Marcelo Rubens Paiva's Blog, page 106

March 14, 2013

lista de frankfurt tem injustiças mas está digna

 


É boa a lista de [70] escritores brasileiros que estarão na próxima Feira do Livro de Frankfurt-  o Brasil é mais uma vez o país homenageado do evento.


Foi feita pelo crítico literário Manuel da Costa Pinto, Antonio Martinelli, representando o Sesc, e Antonieta Cunha, diretora de Livro, Leitura e Literatura da Fundação Biblioteca Nacional.


Claro que tem injustiças.


CHICO BUARQUE, VERÍSSIMO e MILTON HATOUM ausentes? Assim como os colunistas e autores CONTARDO CALLIGARIS e DRAUZIO VARELLA.


Será que foram consultados e informaram que não tinham agenda?


FERREIRA GULLAR  e ARIANO SUASSUNA também não toparam?


A inclusão de PAULO COELHO não precisa ser comentada.


É um “mal necessário” contar com a presença do nosso escritor mais lido, um astro do mercado. Estranho e preconceituoso seria NÃO convidá-lo.


Também nem preciso comentar a ótima presença de LOURENÇO MUTARELLI (SP), BERNARDO CARVALHO (RJ), MARINA COLASANTI (RJ), RUY CASTRO (MG), FERNANDO MORAIS (MG), SÉRGIO SANT’ANNA (RJ), SILVIANO SANTIAGO (MG).


Acertaram em convidar acadêmicos como JOSÉ MIGUEL WISNIK (SP), JOSÉ MURILO DE CARVALHO (MG), LILIA MORITZ SCHWARCZ (SP), TEIXEIRA COELHO (SP) e a musa WALNICE NOGUEIRA GALVÃO (SP).


Faltaram outros que respingam, como DAVID ARRIGUCCI, MODESTO CARONE, ROBERTO SCHWARZ, rapaziada da Literatura Comparada. E o historiador mais inspirado de todos, LUIZ FELIPE DE ALENCASTRO.


Faltou NICOLAU SEVCENKO, autor de um dos mais importantes livros de Teoria Literária, LITERATURA COMO MISSÃO.


O historiador bestseller LAURENTINO GOMES, de 1808, 1822, e que em breve lança 1888? Ausente.


Na lista divulgada ontem em Leipzig, há nomes de membros da gloriosa ABL [Academia Brasileira de Letras]: CARLOS HEITOR CONY (RJ), ANA MARIA MACHADO (RJ), JOÃO UBALDO RIBEIRO (BA), NÉLIDA PIÑÓN (RJ) e o já citado ZÉ MURILO.


ADÉLIA PRADO (MG) vai.


A lista parece ter sido escrita numa conference call entre a ABL e a MERÇA, bar daqui da VILA MADALENA.


A galera [ops] que o frequenta está bem representada: amigos e boêmios DANIEL GALERA (RS), JOCA REINERS TERRON (MT), MARÇAL AQUINO (SP), MARCELINO FREIRE (PE), MICHEL LAUB (RS).


Mas não estão nela ANTÔNIO PRATA, o maior cronista dentre nós, XICO SÁ, mestre dos mestres, o grande e inquieto MÁRIO BOTOLOTTO, nem MARCELO MIRISOLA, nem REINALDO MORAES, autor do melhor livro de ficção publicado no Brasil recentemente, o já clássico PORNOPOPÉIA.


A maior autora contemporânea de literatura juvenil, THALITA REBOUÇAS, não vai.


Entranhíssima é a presença do polêmico e midiático MIGUEL NICOLELIS (SP).


Mas pra fechar a lista, sim, ele, mais que merecido, o grande e eterno ZIRALDO (MG).


Tá digno.


+++


Participei de duas FEIRAS DE FRANKFURT.


A primeira em 1988, quando literatura brasileira tinha um só nome no exterior, JORGE AMADO.


Ficávamos num canto obscuro em busca da atenção que nunca vinha.


Quando a sorte batia, encontrávamos nossos tradutores.


No meu caso, tradutoras, que verteram FELIZ ANO VELHO e BLECAUTE para o alemão [KARIN VON SCHWEDER-SCHREINER e INÉS KOEBEL].


 



 


Ninguém se interessava pelo Brasil na época. Poucos autores eram traduzidos. Como vira-latas à espera de adoção, nos contentávamos em cruzar com autores que estávamos lendo, como TOM WOLFE, o dândi.


Dá uma olhada na diferença dos nossos calçados.


Aliás, convenhamos, o autor de A FOGUEIRA DAS VAIDADES é a maior inspiração de JONATHAN FRANZEN e JEFFREY EUGENIDES. Só que eles não tocam no assunto.


 



 


Na segunda vez foi mais bacana.


Era 1994, poucos anos depois da reunificação.


Qualquer coisa que acontecesse de errado, se o café vinha frio, o trem atrasasse [sim, atrasou uma vez!], punham culpa na reunificação.


Nos encontramos todos em BERLIM, para depois, em dupla, viajarmos de trem fazendo leituras por cidades da Alemanha Ocidental e Oriental.


Eu e MARILENE FELINTO lemos nossas obras em português para plateias cheias de cidades como HAMBURGO, HANOVER, MUNIQUE, AUSBURG.


