Marcelo Rubens Paiva's Blog, page 111
November 18, 2012
brasileiros mentem sem qualquer cautela
Dizem que um suíço nunca mente. Que os franceses também, mas não falam a verdade. Que um alemão omite. E que o único momento em que um inglês sorri é quando está mentindo.
Um japonês quando é pego mentindo chora e se humilha na frente dos companheiros. Os mais dramáticos se matam. Os tradicionais cometem harakiri diante das câmeras.
Americano não mente, joga com as palavras. O caso mais notório foi o de Clinton, que negou peremptoriamente ter tido relação sexual com a estagiária da Casa Branca, Monica Lewinsky, apesar da mesma ter no armário um vestido azul manchado do resultado do gozo presidencial.
Acusado de perjúrio e obstrução da justiça, Clinton se safou do impeachment com uma calculada manipulação de palavras, o que deve ter aprendido com o clã Kennedy. Ele e Monica até fumaram charutos. Fizeram de tudo, menos “intercourse sexual”. Aliás, se tivessem feito, o que aquela primeira-ejaculação fazia na lateral do vestido azul, que depois foi periciado?
Clinton é ainda um dos presidentes americano mais populares da história. Menos em casa.
Já os brasileiros. Ah, os brasileiros… Mentem sem qualquer cautela. Alguns conseguem mentir dentro de outra mentira. Como aquele político corrupto que nega ter dinheiro depositado em paraíso fiscal até o banco de lá tornar público, apesar do sigilo, os extratos, e perguntar de onde vem tanta grana. O malandro ainda afirma que doa tudo se for verdade. Claro que nunca cumpre a promessa.
Tem brasileiro que mente quando chega atrasado, sonega impostos, é pego na cama com outra, é flagrado em blitz, fura fila. Primeiro se faz de desentendido, depois mente. Imagino quantas vezes um policial rodoviário escutou:
“Seu guarda, a lâmpada deve ter queimado agora, quando saí da revisão para a estrada estava tudo acendendo.”
“Pneu careca? Olha aqui os sulcos.”
“Ih, deixei o documento em casa, no bolso do paletó de dois botões, que está na moda, e a anta da minha mulher levou para a lavanderia.”
“Extintor vencido? Pois é, eu estou indo agora comprar um. O senhor sabe onde encontro um baratinho?”
“Eu não estava correndo, apenas tive que me desviar de um cachorro e acelerei. Um cocker spaniel. Será que ele ainda está vivo?”
O Brasil já começou como uma mentira. O descobrimento do Novo Mundo foi repleto de espiões, agentes duplos, segredos, alarmes falsos. Ou alguém acredita que Cabral aportou por estas praias casualmente?
Quando Pero Vaz de Caminha escreveu “aqui plantando tudo dá”, já tinha espanhol tomando o verdadeiro açaí do Amazonas, assando um espeto no Sul, dançando lambada no Maranhão, e francês desenhando índia nua na Baía de Guanabara e ensinando french kiss.
Aliás, Caminha esqueceu de colocar a nota de pé de página: “Aqui tudo dá com altos investimentos em irrigação rural e até desvio de rios.”
Dom Pedro I não proclamou a Independência num enorme cavalo branco, veículo preferido de seu ídolo, Napoleão, mas numa mula pau-pra-toda-obra, o utilitário da época. E estava às margens do Ipiranga debruçado com uma cavalar diarreia. Seu brado não deve ter sido retumbante, mas um sussurro. E há quem afirme que o melhor bordel da região ficava coincidentemente às margens plácidas.
Seu pai, Dom João, que era incapaz de reconhecer qual daqueles guris era seu filho legítimo, disse antes de partir pra Lisboa que faria um saque rápido na única agência de banco do Brasil, criativamente chamado de Banco do Brasil. Rapou todo o ouro depositado no cofre.
O fim da escravidão, uma espécie de promessa de campanha da Família Real, só aconteceu de fato quando generais marchavam para Proclamar a República.
