Tainá Piccolo > Recent Status Updates

punha sempre os pés nos olhos. pensava eu. pôr os pés nos olhos. querai dizer que via por onde ia.

respondi que sim. que perdera o jeito das conversas. andava por ali a ver no vazio coisas de mentira. andava a ver o vazio das coisas.

já estava muito avisada contra os homens. cheios de ideias claras de gestão. geriam as vidinhas com sentido prático.

quando falo, não entrego nada. deixo mesmamente despido quem tem frio e não encho a barriga dos que têm fome. quando falo, o que faço é perto de não fazer nadae, no entanto, cria-nos a sensação de fazer tanto. como se falando pudéssemos fazer tudo.

algumas coisas, como deus, existiam sem nome. talvez nós próprios não tivéssemos nome e andássemos iludidos com aquele que usávamos. talvez nós próprios fôssemos outra coisa que não aquilo que nos habituáramos a pensar ser.

Mas os pés quentes do diabo teriam seco o mar. Eu achava que a marca grande na montanha era do rabo de deus. Porque o mar continuava fresco e sem receios. Muito fundo.

as palavras não são nada. deviam ser eliminadas. nada do que possamos dizer alude ao que no mundo é.

quando for grande, quero ser de outra maneira. quero ser longe. eu respondia: ninguém é longe. as pessoas são sempre perto de alguma coisa e perto delas mesmas. a minha irmã dizia: são. algumas pessoas são longe.

estamos sempre à conversa com deus. a solidão não existe. é uma ficção das nossas cabeças. os homens sós percebem que há alguém na água, na pedra, no vento, no fogo. há alguém na terra.

magoávamo-nos, acreditava eu, sempre por causa da ternura. como que a reclamá-la enquanto a perdíamos de vez.

não havia mais miúdos. era tudo velho. a gente, os sonhos, os medos e as montanhas.

e as crianças eram sempre pequenas, animadas de ingenuidade, gratas pela vida sem saberem outra coisa que não a vida.

o fortuito beijo no asfalto, fruto de um ato de compaixão, só pode ser visto como um "crime" pela opinião pública e seus agentes, construtores e defensores.

ao mesmo tempo em que devassa a relação do destino dos personagens com suas motivações ocultas, faz uma crítica direta aos hábitos de uma sociedade corrupta, dominada pela hipocrisia e despreparada para os desafios da modernidade.

A chave para a reconstrução efetiva de nosso mundo-ambiente - eis a grande tarefa do arquiteto - reside na nossa decisão de reconhecer de novo o elemento humano como fator dominante.

Agora enfrentamos a difícil tarefa de equilibrar novamente a vida da comunidade e humanizar a influência da máquina. Lentamente começamos a descobrir que o componente social pesa mais que os problemas técnicos, econômicos e estéticos que se relacionam com eles.

Satisfazer a psique humana por meio da beleza é tanto ou mais importante para uma vida civilizada quanto satisfazer a nossa necessidade material de conforto.

Nenhum estilo de épocas passadas pode espelhar a vida dos homens do século XX. Não há na arquitetura nada de definitivo - apenas transformação contínua.

(...) que não mais termina nas paredes externas, mas produz nova correlação entre interior e exterior. Esta se tornou uma característica própria da arquitetura moderna, que consciente ou inconscientemente deve influenciar a todos.

Aprendemos que é necessária uma variação de impressões a fim de aumentar a receptividade do homem. Para criar esse estímulo, modernos artistas e arquitetos tentam produzir a ilusão do movimento. As estreitas janelas de grade com pequenas vidraças foram substituídas por grandes aberturas de janelas com vidros inteiros. Eles nos permitem tratar o espaço exterior como parte da composição arquitetônica (...)

A maneira como se ensina arte e design à juventude atual, entretanto, raramente ajuda a compreender problemas artísticos contemporâneos. Ela sai da escola ou da universidade abarrotada de conhecimentos, mas raramente lhe foi dada a tarefa de encontrar-se a si mesma.

O "acontecimento fugaz", que surge pela variação da iluminação, é exatamente o que precisamos, pois o objeto, que vemos na variação viva da luz do dia, oferece a toda hora outra impressão.

Para manter viva nossa capacidade de adaptação, necessitamos justamente de contraste.

Na realidade o homem precisa de impressões seguidamente cambiantes para permanecer receptivo. As situações inalteradas, por mais perfeitas que sejam, o embrutecem e o entorpecem.

Também o homem é estimulado por excitação. A arte procura satisfazer esse perpétuo anseio pela contradição. A faísca, resultante da tensão dos contrastes, produz a vitalidade própria da obra de arte.

o homem revelou ser uma criatura curvada sob o peso do passado, atordoada pelo efeito posterior de suas sensações passadas e de tal forma limitada por uma visão defeituosa, que realmente só pode ver o que quer ver.

Por isso não reconhece nada de definitivo, quaisquer "valores eternos". A essência da vida é contínua metamorfose.

Pois a ciência e a filosofia substituíram a interpretação estática de nosso mundo-ambiente por relações dinâmicaas sempre cambiantes. Essa profunda mudança na representação de nosso mundo-ambiente foi designada, como uma nova dimensão, pela expressão "espaço-tempo". A ciência constatou a relatividade de todos os valores humanos e sua incessante transformação.

acho que por fim chegou a hora
- e sem consultar qualquer médico -
em que posso também andar descalça sempre que possível,
para que eu possa realmente enxergar e ouvir...
ser jovem enquanto velha,
velha enquanto jovem.
quando uma pessoa vive de verdade, todos os outros também vivem.

Por elas... que continuem a nos ensinar a amar este mundo e todos os seres que nele estão... das formas que mais importem para a Alma.