OS ESPAÇOS ESTAVAM SEMPRE LOTADOS.


 



 


Você sabe por que alemães adoram leituras? Depois das guerras, em que o papel fora consumido para aquecimento dos lares, passou a ser comum a reunião para leituras, assim como leituras de livros em rádio. Até hoje é um costume interessante e enriquecedor. Para ambas as partes.

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Published on March 14, 2013 17:05

tudo igual apesar de kevin espada


 


Ontem no Pacaembu, flanelinhas cobrando R$ 40.


Nada da polícia.


Cambistas cobrando R$ 400 na arquibancada laranja.


Preço oficial era de R$ 130 a R$ 200.


Polícia olhando.


Cerveja gelada de ambulantes na porta do estádio.


Dentro, churros a R$ 4, açaí a R$ 8, copinho de água a R$ 3. E chuva na cabeça no final do jogo.


Juiz ladrão, violência em campo, ninguém expulso, erro de bandeirinha. Libertadores.


Partidaço do Timão, raça e titecooperativismo em campo.


Gaviões entrou entoando: “Se Corinthians não ganhar, olê olê olá… O pau vai quebrar.”


O resto da torcida, 95%, se entreolhou apontando, lamentando.


Não nos comparem a eles.


Respeitamos sua história, admiramos muitas ações, mas não compactuamos.


Mudanças?


Sumiram os fogos e sinalizadores.


Não pode ficar por isso mesmo. Não pode…


O problema é encontrar quem realmente queira moralizar e tenha peito [ficha limpa] e respeito para isso.


Por que Gaviões não entoaram”Dê uma chance à paz”?

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Published on March 14, 2013 08:56

March 13, 2013

o nosso próprio tempo


 


Como dizia um amigo: “Todos os dias quando acordo, não tenho mais o tempo que passou, mas tenho muito tempo, temos todo o tempo do mundo…”


Meu colega de colégio Marcelo Coelho e Caco Galhardo lançaram no final do ano passado pela CosacNaify e SESC o livro CINE BIJOU.


Coelho- como eu e muitos das muitas escolas progressitas- frequentava não só o Cine Clube da FGV como o Bijou, pulgueiro da Praça Roosevelt, hoje o Teatro Studio 184.


 



 


Passavam filmes europeus, de arte, em 16mm, censurados, proibidos para menores de 18 anos, e os bilheteiros não pediam carteirinha.


Víamos Pasolini, Fellini, Antonioni, filmes por vezes incompreensíveis para moleques de 14 a 17 anos, que tinham mulheres peladas e nos levavam à loucura, a um debate sem fim, sobre o significado disso e daquilo.


Alguns filmes brasileiros censurados, como IRACEMA – UMA TRANSA AMAZÔNICA, do grande Jorge Bodansky, também passavam, e assisti-los era tenso, pois a qualquer momento a sala poderia sofrer um ataque da extrema-direita [CCC] ou da própria repressão política.


Ditadura, amigo.


Quem não viveu não tem ideia do que significava assistir a algo “subversivo” como LARANJA MECÂNICA, BALÉ DE BOLSHOI, PLINIO MARCOS, GODARD [especialmente JE VOU SALUT, MARIE], ou ler o relatório da CÚRIA de São Paulo sobre a fome no Brasil, que teve mais livros censurados que muitas editoras de literatura pornô-erótica.


O livro CINE BIJOU é um “resgate deste ícone da região central da cidade”.


“O autor nos apresenta, por meio de um texto memorialista, de cunho assumidamente autobiográfico, suas experiências no cinema, único onde conseguia assistir a filmes proibidos para menores de 18 anos – embora muitas vezes ele mesmo não entendesse nada do que se passava na tela. À censura etária somavam-se ainda as proibições que atingiam também os adultos, em tempos de ditadura militar. As ilustrações de Caco Galhardo passam como um filme diante do leitor. Caco voltou aos grandes clássicos da época e, inspirado em cartazes como os de LARANJA MECÂNICA, O ÚLTIMO TANGO EM PARIS, A CLASSE OPERÁRIA VAI AO PARAÍSO, BLOW UP, MEU TIO – valendo-se ainda de sua habilidade e experiência com o cartum –, criou micronarrativas em quadros cinematográficos.”


CACO trabalhou com referências fotográficas de época para desenhar lugares e pessoas.


Baixe aqui o libreto virtual Cine Bijou, um guia com curiosidades e dicas sobre a praça Roosevelt e o Cine Bijou:


http://editora.cosacnaify.com.br/upload/arquivos/Libreto_20_10.pdf


Neste sábado, exibe o documentário 1964 – UM GOLPE CONTRA O BRASIL, produção do Núcleo de Preservação da Memória Política e da TVT – Televisão dos Trabalhadores.


A sessão de estreia acontece às 15 horas, na antiga Sala Sérgio Cardoso do Cine Bijou. Inscrições exclusivamente pelo e-mail  contato at nucleomemoria.org.br.