Getúlio assumiu para por um fim à política de cartas marcadas do café com leite. Transformou seu Estado Novo numa clássica e velha ditadura. Generais deram o Golpe de 64 com apoio de civis, prometendo entregar-lhes o poder o quanto antes. Este “o quanto antes” durou 21 anos.
A mentira em que só a militância fiel acredita é aquela “assinei sem ver”. E a necessária para a governabilidade é “não sabia de nada”.
November 15, 2012
ong critica monopólio estatal da maconha uruguaia
Outro dia tuitei: “Brasil é o país do futuro, mas é no Uruguai que o aborto e a maconha são livres.”
Nosso pequeno vizinho, que já foi estado nosso, e depois torrou as contas do reinado de Dom Pedro I numa guerra perdida, levou nosso jovem País à falência- o rei ficou impopular, ao ponto de ter que fugir às pressas disfarçado e deixar o filho “de menor” no comando-, era mais conhecido por derrotar o Brasil na Copa de 1950 e uma praia de beleza duvidosa, fria, com cassinos, que a elite paulistana adora, Punta.
Mas o Uruguai vive um choque de modernidade que contrasta com o continente extremamente católico e conservador.
O projeto de lei que legaliza o cultivo pessoal de maconha no Uruguai começou a ser discutido ontem pelo Congresso uruguaio.
Se aprovado, cada habitante terá o direito de plantar em casa e consumir até 40 gramas da erva por mês, o que dá, dependendo da fissura e da capacidade de enrolar do hermano, uns 15 baseados.
“O Estado assumirá o controle e a regulação sobre as atividades de importação, exportação, plantação, cultivo, colheita, produção, aquisição, armazenamento, comercialização e distribuição da maconha e seus derivados”, diz o Artigo 2.º do projeto.
Porém, já tem gente criticando o monopólio estatal da planta.
Ethan Nadelmann, líder da Drug Policy Alliance (DPA – aliança para uma política em matéria de drogas), disse à AFP: “É muito incomum que um governo esteja envolvido no monopólio da produção de qualquer matéria-prima, em qualquer produto agrícola. Frequentemente isso leva a uma ausência de controle de qualidade ou diversidade”
Nadelmann recomendou ao Uruguai os modelos existentes como os cafés da Holanda, os clubes sociais da Espanha e os dispensários de maconha medicinal nos Estados Unidos, onde a produção e distribuição são de gestão privada.
“A legalização definitivamente ajudará a combater o narcotráfico, porque oferecerá uma fonte alternativa se o governo puder oferecer um bom produto a um preço razoável”, afirmou.
O presidente do Uruguai, José Mujica, assim como nosso ex-presidente, campeão de pôquer de Higienópolis e bródi de maconheiro velho, FHC, argumenta que com a legalização da maconha os crimes associados a ela serão reduzidos e os cartéis, debilitados.
Será criado um cadastro de produtores e consumidores.
Poderá haver associação, cujos membros – até 15 – poderão produzir até 7,2 quilos da droga por ano.
O cultivo doméstico, por sua vez, será restrito a 6 plantas.
Outros países da América Latina, como México, Guatemala e Costa Rica, analisam as implicações da legalização.
O Uruguai, que está prestes a autorizar a união homoafetiva e já permite o aborto, está na linha de frente das reformas liberais e a nova medida pode influenciar a pauta de todo o continente.
E o país com menos de 4 milhões de habitantes precisa se preparar para uma invasão do cannabis-turismo, enquanto não tivermos a MACONHABRAS.
“Bamos invadir su playa, cabron!”
Será a nova Holanda, aquecerá a economia, num país que produzia picanha, lã e diáspora juvenil. A lembrar: já conhecido como “a Suíça sul-americana”, Uruguai foi o primeiro país a estabelecer por lei o direito ao divórcio (1907) e um dos primeiros países do mundo a estabelecer o direito das mulheres a votar.
November 8, 2012
maconha para uso medicinal e recreativo
Não foram apenas os latinos, furiosos com a radical proposta de deportação dos ilegais dos republicanos, impopular até entre os brancos americanos, as mulheres, furiosas com retrocesso de Romney, que antes apoiava as leis de aborto e, DURANTE a campanha, negou o que disse no passado, os gays, com a insistência da ala radical dos republicanos em condenar o casamento de pessoas do mesmo sexo e, claro, os negros, que deram a vitória a OBAMA, apesar da economia.
