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Não há como, efetivamente escrever a história do feminismo reinvindicando uma especificidade construída a partir de fora da nossa experiência.

como todo la obra de Derrida atravesando-detectando la historia de la filosofia se dedica a hacerla aparecer. En Platón, en Hegel, en Nietzsche, se repite una misma operación, rechazo, exclusión, marginación de la mujer. Asesinato que se confunde con la historia como manifestación del poder masculino.

"as mulheres descobrem que o acesso às funções masculinas não basta para assentar a igualdade e que a igualdade, compreendida como integração unilateral no mundo dos homens, não é a liberdade"

a vida nunca foi tão pacífica
desistira finalmente dos troféus

hoje se eu pudesse
eu voltava à cidade
só para beijar
a cidade na boca

e sim ainda
se abrem fendas na cidade
por cada vez que escolhemos
embater nossas testas
nossos corações
nossos cílios
nessa tenebrosa loucura

e tempo para discernir o amor do que já é costume

as revoluções sempre foram o lugar certo
para a descoberta do sossego:
talvez porque nenhuma casa é segura
talvez porque nenhum corpo é seguro

Poderia escrever teu nome
70 vezes seguidas
mas isso não espantaria
a saudade que sinto
de dizer o teu nome
entre sal e dentes

e que amanhã se tudo der certo
voltará à mesma hora para o mesmo amor
a mesma mesa a mesma explosão
com toda certeza a mesma fuga
porque você e eu a gente é feito de matéria
escorregadia

soube da morte no mesmo dia em que soube que o amor sim é importante, mas não é imutável

tudo se refaz
você verá
tudo se refaz
menos os nomes

porque a paixão não é de todo a coisa mais iportante mas é sim o canudinho através do qual dá para ver que o mundo é muito feito de construções de papel

estamos dando utilidade ao amor
alargando os braços das amendoeiras
alargando os braços dos jacarandás
partindo as inúteis linhas de fronteira
e fazendo do mundo
a gigante floresta

um dia você diz que me a****
eu a****-te
no dia seguinte
a amendoeira se expande
e floresce cinco folhas mais
nesse dia reparo
que estamos contribuindo
você e eu
para o florestamento
da cidade

quando éramos jovens e tínhamos
muito menos coisas
e nem sabíamos que já éramos
felizes como pensávamos que seríamos

falávamos como se legendássemos
fotografias
queríamos tanto
tão pouco

a camisa branca que você acabou de despir sempre me lembra um livro aberto ao sol

Colecionamos objetos
mas não o espaço
entre os objetos
fotos
mas não o tempo
entre as fotos
selos
mas não
viagens
lepidópteros
mas não
seu voo
garrafas
mas não
a memória da sede
discos
mas nunca
o pequeno intervalo de silêncio
entre duas canções

sei poucas coisas

o que és é também
o que não és
nada
é o que fazes bem
metade do que sou
não sou também

o amor não feito:
o que não foi rói o que foi
como a maresia
casa onde não morei país invisitado praia inacessível avistada do alto o que fazer do desejo
que não se gastou?

ter a cada dia que escolher as calças e a cara

Amar
profundamente
mas testar
volta e meia
se ainda
dá pé

Agora deixa o livro
volta os olhos
para a janela
a cidade
a rua
o chão
o corpo mais próximo
tuas próprias mãos:
aí também
se lê

Vou esperar comendo com delicadeza e recato e avidez controlada cada mínima migalha de tudo, quero tudo pois nada é bom demais para a minha morte que é a minha vida tão eterna que hoje mesmo ela já existe e já é.

Por uma fração de segundo a gente se vê como a um objeto a ser olhado. A isto se chamaria talvez de narcisismo, mas eu chamaria de: alegria de ser. Alegria de encontrar na figura exterior os ecos da figura interna: ah, então é verdade que eu não me imaginei, eu existo.