Lugares limitados à lotação da sala, 80 poltronas. Serão distribuídas senhas a pessoas que não tiverem se inscrito, para o caso de até o horário programado para a exibição a lotação não tiver sido completada por quem tiver feito inscrição prévia. Não será permitida a entrada após o início da sessão, em respeito ao público presente pontualmente


O jornalista e professor Milton Bellintani, do Núcleo Memória, quem criou o ciclo de cinema que prevê uma sessão mensal no Teatro Studio 184 sempre aos sábados às 15 horas, com pipoca e debates com os realizadores, professores e especialistas depois da sessão.


Os próximos filmes:


Em abril, em data a ser programada até o início da próxima semana, será exibido o filme VERDADES VERDADERAS – A VIDA DE ESTELA, sobre a trajetória da líder da organização Abuelas de la Plaza de Mayo, Estela de Carlotto.


Em maio, o documentário EL DERECHO DE VIVIR EN PAZ, sobre a vida do cantor chileno Victor Jara, assassinado pela ditadura de Augusto Pinochet em 1973 – com debate após a sessão tendo a presença da diretora e jornalista Carmen Luz Parot.


O documentário 1964 – UM GOLPE CONTRA O BRASIL, de Alipio Freire, oferece uma reflexão coletiva de personagens que participaram da luta política naquele período sobre os motivos que levaram ao golpe de Estado que depôs o presidente João Goulart em 31 de março/1º de abril de 1964, destacando a aliança entre as elites econômicas não nacionalistas e o governo dos Estados Unidos para a viabilização da ditadura civil-militar que se instalou no país.


A narrativa do filme é feita por meio de depoimentos de personagens que viveram aquele período como militantes da causa democrática e também por estudiosos da época. Almino Affonso, ministro do Trabalho do governo Jango e um primeiros parlamentares cassados pela ditadura; Aldo Arantes, presidente da UNE – União Nacional dos Estudantes; Rafael Martinelli, líder ferroviário e dirigente do CGT – Comando Geral dos Trabalhadores; Maria Victoria Benevides, socióloga; Waldemar Rossi, militante sindical; João Pedro Stedile, da Coordenação Nacional do MST – Movimento dos Trabalhadores sem Terra; Reinaldo Murano, médico; Maria Auxiliadora Arantes (Dodora), psicanalista; José Ibrahim, líder da greve de Osasco em 1968; Rose Nogueira, jornalista; e José Luiz Del Roio, radialista e ex-senador na Itália.


“Todos eles tiveram um papel importante no cenário de luta do pré e do pós 1964. Em seus depoimentos, compõem um discurso polifônico com pontos de vista políticos que ajudam a explicar, passados quase 50 anos, quem deu o golpe, com que objetivos e que consequências isso teve para a nossa história contemporânea”, diz Alipio Freire, diretor do documentário.


Veja seu teaser:

 http://www.youtube.com/watch?v=IsmmQbOI4…


 


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Published on March 13, 2013 12:51

March 12, 2013

democracia de novo sob ataque


 


Sim, não é brincadeira, não, é uma ameaça à NORMALIDADE DEMOCRÁTICA a bomba que explodiu na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), no Rio, em repúdio aos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade (CNV).


É preciso investigar a fundo o atentado.


A ação teria sido assumida por um suposto militar aposentado, informa a coordenadora provisória da CNV, Rosa Maria Cardoso da Cunha.


O alvo: as investigações que buscam desvendar os crimes praticados por agentes do regime militar.


Quem é ele? Como se chegou ao militar? Ele assumiu de que maneira?


É do mesmo grupo de linha-dura que há 33 anos atacou a OAB, Bancas de Jornal, o Rio Centro, em protesto contra a abertura política?


A bomba explodiu às 15h30 no 9º andar do prédio sede da OAB no centro do Rio. Ninguém ficou ferido.


Diferentemente da bomba que, na mesma OBA, em 27 de agosto de 1980, matou Lyda Monteiro da Silva, funcionária que ocupou também o cargo de Diretora do Conselho Federal da OAB, no Rio de Janeiro, e era secretária do então presidente da OAB no Rio de Janeiro, Eduardo Seabra Fagundes.


A equação é simples: como a investigação daquela bomba não deu em nada, o suposto militar de pijama se sentiu encorajado a detonar outra.


E assim será quando o grupo da caserna que participou da morte e tortura de muitos se sentir ameaçado.


É o mesmo tipo de explosivo?


Majores e capitães que na época tinham de 30 e 40 anos, e hoje têm de 60 a 70, que penduraram os coturnos, montaram a bomba?


Têm ainda habilidades pra isso? Enxergam bem assim? Ou contaram com a ajuda de fãs, seguidores mais jovens, da caserna ou não?


Sério que de novo vai ficar por isso mesmo?

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Published on March 12, 2013 09:06

March 10, 2013

paparazzi de nós mesmos

 


 



 


Já contou quantas vezes desejou voltar ao passado em sonos perdidos, bebedeiras, ou sonos perdidos por causa de bebedeiras?


