Izzy Nobre's Blog, page 26

May 10, 2015

[ Joguinho Viciante da Semana ] Junk Jack X, um Minecraft 2D

Photo 2015-05-09, 3 10 13 PM


Eu nunca entrei na onda do Minecraft. O jogo simplesmente nunca me atraiu; esse negócio de brincar de Lego virtual não é muito a minha praia (não menosprezando Lego; eu ADORO Lego, mas o físico, tangível). Considerando que a faixa etária dos fãs de Minecraft orbita em torno dos 9 aos 14 anos, de acordo com estudos que eu acabei de inventar, talvez não é de todo estranho que o jogo não me atraia.


Só que ontem eu estava passeando pelo Reddit (eu bem que deveria fazer um post explicando como é o Reddit, né?), esbarrei com essa thread em que alguém pedia um jogo que tivesse elementos de construir/plantar/criar coisas, junto com combate. Um cara recomendou esse Junk Jack X dizendo que encaixava com o que o autor do post pediu, e eu pensei “rapaz, até que soa legal, né?”. E após anos evitando jogos desse tipo, resolvi experimentar.


Photo 2015-05-10, 7 37 49 AM


Em Junk Jack X, você explora um mundinho gerado aleatoriamente, escavando, derrubando árvores, e coletando todo tipo de recursos diferentes pra ir modificando o mundo da maneira que você quiser. Você pode construir uma miríade de coisinhas diferentes — forno, cama, bigorna, baús, escadas, portas, tochas, um bilhão de tipos de espadas diferentes, etc. O jogo é “aberto”, te permitindo explorar e priorizar o que você quiser em qualquer momento. Eu estou agora procurando minério de ferro, pra transformar em vigas de ferro no forno (usando carvão), e depois converter pra barras de ferro na bigorna, e então usar pra construir ferramentas mais fortes.


A minha casinha no jogo está humilde ainda. Tem gente com mais paciência e mais tempo de jogo que construiu verdadeiros castelos:


eita

Me sinto um mendigo agora


O jogo parece muito com Craft The World (que usa uns gráficos mais “realistas” que achei tosquíssimo) e Terraria (cujos gráficos achei também BEM ruizinhos, meio crus). Junk Jack X, por outro lado, tem uma direção de arte mais charmosa, mais “jogo de plataforma de Super Nintendo” que eu me amarro. O que me faz pensar, aliás, que jogos sandbox nesse formato bem que poderiam ter existido na era 16 bits.


Há algo até meio terapêutico em sentar e explorar esse mundinho que cabe no meu bolso. Tem modo multiplayer, dá pra explorar outros planetas, tem coisa pra caralho pra fazer nesse jogo. O único ponto negativo é que não há iCloud Sync, ou seja, você não pode jogar no iPhone e continuar no iPad. Me parece um GRANDE vacilo num jogo como esse.


Recomendo fortemente. Desculpem amigos fãs de Android, dessa vez não tem pra vocês. Ó vídeo:



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Published on May 10, 2015 08:45

May 6, 2015

[ Todo Dia Tem um Textão ] O feminismo e a inacreditável história de Luisa/Helena/Heloisa/Luis

Olha, eu ACABEI de fazer um vídeo criticando o movimento feminista, e geralmente não gosto de me ocupar repetidamente com a mesma pauta pra não acharem que estou perseguindo o alvo da crítica… mas eu não tenho culpa se essa galera apronta duas dessas na mesma semana.


ABRE PARÊNTESE


E sim, estou ciente de que o Joss Whedon declarou não ter saído do tuiter por causa dos ataques estridentes das extremistas que o ameaçaram com violência física. Acredito que você possa ver claramente no vídeo que o cerne do argumento não é o tuitercídio dele, e sim os ataques que ele sofreu e a retórica militante de analisar trivialidades da cultura pop a um extremo doentio, impossível de satisfazer, num transparente esforço de censura por meio de coerção ideológica.


Se ele NÃO tivesse deletado a conta no site de microblogging, minha análise da obsessão militante em magnificar minúncias procurando um pequeno átomo de ofensa — pra responder então com a boca espumando de ódio — ainda estaria valendo.


Vocês que VOARAM nas minhas mentions, comentários do youtube e caixa de email pra explicar que meu vídeo foi “inútil” porque eu errei sobre a justificativa do cara pra sair do Twitter pelo jeito precisam reassisti-lo, porque esse não era o argumento central do que eu falei. Isso pra não entrar no assunto de que eu questiono bastante a sinceridade dele nessa declaração panos-quentes, e suspeito que ele prefere é não atrair mais fúria do movimento.


FECHA PARÊNTESE


Ok, vamos a história da Luisa/Helena/Heloisa/Luis. Com a palavra, Lua Sophie, que escreveu o textão abaixo. É um texto longo, e meio confuso, então vou oferecer uma interpretação resumida no final.


Caso o tamanho do texto te desmotive, eu clamo a você, leia até o final. Em 2015 faz 20 anos que estou usando a internet — porra mano, como eu tô velho! — e esse talvez seja o relato mais hilariantemente inacreditável que eu já li em toda a minha vida de internauta.


Vamos à história.


LESBOFOBIA E SILENCIAMENTO DE MULHERES NO EME.

Algumas moças já fizeram relatos ao voltarem do EME ontem a noite, eu cheguei tão exausta psicologicamente que não consegui escrever sobre, mas vamos lá.


O EME deveria ser um espaço acolhedor e seguro para as mulheres que lá estavam presentes, eu imaginei que seria um espaço trans-inclusivo, e foi.


Havia um homem, que vive como homem, que é lido como homem socialmente, e que usava barba até chegar no evento, e que decidiu, após chegar no evento que era mulher-trans e lésbica. Quando eu cheguei ao evento, eu não vi essa pessoa, algumas mulheres me procuraram dizendo “tem um homem aqui! isso é absurdo” até que eu o vi.


Ao chegar lá, ele tirou a barba, e decidiu que o nome dele era Helena, depois parece que ele não gostou do nome e mudou o nome pra Luisa, depois pra Heloisa, e enfim, as amigas dele o chamavam de Luis. Muitas mulheres lésbicas que estavam comigo estavam desconfortáveis com a situação, depois descobrimos que a saia que ele usava era de uma moça do próprio alojamento que havia emprestado, pois fora dali, Luisa/Helena/Heloisa/Luis não usava saia, nem batom, fora dali Luisa/Helena/Heloisa/Luis era um homem branco, classe média, universitário que namorava uma menina, que estava presente no evento, porem até então não sabiamos que esse homem se dizia lésbica, as coisas foram aparecendo conforme o tempo foi passando la dentro.


Muitas mulheres com que eu tive contato lá dentro, expuseram seu desconforto, mas tinham MEDO de falarem qualquer coisa e parecerem preconceituosas, algumas se sentiram culpadas por se sentirem desconfortáveis dentro do banheiro aonde 1.000 mulheres tomavam banho e trocavam de roupa e deveriam se sentir seguras, porque Luisa/Helena/Heloisa/Luis estava lá dentro, tomando banho com elas, trocando de roupa com elas. Mulheres heterossexuais também se sentiram invadidas e expostas, mulheres lésbicas se sentiram coagidas, e ridicularizadas com aquela situação.


Durante o evento eu e algumas feministas radicais discutimos o quão problemático era aquilo.


Eu queria ressaltar, que ao chegarmos no evento, eu e minha noiva estávamos arrumando nossas coisas, e uma moça da organização do EME veio até ela, supondo que ela era trans – o que eu achei absurdo, ela não é obrigada a performar feminilidade, ela é lésbica, ela NÃO é trans- e disse que havia um banheiro EXCLUSIVO para trans, e explicou pra ela como ela faria pra usa-lo. Haviam cerca de 10 pessoas trans no evento, inclusive um “homem-trans” que nasceu como mulher, foi socializado como mulher, e corria risco de ser estuprada tanto quanto as outras mulheres do evento, e essas pessoas usaram o banheiro exclusivo para elas, pessoas aparentemente transicionadas, enquanto Luisa/Helena/Luis o homem que estava com uma saia emprestada de uma das companheiras do evento, e que fez a barba somente ao chegar ao evento, insistia em usar o mesmo banheiro e alojamento que as outras mulheres do evento (por que será né?) enfim.


Ouve um sarau na noite de sabado 2/05/2015 aonde esse homem estava presente, e de repente quando vimos ele estava beijando uma mulher lá dentro, não foi um selinho, não foi um simples beijo, ele estava beijando ela loucamente, aquilo foi desesperador para A MAIORIA DAS MULHERES, mulheres que eu nem conhecia se revoltaram, mulheres que estavam no mesmo alojamento, que trocaram de roupa na frente desse homem, se sentiram invadidas, nós lésbicas, e feministas radicais tentamos intervir de forma pacífica, cantando alto, pra que todas soubessem que aquilo não iria passar em branco, e Luisa/Helena/Heloisa/Luis, RIU da nossa cara, quando isso aconteceu, rolou um conflito, e algumas moças vieram conversar conosco, não quiseram nos ouvir, disseram que ele sofria mais que todas nós, que ele era “lesbica” e que a gente devia parar com o preconteito e transfobia, mulheres lésbicas se desesperaram, choraram, gritaram com toda força que aquilo ali era lesbofobia, que dizer que existe falo-lésbico é cultura de estupro, é discurso que propaga a violência, que estavamos nos sentindo com medo, coagidas, não quiseram ouvir, não quiseram ouvir !!! Afinal, um homem que decidiu se identificar como mulher dentro do evento, sofria mais que todas nós.


