Marcelo Rubens Paiva's Blog, page 103

May 13, 2013

populismo na tv


 


Os dilemas da TC Cultura são eternos


Hoje ocorre a eleição para presidente da emissora.


Quem vota é um conselho de “sábios” da elite paulistana, com representantes da indústria, comércio e, lógico, do governo.


Pelo estatuto, até a UEE [União Estadual dos Estudantes] tem cadeira no conselho e direito a voto. Raramente participa das eleições.


A TV Cultura não é uma empresa estatal.


É uma Fundação deficitária, que precisa do caixa do governo, que vai de R$ 80 a R$ 150 milhões por ano. Tem e sempre teve dona, o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.


Já foi dirigida por aventureiros e corruptos.


Dentro, corredores suspeitos, com salinhas misteriosas, aliadas da burocracia estatal, escondem pequenas máfias que sangram os cofres públicos, como admite sem dar nomes o presidente da própria, João Sayad, que entrega o cargo hoje decepcionado, sem disputar a reeleição a que tem direito.


Funcionários e carros que saem da empresa são revistados por uma tropa. Muitos foram pegos ROUBANDO equipamento.


A emissora viveu um período de ouro, com produção própria de qualidade que, surpresa, gerava audiência. Sim, é possível.


CASTELO RÁ-TIM-BUM, dirigido por Fernando Meirelles e Cao Hamburguer, dava uma média de 7 pontos no Ibope. GLUB GLUB tinha picos de 13 pontos. FANZINE, talk show que eu apresentava, tinha média de 5 pontos. Concorríamos com a novela global. Entregávamos para o METRÓPOLIS apresentado pelo casal Cadão Volpato e Lorena Calábria, que tinha relevância e repercutia. Média 4 pontos.


O presidente, Roberto Muylaert, blindava a emissora da ingerência política, abriu o sinal por satélite para todo o País, vendia conteúdo para outras emissoras educativas, atropelando o “poder” Federal da TVE, vendia produto para fora do Brasil, franquiava programas.


Hoje a emissora conseguiu sair do coma graças a Sayad. Sua média é de 1 ponto no Ibope.


Ousado, comprou a série MADMEN, que elevou um pouco a audiência e o prestígio. Recuperou o formato original do RODA VIDA. Melhorou o METRÓPOLIS. Porém…


O candidato único, Marcos Mendonça, afirmou hoje no ESTADÃO que é contra produtos estrangeiros na programação e filmes com legenda, como os da MOSTRA DE CINEMA.


Segundo ele, “a maioria das pessoas tem TV pequena, não grande, que permite leitura de legenda”.


Você tem todo direito de perguntar: Em que País esse cara vive?


Nem se fabrica mais TV pequena.


Mendonça finaliza com a frase que causa arrepio em qualquer fomentador cultural: “Quero fazer uma televisão que fale com o público C e D, que não tem TV a cabo.”


Está de volta o populismo na TV Cultura.


Os sábios do conselho sabem falar com o público C e D. Conhecem os segredos que todos do meio procuram.


A TV Cultura quer falar com o público que não tem TV a cabo, com a linguagem da TV aberta popular? Mas já não temos RECORD, SBT, REDE TV, PÂNICO NA TV? Esta é a concorrência que Mendonça sugere?


Não seria melhor dar ao público que não tem dinheiro para conhecer os produtos da TV a cabo um pouco da qualidade e ousadia da TV a cabo?

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Published on May 13, 2013 08:37

May 11, 2013

bate-volta

Não falam que a gente tem que fazer algo pela humanidade?


Que o altruísmo é a cura do vazio existencial?


Então, arregacei as mangas e fui tentar um acordo de paz.


Só um pulinho e já volto.


Quem sabe o moleque me escuta.


Se alguma delas souberem a nossa língua e puderem, depois desse ataque parecido com o das fãs de Bieber, servir de interprete.


Vou dizer: “Relaxa aí, japa. Digo, senhor. Consigo um passe para a Disney, que da direito a furas as filas. E nada de Orlando. Vamos pra original, em LA.


Firmeza, truta?”


 


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Published on May 11, 2013 07:29

May 9, 2013

o gato da gaiola 9

O Gato da Gaiola 9.


Era assim que ele estava registrado na sua “certidão de nascimento”. Pois vivia nela, numa parede cheia de gaiolas, cada uma com um gato.