Para rever parentes, revisitar locais hoje degradados, sentir o fedor de antigamente, saudades que se confundem com vontade de reescrever a própria história, repensar em decisões, arrependimentos, chance de vislumbrar como teria sido se aquilo ou aquele não descarrilasse, dar mais importância a coisas que, por causa da imaturidade e inexperiência, passaram batidas, e, quem sabe, refazer histórias de amor que foram interrompidas porque não mandou aquela carta, falou o que deveria ter guardado, se calou, telefonou na hora errada, não insistiu quando desconfiavam da sua incerteza, passou do limite, duvidou de quem era inocente, ouviu a razão, não o coração, ou o contrário, fingiu não ver, ignorou sinais, não entendeu códigos, mensagens, não acompanhou mudanças, alternâncias, não compactuou, não emprestou o ombro, não parou para ouvir, não enxugou lágrimas, oscilou, se omitiu, não assumiu, admitiu nem reprimiu, abraçou, nem escondeu direito, presunçoso, pretensioso, precavido, não viu o que estava desfocado.


Você voltaria mesmo ao passado?


Não tinham inventado Twitter, Face, Instagram.


Redes sociais eram redes compartilhadas em barcos que subiam o São Francisco e o Amazonas.


Esquece celular, GPS, código de barras, Google, imã de geladeira.


Postar era enviar um cartão-postal com garranchos, resumido em dois parágrafos à caneta a viagem para um amigo.


Seria bom rever cachos nas garotas, rugas nas coroas, acampar em praias desertas e despoluídas, receber delivery na cozinha, não precisar descer para pegar uma pizza. Mas como fotografar e postar a sobremesa, marcar um evento com a rapaziada das antigas, conferir como a ex engordou, e seu novo namorado não tem nada a ver com você, protestar contra o presidente do Senado, a hidroelétrica, o massacre de índios, checar a grafia correta da capital da Coreia do Norte e do seu líder supremo?


Se hoje somos paparazzi de nós mesmos, como lidaríamos com a vida sem exibição do nosso melhor perfil, panorama das nossas férias, e narraríamos nossas preferências e indignações não para um, mas para milhares?


Imagino que um sujeito de hoje sentiria preso no anonimato de ontem.


E aflição pelo silêncio da sua voz, invisibilidade das suas imagens e do registro da rotina.


Sofreria por voltar à banalidade, ao comum.


Até aos poucos voltar à paz da vida privada, depois de colocar a Barsa herdada na ordem alfabética, ao lado do Guia de Ruas e Almanaque Abril comprados na banca. Poderia então relaxar, escrever cartas, mandar um romântico telegrama fonado pelo 135, marcar a hora de acordar pelo serviço de despertador automático 134. Sem nenhuma pressa, tiraria a poeira grudada no diamante da agulha do toca-discos e abriria um bom livro, que cheiraria mofo e memória.


 



 


Voltar ao passado foi o plot de dois filmes, De Volta Para O Futuro (1985) e Peggy Sue – Seu Passado Espera (1986), de dois cineastas da mesma turma, Spielberg (como produtor) e Coppola, que abriram as gavetas da reprimida nostalgia e revisitaram tempos de escola, para dar uma pausa no pessimismo da Era Reagan, cuja doutrina, “a paz através da força”, alimentou tensões na Guerra Fria, e na expansão e intolerância do fundamentalismo religioso, desordem ambiental, avanço da cocaína e, por fim, surgimento da Aids como punição a uma geração acusada de “desvairada”.


Eles homenagearam, entre outras coisas, o próprio cinema, já que as salas se transformavam em pulgueiros para o exercício do onanismo, culpa do novo satã, a televisão, retratada como o primeiro degrau do inferno em Poltergeist – O Fenômeno, também produzido por Spielberg, e Videodrome, de Cronenberg.


Peggy Sue (Kathleen Turner), de 43 anos, recém-separada, desmaia durante a festinha de 1985 de confraternização da escola. Acorda em 1960, quando começava a namorar o futuro marido Charlie Bodell (Nicolas Cage). De mão beijada, a oportunidade de remover o calo que sempre atrapalhou a relação: a frustração dele por não ter virado estrela do rock. Peggy mata as saudades dos avôs, transa com o poeta beat da escola, sugere a um nerd o investimento em roupas de ginástica e convence o namorado a desistir do estilo musical- quarteto vocal de soul-, cuja invasão inglesa iminente iria golpear.


Em De Volta Para o Futuro, que não sei por que não se chama De Volta ao Presente, ou Volta ao Passado, você se lembra: Marty McFly (Michael J. Fox), skatista que, em 1985, é amigo de Dr. Brown, cientista maluco, volta ao passado numa máquina do tempo, um DMC-12 fabricado na Irlanda do Norte pela DeLorean Motor Company e que ficou famoso por causa do filme. Reencontra a mãe, Lorraine, em 1955, às vésperas do baile em que ela beijou a vítima de bullying, George, o pai.


O problema é que, num dilema freudiano, o filho passa a ser objeto de desejo da mãe, que o chama de Calvin por causa da marca Calvin Klein bordada na sua cueca- num tempo em que as pessoas bordavam o nome nas roupas, ou melhor, as avós das pessoas-, considerado o merchandising mais bem bolado da época.


Algumas piadas ficaram eternizadas. Como quando Marty pede uma Pepsi Diet, e o balconista diz que não é médico, então corrige e pede uma Pepsi Free. “Você quer beber um refrigerante e não pagar?”. Ou quando diz vir do tempo em que Ronald Reagan é presidente. “Jerry Lewis é o vice?”, escuta.


