Joel Neto's Blog, page 102

March 2, 2012

História de uma canção


A CASA DA MORNA, em Alcântra, tem alguma da melhor comida africana de Lisboa. Cachupa refogada, calulu de peixe, moamba de galinha – só os nomes são poemas. Mas é para ouvir "Regasu" que eu lá volto.


 


Um homem desenvolve obsessões estranhas, ao longo da vida – e uma daquelas a que mais gratuitamente me tenho dedicado é à da história de Orlando Pantera. Não vale a pena ir à Wikipedia: ainda ninguém se preocupou em devotar-lhe um artigo pop, por mínimo que fosse. E, no entanto, a sua música resiste. Faz esta semana onze anos, o criador do neo-batuku teve uma pancreatite e morreu, na ilha de Santiago. Tinha a idade de Cristo: 33 anos – e, três dias depois, deveria partir para Portugal, onde vinha gravar o disco que se esperava que mudasse a face da música de Cabo Verde. E desde que pela primeira vez ouvi a sua "Regasu (Seiva)", cantada por Leonel Almeida no velhinho Enclav' ("Mórna k-um konxé/ Inda mininu na regasu/ Na óra di dispidida um kré també/ Uvi-b oh morna!"), uma parte do meu tempo de lazer tem sido devotada a coleccionar versões dessa que já não me soa apenas a melhor tema da história da morna, mas a banda sonora de um trajecto pessoal, com os seus pequenos triunfos e os seus incontornáveis escolhos. Já a ouvi cantada por Mayra, sofisticada e bela, e por el-rei Tito Paris, rouca e directa ao coração ("Bo seiva/ Invadi-m nha korasom sem limit/ Ai si um pudéss/ Bibé um káliss d'bo meludia!"). Já a passei na rádio cantada por Mário Rui, toda anos setenta. Já a ouvi dedilhada por Noah, soprada por Morgadinho, trauteada por Teté, irmã de Alhinho, o primeiro quase-amigo que tive no futebol, e de quem sinto às vezes saudades inexplicáveis. Desta vez, até a ouvi uma segunda vez na mesma noite, entoada por Dany Silva, já em fim de festa, a pretexto de um grogue. E, no entanto, foi para escutá-la novamente na voz de Leonel Almeida que voltei à Casa da Morna. Foi para mostrá-la aos meus compadres, cujo regresso definitivo a Portugal bem pode significar a minha reconciliação com Lisboa. E foi para tornar a perguntar-me, naquele silêncio íntimo que apesar de tudo um homem sempre encontra, mesmo no meio dos seus mais queridos, como se pode aceitar que uma Providência deixe morrer um criador como Pantera a três dias de registar o seu génio. Então, Leonel chegou-se à frente e lamentou-se: "Bo feitiss ta infeitisa-m/ Bo prága t'amaldisua-m/ Bo séka ta seka-m nha peit/ Más mésmu asim ja-m kre-b oh mórna!" – e de novo me doeu uma dor que eu não conheço. Quanto ao resto, claro: bebemos de mais e esquecemos de mais e lembrámos de mais ainda – e fomos também demasiado felizes e demasiado apaixonados para aquilo que nos aconselham estes tempos, feitos de parcimónia e sobrolho carregado. Custou a excentricidade qualquer coisa como € 37 por pessoa, incluindo aperitivos, cachupas refogadas e vinhos – e estava tudo tão apurado e bom e bem servido, que se nos tivessem exigido mais era igual. Para a próxima, prometo: peço o modje de Manel Antône, o calulu de peixe, a moamba de galinha ou a moqueca de camarão. A não ser, claro, que cante o Leonel. Se cantar o Leonel, então eu tenho de pedir "Regasu" – e "Regasu" acompanha-se com cachupa refogada. Quem diria que uma das mais comoventes refeições de Lisboa podia ser assim, feita de milho reaquecido, com um pedaço de linguiça frita ao lado e um ovo estrelado por cima?