O encontrei num gatil, cabia na palma da mão, e o adotamos.


 



 


Levei para casa e o chamei FÁBIO. Se adaptou rápido. Tinha conjuntivite, sarna e vermes.


Passou para o outro, HUGO.


Que o recebeu na boa.


Os vermes demoraram um ano para curar.


Hoje, ele tem quase 2 anos e uma mania que duvido que um especialista explique.


Adora dormir em caixas.


É o gato mais sociável que já tive, adora se enroscar com visitas e amigos.


Imagino a infância dura que teve, abandonado, prisioneiro numa gaiola.


Por alguma razão, se sente confortável [ou seguro] numa caixa.


Virou O Gato das Caixinhas.


 






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Published on May 09, 2013 07:10

May 8, 2013

quero ver petra sorrir


 


Existem 2 caminhos na encruzilhada da tragédia pessoal: fugir dela ou enfrentá-la.


Muitos optam por esquecer, superar, virar a página, seguir em frente.


Outros preferem cutucar em todas as feridas não cicatrizadas e descobrir se há motivos para as peças aprontadas pelo destino.


ELENA, o filme, que estreia sexta, é fruto da coragem de enfrentar um drama pessoal, dolorido, e de não guardá-lo para si, nem esquecer.


PETRA COSTA, irmã de Elena, a diretora, resolveu entender aquela marca no passado, que mudou a vida dela e de toda a família: o suicídio da irmã.


Elena Andade era a mais linda de todas. A conheci quando tinha menos de 20 anos. Era a mais gata da escola, a que melhor dançava, representava. Filha de uma família de ex-militantes do PCdoB, perseguida na Ditadura, que fundava o PT, comandava um jornal e uma revista, em que trabalhei, Elena era pós-hippie, sedutora, ousada, livre, sorridente. Daquelas garotas que, quando chegam, todos notam.


E vivia o sonho de um novo Brasil, que se abria e se libertava.


Se mudou para Nova York para estudar teatro. Se alguém daquela turma deveria fazer teatro, era ela.


Então, chegou a notícia que tirou o chão de todos que a conheciam.


Ninguém entendeu a sua morte. Os últimos com quem ela conversou pelo telefone diziam que ela estava deprimida, solitária. Mas ninguém suspeitou que ela chegaria aonde chegou.


Marília, sua mãe, foi amparada pelos amigos. A tentação de entrar num labirinto de culpas era enorme. Foi militar, trabalhar com jovens.


E Petra, uma criança, cresceu, cada vez mais se parecia fisicamente com a irmã.


Sorria pouco, falava com uma voz baixa, parecia tímida.


Parecia uma adulta num corpo de adolescente.


Parecia carregar um peso nos ombros.


Era inquieta e curiosa.


Foi fazer teatro como a irmã. Aqui na PUC – SP. Foi fazer Cinema. Foi morar fora. Na Europa. Depois em Nova York, como a irmã. Foi desvendar a irmã.


Para, através do exercício da procura, entender o mundo e a si mesma. Para entender a vida, relendo a morte.


Fiz o mesmo em Feliz Ano Velho e Não És Tu Brasil, livros em que, indisfarçavelmente, procurei entender o que tinha acontecido com meu pai.


Entendo [e admiro] o que a pequena PETRA fez. Quando me disse que faria um documentário sobre a irmã, eu a abracei e disse: “Vai fundo!”


Ela foi. Dentro daquela menina tímida, tinha muita força e coragem acumulada.


Quero ver PETRA sorrir agora.

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Published on May 08, 2013 06:57

May 6, 2013

haja o que hajar


 


Quando li sobre o vazio cultural dos dias de hoje, a “imbecilização do Brasil” de Minio Carta, me lembrei de que jornalistas das antigas diziam o mesmo sobre a produção cultural dos anos 1980, da chamada Geração AI-5, ou pejorativamente Geração Coca-Cola, que Renato Russo homenageou emprestando do ideal antropofágico:


“Desde pequenos nós comemos lixo comercial e industrial, mas agora chegou nossa vez, vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês.”