McFly inventa o skate e o rock. Ele e Peggy Sue voltaram ao passado acidentalmente. Aproveitaram para mexer pauzinhos e corrigir deslizes amorosos que repercutiriam no futuro (presente). Tentaram reascender a chama do amor que apagava. Para os dois, ele não acaba por si. Acabamos com ele, induzidos por elementos que contaminam a sua pureza. O marido de Peggy pôde viver sem o trauma de ter o sonho juvenil frustrado. O pai de McFly deixou de ser um “looser” por ter reagido ao bullying no passado. E sua mãe continuou magra. Não encontrou no copo de uísque o ouvido que faltara.


 



 


Rolou uma controvérsia sobre a data do futuro que Dr. Brown visitou no final do filme, que sugere o nome De Volta Para o Futuro. Ele viaja para 21 de outubro de 2015 e volta. Ao invés do plutônio, o combustível do DeLorean passou a ser lixo orgânico. Aparece daqui a dois anos. Atravessará a barreira do tempo graças ao, quem diria, biocombustível.


Vai bombar no Twitter.

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Published on March 10, 2013 13:36

March 7, 2013

vai encarar?!


 


Já ouvi gente xingar mulher no trânsito e em seguida finalizar: “Vai pro tanque!”


Se uma bandeirinha mulher erra, como todos os árbitros e bandeirinhas erram, tem alguém que sempre se revolta: “Por que colocam mulher pra ser bandeirinha?!”


Os cartolas do futebol demoraram muito tempo para reconhecer a beleza e técnica do futebol feminino. Foi a audiência da primeira Copa do Mundo de Futebol Feminino nos EUA (1999), maior que a do masculino anos antes (1994), que fez o mundo da bola repensar a discriminação.


No UFC, muitos ainda criticam a luta entre mulheres.


Nunca entendi: se elas querem se pegar, quem somos nós, machos, para impedir, se querem uma arrebentar a cara da outra num octógono, se querem viver disso, se preparar, se querem sentir o gosto do sangue escorrendo, arrebentar o supercílio, por que não?


Então abra o Google e tecle RO.


Primeiro virá Rock in Rio, e em segundo, RONDA ROUSEY, a linda loira californiana que, há semanas, com Liz Carmouche, fez história: foram as primeiras mulheres a lutarem no octógono do Ultimate – a disputa pelo cinturão feminino dos pesos galos foi a atração principal do UFC 157 de Anaheim, EUA.


Apesar da chiadeira de muitos, foi uma luta técnica, estratégica, com final emocionante.


RONDA, campeã de judô do Pan-Americanos até 70 kg, medalha de prata no Mundial de 2007 e de bronze nos Jogos Olímpicos de 2008, venceu e foi ranqueada em primeiro lugar no novo ranking feminino da UFC.


Foi convidada para atuar ao lado da carismática JENNIFER LAWRENCE no segundo filme da franquia JOGOS VORAZES.


E aí, vai encarar?


 





 


+++


Pelo Twitter [‏@fmei7777], o diretor FERNANDO MEIRELLES, meu amigo de décadas e agora aliado do novo partido de Marina Silva [REDE], desabafou hoje:


“Não questiono a competência, honestidade ou o direito de defesa de ninguém, mas escolhas assim pedem para ser criticadas ou virar piada.”


E em seguida, listou:


“O Sr Raposa deve ser o próximo indicado para a Comissão de Segurança do Galinheiro do Senado. E assim caminha a humanidade.”


“Gabriel Chalita, que está sendo acusados de desvios na secretaria da Educação em SP, vai para a Comissão de Educação da Câmara.”


“Marcos Feliciano, homofóbico e racista, vai comandar a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara.”


“Genoino e Paulo Cunha, condenados pela Justiça, vão para a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.”


“Blairo Maggi, o ‘motoserra de ouro’, vai ser comandar a Comissão do Meio Ambiente no Senado.


Maggi é ex-governador e senador da bancada ruralista [PR-MT].


O diretor escreveu ontem: “Nós também nos aproximamos suavemente do momento em que gênios e imbecis têm o mesmo destino.”


E conclui com Oswald de Andrade: “A felicidade do homem é uma felicidade guerreira. Viva a rapaziada, o gênio é uma grande besteira.”

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Published on March 07, 2013 06:47

March 5, 2013

antes tarde do que nunca

Flagrei na esquina.


A dias para terminar o verão, apareceram para podar as árvores.


Depois de uns 15 apagões [bem acima da média] e 30 estalos [quando a luz apaga e volta em segundos, queimando lâmpadas e aparelhos], numa temporada de muita chuva e blecaute.


Por que não apareceram na primavera?


 



 


+++


 


Amo o SESC.


Sempre amarei.


Foi das primeiras instituições a visar o acesso universal quando ainda não era lei.


A olhar o deficiente na sua completude.


E a fazer um balcão em que eu possa, enfim, tomar um cafezinho de boa…


Como este no lendário Cine SESC.