 


CASA DA MORNA


Rua Rodrigues Faria, nº 21, 1300-501 Lisboa


Tel: 213646399/966408656


 


Cozinha africana. Estilo/atmosfera: trendy/musical. Vinho a copo. Não fumadores. Reserva aconselhável. Aberto das 20:00 às 02:00. Fecha aos domingos. Preço médio: € 35


O LUGAR

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Redondezas {#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}


Vista {#emotions_dlg.star}


Decoração {#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}


O SERVIÇO

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Know-how {#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}


Carta de vinhos {#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}


Aperitivos e digestivos {#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}


A COMIDA

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Confecção {#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}


Quantidade {#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}


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Crónica gastronómica ("Restaurantes"), Notícias Magazine, 26 de Fevereiro de 2012

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Published on March 02, 2012 12:14

February 26, 2012

Na senda de Alves Redol


O ESCAROUPIM é o passeio ideal para um sábado de Inverno. Evoca a anti-heróica saga dos avieiros, por que se apaixonou Redol, e ainda nos oferece alguma da nossa melhor gastronomia fluvial. No Ribatejo.


 


Há algo n'O Escaroupim que rescende a Verão, e o mais provável é que o facto de estar instalado numa espécie de bungalow gigante, como aqueles que se encontram nas zonas balneares, tenha alguma coisa a ver com isso. Procura-se informação sobre ele, aliás, e as sugestões estivais são insistentes: "Experimente o Ribatejo, dê um passeio num barco varino e acabe com uma visita a O Escaroupim"; "Visite-nos no Ribatejo, desfrute dos mouchões da Azambuja e feche o dia com um jantar n'O Escaroupim"; "Faça uma escapadinha ao Ribatejo, veja os cavalos selvagens e, no fim, vá comer a O Escaroupim". E, no entanto, O Escaroupim é um restaurante de Inverno. É um restaurante de Inverno porque a melhor parte da sua gastronomia é de Inverno também. É um restaurante de Inverno porque tudo à sua volta evoca a memória dos avieiros, aqueles a que Alves Redol chamou "os nómadas do rio": os pescadores e anti-heróis de Vieira de Leiria que, a partir do século XIX, fizeram da região o seu poiso das estações frias. E é um restaurante de Inverno, sobretudo, porque é no Inverno que o passeio até Salvaterra de Magos tem mais encanto, atravessando o rio, percorrendo a sua romântica rive-gauche em direcção a norte e terminando, enfim, naquele pequeno e encantador porto de pesca que nos acompanhará ao longo da tarde, através dos janelões, enquanto ao fundo as águas do Tejo vão correndo plácidas, beijando juncos e canaviais, sem pressa de se diluírem no mar. A primeira abordagem é feita a medo. Por alguma razão, o restaurante ganhou fama de um serviço ríspido – e essa fama correu célere pelos guias, pelos sites e até pelos testemunhos, embora ninguém seja já capaz de contar uma história de que tenha sido protagonista. Por mim, visitei-o quatro vezes ao longo do último ano e só encontrei hospitalidade: uma hospitalidade segura, autêntica, sem subserviências ou sorrisos excessivos – uma hospitalidade de homens, mais do que de bonecos. E, a partir do momento em que começa a chegar a comida, não há desconfiança que resista. Sempre acompanhado, já tive a oportunidade de provar um pouco de tudo: lampreia e enguias de fricassé, arroz de lebre, perdiz estufada e migas com porco preto. Desta vez, comecei com uma maravilhosa tarte de caça, que acompanhei com favinhas e cogumelos recheados, mesmo se um desequilíbrio químico qualquer (chamam-lhe "alergia", mas eu recuso-me a acreditar nisso) me obriga a ser parcimonioso quanto a estes. A seguir, provei o arroz de bacalhau com farinheira, servido em tachinho, belíssimo, misturando sabores do mar e da terra e do pântano num só. Reguei com um bom ribatejano, apesar de tudo um pouco caro – e, depois, finalizei com duas incursões ao buffet de sobremesas, primeiro à procura da pêra bêbeda e depois para dois gloriosos, navegantes, entrelaçados apontamentos conventuais, que me deixaram feliz por estar vivo. Paguei € 32,35, mas culpei o vinho. E, enquanto voltava a Lisboa, o carro vogando em silêncio até não ser mais possível evitar a auto-estrada, ainda rememorava Redol e os seus avieiros: "Incerto o pão na sua praia, só certa a morte no mar que os leva, eles partem. De Vieira de Leiria vêm ao Ribatejo. Aqui labutam, alguns voltam ainda, ávidos de saudade do seu mar. Muitos ficam." E o que eu lamentava era não ter ficado também.