Foi uma espécie de grito unificado contra as teses conservadoras que trariam um retrocesso nas lutas dos direitos civis e de liberdades individuais, a grande noia americana.
OBAMA, ou o conservadorismo de ROMNEY, uniu a esquerda, liberais, democratas, sindicatos de trabalhadores manufaturados, gente da área de saúde com a juventude hipster, moderninha, que defende, entre outras coisas, a liberação da maconha.
Quando se vota para presidente, se votam também proposições estaduais.
No caso da federação dos ESTADOS UNIDOS, uma lei estadual pega, mesmo que a CORTE SUPREMA julgue inconstitucional.
É assim com o casamento gay e a maconha para “uso medicinal”.
Em cada estado, há a sua regulamentação.
Nas eleições de terça, mais 4 estados aprovaram pelo voto o casamento gay, foi eleita uma senadora assumidamente lésbica, Tammy Baldwin, o escolarizado estado de Massachusetts [de Harvard, MIT, UMass, Boston] foi o décimo oitavo a aprovar a maconha para fins medicinais.
E, o mais surpreendente, dois estados, COLORADO e WASHINGTON, nem se deram ao trabalho de se engajar na “farsa” do uso medicinal.
Aprovaram, pelo voto, para uso recreativo mesmo.
Farsa?
Na CALIFÓRNIA a maconha é aprovada para uso medicinal há anos.
Um amigo de lá tem o direito de plantar até 13 árvores em estufa em casa. Não pode vender.
Para isso, precisou de 2 atestados médicos mostrando que ele era ansioso e dormia mal.
O segundo médico que o atestou ainda pediu que eventualmente ele lhe desse porções da sua colheita.
As sementes foram importadas legalmente da HOLANDA.
E meu amigo trata da plantação como se cuidasse de um ente da família.
Pois em COLORADO, antigo reduto de comunidades hippies, e WASHINGTON, da cena grunge, Boeing e Microsoft, pularam uma etapa e assumiram que a luta contra as drogas e o tráfico estava perdida.
Esperamos que o baseado liberado não interfira na linha de montagem dos 737, 747, 767, 777…
E não adianta pular para um AIRBUS.
Na EUROPA, não só a maconha, mas o haxixe é liberado na maioria dos países da CE.
Alguns para uso medicinal, outros para recreativo mesmo.
November 6, 2012
Há 40 anos nascia o Opinião
Exatamente no dia 6 de novembro de 1972, há 40 anos, foi para as bancas o jornal OPINIÃO, em formato tabloide, quase sem anúncios, cria do jornalista e empresário FERNANDO GASPARIAN.
Enquanto o PASQUIM, quando conseguia ir para as bancas, satirizava a ditadura brasileira, as transformações de um País conservador, o contraste entre o Brasil urbano e agrário, o OPINIÃO abriu colunas para discutir os rumos do regime autoritário.
Fez o pessoal do CEBRAP arregaçar as mangas e escrever numa linguagem jornalística.
Empregou uma geração de repórteres que já atuava desde a revista REALIDADE.
Imprimiu um novo modelo de imprensa que priorizava furar o bloqueio da censura, a chamada “imprensa alternativa” ou “nanica”, fundamental para a ruptura do regime e a queda dele anos depois.
Era lido e passava de mão em mão.
Nasceram dele O MOVIMENTO [1975], EM TEMPO [1977], BEIJO [1978].
O OPINIÃO, que saía semanalmente, conseguiu a façanha de representar os jornais LE MONDE e THE GUARDIAN no Brasil.
No primeiro ano, sua tiragem chegou perto da revista Veja. Escreviam nele, entre outros:
Raimundo Pereira, Antonio Candido, Antonio Callado, Fernando Henrique Cardoso, Francisco Weffort, Paul Singer, Darcy Ribeiro, Celso Furtado, Otto Maria Carpeaux, Hélio Jaguaribe, Paulo Francis, Lauro de Oliveira Lima, Jean-Claude Bernadet, Millôr Fernandes, Oscar Niemeyer, Júlio Cesar Montenegro, Marcos Gomes, Antonio Carlos Ferreira, Bernardo Kucinski.