Durante esse conflito dentro do Sarau, VARIAS, VARIAS, VARIAS mulheres vieram até nós, lésbicas,feministas radicais, feministas partidárias, feministas anarquistas, feministas que seguem correntes divergentes ao feminismo radical prestar apoio, dizer que tambem não concordavam com aquilo,, e quando vimos eramos cerca de 50 mulheres expondo o medo e o desconforto com esse homem. 50 mulheres mostraram sua indignação com aquilo, a maioria era lésbica, 50 MULHERES FORAM IGNORADAS E SILENCIADAS.


Uma moça foi ameaçada no banheiro, por outra mulher que estava defendendo Luisa/Helena/Heloisa/Luis. Uma mulher negra e lésbica foi chamada de desumana. Mandaram eu, e mais algumas compas lésbicas “irmos tomar no cú”.


Conseguimos nos organizar politicamente, fomos pra fora do sarau, e fizemos uma plenária, expomos o quanto estávamos coagidas ali dentro, expomos que nos sentimos invadidas e decidimos que faríamos uma intervenção no dia seguinte, domingo 03/05/2015. Chamamos a organização do evento, e uma das organizadoras nos disse que teríamos um espaço pra falar, que queria por escrito um texto, pautando o desconforto daquelas mulheres, para que ela pudesse levar pra mesa do EME, e que nós teríamos local de fala.


Nós ficamos a madrugada inteira discutindo, e tendo cuidado em como elaboraríamos esse texto, durante a madrugada algumas meninas foram dormir, eu, Andressa e Fernanda ficamos até as 7 da manhã concluindo os textos, fizemos um texto geral, que englobava todas as mulheres, e fizemos um texto falando sobre a lesbofobia e a cultura de estupro que tava rolando. Nós não dormimos, nós estávamos exaustas, mas não podíamos deixar que aquilo passasse em branco, que mais uma vez lésbicas fossem silenciadas e agredidas num espaço que deveria ser feminista.


De manhã, todas nós nos reunimos de novo, revisamos os textos de forma coletiva, procuramos a organização pra mostrar, conforme o combinado, e mais uma vez prometeram um local de fala para nós.


Depois de toda a organização ler os textos, decidiram que supostamente não teria mais plenária, os ônibus das companheiras envolvidas na nossa auto-organização, decidiram sair mais cedo. Fomos silenciadas, mais uma vez.


50 mulheres que tiveram coragem de expor seu medo, foram silenciadas, sendo a maioria lésbica, eu tenho certeza que haviam mais mulheres desconfortáveis e não tinham coragem de falar. Chegaram relatos até nós de mulheres que não estavam conosco, mas que pediram “pelo amor de deus” pra que não falássemos nada, porque não queriam ser vistas como preconceituosas.


O medo é a arma do patriarcado, UM homem, silenciou 50 mulheres, precisou de UM homem, pra que 50 mulheres, a maioria sendo lésbica se sentisse com medo, e tivesse a necessidade de nos organizarmos num evento para que ele fosse retirado de lá, 50 mulheres unidas, não conseguiram tirar UM HOMEM de um espaço FEMINISTA. UM homem, colocou a vida e a segurança de 1.000 mulheres em risco.


Se você não entendeu, eu explico melhor. Eu não te culpo — eu tive que ler o relato TRÊS VEZES pra conseguir finalmente digerir a figura geral do acontecido.


É o seguinte. Aconteceu em Curitiba no fim de semana passado o 6o Encontro de Mulheres Estudantes, daqui em diante referido como EME. Aqui há um texto bastante completo sobre o que rolou no evento — os Grupos de Discussão, as exibições de artes, o sarau, etc. Tive que googlear o que diabo é um sarau porque o tempo inteiro eu li o texto interpretando o verbete erroneamente como “CURAU” e fiquei me perguntando o que uma comida feita de carne salgada com farinha de mandioca teria a ver com feminismo.


Minha análise rápida de um evento com esse escopo — acho completamente democrático e válido um grupo (qualquer grupo) se reunir pacificamente para debater assuntos que julguem relevantes para suas causas ideológicas. Entretanto, ao ver o tipo de pauta que essa galera debate, não é a toa que cultivem um sentimento revanchista contra seus aparentes opressores:


Que tipo de mentalidade se imbui num grupo quando o evento de suposta empoderação serve pra martelar, ad nauseum, o dogma de que são oprimidas e inferiores em TODAS AS ESFERAS DE EXISTÊNCIA?


Não é a toa que essa gente vê opressão em TUDO — seu movimento existe numa câmara de eco onde a única narrativa é “somos vítimas. De tudo. De todos. Sempre”. Como você pode sair de lá SEM trajar, digamos, uma camiseta que diz “ODEIE TODOS OS HOMENS”?


O movimento condiciona os membros a dar uma das duas (às vezes ambas) justificativas pra esse tipo de incitação de ódio: 1) “É só ironia”, e/ou 2) “Mas mulheres são mais oprimidas, pare de reclamar!”


Você acha que se uma garota se levanta num desses grupos de “discussão” (o termo está sendo usado aqui de forma flexível) e diz “olha eu ouvi uma música no rádio outro dia e se você reorganizar as letras da canção, dá pra montar a frase ‘abaixo as mulheres’, precisamos lutar contra a misoginia na indústria musical!”, alguém dirá “pera companheira, talvez você esteja vendo pelo em ovo?”


Porra nenhuma. Nenhuma acusação é fantasiosa demais se o alvo é o bicho papão do Patriarcado. O movimento se alimenta da indignação perante qualquer coisa que se interprete como machismo; se um exagero interpretativo aqui ou ali “conscientiza” sobre o “problema maior” da sistemática opressão das mulheres, e daí se ocorre uma forçada de barra aqui ou ali…? Meios para um fim.


Afinal de contas, um grupo pregando ideologia superior mesclada com retórica de ódio histérico NUNCA causou problemas na história da humanidade.


Voltando ao assunto. Curiosamente, o artigo falando sobre o evento faz aparentemente uma breve menção ao incidente reportado pela Lua — embora tenha tomado uma postura contrária a da autora do post do Facebook:



PORRA IZZY PARA DE ENROLAR O QUE ACONTECEU NESSE EVENTO?!?!?!?!


Foi o seguinte. Um sujeito que nasceu com cromossomos Y compareceu ao tal EME. Não é como eu gostaria de passar meu fim de semana, mas não estou aqui para julgar os hobbies de ninguém.


Algumas das ativistas se incomodaram com a invasão masculina no ambiente, mas ele tinha uma boa justificativa — ele é na verdade ELA. Nascido Luis, hoje ele se apresenta como “Luisa”, ou “Helena”, ou “Heloisa”. A autora do post diz que o rapaz oscilava entre as alcunhas, mas aparentemente já se decidiu “Luisa” mesmo.


helena


É estranho que alguém que participe dum movimento que celebre a pluraridades de expressões de gênero, que declare que tal coisa “é simplesmente construção social, sexo é fluido!” se reduza instantaneamente a um discurso Bolsonarístico de “ELE DECIDIU QUE É MULHER, ASSIM DO NADA, E A GENTE TEM QUE ACEITAR ESSA PALHAÇADA!” quando o beneficiado pelo argumento não é conveniente.


A autora do textão continua insistindo que “mas ele é homem, barbado, se veste como homem, não usa batom, gosta de mulheres, É HOMEM!!!” — ou seja, validando papéis de gênero e orientação sexual que seu movimento alega ter como alvo derrubar.


Ontem a indústria cosmética e de moda impunham valores de beleza impossíveis de obter. Hoje? Batom é pre-requisito para ser mulher.


Deixar o suvaco peludo é se manifestar contra a ditadura da beleza feminina, é abraçar a forma feminina em todo o seu esplendor… mas pelo no ROSTO?!?!?!?!?!? PERAÊ PORRA ISSO É COISA DE HOMEM.


Atenção mulheres com buço, que gostam de mulheres, que se vestem “como homens” e que não usam batom: vocês são homens. Assinado: Lua Sophie, feminista.


Manja essa reclamação de “ele tava vestido como homem e pegou uma saia emprestada de alguém no evento!”? Além de reforçar a idéia nada feminista de que “tem roupa pra mulher e roupa pra homem, ora mais!”, esse argumento revela que não passou pela cabeça da Lua que o rapaz é DE FATO uma trans, que pela primeira vez se viu acolhido num meio que a entende e aceita. A possibilidade de que Luísa se viu finalmente na liberdade de se vestir da forma que quer não foi considerada nem por um segundo.


Em vez disso, Lua e as companheiras de luta que  deram like em seu relato imediatamente decidiram que isso é “cara de pau” do rapaz, é uma escolha dele. É o tipo de coisa que, digamos, o Feliciano ou Malafaia diriam espumando pela boca.


A cereja no topo deste bolo de ironia vem na forma de um “muitas mulheres com que eu tive contato lá dentro, expuseram seu desconforto, mas tinham MEDO de falarem qualquer coisa e parecerem preconceituosas“, que nada mais é que uma forma velada de criticar o “ambiente politicamente correto de hoje em dia” que impede alguém de manifestar uma crítica.


Reclamar que “olha que absurdo, não podemos nem falar mais nada e vão nos acusar de homo/trans/mulherfobia” chega a ser inacreditável vindo de uma feminista. Literalmente inacreditável.