 


RESTAURANTE O ESCAROUPIM


Largo dos Avieiros, Escaroupim, 2120-013 Salvaterra de Magos


Tel: 263107332/912539228


 


Cozinha tradicional. Estilo/atmosfera: bom garfo/romântico. Não fumadores. Reserva aconselhável. Aberto das 12:30 às 15:30 e das 19:00 às 22:00. Fecha às quartas-feiras e aos domingos à noite. Preço médio: € 25


O LUGAR

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Redondezas {#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}


Vista {#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}


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O SERVIÇO

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Know-how {#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}


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A COMIDA

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Crónica gastronómica ("Restaurantes"), Notícias Magazine, 29 de Janeiro de 2012

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Published on February 26, 2012 11:57

February 3, 2012

Ritual de purificação


O Solar dos Presuntos como testemunha do arranque da época lisboeta da lampreia. E como anfitrião. E como templo. Há coisas que um homem tem de fazer todos os anos – apenas isso.



Na maior parte das vezes sou profundamente açoriano, mas uma vez por outra sou um homem do Norte que nasceu por acidente nos Açores e vive por acaso em Lisboa. E foi precisamente assim que voltei a sentir-me quando, um dia destes, liguei para o Solar dos Presuntos, a indagar sobre o arranque da temporada da lampreia.


O restaurante da Rua das Portas de Santo Antão, um dos mais incontornáveis "bons garfos" de Lisboa, nunca decepciona. Aos seus pratos habituais, incluindo as feijoadas de marisco, as pataniscas de bacalhau com arroz de feijão, os filetes de peixe-galo e os cabritos assados, raramente é possível apontar um defeito – e nunca, por nunca ser, exige que respiremos a meio do nome de um prato, como acontece naquelas casas moderninhas em que se come "Lombo de Salmão com Crosta de Ervas em Cama de Vinagrete de Tomate e Redução de Balsâmico". Ali, e sendo preciso decorar alguma coisa, é isto: às quartas há cozido à minhota, entre Janeiro e Abril há lampreia – e é sempre sublime, ela como ele.


"Começamos amanhã ao almoço!", respondeu-me um dos empregados, com ponto de exclamação e tudo. Às 12:30 do dia seguinte já lá estou. Sento-me numa mesa logo à entrada e faço o pedido habitual: arroz de lampreia à moda de Monção (dose de três toros por € 28) e vinho verde tinto da casa, o mais fresco possível. Espero. O rito, note-se, não provoca em Lisboa o mesmo estertor social de que se faz rodear no Norte. Mas, também por isso, aqueles que o seguem vivem-no como uma espécie de manifesto, com mais paixão ainda, quase como proselitismo.


Olho em volta. Não há cozinha molecular ou sequer gente demasiado delicada: ali mastiga-se de boca fechada, mas cheia, misturando sabores e cerrando os olhos, à procura de memórias. Pelas paredes dispersam-se dezenas (talvez centenas) de fotos de famosos: estrelas de TV e futebolistas, fadistas e políticos, todos ao lado do proprietário da casa, num dos mais divertidos exemplos lisboetas do já chamado "síndrome do dono de restaurante italiano". Na mesa ao lado almoçam dois casais franceses – e é a rapariga mais jovem, linda e insinuante, como que saída de um filme de Just Jaeckin, que pede lampreia também, juntando-se à religião.


Decididamente: posso estar a almoçar sozinho, mas não estou só.


E, quando enfim chega a lampreia, no meio de um arroz bem ligado, denunciando o tempo ideal de marinagem em vinho e em sangue e a exposição perfeita à noz moscada, muito mais do que ao cravinho, é verdadeiramente (deixem-me usar esta linguagem) a felicidade que me inunda, uma felicidade íntima e completa, alheia ao barulho da sala e à natureza da cidade e ao próprio mês em causa – uma felicidade que se escapa do tempo e do espaço e não é de outrem senão minha. Então, ergo o verde tinto à luz ténue da porta de vidro e brindo a mais um ano que findou. Se a morte é a mais solitária das etapas, então talvez valha a pena, ao menos de doze em doze meses, celebrar a vida e a sobrevivência e a resiliência e a teimosia em solidão também.