Raimundo Pereira, seu editor chefe, e que depois fundou O MOVIMENTO, disse em entrevista a Carlos Azevedo:
“Opinião, até o número 24, foi de 28 mil pra perto de 38 mil exemplares vendidos. Veja estava vendendo pouco mais de 40 mil nas bancas, e Visão, nas bancas, vendia perto de 10 mil. A redação do Opinião chegou a ser uma das maiores do País, em termos de esforços mobilizados a favor dela. Fora do País, era um negócio maior ainda: tinha o Robert Kennedy mandando entrevistas, tinha essas grandes publicações estrangeiras cedendo direitos pro Opinião só porque o Opinião resistia à censura.”
A maior parte dos textos era censurada [vinha com uma tarja preta].
O boneco do jornal tinha que ser enviado a Brasília, de onde vinha a ordem do que deveria ser censurado.
No penúltimo número, em abril de 1977, numa rebelião contra a ditadura, o jornal anunciou que o próximo não seria mais enviado a Brasília para avaliação da censura e iria para as bancas como foi editado.
O regime o recolheu nas bancas. Foi seu último número.
Foi por causa do Opinião que os militares tiveram de reconhecer que havia censura prévia no País; o advogado Adauto Lucio Cardoso ganhou o processo que Gasparian moveu contra o Governo na época.
Parabéns aos sobreviventes, obrigado por resistirem, e um brinde aos que se foram, heróis que lutaram contra uma ditadura nada branda.
Especialmente ao meu segundo pai, FERNANDO GASPARIAN.
November 5, 2012
inveja
Você não fica devastado quando vê alguém feliz, que diz que gosta de si mesmo, não se arrepende de nada, entende o mundo e o sentido da vida, não fica desgraçadamente arrasado quando escuta que alguém é casado com a namorada da faculdade e é suuuuper feliz, foi fiel durante décadas, tem a vida sexual como as de alguns personagens mitológicos, que chegou a ter um caso no vigésimo ano de casado, mas foi perdoado e amado como nunca, você não entra em pânico quando descobre que um amigo comprou móveis na baixa que hoje valem 20 vezes mais, ações na baixa que vendeu antes da crise dos derivativos, que aplicou numa empresa chamada Apple quando ainda se usavam máquinas de escrever, que herdou uma fattoria à beira do mar na ponta da Bota, de um tio italiano gay que foi o único a ficar na terrinha, não emigrar e que não teve filhos, em que se colhem trufas brancas, que milagrosamente nascem ali, e produz um vinho premiado por toda a Europa, não se choca quando sabe que alguém foi promovido e passou a ganhar benefícios como cartão corporativo, plano de saúde com helicóptero, carro do ano, secretária e sala com vista, ou que tem gente que não precisa estudar para passar de ano porque basta prestar atenção, ou que tem facilidade com línguas e fala entre outras russo correntemente, entrou no vestibular sem cursinho, dorme como uma pedra, nunca toma remédios na vida nem nunca fica doente, tem colesterol, glicemia, pressão e batimentos cardíacos abaixo dos alertas, vai ao banheiro duas vezes ao dia, não engorda, nem se jantasse pizza com borda recheada todas as noites, pois tem um bom metabolismo, fuma eventualmente um cigarro a cada dois meses e nunca extrapola este cálculo, não tem cálculos renais, nem na vesícula, gordura no fígado, artroses, bursites, tendinites, joga tênis com a galera mais jovem do clube, porque sempre ganha dos tiozinhos da sua idade, tem um cachorro que não late para visitas, nem tem pulgas, mas ataca todos os gatunos que se aventuraram por seu bairro, que a casa em que mora nunca foi assaltada, a única da rua que nunca foi, que não tem rugas, cabelos brancos, cera de ouvido, caspa, calos, pele oleosa, unhas encravadas, joelhos tortos, pé chato, pernas em xis, joanete, flatulência, hérnia de disco, herpes, mau