Foi nessa parte do texto que eu achei estar lendo uma obra de sátira como o Zambininha, um blog que ironiza esse tipo de militância. Parei de ler nessa parte e desci pros comentários pra ver se alguém revelava a pegadinha.


Nope. Era autêntico. Uma feminista reclamou que o “politicamente correto” está a obrigando a aceitar a orientação de gênero alheia sem reclamar.


A ouroboros começou a comer o próprio rabo. Ativistas do politicamente correto estão oficialmente reclamando que não podem mais reclamar das coisas porque serão tachadas de preconceituosas.


Como se a coisa não pudesse ficar ainda MAIS maluca, a suposta garota trans (eu REALMENTE não sei se a menina é autenticamente trans, ou um troll de nível nunca antes visto pela internet brasileira; seu Facebook parece indicar a primeira opção) tomou banho com as outras participantes do evento nos chuveiros comunitários e PEGOU MULHER DENTRO DO EVENTO.


Vou repetir.


Um rapaz, que aparentemente se apresenta socialmente como homem, mas alegando ser uma mulher trans, e lésbica, tomou banho num chuveiro coletivo cheio de mulheres. E algumas viram problemas com isso, mas não puderam falar nada porque se afiliam a um movimento que tem como cartilha a aceitação de qualquer orientação sexual/de gênero — sobrando a elas apenas se lamentar com “esse politicamente correto de hoje em dia”.


E achando não ter feito o bastante, x meninx em questão PEGOU UMA DAS PARTICIPANTES DO EVENTO.


Ah, e esqueci de um detalhe: como raça é também apenas um “construto social”, diz o movimento, o rapaz (claramente caucasiano) se declarou negra. Ou seja, Luisa é mulher, trans, negra, lésbica — no self service da opressão ela encheu o prato.


Só posso cogitar que elx parou antes de se identificar também como judia, índia pataxó e cadeirante porque ficaria meio exagerado.


Aparentemente o cara descobriu o KONAMI CODE pra desmontar esse tipo de ativismo — identifique-se como mulher trans negra lésbica. Pronto. O dogma dessa turma considera qualquer crítica a grupos oprimidos como anátema, e mulher trans negra lésbica acerta todos os pontos no Super Trunfo da Opressão. Um verdadeiro Exódia do Vitimismo; carte blanche pra fazer qualquer coisa. Tudo que você fale está automaticamente certo, e qualquer um que se oponha a você está automaticamente errado.


Graças a essa mentalidade, um cara foi num evento feminista, tomou banho em chuveiro comunitário com as meninas, e ainda pegou uma das participante.


E pior, o movimento tá dividido por causa dele. A indagação da militância é “validamos a identidade da pessoa, assim mantendo nosso discurso coerente, ou expomos um farsante usando nossa própria cartilha pra minar nossa luta?” Vi inúmeros textões defendendo ambos os pontos. Tal qual Gavrilo Princip dando o tiro que iniciou a Primeira Guerra, Luisa pode ter deflagrado um disparo que vai repercutir e forma irreversível no movimento.


Em outras palavras: tenho a impressão que ele não será o último a usar esse cheat code pra tomar banho com um monte de mulher.


Sabe, eu posso estar 100% errado sobre o feminismo. Sou mesmo um homem branco, privilegiado, cisgênero, hétero, e é capaz de que TODAS as reivindicações das feministas estejam moralmente corretas e que eu critico e discuto porque sou um pouquinho reacionário mesmo, por culpa dos meus privilégios.


MESMO CONSIDERANDO ESSA POSSIBILIDADE, a Irônica Epopéia de Luisa me faz rir pra caralho. É inacreditavelmente surreal ver alguém usar um Game Shark social dessa forma. Foi um golpe de judô ideológico nunca antes visto na minha VIDA.


A propósito: supostamente o cara teria dado num post do FB argumentos relativizando a exploração sexual de menores no funk, a la MC Melody, que não é o tipo de coisa que se faça ou se defenda. Não vão inventar de glorificar o cara, ein?


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Published on May 06, 2015 22:45

May 3, 2015

[ Diário de um (quase) paramédico ] A chegada na base de emergência

bulancia


Como expliquei num texto passado, estou finalizando meu curso de paramedicina com um estágio não-remunerado numa cidadezinha no interior da província canadense onde moro. No artigo anterior dessa série, apresentei a vocês a pacata cidade de Mayerthorpe — e ao mesmo tempo esqueci de explicar um detalhe crucial. Na base onde estou, não atendemos apenas à cidade de Mayerthorpe. Nossas ambulâncias respondem a emergências num raio de até 150 quilômetros daqui. Então, a nossa atividade não é tão pacata assim.


Como falei no texto anterior, de quatro em quatro dias eu jogo minhas tralhas mais essenciais numa imensa mochila (iPhone, Macbook, iPad, leitor digital, algumas HQs do Quarteto Fantástico e se sobrar espaço, comida e desodorante) e viajo 430 quilômetros em direção ao interior.


Meu turno começa às 6 da tarde e termina às 6 da tarde do dia seguinte. Isso se repete por 4 dias, ou seja, na prática eu estou de plantão por 96 horas. Felizmente, não temos que responder chamados durante 24 horas seguidos, mas em dias de azar rola de você sair da base de manhãzinha, antes do sol raiar, e acaba voltando na madrugada do dia seguinte por causa de pessoas desastradas decidindo se acidentar sincronizadamente naquele dia específico.


No meu primeiro dia aqui em Mayerthorpe, cheguei bastante cedo na base, e descobri subitamente que não sabia ainda o código pra abrir a porta. Me vi contemplando o dilema videogamístico clássico — você sabe, o “se tenho uma bazuca, por que precisaria do cartão de acesso azul pra abrir a porta na fase 4?” Da mesma forma, se tenho um veículo automotor e espaço o bastante pra atingir pelo menos uns 70km/h, por que fui barrado pela mera ignorância de um código de 4 dígitos? “Videogames não são tão irreais assim como julgávamos”, fui obrigado a concluir  meneios positivos com a cabeça e aquela expressão universal de quem diz “é mermo”


PODE CRER


Sem ter o que fazer, rodeei a base futilmente. Mandei um email pro coordenador do estágio, sabendo que baseado em seu histórico de prontidão de resposta de email posso concluir que eu já terei meu diploma em mãos quando ele resolver dar sinal de vida. Após uns 10 minutos decidindo o que fazer, a porta se abre subitamente. Um dos paramédicos, um cara baixinho e musculoso com corte de cabelo distintamente militar e cara de ser o rapaz da turma que sempre conta boas piadas, estava indo buscar algo no carro. Ele me olha de alto a baixo e pergunta:


“Você é o Stewie novo?”


Não entendi a pergunta, e meu rosto deixou isso claro. Odeio esses momentos, porque geralmente eu pergunto “o que?”, a pessoa repete exatamente a mesma coisa, eu continuo sem entender, e sou forçado a mais um “ahn, o que?”. O sujeito então repete mais uma vez, e pra evitar esse combo de “O QUE?”, eu então finjo que entendi — o que tem potencial para uma situação de mal entendido de nível Seinfeldiano.


Mal comecei a dizer meu nome, na esperança de que talvez o cara me explique pra onde eu devo ir, e…


“O Stewie do G. É você?”, ele elabora. G é o nome do meu preceptor, ou seja, o paramédico que está diretamente responsável por mim durante o estágio.


“Sim, estou procurando o G”, confirmei, me perguntando como teriam confundido IZZY com STEWIE no email que o coordenador enviou pra base. “Ele já está aqui?”


O rapaz olha pro relógio, franzindo os olhos sob o sol da tarde canadense pra ver o mostrador.


“Não, tá cedo ainda. Ele só deve chegar daqui uns quarenta minutos. Mas você já pode ir subindo e esperar por ele lá em cima com os caras.”


Peguei as minhas tralhas e subi pros alojamentos. Chegando lá em cima, fui recepcionado pelos outros paramédicos, e percebi um padrão — o ar meio militar que senti quando conheci o primeiro maluco lá embaixo parecia uma constante ali. Botas alinhadas e perfeitamente engraxadas na entrada do salão, beliches impecavelmente arrumados, e um perfil físico de macho alfa pegador das baladas.


Todos os caras ali, com exceção minha, poderiam estar em capas da Menshealth. O mais baixo entre eles tem 1,76m (e fica parecendo um anão cercado dos outros marmanjos de 1,90m), todos em boa forma física, e são o tipo de caras que vão pra academia da base quando estão entediados enquanto eu na mesma situação assistiria uma maratona de BobSponja no Netflix comendo manteiga ou algo assim. Terei que me adaptar de alguma forma.


E os caras continuaram me chamando de Stewie, mesmo depois que eu me apresentei como Izzy. Resolvi perguntar que porra era aquela. O que acontece é que “STEWIE” não era confusão de nomes, e sim o nome que eles dão a estudantes. A palavra em inglês é STUDENT, que eles abreviam pra STU. E STU acabou recebendo um diminutivo e se transformando em STEWIE, como se fosse uma espécie de apelido carinhoso. Trocando em miúdos, é como ser chamado de “bicho” pelos veteranos na faculdade — há um misto de carinho e de zoação do recém-chegado.


E todos em plena forma física, com cortes de cabelo nitidamente militares. O ambiente militarizado não deveria ter me surpreendido tanto, afinal, a medicina emergencial nasceu bem recentemente nos campos de batalha modernos, sob tutela e desenvolvimento das Forças Armadas. Por isso, existe ainda hoje uma mentalidade bem militar no exercício da profissão. Imagino que o corpo de bombeiros funcione de forma semelhante.