 



 

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Published on March 05, 2013 06:52

March 3, 2013

petição fora marin chega a 30 mil


 


A campanha de Ivo Herzog, filho de VLADIMIR HERZOG, contra a presença de JOSÉ MARIA MARIN na presidência da CBF,  uma petição da AVAAZ.ORG, chega a 30 mil:


José Maria Marin Fora da CBF !!!


http://migre.me/dud6w


AUDÁLIO DANTAS é outro que hoje no ALIÁS nos convence de que o Brasil não se pode entregar a COPA DO MUNDO a MARIN, uma das figuras controversas do período da Ditadura, ligado a torturadores, em cujos ombros recai a dúbia amizade com SÉRGIO FLEURY e a prisão, tortura e morte do ex-jornalista VLADIMIR HERZOG em 25 de outubro de 1975.


DANTAS é jornalista e presidia o sindicato, quando houve a caça a Herzog e outros militantes do PCB, denunciou a perseguição na época e tentou impedir a tragédia anunciada.


Escreveu:


“Em setembro, já diretor de jornalismo da TV Cultura, Vlado estava no alvo: era acusado de


liderar a dominação comunista na emissora. Quinze dias antes da prisão de Vlado, o


deputado Wadih Helu tomou a palavra para criticar a TV Cultura, que, dizia ele, estaria


dominada por subversivos. Viria depois a intervenção de José Maria Marin, endossando


tais críticas num aparte.”


Quem resgatou a história foi Juca Kfouri ao compartilhar trechos das intervenções de Marin publicados no Diário Oficial:

 http://migre.me/dudzy.


“Dias depois, numa solenidade da Escola Superior de Guerra, no Palácio dos Bandeirantes, Fausto Rocha [ex-jornalista] fez um discurso inflamadíssimo contra a profissão de repórter, dizendo que as redações estavam dominadas por comunistas.”


 



 


A sentença de morte de HERZOG estava assinada.


O nome de José Maria Marin voltou à tona depois da matéria do lendário repórter britânico Andrew Jennings  http://migre.me/dud4t):


“São Paulo, Setembro de 1975: Claudio Marques era um provocador barato, um porta-voz dos torturadores que entrava nos lares da cidade pela TV.


‘Conheci o Claudio pessoalmente, como jornalista, e ele me parecia um canalha. Acho que ele não era mais do que um oportunista que viu na ditadura uma forma de obter favores, patrocínio para sua coluna, seu programa de TV, um emprego, qualquer coisa’, lembra o jornalista Nemércio Nogueira, amigo e colega de Vlado na BBC.


Claudio fazia tudo que podia para conseguir a gratidão dos generais. Fleury queria vermelhos? Claudio proveria. Ele começou a escrever sua Coluna Um.


‘Viram o noticiário de ontem na TV Cultura? Falando do esquerdista vietnamita Ho Chi Min?’


Não interessava que a matéria tivesse vindo da BBC Visnews, ali estava a prova de que o canal estatal tinha sido tomado pelos vermelhos! E o governo vai ficar parado assistindo a isso?


Isso foi na primeira semana de setembro. Dois dias depois, a coluna de Claudio espalharia o veneno pela segunda vez.


As prisões dos comunistas suspeitos começaram na última semana de setembro. Amarrados na Cadeira de Dragão, com eletrodos no nariz e no pênis, e afogados em baldes de água, eles estavam gritando nomes.


A campanha se mudou para o Congresso.


São Paulo, 9 de outubro, 1975: O fantoche escolhido para fazer o aquecimento era o deputado Wadih Helu, outra criatura da ditadura. Ele tomou assento nas fileiras da Arena enquanto providenciava lugares discretos para os interrogatórios dos torturadores de Fleury.


Helu trazia ‘denúncias graves’ a seus colegas na Assembleia.


Veja só: o governo tinha acabado de inaugurar um novo sistema de esgoto e quem assiste à TV Cultura não ficou sabendo disso. Eles não mandaram equipe! (controle sua vontade de rir, o fim da história é funesto).


Fingindo tremer de raiva, o deputado Helu prosseguiu: ‘A ausência da equipe da TV Cultura nas inaugurações do governo não é novidade para quem tem acompanhado a coluna de Cláudio Marques, denunciando a infiltração de elementos comunistas na TV do estado’.


 


Helu subiu o tom: ‘Eles só mostram notícias negativas, nada de positivo. Estão fazendo proselitismo do comunismo subserviente, tornando-se, como diz Claudio Marques, ‘a TV Cultura vietnamita de São Paulo’, usando dinheiro do povo para prestar um desserviço ao governo e à Pátria”.


Helu sentou. Era a vez do deputado arenista José Maria Marin.


‘Acho estranho que apesar da imprensa estar levantando o problema há tempos, pedindo providências aos órgãos competentes em relação ao que está acontecendo no canal 2, não tenha acontecido nada até agora. Não é só uma questão daquilo que eles publicam mas o desconforto que provocam não apenas aqui, nem apenas nos círculos políticos, mas que se comenta em quase todos os lares paulistas.’


Alguma coisa tinha que ser feita.


‘Gostaria de chamar a atenção da Secretaria de Cultura de São Paulo, do governador do Estado que devem definitivamente apurar as denúncias publicadas na imprensa de São Paulo, em especial, pelo corajoso jornalista Claudio Marques. Faço um apelo ao governador do Estado: ou jornalista está errado ou está certo. Essa omissão por parte da Secretaria do Estado e do governador não pode persistir. Mais do que nunca é necessário agir para que a tranquilidade reine novamente nesta Casa e, principalmente, nos lares de São Paulo.’”