Na época, até a coleção de livros Cantadas Literárias, proposta por Caio Graco (Editora Brasiliense), que revelou Reinaldo Moraes, Caio Fernando Abre, Raduan Nassar, Ana Cristina César, Alice Ruiz, Chacal, era taxada de subliteratura. Eu então…


 



 


Desqualificar o novo é um sintoma de desconfiança provinciana, acomodação de quem não quer ver seus conceitos questionados. Temem-se os abusos do que ousam inovar. Como um TOC. Para muitos, o que não é de antes ou do seu tempo, não presta. Rola um apego edipiano aos mentores que, no passado, eram o presente. E uma preguiça de renovar o estoque de conteúdo, discos e livros.


Sou um imbecil feliz. Não vejo vazio cultural em muitos shows, exposições e filmes, nem no que rola pelas unidades do Sesc, Itaú Cultural, Centro Cultural São Paulo, teatros da Praça Roosevelt. Me tocam as peças do Teatro da Vertigem, XIX, Galpão, Tapa, Satyros, Mauro Védia dirigindo Mike Leigh, Kike Dias, Daniel MacIvor, as peças de Monique Gardenberg, Felipe Hirsch, Cemitério de Automóveis, do Oficina, grafites, como de OsGemeos?, as fotos de Sebastião Salgado, tema da última Bravo.


Preciso parar de beber para perceber que o que toca no Studio SP é vazio. Ou melhor, tocava. Não existe mais Studio SP em SP. A casa que oferecia 300 shows por ano cerrou as portas quinta-feira.


“Haja o que hajar”, tatuagem de ombro a ombro de uma garota, que foi amplamente divulgada em redes sociais, não é bem o mercado cultural a expressão da imbecilização brasileira. Os drones do jornalismo de teclado miraram o alvo errado.


 



 


Criolo, Daniel Ganjaman e Instituto, Tulipa Ruiz, Cidadão Instigado, Mombojó, Cérebro Eletrônico, Karina Buhr, Junio Barreto, Davi Moraes, B. Negão, Macaco Bong, Miranda Kassin, André Frateschi, Lucas Santtana, Jumbo Elektro, Maquinado, Mallu Magalhães, Curumin, Guizado tocaram nos palcos do Studio. Mas a valorização imobiliária, que muda a cara da rua mais famosa, a Augusta, vaidosa e democrática, passa uma escavadeira nos pilares da boemia, para a construção de torres residenciais e apartamentos de 30 m2.


Há oito anos, meus amigos comentavam sobre a nova casa de shows. Na época, era na Vila Madalena. Mas nunca me convidavam. Eu achava que não era mais querido pela turma. Havia um complô? Nada disso.


Havia era um baita obstáculo, tecnicamente conhecido como barreira arquitetônica: uma escada estreita que afastava qualquer pessoa com necessidades especiais. Descobri que a casa era de dois amigos antigos, Maurizio Longobardi, italiano gente boníssima do Grazie e Dio, casa de shows que tem rampas e banheiro adaptado, e Guga Stroeter, que frequentou minha casa, muitas vezes, empurrou minha cadeira de rodas, além de Alê Youssef. Fiquei furioso. Me traíram!


A raiva se transformou em obsessão. Legislando em causa própria, acionei contatos na Prefeitura, denunciei neste jornal, cobrei da então secretária Mara Gabrilli uma posição da fiscalização, mandei e-mails irados, praguejei. Lógico. Eu não queria ficar de fora. E conhecer o terraço ao ar livre que tanto comentavam. Por fim, reformaram a casa. Encontraram um espaço e instalaram um elevador (caríssimo). O chamaram de Plataforma Marcelo Paiva.


Primeiro show a que consegui assistir no Studio Vila Madalena: Del Rey, banda pernambucana que toca Roberto Carlos em ritmo de samba-rock. China, o cantor, o melhor rebolado da noite, que tem até uma popular comunidade numa rede social dedicada a ele, ao rebolado, desceu no meio do show e me deu uma flor. Fui amansado e conquistado.


Meses depois, ironia, o Studio se mudou para Rua Augusta. Dessa vez, de fácil acesso. Que, depois do Vegas, se tornou a rua da mistura: boates tradicionais com inferninhos e pulgueiros, mais rock, samba, pés sujos, teatros alternativos, cinemas de rua, garotas de vida nada fácil, cafetões.