Pra você ter uma noção da casca-durice dos caras. Um dia desses eu estava lendo alguma bobagem e um dos rapazes berrou “ô Stewie, estou com sede”. Passei por um breve momento de indecisão, até cair a ficha de “ah é, sou o ‘calouro’ aqui, essas filha da putice com calouro fazem parte”. Levanto pra pegar uma garrafa de água mineral da geladeira e o cara fala rindo:


“A geladeira tá muito longe. Me traz lá uma intravenosa, nível 18. Vamo ver se tu é bom, Stewie!”


Ou seja, a “brincadeira” é que ele está com sede mas quer que eu injete soro fisiológico nele em vez de oferecer uma garrafa d’água.


Agora, um negócio: eu não tenho frescura com agulha. Após levar TANTA agulhada no curso, você realmente nem sente mais. É apenas um leve desconforto e só. Este sou em em uma das aulas de intravenosa:



Eu não me incomodo nem quando a furada não sai tão bem.


sangue


Só que nem eu sou maluco a ponto de PEDIR pra levar uma agulhada de um cara que ainda é estudante da coisa. E esses caras não tão nem aí.


Vou na ambulância, pego os materiais, e a propósito? Isso aí não é um pino de encher bola de futebol. É uma agulha 18:


agulha imensa


O cara voluntariamente pediu pra eu fura-lo com isso só pra analisar meu skill na parada.


E é com esses malucos que eu convivo de quatro em quatro dias.


No próximo capítulo, te contarei sobre uma das primeiras emergências REAIS a que tive que responder — um maluco de 40 e tantos anos que tava passeando num daqueles quadriciclos motorizados e capotou (e teve seu pélvis EXPLODIDO no processo) no meio de uma trilha íngreme numa floresta a quatro quilômetros do acesso mais próximo de veículos.


Até lá!


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Published on May 03, 2015 11:53

April 27, 2015

Ok: vamos falar da foto do Joker

Então. O Suicide Squad, mais um filme da DC que já estamos coletivamente antecipando que será uma merda, está sendo filmado neste exato momento. E o diretor David Ayer decidiu que nós reles mortais merecemos dar uma olhadinha no design que seu diretor de arte (aka, o provável real culpado por esta abominação) bolou pro Coringa do Jared Leto:


joker


Então. Referências óbvias a momentos clássicos do Coringa a parte, não estou sozinho em achar que a direção que tomaram para a caracterização do Coringa tá meio… lolwut. Primeiro, e principal, essas tatuagens. Não que eu me oponha ao Coringa ser tatuado — até porque eu duvido que o veremos TANTO ASSIM sem camisa — mas porra, essas tattoos com referências ao personagem são o tipo de coisa que um fanboy do Coringa faria, não o PRÓPRIO Coringa. Tá tão douchebag quando os malucos que fazem tatuagens do próprio nome, por exemplo.


E pra piorar, esse “DAMAGED” na testa (em caligrafia e itálico ainda por cima) é o que há de mais desnecessário. Primeiro que tatuagens propagandeando problemas psicológicos — e ainda mais no meio da cara — faz o Coringa parecer um cara que não foi abraçado o bastante pelo pai ou teve a mesada cortada. Segundo, CALIGRAFIA E ITÁLICO PORRA? Sério mesmo?


E os grills estilo Marilyn Manson/MC Guimê… é. Não tenho nem o que falar. Combina com o contexto “criminoso urbano porraloca” que estão claramente bolando pro Coringa, mas sei lá.


Eu nem teria reclamado tanto da foto se não tivesse visto a photoshopagem em que consertaram os dentes e as tatuagens desnecessárias.




Olhaí. Ficou bacana. Precisava MESMO de tanto guéri-guéri no maluco…?


O Jared Leto é um excelente ator, e foda-se, vou falar mesmo: gosto até do 30 Seconds to Mars, uma frase que não acredito ter sido digitada antes na internet. Estou plenamente confiante de que ele vai bolar uma intepretação foda pro Coringa, bastante distinta da do Heath Ledger.


Mas essa caracterização aí, sei não.


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Published on April 27, 2015 07:24

April 26, 2015

[ Pergunta do Dia ] Que hábito você lamenta ter perdido?

fazer


 


Já comentei antes aqui no meu blog, mas eu lia BASTANTE quando era pirralho. Mas muito MESMO. Eu era o tipo de criança que roubava livros da biblioteca da escola, porque queria rele-los infinitamente sem precisar ficar me preocupando em renovar o “aluguel”, e levava livros pra mesa do almoço, um hábito que revoltava minha mãe.


Só que algo triste me aconteceu lá pelos meados dos anos 90 — a internet. A internet veio semeando em mim o hábito do hiper-multitarefismo: fazer um milhão de coisas ao mesmo tempo, frequentemente não dando o foco apropriado pra nenhuma delas. Mil abas abertas no Chrome, música tocando, Twitter aberto em outra janela… no ano passado upgradeei pra uma configuração com dois monitores, e aí é ainda MAIS DIFÍCIL me concentrar em uma única atividade no computador.


Com exceção de edição de vídeo, que é infinitamente mais produtiva com múltiplos displays, aquela tela ali do lado apenas dilui minha concentração em qualquer tarefa que eu esteja tentando concluir


imagem


E esse culto do multitarefismo tornou quase IMPOSSÍVEL me concentrar pra ler um livro. Num iPad é particularmente difícil, porque há joguinhos, notificações, Netflix e o caralho — por isso eu descobri logo cedo no meu uso do iPad que ler livros nele é algo que pra mim não funciona.


Então comprei ereaders (e ganhei dois da Livraria Cultura!), e eles funcionam muito melhor pra separar a leitura de um livro da hiperatividade em redes sociais… contanto que seu celular não esteja no bolso. E contanto que você não seja o tipo de semi-esquizofrênico que gosta de ficar compartilhando insights a cada parágrafo lido.


Então, parece-me que a internet me estragou no que diz respeito a leitura de livros. Era algo que eu fazia DEMAIS quando mais novo; o que realmente mais me dava prazer na vida quando mais jovem era deitar na cama numa tarde preguiçosa com um dos meus livros favoritos. Até que a internet veio, deu um overclock no meu consumo de mídia, e tornou quase impossível se concentrar na leitura por mais de 10 minutos de cada vez.


Estou tentando consertar esse erro, mas tá foda.


Que hábito você lamenta ter perdido?


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Published on April 26, 2015 20:00

April 21, 2015

[ Diário de um (quase) paramédico ] Conheça a bela cidade de Mayerthorpe!

Olá. Caso você seja recém chegado aqui em meu site, te dou um resumido PREVIOUSLY ON HOJE É UM BOM DIA: eu moro no Canadá, e estou na etapa final de um curso onde me formarei como Emergency Medical Technician, ou EMT, ou “paramédico” em bom português. EMTs são os caras que te tiram de dentro do carro que você estourou no poste, ou que fazem reanimação cardiopulmonar no seu avô pra garantir que o véio viverá até a próxima ceia de Natal (depois dela, não me responsabilizo mais).


A última porção do curso se chama “practicum”, que me dizem ser equivalente a um internato ou uma residência no contexto educacional brasileiro. Se isso parece falsa falta de familiaridade com conceitos brasileiro pra pagar de expatriado cosmopolita, nem é o caso — estou aqui há mais de dez anos e até quando morava no Brasil eu era bem burro pra essas coisas, imagine então agora.


Então. A cada quatro dias, eu coloco minhas tralhas dentro do meu carro e dirijo 4 longas horas em direção ao norte da minha província, até a pitoresca cidade de Mayerthorpe. Uma cidadezinha de mais ou menos mil habitantes que tem todo aquele charme de cidadezinha de interior (viajei muito pelo interior do meu Ceará, e Mayerthorpe estranhamente me lembra muito daquelas viagens).


O único problema é que essencialmente nada acontece aqui, o que torna minha estadia aqui um pouco entediante às vezes. Afinal, eu dependo de pessoas se acidentando pra poder completar meu treinamento.


Quando digo que NADA acontece aqui não é hipérbole, meu caro leitor internáutico que está aqui possivelmente procrastinando seu trabalho. De acordo com o site da cidade, este é um evento que rolará nessa semana:


Screen Shot 2015-04-19 at 10.08.50 PM

“Pintura de um pássaro em acrílico”. Repare também que entre agosto e abril NÃO HÁ EVENTO MUNICIPAL ALGUM.


Tendo algum tempo livre, decidi documentar minhas aventuras aqui, porque afinal de contas, POR QUE NÃO. Entre um octagenário cair no chão e não conseguir se levantar, ou uma criança bater o dedo na porta de um carro, achei que vocês gostariam de ler as desventuras de um aprendiz de paramédico brasileiro num fim de mundo canadense.


Então. Hoje eu cheguei aqui em Mayerthorpe e fui saudado com a placa meio artesanal que a comunidade ergueu na entrada da cidade para servir de aviso aos incautos que continuem dirigindo porque ainda não chegaram na civilização. Nesse momento eu lembrei que, em minhas pesquisas sobre a cidade antes do começo do practicum, eu reparei que TODAS as fotos dessa placa eram em péssima resolução. Decidi desbravar um novo caminho na história tanto da cidade quanto da própria internet, uploadeando a possivelmente melhor foto da placa de Mayerthorpe em toda a rede mundial de computadores.


