicas, cenas e contos do livro os amigos:
ANTÔNIO PRATA, CAROL FAUQUEMONT, HUGO POSSOLO, MARCELO TAS, MARIA MANOELLA e MARIANA XIMENES.
Depois, abrimos o bar, e o sujeito aqui faz uns rabiscos, conhecidos como autógrafos.
Se a bebida descer direitinho.
Atenção especial a ANTÔNIO PRATA, o JOE PESCE brasileiro, que ensaia há uma semana com seu coach particular, cercados por esquilos e tucanos [que voam mesmo] da GRANJA.
November 19, 2012
para não esquecer
Próximo sábado, 24/11, às 17h30, vamos lançar meu livro novo no ESPAÇO PARLAPATÕES, Praça Roosevelt, em São Paulo.
Como assim, lançar um livro sábado à tarde?
Num teatro?!
É porque a maior parte dos textos é herdada da linguagem teatral.
Tivemos a ideia de ler alguns deles no teatro. Com os seguintes atores e amigos.
ANTONIO PRATA
CAROLINA FAUQUEMONT
HUGO POSSOLO
MARCELO TAS
MARIA MANOELLA
MARIANA XIMENES
Logo logo mando convitinho.
A amanhã o TEATRO AUGUSTA e a GIOSTRI EDITORA, que se especializa em textos teatrais, lança numa batelada só:
Assim como minha nova editora, FOZ, lança também TEORIA GERAL DO ESQUECIMENTO, também com debate/leitura, só que no RIO:
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