Vi shows inesquecíveis como de Otto lançando o disco Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos, 3 Na Massa com todas as divas no proscênio, Leandra Leal, Ceu, Nina Becker, Karine Carvalho, Pitty, Thalma de Freitas, sob a batuta do maestro Pupilo, vi o frevo penetrar no rock da banda Eddie e Mombojó, os ensaios do bloco de carnaval que fundávamos, com a bateria do Quizomba e Simoninha cantando “apavora, mas não assusta”.


O trecho da rua perdeu a fama de mau. O Baixo Augusta virou símbolo da vibrante noite paulistana. Os imóveis se valorizaram. A vida noturna que a ressuscitou foi punida. O mercado manda. É estranho ver espigões se erguendo onde a cidade se diverte. Claro, os novos moradores irão reclamar do barulho. Claro que a fiscalização agirá. E um polo de cultura será extinto.


Talvez haja também imbecilização na falta de planejamento urbano, de percepção da vocação de cada bairro e destruição de onde há cultura de primeira.


Haja o que houver, ela renascerá em outro lugar.

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Published on May 06, 2013 08:24

May 1, 2013

oblivion – não perca este filme


 


Estou envelhecendo e provavelmente emburrecendo.


Muitos dos filmes que meus amigos e colegas da imprensa desprezam, eu adoro. Como TED.


Aconteceu de novo.


Agora com OBLIVION, ficção científica genial do diretor especialista em efeitos especiais, oriundo do mercado publicitário e séries de TV, Joseph Kosinski [Tron], que roteirizou o HQ do quadrinista Arvid Nelson.


O filme se passa na Terra em 2077.


O piloto e mecânico Jack Harper [Tom Cruise] é dos poucos que ainda ficaram no planeta, para cuidar dos drones que fazem a seguranças de plataformas gigantescas que sugam toda a água.


Nós, terráqueos, depois de uma guerra devastadora com alienígenas, tivemos de usar nosso aparato nuclear, transformando a vida na Terra impossível. Nos mudamos para uma estação espacial gigantesca, Tet, e nos preparamos para mudar para a lua de Saturno, Titã, o segundo maior satélite do sistema solar. Rebocando a água.


Restam no planeta alguns alienígenas, os Saqueadores, que em vão e numa perdida guerra de guerrilha, dão trabalho e fazem atentados.


Meus amigos escreveram:


Rubens Ewald Filho- “Eu achei tudo meio óbvio, com alguma (mas podia ter mais) ação e truques do gênero (clones e traições) e um final confuso.”


Adolfo Bloch do O Globo – “Mas há pastiches e pastiches. Uns, mesmo sofríveis, criam universos através de citações. Outros, ainda que trash, criam paródias que fazer rir e refletir criticamente. Aqui, porém, filmes de primeira grandeza são explorados para estar a serviço de diálogos.”


Peter Bradshaw do The Guardian – “Uma ficção científica incrivelmente solene, afetada e pouco original, que combina grandes partes de O Vingador do Futuro, Inteligência Artificial, Planeta dos Macacos, e algumas partes de Top Gun.”


Primeiro, filme de ficção científica não precisa estar 100% amarrado ou explicadinho. Porque ninguém acerta o que acontecerá no futuro, nem é um exercício de futurologia. É como arte moderna, uma interpretação do real.


É uma forma de entender o presente, enxergar de longo nossos conflitos, através dos olhos de outros [nossos descendentes]. E refletirmos sobre o que representará no futuro os danos, decisões e erros políticos atuais.


O nome Tet já me acendeu um alerta. Não é o nome da ofensiva que mudou o destino da Guerra do Vietnã?


Estas plataformas de água num território deserto não lembram a extração de outro líquido valioso numa região conturbada e em guerra?


Ocupação e vigilância por drones não remete a outro conflito em andamento?


E, finalmente, atrás dos turbantes do inimigo, não está o verdadeiro dono daquela terra? Quem é de fato o inimigo? Quem é manipulado em lavagens cerebrais, para acreditar que sua guerra é justa? E por que o terraço do Empire States é tão referenciado?


Uma frase do personagem esclarece do que se trata o filme. Depois de ver que sua geringonça, um drone, matou astronautas hibernes, ele descobriu: “Drones matam humanos…”


Sim, drones matam humanos, o inimigo não é quem a gente pensa que é, a tecnologia de guerra se alimenta da própria guerra, da desavença, deturpa a história, manipula informações.


E seres de outra cultura não são alienígenas.