Olhaí


Após completar esse serviço cívico em divulgar a Mayerthorpe para o mundo, resolvi tirar uma foto que melhor registrasse que eu de fato passei por aqui. Eu faço isso porque acredito, de fato, que sou o primeiro brasileiro a passar por esta cidade.


IMG_5395


Cheguei quase duas horas mais cedo do que precisava pro meu expediente, então resolvi perambular por Mayerthorpe documentando esta pequenina cidade.


IMG_5327


Esta é a principal avenida da cidade, que conecta pontos turísticos como “o posto de gasolina” ao “placa da clínica veterinária que fechou em 2006 mas ainda não removeram”.



Adiante do Izzymóvel, o Bottle Depot — que além de servir como centro de reciclagem de garrafas, é um dos primores arquitetônicos de Mayerthorpe.



Esta placa de Pare foi eleita a terceira melhor placa de Pare da cidade, por 2 anos consecutivos. As categorias são perpendicularidade, tonalidade do vermelho, acurácia da grafia, e efetividade. Eu parei quando a vi, então entendo ter ganho nessa categoria.



Um dos maiores patrimônios de Mayerthorpe, a Pilha de Pneus de Trator ornamenta a avenida da cidade (repare que não preciso dar um nome à avenida, por questão de ser a única) há várias gerações. Metade instalação artística e metade uma pilha de pneus de trator, a Pilha de Pneus de Trator é um monumento à sustentabilidade e expressão artística rural pós moderna.



Um espécime do raríssimo gatus ruralis mayerthorpeensis, visto aqui olhando para meu carro e se perguntando por que diabos eu parei no meio da rua para tirar uma foto dele.


É perfeitamente possível que eu seja o primeiro cearense a tirar uma foto dele, e igualmente possível que serei o último.



Uma residência de Mayerthorpe, com aquela típica aparência “de filme”.



Outra casa, divulgando orgulhosamente a campanha política de George Vanderburg, que está se canditadando a… digamos, Conde, eu acho? A campanha de George Vanderburg promove responsabilidade fiscal, liberalismo econômico e maior presença de placas ganhadoras de prêmios.



Eu acho que o George vai ganhar essa eleição. Só vi propaganda política dele. De repente Mayerthorpe é um Estado comunista estilo a Coréia do Norte, liderada há gerações pela família Vanderburg em eleições de mentirinha onde o patriarca da família é o único candidato nas eleições.



Uma das caixas de madeira de Mayerthorpe, usada sabe-se lá para que. Na cidade grande seria uma possível morada para mendigos; aqui? Uma entrada pra Nárnia é meu chute.



Não vi fumaça saindo desse trailer mas após Breaking Bad é impossível ver um RV sem fazer a conexão mental com o submundo das drogas.



Algumas casas mais tarde, outro possível laboratório móvel de metanfetamina. Parece piadinha e tal, mas pouco tempo após tirar essa foto apareceu perto daquela casa ao fundo uma mulher com cara de poucos amigos, desconfiadíssima do forasteiro aqui. Calma minha senhora, não vou denunciar pra polícia nem nada, quero apenas documentar minha passagem pela sua cidade.



Avistei esse banco à distância. Um banquinho solitário no meio do nada na planície canadense. Nesse exato momento eu pensei em como eu nasci muito tarde para a exploração marítima, e muito cedo para a exploração espacial. Nasci numa época inerte, previsível, sem aventuras, onde todo o mundo já foi cartografado, explorado, e descrito num artigo da wikipédia.


Mas em algum lugar, perdido no vácuo rural canadense, existe um banquinho que jamais foi sentado antes por um emissário da nação brasileira. Eu tive uma certeza tão plena que nenhum brasileiro jamais sentou nesse banco, que se você fizesse um exame de sangue em mim era capaz disso aparecer no laudo.


Então eu parei o meu carro, desci, fiz o que dois grandes representantes da humanidade fizeram naquele dia 20 de julho de 1969.



Foi uma pequena sentada para um homem (epa), mas uma grande selfie para a humanidade. É possível que essa também seja a primeira selfie tirada em Mayerthorpe.


Em um momento eu pensei ter visto um fóssil do passado, uma relíquia de tempos longínquos: uma locadora de filmes. “Que incrível túnel do tempo é esta cidade”, pensei animado. Tenho aqui a chance de explorar um artefato de outra era — caminhar entre as prateleiras de filmes para aluguel tal qual eu fazia em 1996.



Mas minha empolgação morreu prematuramente quando percebi que nem mesmo o interior de Mayerthorpe permaneceu intocado pelo fenômeno dos torrents e Netflix. O prédio estava vazio, e disponível para aluguel.


E essa foi minha pequena tour por Mayerthorpe. Apesar de sempre ter sido um “garoto de cidade grande” minha vida inteira, sempre morando em capitais de estados e tal, eu nutro uma grande admiração por essas cidadezinhas do interior. Me lembram muito, como falei, o interior do Ceará de onde meus avós vieram — uma vida simples, um pouco mais devagar e tranquila.


Só espero que não seja tranquila DEMAIS, senão nunca terminarei meu internato!


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Published on April 21, 2015 18:42

April 17, 2015

O melhor filme indiano que eu já vi na minha vida

O texto é uma repostagem. Estou delirando com cenas de filmes indianos de “ação” no YouTube e achei que podia trazer este clássico ao conhecimento dos novos leitores do site. Se você já leu, paciência — amanhã tem post novo!


Ou leia de novo. É grátis!



Você deve saber que a Índia, além de monopolizar call centers e competir com a China pela posição de provável superpotência mundial nos próximos 20 anos, tem uma afeição por cinema.


Acredito que isso aí é o equivalente indiano de “Senhor e Senhora Smith”. London deve ser “Smith” em indiano.


E a máquina do cinema indiano – referida carinhosamente como “Bollywood” – não se limita a comédias românticas não recomendadas pra diabéticos nem drama mela-cueca, não! De vez em quando um estúdio qualquer libera alguns quatrilhões de rúpias (a Índia, como qualquer país fodido que se preze, deve ter uma inflação astronômica), e algum Steven Spielberg de bigode põe a mão na massa e tentam emular a ação cinematográfica americana.


Olha só. Se você alguma vez se lamentou pelo fato de que o cinema brasileiro não faz tentativas similares, rapidinho você vai entender que isso é na verdade uma benção. Xeu explicar por que.


O cinema indiano é que nem a menina de 7 anos que, após observar a mãe se arrumando pro trabalho, pega o estojo de maquiagem e pinta a cara com oito cores diferentes, passa baton na orelha, come um pouco do ruge e vomita em cima da cama: através da observação eles pegaram a idéia principal, mas a execução – além de falhar catastroficamente – é uma das coisas mais engraçadas que você já viu na vida.


Estava eu noutro dia passeando por um desses fóruns em que os usuários, unidos pelo amor pela pornografia, trocam largas quantidades de links pra todo tipo imaginável putaria. Um dos foristas devia ter dado Ctrl C no link errado, porque o que ele postou no tópico foi isto aqui.



O épico acima se chama “Alluda Majaka”, e a única coisa que sei sobre ele é que é um filme de ação indiano lançado em 1995.


O forista misterioso, que nunca mais retornou ao tópico aliás, não nos deu nenhum contexto em relação ao filme ao qual a incrível cena pertence. Fomos obrigados a teorizar que é um trecho de Puta Que Pariu! – O Filme.


O filme (vou tratar a cena como se fosse O FILME, tá? Mais fácil que ficar falando “naquela cena do filme…” o tempo todo) abre com o nosso Herói algemado e sendo levado de camburão à delegacia – provavelmente.


Que crime o sujeito teria cometido? Podemos ver que ele adere pelo menos a uma das leis indianas mais importantes, que é manter um bigode de pelo menos 8 centímetros de comprimento. Então, não deve ser um completo fora-da-lei.


Como o Herói tinha coisas mais importantes a fazer naquele dia (“não ser espancado por policiais corruptos de terceiro mundo”, logo após “levar o menino pro dentista”), ele nem pensa duas vezes – com potentes chutes bem no meio do peito de seus captores, ele os projeta pra fora do camburão, derrubando as portas laterais que estavam presas por um clipe de papel aparentemente.



O Herói salta pra fora do veículo, desce o cacete em mais um policial armado. Enquanto ambos dançam um balé coreografado, o policial dispara vários projéteis.


Considerando que a Índia é um dos países mais populosos do mundo, cada uma daquelas balas deve ter matado ao menos cinco transeuntes. E se os tiros forem à queima-roupa, estamos falando de vários metros de bigodes chamuscados.


O policial então é arremessado contra o primeiro de muitos parabrisas que explodirão ao longo do filme. Um outro tira apanha o rádio e chama reforços, e então começa a perseguição mais alucinante (e surreal) jamais capturada em celulóide.


O Herói sai correndo no meio de um engarrafamento, e um dos policiais acredita que é uma boa idéia persegui-lo DE MOTO, EM ALTA VELOCIDADE. Previsivelmente o motociclista se enfia no primeiro veículo  que bloqueia sua trajetória, e o impacto projeta o pobre policial a órbita geosíncrona.


blastoff


O Herói jamais pára, nem mesmo após ter praticamente iniciado o programa espacial indiano. Dois jipes tentam bloquear sua correria, mas o habilidoso indiano pula por cima dos dois como se fosse um ginasta olímpico. Se o Herói fosse um personagem de 3D&T, ele e seu bigode juntos teriam oito pontos de Habilidade.