hálito, incontinência, enxerga sem óculos- nada de miopia, estrabismo ou estigmatismo-, lê bulas de remédio, menus de restaurantes praianos especialistas em luaus iluminados por tochas, partidas e chegadas de aviões, placas nas estradas, comprou casualmente quadros de pintores brasileiros iniciantes que hoje estão expostos alguns na Tate outros no MoMA, costuma ser convidado para dar palestras motivacionais no Caribe, Ilhas Fiji, Bali, Ilhas Maurício, Córsega, que comprou um apezinho no Marrais quando o euro não valia nada, entrou de sócio numa fábrica coreana de carros e numa fazenda de produtos orgânicos, leu Ulisses na escola, Proust no original, quando terminou o curso de francês e se envolveu com seu caso extraconjugal parisiense, toda obra de Balzac, A Divina Comédia, exemplar raríssimo que encontrou empoeirado na sede da fattoria que herdou aparentemente autografado pelo autor, Irmãos Karamazovi, para praticar o russo, quando entrou de sócio de uma petrolífera com um ex-agente da KGB, que hoje tem um time de futebol no Reino Unido e partes de uma equipe de Fórmula 1, que se tornou seu melhor amigo e é credenciado pela FIFA e UEFA a frequentar estádios da Copa do Mundo e da Liga de Campeões da Europa, na tribuna dos dirigentes máximos da entidade, e sempre sobra convites, você não fica absurdamente destroçado que tem alguém com bom senso para não entrar em brigas de trânsito, que dá passagem, que jamais para em vagas de idosos e deficientes, que acena para ajudar apressados na ultrapassagem, que não se importa quando o motorista de trás aciona a buzina assim que o farol de trânsito muda do vermelho para o verde, que nunca foi multado- e nas três vezes em que foi parado na blitz do bafômetro tinha bebido suco de tomate, porque tivera um mau pressentimento-, que não se estressa quando vê alguém furando a fila do cinema e simplesmente indica outro caixa livre, que salga a pipoca como se cálcio em excesso fizesse bem para a circulação, que tolera frutose, glicose e glúten, não se tira a fatia de gordura da picanha, que não se importa com a turma de garotos que erraram de filme e, num denso drama argentino, comenta a baladinha da noite anterior e marca o ponto de encontro da baladinha posterior, moços e moças que chacoalham sacos de pipocas para misturarem o sal como se estivessem na ala de chocalhos da bateria de uma escola de samba do primeiro grupo, que não colocam celulares no silencioso e que, ultimamente, você neurótico reparou, as telas touchscreen dos celulares e tablets estão mais luminosas, porque nós, estressados, não aguentamos filme fora de foco, ar-condicionado glacial em salas de cinema e teatro, atores que cospem uns nos outros enquanto representam, muito menos o barulho de um saquinho de delicado ou jujuba aberto, mas fica arruinado quando encontra alguém que saiba configurar computadores em diferentes sistemas operacionais, até aquele gratuito, que entende tudo de formulário da Receita Federal e está em dia com ela, com o Estado e a prefeitura, com o condomínio e o da casa de praia, que consegue twittar e responder e-mails ao mesmo tempo, tem Face Book, Instagram, G+, Linkedin, What’s Up, as últimas versões dos aplicativos essenciais atualizados, você não inveja absolutamente aquele que não tem cáries, canais, implantes, dentes amarelados, que nunca ouviram que seria melhor consultar um ortodontista, ou que escutaram “quando casar passa”, e passou?
Relaxa.
A boa notícia, e que nos dá um enorme consolo, é que essa pessoa não existe.
E a baixa filosofia ensina: se existisse, não teria a sensação inigualável e prazerosa de aprender com os erros.
Como dizem os invejosos, errar é humano, e a perfeição não existe.