E agiram.


Prenderam os jornalistas Rodolfo Konder, Paulo Markun, Herzog.


Com 16 anos de idade vi com todo colegial pelas janelas das salas de aula 2 professores sendo levados da escola, Colégio Santa Cruz, presos, acusados de pertencerem ao PCB. Um deles, Beno [Benauro], professor do Primeiro Colegial de História, um gordo sorridente. Foram torturados no DOI/Codi com Vlado.


Com o desmantelamento da guerrilha e das organizações armada, o aparelho repressivo, organizado, forte e inoperante em 1975, passou a perseguir o PCB, que se opôs à luta armada.


15 dias depois dos discursos raivosos de Helu e Marin na Assembleia, os policiais chegaram na TV Cultura e queriam levar Vlado, 38 anos, que se ofereceu para ir voluntariamente à delegacia da Rua Tutóia, 921, sede da OBAN, depois DOI-SP, no dia seguinte.


Konder o reconheceu: “Consegui erguer um pouco o capuz e reconheci seus sapatos, os mocassins pretos do Vlado”.


Escreveu JENNINGS:


Vlado negou ser membro do Partido Comunista. Konder e o outro prisioneiro foram levados. Pouco tempo depois, eles ouviram os gritos de Vlado quando os choques elétricos começaram.


Os gritos duraram boa parte da manhã. “Os choques eram tão violentos, que Vlado uivava de dor”, diz Konder. “Eles ligaram um rádio para abafar o som”.


“Cerca de uma hora depois, eles me levaram para outra sala onde pude tirar o capuz e eu vi o Vlado. O homem que fazia o interrogatório, aparentava uns 35 anos, era magro, musculoso, com uma tatuagem de âncora no braço, disse-me para falar para ele que era inútil resistir”, lembra Konder.


“Vlado estava com o capuz enfiado na cabeça, tremendo, desfigurado. Tive que ajudá-lo a escrever uma confissão dizendo que ele tinha sido convencido por mim a entrar no PCB e listar outros membros do partido”.


São Paulo, 7 de outubro de 1976: Um ano e dois dias depois de “salvar” a TV Cultura – e incitado a prisão que terminou com o assassinato de Herzog – Marin mais uma vez discursava na Assembléia Legislativa de São Paulo.


E novamente, o deputado reclamava. Não sobre os vermelhos. Dessa vez, estava aborrecido com a falta de reconhecimento público a Sérgio Fleury, o delegado. Um homem que recentemente tinha emboscado e matado os guerrilheiros corajosos o bastante para enfrentar a ditadura.


Isso foi tirado da gravação oficial do discurso de Marin: “Aqueles que o conhecem de perto, sabem que ele é um chefe de família exemplar, mas, mais do que tudo, ele cumpre seus deveres como policial da maneira mais louvável possível”.


“Não conseguimos entender como um policial desse calibre, um homem que dedicou sua vida inteiramente ao combate do crime, um homem que muitas vezes pôs em risco não apenas a sua vida mas a de seus familiares não está recebendo o reconhecimento que merece”.


“Conhecendo seu caráter como eu conheço, não há dúvida de que Sérgio Fleury ama sua profissão; de que Fleury se dedica ao máximo, sem medir esforços nem sacrifícios para honrar não apenas a polícia de São Paulo, mas acima de tudo seu título de delegado de polícia. Ele deveria ser uma fonte de orgulho para a população de nossa cidade”.


“Por isso, senhor relator, na certeza de refletir o pensamento dos moradores de São Paulo, quere o expressar o orgulho que sentimos por ter em nossa polícia o delegado Sérgio Fleury”.


Este é o homem que darão ponta pé inicial à COPA DE 2014, entregará a taça, sorrirá com os vencedores. E então?


Veja mais em:

 http://www.apublica.org/2013/02/qual-pap…

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Published on March 03, 2013 09:18

February 28, 2013

um golpe contra o brasil

Que tal rever o movimento civil militar que prendeu 50 mil pessoas em 1 ano, segundo a Comissão da Verdade?


E entender como o País caiu nesse abismo histórico.


Sábado será lançado o documentário 1964 – UM GOLPE CONTRA O BRASIL, de Alípio Freire, sobre o Golpe de 64.


Às 14h no Memorial da Resistência [Lgo. General Osório, 66, São Paulo].


Feito a partir de depoimentos dos personagens que viveram, como militantes, aquele período, o filme discute as razões que levaram ao golpe civil e militar que derrubou o governo do presidente João Goulart.


Estão entre os ouvidos: Almino Affonso, à época deputado federal e ministro do Trabalho do governo Jango, Rafael Martinelli, dirigente do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), a socióloga Maria Victoria Benevides, o médico Reinaldo Murano, o então presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), Aldo Arantes, e o coordenador nacional do MST João Pedro Stedile


Chance para entender as razões e o sucesso do golpe, e sua herança, que reverbera até hoje


 


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Published on February 28, 2013 07:23

February 27, 2013

se é para mudar, comece hoje


 


OK, não irei ao PACAEMBU hoje.