O cara então decide que esse negócio de andar no chão é meio perigoso e decide sair correndo por CIMA dos carros. Quando menos se espera, o espaço aéreo da região é invadido por uma moto voadora inexplicável (que diabo de técnica de perseguição policial é essa? “Jogue uma moto contra o suspeito!”?), mas o Herói desvia com habilidade e escapa.


E aparentemente ele gastou toda a habilidade dele, porque na queda ele engancha o pé entre dois carros. De longe vemos outro jipe da polícia, em alta velocidade ao seu encalço. Nosso Herói se tornará pizza de asfalto em poucos segundos, e os créditos rolarão.


O nosso MacGyver asiático então remove um pedaço do carro sob o qual ele se encontra preso, e o arremessa contra o jipe que se aproxima. O troço se prende à grade do jipe e por motivos que desafiam tudo que conhecemos sobre as leis naturais que regem o universo, isso faz o jipe sair voando.


Futuramente disponível no Flight Simulator - Indian Edition


A única maneira dessa sequência fazer sentido é se as viaturas policiais indianas têm um “modo avião”, assim como o meu celular, mas de forma mais literal. O susto provocado pelo cano arremessado contra o jipe fez o policial apertar um botão sem querer, que causou o jipe a decolar com destino à altitude comercial de trinta mil pés.


Infelizmente como a decolagem súbita não foi antecipada pelo motorista/piloto,  ele falhou em checar todos os sistemas pré-vôo. Por isso, o reversor da turbina invisível (outra tecnologia indiana que um dia dominará o ocidente) não foi desativado, resultado num desastre aéreo que vitimou os tripulantes do carro/aeronave.


Agora, a próxima cena é importante. Eu imagino que eles mataram uns sete ou oito cavalos filmando essa sequência.


Uma inexplicável cavalaria aparece em perseguição do Herói. Por que afinal de contas, se motos e carros não conseguiram alcançar o cara, talvez um downgrade nos modos de transport… wait, isso não faz o menor sentido, porra! Eu imagino que o diretor do filme ganhou esses cavalos numa rifa ou algo assim, e decidiu que ia coloca-los na fita não importa o que.


(Aliás, deixa eu mencionar aqui que a trilha que toca na cena é familiar porque uma musiquinha muito semelhante foi usada no filme A Rocha)


Na tentativa de apreender o fugitivo, um dos policiais montandos enfia as patas do cavalo por mais um parabrisas. O Herói, mais safo que um sabonete besuntado com KY, escapa por um fio mais uma vez.


É nessas que dois dos tiras chegam mais perto e, usando laços que soam como QUALQUER COISA menos laços, conseguem capturar o Herói. E eles saem arrastando-o pela rua, levantando ainda mais questões sobre os procedimentos policiais indianos.


Eis que um poste se aproxima. Os policiais que seguram as cordas vão um pra cada lado do post, o que implica que eles planejavam realmente matar o protagonista, ou não entendem como o corpo humano funciona.


O Herói, agindo rapidamente pra salvar a própria vida salta do chão e… acerta o poste com a virilha. Isso mesmo. ESSE ERA O PLANO DELE: bloquear o impacto com os testículos.


Essa acrobacia – que se tivesse acontecido no planeta Terra teria partido o personagem em duas fatias simétricas – não apenas salva a vida do cara, como também faz os cavalos que o arrastavam dêem uma cambalhota em câmera lenta e caiam num mangue que brotou ali nas rendondezas.


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E pra tornar a coisa maleficamente hilária, você pode ver claramente os fios que usaram pra fazer os cavalos tropeçarem de cabeça na água rasa. E seus jóqueis saem voando, como praticamente tudo no filme.


Mas ainda há outros policiais montados atrás do protagonista. Usando a corda que o prendia (e que não está atada a nada, lembre-se), ele derruba o resto da cavalaria inteira.


Novamente, atente pros fiozinhos atados nas pernas dos pobres animais. Dá pra ver elas por um segundo, logo antes do momento em que os bichos enfiam a cara no chão enquanto desenvolviam velocidade máxima.


O Herói, que até então tava se dando muito bem a pé, decide pegar emprestado um dos cavalos que não sofreu traumatismo craniano na queda. E surgem do éter indiano mais policiais montados correndo atrás do cara.


E chega um momento icônico do filme, imortalizado na internet no formato .GIF. Quando um caminhão bloqueia a trajetória do Herói e seu cavalo, o cara faz a coisa mais fisicamente impossível jamais concebida por um escritor de filme de ação. Nem quando brincava com meus bonequinhos eu desrespeitava tanto as leis universais que descrevem movimento e fricção.


O cara poderia ter pulado o caminhão com facilidade, já que  a cena inteira parece acontecer num cenário montado na Lua. Ao invés disso, ele DESLIZA COM O CAVALO POR BAIXO DO CAMINHÃO, como se este estivesse deitado em cima de vários skates.


Já o jipe que perseguia o cara passa voando sobre o caminhão, de acordo com o esperado.


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Tou sem palavras pra descrever o resto do filme. Há mais sequências-clichê de gente (e objetos inanimados) voando, parabrisas sendo estilhaçados, nego caindo por cima de balcão de feira de fruta, tá tudo lá.


Tal qual o exemplo da criança tentando se maquiar, todos os elementos da perseguição hollywoodiana estão lá, mas misturados exageradamente um por cima dos outros, de uma forma que o resultado final é praticamente uma paródia do objetivo desejado.


E pra não dizerem que faltou explosões, a seqência termina com a ignição espontânea de uma frota inteira de carros, e o uso mais evidentemente óbvio de chroma key que eu já vi na vida.


Industrial Light and Magic, filial de Nova Déli


Se você achava que o uso da técnica em Chaves era hilariamente forçado, think again.


A cômica incorência do filme se estende até ao artigo da Wikipédia que o descreve. Segundo ela,


The movie was directed by E.V.V. Satyanarayana and was released in 1995, at a time when Chiranjeevi was slightly less obese than usual.


Ou seja, o filme foi lançado em 95, quando o ator principal “era menos obeso do que de costume”. Não “menos gordo”, veja bem.


Menos OBESO. O ator principal da película é alguém que, quando em seu melhor condicionamento físico, é referido como “MENOS OBESO”.


O humor não-intencional de Alluda Majaka é tão denso que passa por osmose até mesmo pras mídias relacionadas, como esse artigo da Wikipédia. O descompromisso com a realidade é tamanho que, perto desse filme, Comando Para Matar e Stallone Cobra parecem documentários.


Temo que o imperialismo norteamericano que oprime a indústria de locadoras aqui  do bairro me impedirá de assistir Alluda Majaka em toda a sua glória e esplendor, mas eu sinto que esses cinco minutos aí do youtube me mostraram tudo que eu precisava saber sobre o filme.


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Published on April 17, 2015 15:35

April 16, 2015

10 detalhes que você não percebeu no novo trailer de Star Wars!

MEU DEUS MEU DEUS MEU DEUS SAIU O TRAILER NOVO DE THE FORCE AWAKENS.


Embora no passado eu tenha me decepcionado um pouco com aquele primeiro teaser de 88 segundos, eu deixei claro naquele texto que mesmo assim a minha veneração por Star Wars jamais esfriará. Minha decepção não era com nada que foi mostrado no teaser que vimos em novembro, mas pelo contrário — pelo que não foi mostrado. Foi muito curtinho, muito breve, como aquele seu amigo muito gente boa que apenas dá uma passada na festa e já tem que ir embora 15 minutos depois porque trabalha no dia seguinte. Você não fica puto com o amigo, e sim com a situação que te impede de passar mais tempo com ele.


Continuando a analogia, esse novo teaser é como se o seu amigo voltasse alguns momentos depois e falasse “dane-se o trabalho amanhã, passa uma cerveja aí!”.


Hoje, durante o Star Wars Celebration, a Disney liberou o novo teaser de The Force Awakens. Indo na contramão daquele primeiro, neste teaser eu não esperava ver muita coisa, e no entanto me entregaram BEM mais do que eu achava que merecia:



Alguns detalhes interessantes que notei no trailer. Teaser? É trailer já né, fala a verdade. Dois minutos!



Um Super Star Destroyer caído, com o que parece ser uma X-Wing também avariada na frente. Planeta deserto me faz pensar em Tatooine, que tem uma incrível significância para a mitologia da série. Por um lado, tudo sempre acontecendo nos mesmos locais dá uma impressão de que o universo de SW é pequeno; por outro, quem não gosta de ver locais familiares? Aposto que é Tatooine, sim.


Quem deve ter ficado arruinado com essa montanha de ferro velho (presumo que não é a única no planeta) são os jawas. A demanda pelos serviços daqueles camelôs de tecnologia detonada deve ter caído ao chão…


ERRATA: encontro referências na web que o planeta em questão é Jakku, outro que será modificado na tradução brasileira assim como o Count Dooku (que virou Dookan) e o mestre Jedi Sifo Dias (que virou Zaifo Vias)



O capacete do Vader, avariado e com uma semelhança inegável a uma caveira humana. Nenhum outro item da armadura do Vader (o painel do peito, a capa,o sabre de luz) não seria tão icônico, ou tão claramente referente a morte.


Morte? Na cena, o Luke diz claramente “My father HAS it” (“meu pai a tem”), se referindo à Força — em vez do esperado “my father HAD it” (“meu pai a tinha”). Certamente, o contexto aqui é que o pai do Luke, como visto no final de Retorno de Jedi, foi recuperado e passou a existir além da morte, como um fantasma da Força. Ainda assim, achei o uso do present tense do verbo to have… curioso. Ainda que ele tenha contato com seu pai como um fantasma da Força, me parece incomum se referir ao Anakin como se ainda estivesse vivo.