+++
Amanhã tem o lançamento do livro:
November 3, 2012
doce vapirinha
Venha me beijar,
Minha doce vampira,
Na luz do luar
Venha sugar o calor
De dentro do meu sangue, vermelho
Tão vivo tão eterno, veneno
Que mata sua sede
Que me bebe quente
Como um licor
Brindando a morte
E fazendo amor,
Me acostumei com você
Sempre reclamando, da vida…
Me ferindo, me curando, a ferida…
Mas nada disso importa,
Vou abrir a porta,
Pra você entrar,
Beija minha boca,
Até me matar…
Beija a minha boca,
Até me matar
De amor!
[Rita Lee]
November 2, 2012
por que transformar?
Errei o tema do papo abaixo hoje nas Satyrianas.
Como bom hegeliano ["todo ser é um ser político"], achei que era arte e política
É Arte e Sociedade.
Oficialmente:
Chá Cultural
O Chá Cultural consiste num bate-papo informal e intimista entre pessoas de diversas áreas da comunicação. A revitalização da Praça Roosevelt inspirou o tema deste ano: “Arte e Sociedade”.
Local: Restaurante Rose Velt (Praça Roosevelt, 124)
Sexta-feira, 02 de novembro, das 15h às 16h30
Tema: Arte e Sociedade: Por que [Trans]formar?
É isso aí, entendeu mané?
Por que transformar, transformar por quê?
O que transformar, transformance por quê?
Tranformismo transformando transformando a transformidade da transformação…
Enquanto você pensa, veja aí, e compre lá numa livraria ou online:
http://www.facebook.com/tvcultura/posts/297865760313724
E Do site SEMANA SP:
Há 30 anos, o relato visceral de um rapaz que, no auge da juventude, sofreu um acidente e ficou paraplégico conquistou toda uma geração. Foi assim a estreia de Marcelo Rubens Paiva com “Feliz Ano Velho”, que faturou o prêmio Jabuti de 1982 e foi o título mais vendido na década de 1980. “É um livro que realmente tem uma vida própria, uma carreira pessoal”, diz o escritor paulistano.
Este ano é especial para o autor de dez livros. Além de se aventurar em mais um romance, toda a sua obra foi reeditada. Em “As Verdades Que Ela Não Diz” (192 págs., R$ 35,90), que acaba de chegar às livrarias pela editora Foz, Marcelo volta ao tema que mais explorou recentemente. Mulheres e relacionamentos são o mote da obra, que reúne crônicas e contos do autor sobre paixões, traições, amizade e brigas de casal, e tudo o que envolve o misterioso universo feminino.
Mesmo sendo um homem incomum, que não se importa em discutir a relação – “eu adoro uma D.R.”, admite -, entender as mulheres não é tarefa fácil nem para o caçula de quatro irmãs e conselheiro afetivo de uma penca de amigas confusas. “Acho que nem elas se entendem”, conclui.
Não (risos)! Tenho facilidade para ouvir, né. Acho que nem elas se entendem. É um universo cheio de nuances, conflitos e contradições. Ser mulher, mãe, esposa, dona de casa e ainda querer uma carreira, ser líder no trabalho. Acho que a mulher moderna tenta encontrar um jeito de lidar com todos esses problemas. Então eu penso que sei escutar, observar, entender os humores, mas não sou especialista. Sou apenas um escritor.
Adoro (risos). Não só como homem, mas como escritor. Adoro discutir os detalhes, o que dá certo e o que dá errado. Tudo isso que hoje está em pauta em toda mesa de bar: se casamento funciona, o por quê do fracasso, se o amor acaba, se não acaba, se dá para ser amigo de ex. Acabei criando crônicas em que isso virou tema.
A traição é o ponto principal. Ela fala dessa coisa natural de que a mulher trai o homem, sem sentido de culpa, sem questionamentos sobre qual foi a falha na relação. Ela trai porque dá vontade. A minha personagem traiu não se sabe o porquê. Não quero que se explique. Traiu e pronto. Deixo em aberto para que o espectador conclua.
O homem está mais cuidadoso em questões que antes eram apenas da mulher. Hoje, tenho mais amigos que cozinham do que mulheres.
É um ser distante, um livro com vida própria, que foge um pouco do padrão do mercado, inclusive da minha obra. Nasceu para ser um livro sobre a ditadura, sobre a geração que vivia o começo da redemocratização. Virou um livro que os jovens adotaram.