Surpresa atrás de surpresa se monta uma trama complexa, sofisticada.


Existem mais coisas em OBLIVION do que a criticada canastrice de Cruise.


Eu não perderia este filme.

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Published on May 01, 2013 08:54

April 30, 2013

golpe bilionário na classe média

 



 


Há uns anos, a classe média brasileira foi chamada para aderir e investir em ações da BOLSA.


Impulsionada pela estabilidade, crescimento, notícias vindas dos subterrâneos da camada do pré sal: Vamos ajudar o Brasil crescer, você pode ser acionista, você pode ser agente do desenvolvimento.


As empresas VALE e PETROBRAS tinham liquidez garantida.


São símbolos pátrios. Investir nela era um dever.


Mais ou menos.


Que Poupança o quê? O símbolo do Milagre Econômico da Ditadura, que rendia 6% ao ano + juros, já era! Coisa atrasada, de país subdesenvolvido


Mudei 20% do meu plano de previdência privado para ações dessas empresas. Hoje, minha aposentadoria está drasticamente ameaçada.


Uma parente que tinha vindo da França para aplicar no Brasil e trabalhar nele, comprou em 2011 dois fundos de ações.


Pagou R$ 22 mil por ações dividendos da Petrobras e R$ 22 mil por ações Vale.


As ações da Petrobras valem hoje R$ 8.002,56, e as da Vale, R$ 12.214,47


Me deu vergonha do meu País. O que aconteceu?


A Petrobras já não é a maior empresa brasileira.


O uso político dela, como acusam analistas, derrubou seu valor no mercado e fatiou o dinheiro sagrado de aposentadorias e investimentos do brasileiro comum.


Sei que há divergências ideológicas nesse debate.


 



 


Matéria da minha colega do ESTADÃO, SABRINA VALLE, revelou que acionistas minoritários da Petrobras protestaram na assembleia anual segunda-feira contra a influência do governo na companhia.


Fernando Siqueira, da Associação de Engenheiros da Petrobras, deu uma dica. Depois de protestar contra o estrangulamento financeiro da companhia por meio do congelamento do preço dos combustíveis, disse: “Não se pode fazer controle de inflação transferindo todo o ônus para uma única empresa”.


O anúncio da reeleição do ministro da Fazenda, Guido Mantega, como presidente do conselho de administração da petroleira, foi vaiado.


Os minoritários também elegeram o presidente da Associação de Investidores do Mercado de Capitais (Amec), Mauro Cunha, para cadeira no conselho voltada a acionistas minoritários detentores de ações ordinárias (ON) com apoio de investidores estrangeiros.


A presidente da empresa, Graça Foster, estava presente, mas não teceu comentários. O fato de ela conduzir a assembleia pela primeira vez desde que tomou posse no cargo foi elogiada.


A pergunta que se faz é QUEM MANDA NA PETROBRAS?


E, se manda, tem ciência e responsabilidades sobre tamanho prejuízo?

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Published on April 30, 2013 10:29

April 28, 2013

tem pirataria do bem?


 


Existem dois tipos de pirataria.


Aquela que vende conteúdo alheio sem autorização e repasse de direitos autorais, como o caso dos ambulantes que vendem filmes e programas até em feiras livres, e os que difundem pela rede, voluntariamente, num ato de desobediência civil em prol da difusão cultural, como TPB, ou The Pirate Bay.


Sem contar a rede de voluntários que legendam.


Um usa CDs, DVDs. O outro, BitTorrent: A baía dos piratas


É relevante o prejuízo que causam a produtores, distribuidores e exibidores de cinema, música, a autores e compositores.


Porém, visto por outro lado, é incrível imaginar que um garoto de uma favela do Rio de Janeiro, de uma tribo da Malásia ou de um país em ruínas do Leste Europeu, tem acesso a toda obra cinematográfica de Fellini, Godard, Babenco, Kazan, Lucrécia Martel, Tarantino, num clique.


E o que representará no futuro essa troca livre de informação: a formação de novas gerações que não tinham acesso à cultura.


Filmes que roteirizei, Fiel, Malu de Bicicleta e E aí… Comeu?, estão no TPB.


Que sejam vistos. Não é melhor do que envelhecerem empoeirados em museus, cinematecas, depósitos de distribuidoras, e serem esquecidos?