Mão robôtica do Luke (com uma aparência muito melhor do que todas que vimos nos últimos filmes; mais mecânica, mais artificial. Aqui a gente vê que pelo jeito o Jedi tem uma consideração pelo R2D2, o que faz sentido porque a essa altura o droid é parte da família praticamente.



O sabre do Luke sendo passado à Leia, se podemos confiar no monólogo do Jedi. O sabre do Luke, a propósito, pertenceu no passado ao próprio Anakin. Por causa disso, quando foram filmar O Ataque dos Clones, o Hayden Christensen não tinha opção de sabre. Todos os outros atores puderam escolher seu próprio modelo; o do Hayden TINHA que ser esse, porque é esse que o Obi Wan dá ao Luke no começo do Episódio IV, dizendo que o sabre pertencia ao seu pai — ou seja, precisávamos ver esse sabre específico sendo empunhado pelo Anakin pra que a continuidade fizesse sentido.



X-Wings num planeta, uma cena inédita na franquia. Até onde vi não há nenhuma referência de que planeta seria este, então estou tentado a arriscar que é Kashyyyk, o planeta natal do Chewbacca. Outra curiosidade é que as turbinas das X-Wing são diferentes dos modelos vistos nos filmes anteriores. Reparem:


xwing


Vistas de frente, as turbinas antigas formavam círculos completos; as do novo filme, semi-círculos. O motivo pra isso é que as X-Wings vistas nos filmes anteriores eram o modelo T-65, enquanto a do The Force Awakens é a T-70, um modelo atualizado.



Essa é foda! Stormtroopers (em modelo atualizado) se ajeitando numa formação sinistra, prontos pra seguir cegamente as ordens de seja lá quem é a figura no palanque lá atrás, em um tom que muito lembra uma tropa nazista. De fato, há muita influência da iconografica nazista nos stormtroopers. Começando pelo nome, aliás. O que faz sentido — quer melhor forma de mostrar que os caras são DO MAL do que traçar paralelos com o mais infame exército que já existiu?


E se você parar pra pensar, isso significa que o Harrison Ford enfrentou nazistas normais e nazistas ESPACIAIS.


O selo na bandeira não é o do Império Galático, então do que se trata? Um novo império Sith? Uma facção leal ao império tentando pegar as rédeas da galáxia? O vácuo de poder que segue a derrubada de um ditador costuma produzir esse tipo de resultado no mundo real…



EFEITOS PRÁTICOS! Não importa quão bons os efeitos computadorizados sejam, nosso olho nunca engole totalmente a ação quando é tudo polígono e o fundo é todo verde. O JJ Abrams é dessa nova escola de cineastas que gosta de usar efeitos práticos sempre que possível (em outras palavras, ele EXPLODE COISAS DE VERDADE)e isso deixa as cenas infinitamente mais tangíveis do que o que vimos, por exemplo, na Nova Trilogia.


E você percebeu que, nessa cena, stormtroopers parecem estar lutando contra outros stormtroopers? E na cena logo em seguida…



Quando vimos Finn (o personagem do John Boyega) pela primeira vez, alguns hipotetizaram que o cara estava vestido de stormtrooper como disfarce igual Luke e o Han Solo fizeram no Episódio IV. Essa tomada, no entanto, me faz pensar que o cara entrou no Império com boas intenções, percebeu que estava do lado errado, e tentou sair fora e lutar ao lado dos rebeldes.


E considerando a batalha que aparece logo antes dessa cena, é possível que ele não seja o único desertor!



Combate dentro de um Super Star Destroyer (ou seria um Star Destroyer normal?)! A cena lembra bastante a fuga da Estrela da Morte no Retorno de Jedi, mas ver as naves no chão passa uma ideia MUITO melhor de escala de tamanho do que no espaço.



Eles estão em casa! Chewbacca e Han Solo (este segundo mostrando mais a idade; faz sentido, já que Wookies podem viver por séculos), provavelmente à bordo da Millenium Falcon, ambos com armas na mão — repare o blaster do Han, quase imperceptível –,  possívelmente encarando alguém e descobrindo que tratam-se de aliados. Ou: será que eles estariam roubando a Millenium Falcon de volta de alguém…? Isso faz a frase “estamos em casa”, e as armas empunhadas, fazer bastante sentido!


CADÊ DEZEMBRO QUE NÃO CHEGA MEU DEUS. Vô comprar os bonequinho TUDO.


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Published on April 16, 2015 17:02

April 10, 2015

Eis um vídeo no YouTube que deixará ativistas radicais em parafuso

Aconteceu de novo. Alguém ameaçou a pessoa com quem namorava de expôr vídeos de momentos íntimos obtidos sem consentimento.


Curiosamente, dessa vez vi feminista* em favor de quem faz a ameaça, e culpando a vítima — quem ela nem reconhecem como vítima, aliás, porque “fez por merecer”. Cheguei a ouvir um “se você parar pra pensar, pornô de vingança nem é crime…”


Por que será? Vejamos.


Vez ou outra eu emito opiniões contrárias a alguns movimentos, e por isso já vi quem me chamasse de “crítico social”, ou “formador de opinião”. Posso me entitular um “formador de opinião”? Soa melhor que “blogueiro que escreve umas merdas aí”, que é algo que eu não colocaria no meu currículo. Já “formador de opinião”, porra! Soa como aquele tipo de título que, embora não exija qualquer educação formal, permite ainda assim o sujeito a galgar os estratos sociais que nos dividem. Consigo facilmente imaginar um “formador de opinião” de cartola, monóculo, comendo caviar e dando sua requisitada opinião sobre isto ou aquilo.


Pois bem. Não é de hoje que eu emito críticas sobre alguns argumentos recorrentes do feminismo internético radical (insiro eu mesmo o modificador “radical” pra que não corram aos comentários pra explicar que “nem toda feminista é assim”; eu sei que não são).


Concordo com inúmeros argumentos por justiça social, mas há este ou aquele modo de pensar que aos quais eu me oponho, e atitudes que francamente desprezo, e por causa disso fujo de empunhar distintivos de identificação desse tipo de grupo.


(Não é de espantar se você considerar que eu sou o mesmo cara que apesar de SER tecnicamente ateu, diz não ser “ateu” no YouTube.)


Não compro rótulos (especialmente se pessoas usando os mesmos rótulos fazem merda por aí, de certa forma se associando a mim) e não aceito cartilhas, o que por um lado me torna relativamente imparcial e imprevisível. Eu acho isso preferível a emitir opiniões totalmente previsíveis; seguir ideologia é como responder uma pergunta antes dela ser feita. Não costumo ler editoriais opinativos da Veja pelo mesmo motivo que não leio os da Carta Capital: eu já sei que ponto ambos defenderão.


Por OUTRO lado, essa total desassociação de doutrinas me faz levar chumbo DOS DOIS LADOS. Por textos como este sou chamado de coxinha; já neste, sou acusado de estar na folha de pagamento do PT. Por este texto, ou este, sou chamado de “capacho de feministas”, já por causa dos textos que citei lá em cima, sou considerado em outros círculos como um pernicioso misógino.


E em alguns casos raros, o mesmo texto angaria aplausos dos dois lados, como foi o caso do meu artigo sobre a tal da “friendzone”. A turminha misógina (que frequentemente entoa um lema de “precisamos não precisar mais das mulheres, elas são a fonte de todo o mal!”) gostou da mensagem de auto-melhoramento e de saber quando abrir mão; já as feministas curtiram o fato de que eu rejeitei a idéia de que uma mulher deve recompensar alguém com sexo/afeição por “ser um cara legal”.


Enfim. Eu frequentemente (cansativamente até, eu diria) dou esse disclaimer no começo de textos relacionados a ideologia ou política porque o atual histerismo brasileiro (“PETRALHA LADRÃO!!! COXINHA REACIONÁRIO!!! MACHISTA ESTUPRADOR!!!! FEMINISTA MAL-COMIDA!!!!!”) atingiu níveis tão McCarthyístas que fica realmente difícil ter qualquer diálogo que não descambe a uma caça às bruxas.


OK QUE PORRA DE PREFÁCIO CHATO. Eu odeio vocês por me obrigarem a ter que fazer isso toda vez. Mas a questão é a seguinte.


Esbarrei com este vídeo no YouTube. E em poucos instantes eu percebi que havia encontrado algo que faria esse tipo de ativista furioso ter um Blue Screen Of Death mental, incerto de que ponto EXATAMENTE defender. Vamos ao VT:



Começa o vídeo com o repórter falando que a garota trans “teria sido acusada de extorsão”. Acusação por si só não significa nada, inocente até ser provada culpada, etc. O problema maior é que antes disso o jornalista enfatiza que “ESTE RAPAZ, ou A TRAVESTI, como eles gostam ser chamados…” e eu tive que girar ozóio em reprovação da flagrante transfobia.


O réporter então pergunta qual teria sido a situação, ao que Mayara explica que teve um relacionamento com um sujeito casado, e que ao descobrir sobre o matrimônio do homem, ameaçou divulgar imagens (que ela obteve sem autorização) dos momentos íntimos dos dois.