Pela porta continuam a entrar pessoas. Algumas andam a telefonar desde o Natal, outras foram alertadas pelo cartaz preso na montra: "Chegou a lampreia!" Agora, é a sua vez de submeter-se o cerimonial purificador. De qualquer maneira, para o ano voltamos a cruzar-nos ali.



RESTAURANTE SOLAR DOS PRESUNTOS


Rua das Portas de Santo Antão, nº 150, 1150-269 Lisboa


Tel: 213424253



Cozinha tradicional. Estilo/atmosfera: bom garfo. Sala para fumadores. Reserva aconselhável. Aberto das 12:00 às 00:00. Fecha aos domingos e aos feriados. Preço médio: € 40


O LUGAR

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Redondezas {#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}


Vista {#emotions_dlg.star}


Decoração {#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}


O SERVIÇO

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Know-how {#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}


Carta de vinhos {#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}


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A COMIDA

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Crónica gastronómica ("Restaurantes"), Notícias Magazine, 29 de Janeiro de 2012

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Published on February 03, 2012 13:44

January 24, 2012

Urge ampliar o conceito de regulação


Entendamo-nos: o que incomoda em Fama Show não é a sua montagem tipo videoclip. Nem as suas incursões aos domínios da moda, da música ou do cinema. Nem – muito menos – as suas raparigas, apresentadoras e repórteres, todas lindas. Como lareira, em silêncio, Fama Show não tem, aliás, rival na televisão portuguesa: até em modo pause, parado num só frame, pode ser fulgurante. O problema é o seu conteúdo: todo o seu conteúdo, dos assuntos à forma como são tratados. É o conceito – um conceito tão equívoco e retorcido que vai para além do próprio programa, ou mesmo da TV em geral. Fama Show, como outros formatos do seu género, alimenta-se, com absoluto cinismo, do que de pior a fama tem: a ideia de que se trata de um fim em si própria (ou, vá lá, de um reflexo de si própria). Em Fama Show, regra geral, não se é famoso porque se fez isto ou aquilo: é-se famoso porque se é famoso – e, porque se é famoso, pode-se fazer isto ou aquilo, incluindo "cantar", "representar" ou "desfilar". Pois a disseminação dessa ideia precisa de ser regulada. Da mesma forma que a lei impede a publicidade ao tabaco ou a consciência obriga as manequins a avisarem as adolescentes para os riscos da anorexia, a atracção da fama-pela-fama também deveria ser, de alguma maneira, dissuadida. Ela própria é uma anorexia, aliás: uma anorexia intelectual. No meio de tudo isto, que entrevistadoras e entrevistadas olhem a cada instante para a câmara, fazendo beicinhos e olhinhos como se tivessem graça, é só má televisão. Temos tanta que eu nem saberia por onde começar.

Prós & Contras, às sextas-feiras na NTV (com Nuno Azinheira)

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Published on January 24, 2012 10:37

January 17, 2012

Jogada de risco

"Moneyball", estreado há dias nas salas portuguesas, é um belo exercício sobre a dimensão mais romântica do desporto e uma verdadeira lição sobre as glórias e os abismos do basebol. O dilema: será possível, com os dados estatísticos certos e as fórmulas matemáticas adequadas, construir uma equipa campeã a partir de jogadores de segunda linha, dividindo o jogo em partes pequeninas e atribuindo cada uma dessas partes a um especialista nela (e, aliás, desadequado a todas as outras)? Billy Beane provou que sim, em 2002, como director-geral dos Oakland Athletics. Ou quase. Na verdade, os "A's" acabaram por perder o playoff de acesso à World Series para os Minnesota Twins, numa derradeira vitória do homem sobre o computador. E, porém, fica a questão: até que ponto se poderá, um dia, partir o futebol em tantas competências particulares que se torne exequível a construção de uma boa equipa a partir de números? Se calhar, nunca. Mas há vinte anos também teríamos dito o mesmo do basebol. E o facto é que, em 2004, os Red Sox ganharam a dita World Series com os mesmos métodos a que Beane deu ressonância.


5ª COLUNA, de segunda a sexta-feira, n'O Jogo.