Bem, de longe, prefiro ver um filme numa sala de cinema. Nada se compara à experiência da telona, com som que treme.


Curto também 3 D e IMAX. Curto passear no shopping e cinemas de rua. Curto cineclubes.


Metade dos arquivos BitTorrent que trafega diariamente pela internet passa pelo TPB, alguns computadores escondidos na Suécia que dão dor de cabeça à indústria e gerou um processo milionário contra seus fundadores, os moleques cyber-anarquistas Frederik Neij, Gottfrid Svartholm Warg, Carl Lundstrom, Peter Sunde.


Como sempre, tem também um brasileiro envolvido [como na criação do Yahoo, Facebook e Instagram], cuja identidade não é revelada.


Todos os passos do processo estão no documentário TPB AFK: The Pirate Bay Away From Keyboard, disponível [de graça, lógico] no Youtube:


https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=eTOKXCEwo_8


AKF, away from keybord [fora do teclado], é a expressão que utilizam para definir o estágio antes chamado “vida real”- termo impreciso, pois, para eles, internet é vida real.


Eles finalmente mudaram o domínio .SE [da Suécia], passaram pelo .GL [de Goenlândia], chegaram a anunciar de sacanagem que se mudariam para a Coreia do Norte, até encontrar uma baía aparente segura no .IS [Inslândia], para aonde se mudaram.


O domínio do Pirate Bay já está operando no thepiratebay.is.


Enquanto isso, a indústria de cinema pensa nos próximos passos, para não cometer o mesmo erro da fonográfica, que, ao invés de se aliar, apenas combateu.


NETFLIX parece ser umas das saídas [por R$ 15, milhares de séries e filmes].


Como me disse um amigo de uma major, adianta combater a maior distribuidora de filmes do mundo, a pirataria, com leis?

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Published on April 28, 2013 17:05

April 25, 2013

SUV – Stupid Utility Vehicle


 


O SUV, Sport Utility Vehicle, domina a paisagem das grandes cidades.


O homem comum se cerca de lata, borracha e combustível.


Potência, força e altura.


Como uma armadura medieval, o SUV dá a sensação de grandeza e poder à pequenice humana.


É fabricado para aqueles que vivem em áreas rurais e trafegam eventualmente por vias urbanas e rodovias.


Carregam feno, animais, ferramentas.


Têm habilidades off-road, fora da estrada, e tração nas 4 rodas.


Sem preocupações aerodinâmicas, gastam mais.


Pesam 3 vezes mais que um carro comum, gastam mais combustível, borracha.


Alguns vêm a diesel, o tóxico combustível de caminhão.


Degradam 3 vezes mais os asfaltos das ruas do seu bairro, ocupam duas vezes mais o espaço em garagens, estacionamentos ou vagas nas ruas. Para carregarem compras, sacolas de supermercado e ração para gratos.


O SUV veio da guerra, dos Jeep [americanos] e Lan Rovers [ingleses].


Para o psicólogo Gladwell Rapaille, consultor dos fabricantes, os usuários do utilitário e sentem mais confiante e seguros. “Quando você olha as pessoas de cima, você sente que domina os outros”. O problema, para Rapaille, é que quando o condutor se sente mais seguro, seu veículo fica menos seguro.


O National Highway Traffic Safety Administration soltou um estudo que indica que motoristas de SUV tem 11% mais chances de morrer em acidente do que pessoas em carros comuns.


É um risco maior no trânsito para pedestres, veículos menores e motos. Acidentes com eles são mais letais. Em 2004, estiveram envolvidos nos EUA em acidentes com vítimas fatais 3 vezes mais do que carros normais de passageiros.


Conclui-se que aquele que usa um SUV para circular numa cidade como Rio e São Paulo não pensa no meio ambiente, no bolso, na segurança alheia e na própria.


Mas tem poder de fogo nas mãos.


Cuidado. O grupo de ambientalistas sueco, Asfaltsdjungelns indianer [The Indians  of The Asphalt Jungle], que acha que donos de SUV não têm direito de usar seus carros pesados e poluentes às custas dos outros, chegava a furar pneus dos utilitários em protesto.


Só no primeiro ano, furou 300 pneus e inspirou outros grupos.


Poluição: comparação entre Toyota Corolla e Land Cruiser.