Apesar dos R$ 130 que paguei pelo ingresso.


Sou dos que compraram com antecedência pela internet. Sou Sócio Torcedor.


Nunca bajulei a diretoria do time para conseguir convites, não dou carteirada de jornalista, me arrependi das poucas vezes que aceitei convites de patrocinadores, e até evito me inscrever na cota de portadores de deficiência, que entram de graça [um número limitado].


Pago Sócio Torcedor para garantir meu lugar, ajudar o time que amo e por acreditar na modernização do futebol.


Eu tinha comprado ingressos dos 3 jogos da fase de grupos da LIBERTADORES.


Meu preju, se a CONMEBOL manter os jogos com portões fechados, será de R$ 390, sem contar a anuidade.


Achei justa e interessante a punição.


Mas, por favor, punam também os vândalos, tirem das arquibancadas os brigões, listem aqueles que sempre causam problemas, proíbam de entrar, afastem de nós, proíbam sinalizadores, fiscalizem. A torcida agradece.


A PM há anos filma a torcida. Vemos suas câmeras instaladas nos gramados e apontadas para nós. Tem um banco de dados, monitora os infratores, pode ajudar a aumentar a segurança do torcedor? Prenderam aqueles que quebraram alambrados, cadeiras, invadiram gramados, estragaram o espetáculo?


O dia de hoje nos faz refletir sobre o conjunto de ações que poderiam ser tomadas pela torcida e organizadores do espetáculo, dos clubes aos administradores públicos.


E sobre a morte infeliz [assassinato] causada por um torcedor irresponsável, que estava com uma arma na mão e sob custódia de uma torcida polêmica, amada e odiada, exemplar e vergonhosa, que tem uma relação simbiótica e questionável com o clube.


E sobre a posição histérica do time, que viu escoar pelo ralo perto de R$ 6 milhões, só na primeira fase, se sentiu onipotente e ameaçou sair da competição, depois impedir o televisionamento do jogo de hoje, agora entrar com recurso na FIFA, sem dar o bom exemplo que os sensatos esperavam.


Sou dos torcedores que vão ao PACAEMBU em todos os jogos da LIBERTADORES, COPA do BRASIL e, quando dá, do BRASILEIRÃO. Evito o PAULISTÃO, competição secundária. Boicoto o MORUMBI, que trata deficientes com desdém.


Fico na arquibancada, para sentir a vibração. Desde 1966.


Se a punição é para servir de exemplo, posso então listar o que poderia ser feito para melhorar o espetáculo:


1. Os jogos terminam à meia-noite. O metrô fecha. Parte da torcida sai na metade do segundo tempo [e corre]. Culpa da REDE GLOBO, que insiste em manter uma escala de programação que prioriza a teledramaturgia e empurra o jogo para às 22h.


Moro a três estações do estádio, eu poderia [e preferia e muito] ir de metrô.


Se a emissora é a maior fomentadora do futebol brasileiro, se é por causa do que paga aos clubes que temos NEYMAR, PATO, RONALDINHO GAÚCHO, ALEX, LUIS FABIANO, FRED, SEEDORF e tantos craques em campo, é por causa dela que a volta do estádio é um transtorno para a cidade e torcedores, é perigosa e penosa.


2. O torcedor é extorquido em todos os jogos por flanelinhas mais organizados e difíceis de combater do que o Exército de Ho Chi Minh, que cobram de R$ 20 a R$ 40. A PM finge que não tem nada com isso, a GUARDA MUNICIPAL faz rondas e olha para o lado oposto, nada de fiscais, Ministério Público. Um crime se comete aos olhos do Poder Público, e nada.


3. A comida no PACAEMBU é um lixo e cara. R$ 4 um picolé, R$ 4 uma coca quente. Uma pipoca morna e churros nojentos percorrem toda a arquibancada sem vedação. Uma blitz da Vigilância Sanitária encontraria mais bactérias do que quero-queros.


4. Sempre há filas insanas para entrarmos no estádio. O preço é de CIRCO DU SOLEIL. O tratamento é de Colônia Penal.


5. Há apenas um banheiro para deficiente na arquibancada laranja. Um!


6. Não há banheiros para os torcedores que ficam na arquibancada superior. São obrigados a descer, percorrer toda a escada e recorrer aos químicos.


7. Fogos.Em jogos decisivos, alguém [torcida, clube, patrocinador?] detona por 15 minutos fogos de artifícios sobre a laje. Durante 15 minutos, fagulhas caem em nossos cabelos, camisas e pernas. Durante 15 minutos, ficamos apagando com as mãos chamas pequenas que impregnam nossas roupas e dos nossos parentes e amigos. Depois, temos mais 15 minutos para suportar a fumaça tóxica de proveniência duvidosa que, dependendo do vento, paira sobre nós.


8. Telões. Algum estádio brasileiro tem telão, para revermos lances importantes?


Muita coisa mudará com a construção de arenas para a COPA.


Mas se é para mudar, que se liste a responsabilidade de cada um. E que se comece hoje.

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Published on February 27, 2013 06:58

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Marcelo Rubens Paiva
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