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Published on January 17, 2012 09:10

January 9, 2012

In-to-le-rá-vel


«Preocupa-me pouco se a Liga e a UEFA aprovaram (e parece que não aprovaram) as fotografias que o Sporting colocou no túnel de acesso aos balneários. Tão-pouco me preocupa se essas fotos estão lá desde o início da época ou apenas desde anteontem. O problema é aquilo que essas fotografias revelam a propósito do olhar que este Sporting tem sobre as suas claques, sobre as claques em geral e, já agora, sobre o universo dito "ultra". E o que revelam é o mesmo que já revelara o infame comunicado em que, no Outono, o clube se pusera à margem de uma investigação policial a elementos a Juve Leo. Quem lê esta coluna sabe-o bem: sou um admirador de Godinho Lopes, Luís Duque e Carlos Freitas. Mas esta gestão do Sporting, está mais do que confirmado, também tem um lado negro – e esse lado negro é o pouco empenho em distinguir a claque do clube de um pequeno exército urbano. Muito claramente: o Sporting não pode ter fotos com saudações nazis e/ou passa-montanhas e/ou um clima geral de gangsterismo nas paredes do túnel de acesso aos balneários. Tendo-as, jamais poderá ser ilibado de responsabilidades quando os seus adeptos apedrejam um autocarro. É tão simples quanto isso.»


5ª COLUNA, de segunda a sexta-feira, n'O Jogo.

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Published on January 09, 2012 14:05

January 8, 2012

Marcelo sim ou não


«Chegamos, porém, a um momento em que a recessão não é apenas uma coisa dos telejornais, mas uma realidade comprovável na vida das famílias, incluindo menos trabalho e menos rendimento, mais impostos e mais desespero. A partir daqui, pois, não serão o espírito e a retórica a fazer a diferença: serão a assertividade e as soluções concretas. E Marcelo Rebelo de Sousa sempre foi melhor a problematizar do que a resolver. Para além de tudo, o calendário eleitoral começa a impor-se. Se o antigo presidente do PSD efectivamente acalenta alguma ambição de chegar à Presidência da República, em algum momento terá de sair de cena, de forma a readquirir o consenso que apenas a obscuridade permite. Tendo em conta que as eleições são em 2015, o ideal seria talvez desaparecer em 2013. Mas Maio, data em que termina o actual contrato com a TVI, também pode ser uma boa solução.» Texto completo aqui.

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Published on January 08, 2012 13:40

January 7, 2012

Pergunta simples:

Mas haverá algum defeito que Fernando Nobre não tenha?

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Published on January 07, 2012 13:29

January 6, 2012

O cheiro a napalm pela madrugada

Arranca a nova temporada de golfe – e a partir desta noite já há Hyundai Tournament Of Champions (PGA Tour) na SportTV Golfe. Arranque às 22.30 (com emissão contínua até às 03.00) e depois sempre no mesmo horário até à noite da próxima segunda-feira. Bocas e atoardas de yours truly. Quem alinha?


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Published on January 06, 2012 18:41

Novos abismos


Não foi por provocação ao Benfica que Jesualdo Ferreira disse ontem ao "Diário de Notícias" que os jogos mais complicados do seu tempo eram contra o Sporting. O Sporting de Paulo Bento era de facto uma equipa de grande intensidade. Simplesmente, não era uma equipa de rasgo – e, portanto, só podia mesmo ganhar ao FC Porto quando este estivesse mal, como aliás aconteceu várias vezes. Com o Sporting de Domingos, não é assim. Este Sporting é simultaneamente mais frágil e mais forte: mais frágil na coesão, mas mais forte no golpe de asa. Talvez possa mais facilmente perder, mas também pode mais facilmente ganhar, mesmo que o FC Porto esteja bem. Do ponto de vista pontual, claro, a situação é a do costume: uma derrota é o fim de tudo e uma vitória apenas a garantia do direito a disputar o jogo seguinte, onde de novo a época poderá, com a maior das facilidades, descer aos Infernos. Mas o facto é que o clássico deste fim-de-semana já não é apenas "sobre" o Sporting: é também "sobre" o FC Porto, que precisa igualmente de provar ter antídoto contra a criatividade, e não apenas contra o empenho. Só assim um duelo entre leões e dragões podia, de resto, acalentar expectativas quanto a deixar de ser aquilo que ainda é: apenas o terceiro no ranking nacional de clássicos. Pois está dado um primeiro passo.


5ª COLUNA, de segunda a sexta-feira, n'O Jogo.

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Published on January 06, 2012 10:49