Vehicle
Fuel, city

cycle L/100km
CO2(g/km)
CO (g/km)
PM10(g/km)
NOx(g/km)
Noise (dB)


L’ Cruiser Petrol
21.5
387
2.0
N/A
0.09
72


L’ Cruiser Diesel
11.5-15.8
250-340
0.7
0.059-0.078
0.52-0.57
73-75


Corolla Petrol
8.4-11.1
159-198
0.45-0.47
N/A
0.02-0.08
69-71


Corolla Diesel
7.2-7.9
153
0.19-0.24
0.032-0.037
0.39-0.45
71-72



 


 

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Published on April 25, 2013 07:01

April 23, 2013

o dilema da meia-entrada


 


A classe teatral se mobiliza para pressionar os deputados para aprovar a PL da meia-entrada.


Qualquer produtor cultural sabe: a maior parte dos que compram ingressos na boca do caixa paga meia entrada.


Muitos são estudantes e aposentados.


Mas tem a parcela grande de pessoas de todas as idades que mostra uma de origem duvidosa carteirinha de estudante. Isso é fraude. É crime tipificado no artigo 299 do Código Penal Brasileiro: falsidade ideológica.


“Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante.”


Pena, 1 a 3 anos de reclusão.


E, pior, a fraude aparentemente inocente lesa a já cambaleante indústria cultural.


Pois cria o efeito cascata: já que muitos buscam o privilégio da meia-entrada, os ingressos são aumentados para compensar o prejuízo, afetando aqueles que pagam honestamente o ingresso sem uma carteirinha estudantil falsificada. Como em muitas brechas das leis brasileiras, o honesto é punido.


Na bilheteria, sabemos. Entre 70% e 80% pedem a meia-entrada. Depende da praça. Em algumas cidades, o índice de “estudantes” é maior do que 80%, fruto de uma rede de falsificação que parece ramificação do crime organizado.


Por isso, atores, diretores, autores e produtores culturais resolveram repensar a meia-entrada.


O ator BRUNO GARCIA escreveu:


Queridos colegas.


Ontem participei de um jantar na casa de Eduardo Barata, presidente da APTR, a Associação dos Produtores Teatrais do Rio de Janeiro, com a presença de vários integrantes de nossa classe como Marieta Severo, Aderbal Freire Filho, Ary Fontoura, Cacá Carvalho, Tonico Pereira, Maria Sima, Edwin Luisi, entre outros valorosos artistas, dos presidentes das três principais associações de estudantes do país, além da Deputada Federal Jandira Feghali.


O objetivo foi nos colocar a par das lutas enfrentadas no Congresso Nacional para aprovar a PL da meia-entrada, que tem como objetivo regulamentar a questão da meia-entrada no país, além de padronizar as carteiras de estudantes em todo o território nacional e, assim, acabar de vez com a bagunça que se tornou essa questão.


Após longos cinco anos, foi aprovado o Estatuto do Jovem que logrou várias conquistas. A questão da meia-entrada, no entanto, configura apenas um dos muitos itens e precisa de uma lei específica para poder funcionar. Resumindo bastante, a proposta consiste em determinar 40% dos lugares nas salas de espetáculo para meia-entrada, deixando o restante das cadeiras destinadas ao pagamento do ingresso integral, ficando a critério do produtor a ampliação do universo dos ingressos que venham a ter desconto. Além disso, existe a possibilidade de uma padronização das carteiras de estudante, que serão confeccionadas utilizando a mais moderna tecnologia pra evitar as inúmeras fraudes e acabar com o comércio ilegal e criminoso das falsificações.


Essa é uma matéria importantíssima que trata não só da revitalização do nosso Teatro enquanto negócio (a despeito das perdas enfrentadas pelos nossos produtores, uma vez implementada essa lei, é a natural que o preço do ingresso caia, atraindo ainda mais espectadores às salas), mas também da inclusão dos jovens, proporcionando à população acesso facilitado ao consumo da cultura de nosso país (a proposta também prevê meia entrada para quem tem baixa renda).”


Terça-feira próxima haverá uma primeira votação para a aprovação dessa lei no Congresso Nacional, especificamente na Comissão de Constituição e Justiça.


A classe se organiza para comparecer.


 


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Published on April 23, 2013 05:27

Marcelo Rubens Paiva's Blog

Marcelo Rubens Paiva
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