November 1, 2012
o melhor de sp
Depois de tomada pela campanha eleitoral, a Praça Roosevelt volta às origens.
Disputada por serristas, haddadistas, soninhaistas, hellokittysistas, skatistas, passistas, é o teatro agora, que a manteve viva, decente, elétrica, pulsantes, que ocupa seus espaços, no movimento cultural mais charmoso e indie de São Paulo, AS SATYRIANAS.
São palestras, peças, cenas, tudo no espaço de um fim de semana prolongado, espalhadas por tendas na praça e pelos teatros, bares e restaurantes que a cercam.
Sexta-feira até eu, que nunca deixo de participar, em que até já atuei, dessa vez sento numa mesa num debate sobre ARTE E POLÍTICA, 15h, no Restaurante Rose Velt.
Confira a programação e não perca.
Você verá coisas que só nas SATYRIANAS rolam.
Olha o que mais:
October 31, 2012
testemunha ocular
NANA GOUVÊA, testemunha ocular da história.
Na hora certa, no lugar certo.
Mais em:
http://nanagouveaemdesastres.tumblr.com/
cara de playmobil
O artista Herberth Sobral, assistente de montagens dos quadros com brinquedos de Vik Muniz, vislumbrou uma sequência de fotos construídas com bonequinhos da marca Playmobil, que representam fatos do cotidiano- enchentes, assaltos, acidentes e brigas de trânsito.
Seu tema é: Violência não é brincadeira.
O contraste entre a carinha feliz do brinquedo e cenas como a da violência policial, que dão um ar de rotina e passividade, características do País da impunidade e da falência do Estado, deu em dez telas.
Foi o BRASIL PLAYMOBIL.
Sobral sempre se incomodou com a cara de Playmobil que algumas testemunhas de catástrofes fazem quando diante das câmeras dão depoimentos.
Sem contar os caras de pau que aparecem atrás da câmera para dar tchauzinhos, enquanto o repórter anuncia o número de mortos e feridos.
O que Sobral não imaginou é artistas secundários que, na correria, utilizam-se de uma tragédia urbana para… se promoverem?
A desgraça alheia como forma de divulgar um trabalho.
Inspirando.
Levando a reflexões e a uma cara de Playmobil estampada.
No rescaldo da passagem do Furacão Sandy ontem em NY, a atriz NANA GOUVÊA fez um ensaio fotográfico para o site de fofocas EGO se apoiando em destroços, árvores caídas, carros amassados.
Seu ar de “estou sexy mas desolada” não colou.
Virou a piada do dia.
Soubemos então que ela mora nos EUA, está feliz e não guarda mágoas do Brasil.
Já o ator JÚLIO ROCHA, de FINA ESTAMPA, fez o trabalho de repórter, caminhou pelas ruas de NY. Buscou informações com autoridades locais para “tranquilizar” seus seguidores do Instagram, representando um jornalista investigativo.
Meio canastrão.
Passeava pela cidade como turista. Não perdeu a chance.
“Sitiado em Nova York. A cidade está deserta, estamos em alerta e preocupados! Até o metrô foi fechado às 19h”, escreveu.
O vento saiu pela culatra.
Foram satirizados o dia todo pelas redes sociais.
Viraram TT, assunto mais comentado do dia.
Cada uma…
Perdeu-se completamente o bom senso.
Vivemos na era da hiperexposição aliada à hiperconectividade.
Um hiper pé no saco.
+++
Hoje no MIS em São Paulo Paulo, uma galera da pesada autografa o livro OS FILMES DA MINHA VIDA 4.
Deram depoimentos Beto Brant, Eduardo Coutinho, Lais Bodanzky, Marçal Aquino, Selton Mello, Paulo José e outros..
A partir das 20h.
+++
E hoje estreia uma nova montagem do clássico de MÁRIO BORTOLOTTO, a peça HOTEL LANCASTER [direção do ritmista da VAI-VAI, Marcos Loureiro].
Aqui ninguém brinca em serviço.
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