Ela adiciona que não cobrava o valor do programa ANTES da descoberta, mas que passou a cobrar ao descobrir que o sujeito era casado. Neste ponto eu fiquei legitimamente confuso — isso quis dizer que ela passou a só transar com o cara mediante a pagamento prévio (uma vez descobrindo que não era mais o único romance do cara), ou que ela ficou tão chateada com a descoberta que decidiu cobrar cachê das transas retroativamente…?


Estou inclinado a pensar que a segunda opção é mais provavel, já que bastaria então o cara encerrar o relacionamento e cada um ia pro seu canto para que a situação de extorsão não tivesse acontecido. Ou seja, se minha suposição estiver correta, e sinceramente é o que ela basicamente admitiu na entrevista, ela exigiu pagamento retroativo de todas as transas consensuais de outrora (que agora ela está recaracterizando como serviço prestado sem ressarcimento), sob pena de ter momentos íntimos divulgados nas redes sociais.


Que o maluco é um filho da puta por iludir a trans por 10 meses, não há qualquer dúvida. Acontece que temos aqui um caso claríssimo de revenge porn com premetidação (caracterizado pela gravação sem consentimento), agravado pela questão da extorsão.


Nessa hora eu percebi que não poderia ficar do lado da trans. Por mais que seja de fato uma classe de pessoas extremamente marginalizadas (eu diria, talvez, a MAIS marginalizada — mais que gays, mais que lésbicas, mais que negros), por mais que ela tivesse sido enganada pelo malandro, isso não justifica de forma alguma a prática de revenge porn. Estaríamos abrindo um precedente moral perigosíssimo se começassemos a achar que infidelidade relativiza pornô de revanche.


Só que eu sabia perfeitamente que esse tipo de vídeo ia deixar algumas ativistas confusas pra caralho. Por um lado, temos um gesto inegavelmente criminoso e moralmente deplorável; por outro, temos um membro de uma minoria. E incrivelmente, para algumas pessoas, ser membro de uma minoria é o suficiente para mudar de idéia sobre idéias que eles defendem ferozmente sobre coisas como exposição de intimidade alheia como método de vingança.


Eu vou evitar expor a menina porque sei que às vezes o que planejo (criticar uma atitude) é interpretado por fãs mais fervorosos como um chamado de guerra virtual contra a pessoa. Então, vou evitar por os tweets aqui porque eu sei que simplesmente pixelizar o nome da garota não seria suficiente.


Mas então, teve uma garota que veio confirmar exatamente o que eu havia dito. Imediatamente, a menina contra-argumentou que o sujeito ameaçado também é um filho da puta, algo que 1) não estava sendo contestado e 2) remove o foco do que está sendo debatido, que é a condenação inequívoca de qualquer forma de pornô de vingança, independente das circunstâncias ou motivo.


(Se qualquer pessoa argumentasse que uma garota mereceu ser exposta “porque chifrou o namorado”, seria condenado — e com plena razão. Entretanto, se é HOMEM infiel, é fair game; a repugnância do pornô de vingança deixou de ser absoluta e passou a ser condicional)


Em seguida, a garota entrou numa tangente completamente desnecessária insistindo que “mas pornô de vingança não é crime”. Presumir o contrário foi um erro que cometi no início do debate; um erro factual que não insisti por momento nenhum (o que torna os trinta tweets da menina batendo na tecla da atual legalidade do pornô de vingança ainda mais complicados de compreender) .


Novamente, nem eu, nem nenhuma pessoa sã, relativizaria a asquerosidade do revenge porn insistindo que “mas não é ilegal, tecnicamente falando…”. Mas se a vítima é homem? Novamente, tá valendo: os princípios são flexíveis.


A parada chegou ao extremo quando a garota literalmente falou que o cara “não é uma vítima”. Foi mais ou menos aí que eu desisti de discutir. Logo em seguida ela mandou um tweet sarcástico insinuando que eu a teria chamado de feminazi louca (o que é um flagrante absurdo, visto que eu jamais uso tal termo), e em seguida falou que há “(…)zilhão de minas com a vida destruída por namorado babaca e o cara se dói por um cara que tem vergonha de assumir um relacionamento com uma travesti“.


Sim, ela literalmente tentou me caracterizar como um cara que acha revenge porn algo “trivial”, que só me manifesto sobre quando isso afeta o pobre e indefeso homem.







A propósito, 3 dias atrás repudiei publicamente no Facebook um grupo sertanejo que escreveu uma música fazendo apologia à prática do pornô de revanche.



E, quando a banda começou a deletar o vídeo de todas as redes sociais, salvei o arquivo pra abordar o assunto num vídeo.


Ainda não o fiz meramente por falta de tempo


Este é um ponto que eu abordo muito aqui. A ideologia orienta, ensina, abre o olho da pessoa a situações sobre as quais ela era completamente ignorante. Há, de certa forma, valor numa ideologia.


Só que eu questiono esse valor quando a pessoa passa a aderir à ideologia a qualquer custo, mesmo que isso a force a falar patentes absurdos que ela condenaria em outras circunstâncias — culpar uma vítima, por exemplo.


E eu acho que vídeos como estes expõe essa dissonância cognitiva muito transparentemente. Revenge porn? MAS QUE FILHO DUMA PUTopa, pera, é uma garota trans que ameaçou? E a vítima era um HOMEM? Ah, que vítima o que, ele mereceu. Nem crime é. Tá choramingando a toa! Ele estava sendo INFIEL, cara! Infidelidade conjugal valida expôr publicamente momentos íntimos filmados sem consentimento!


Tá vendo a merda da ideologia? Uma ideologia pode abrir seus olhos, mas cegar ao mesmo tempo. Sou um homem defendendo a vítima neste caso (decididamente mais raro) revenge porn masculino?


Sou um reacionário. Sou misógino. Sou machista. Sou um “omi”. Ando por aí preocupado com “uzomi”.


Não seja assim.


A propósito, eu SEI que são textos justamente como esses que me fazem ser odiado pelos DOIS lados. Meus amigos mais ativistas pensam “porra Izzy você falou uns negócios legais mas no final criticou uma feminista, não pode isso, mano”.


Já meus chegados mais de direita lêem e pensam “é isso mesmo, tem que cagar na cabeça desses esquerdistas, mas que papo é esse de ‘transfobia’, de ‘travesti oprimido’, rapaz? Você tá comprando a ladainha marxista cara, FORA DILMA FORA JEAN WYLLYS”.


Por ficar bem no meio, não sou bom nenhum pra um grupo, nem pro outro. Não me identifico com ninguém e não coloco nenhum distintivo ideológico no peito.


Mas talvez, levar chumbo dos dois lados seja o melhor indicador político/ideológico pessoal que alguém pode ter no Brasil no momento.


*Sim, eu sei que não são todas. Pus “certas” ali justamente por isso. Só que eu não vou ignorar completamente a orientação ideológica de alguém fazendo merda porque isso é “inconveniente” pro movimento, desculpa.


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Published on April 10, 2015 13:55

April 8, 2015

[ A Hora da Justiça ] O mestre do karatê (atenção: final meio mórbido)

Ao longo do vídeo eu fiz uma descoberta meio mórbida, e até repensei em falar sobre esse vídeo aqui. No final decidi que as pessoas são responsáveis pelas situações em que elas se colocam, então (na maioira esmagadoras das vezes), o que acontece com você é culpa das suas próprias decisões. O fato de que eu descrevo de forma cômica a situação em que você se meteu não vai mudar os fatos em nada, então estou inocente perante os olhos de Deus.



Como manda nossa constituição, este é mais um vídeo de briga de rua que começa a ser filmado após o conflito inicial que gerou animosidade entre os protagonistas, me fazendo desejar pelo dia em que algum maluco que anda por aí filmando coisas como seu trabalho full time (como eu) vai capturar uma briga acontecendo desde o começo.


Porém, como também é costumeiro nesses vídeos, mesmo sem compreendermos totalmente o contexto da confusão, o antagonista da situação se torna rapidamente claro. E no caso, o Jovem Muito Bêbado (JMB) que aparece à esquerda do frame se destaca como claro iniciador da treta. Logo no começo do vídeo, o JMB se declara um “lutador treinado em tae kwon do”, o que provavelmente é uma afirmação mais impressionante quando você pesa mais do que aparentes 50 quilos (e isso contando com a jaqueta).


O JMB continua provocando, e o cameraman continua filmando miseravelmente mal, aparentemente constrangido de apontar o celular explicitamente na direção da treta. Alguém sugere que o rapaz embriagado deveria ir pra casa, o JMB continua provocando o rapaz de preto. O rapaz de preto tem pelo menos 5cm a menos que o JMB, mas parece mais no controle de suas capacidades mentais e até um pouco mais musculoso — o que é um alerta de que a situação vai dar merda.


O JMB, que havia anunciado há pouco suas habilidades nas artes marciais, decide mostrar a todos o quão inverdadeira esta afirmação era. Ele ensaia o que eu acho que era pra ter sido um roundhouse kick, exceto que com imensas restrições de orçamento, coordenação motora e, como vemos na aterrissagem, dignidade pessoal. O rapaz de preto poderia facilmente ter emendado um bicudo no meio da cavidade ocular, mas exibiu parcimônia e permitiu a seu atacante que se recuperasse.


A briga muda pro outro lado do pátio e o cameraman pensa “porra, vai que esse otário cai de forma patética de novo e eu perco a cena? Foda-se, vou filmar mesmo”.


O JMB proclama que “tenho 3 anos a mais que você!”, o que na névoa etílica que circula em suas idéias deve ter feito algum sentido. O rapaz de preto, encorajado pela claríssima falta de habilidade de seu agressor, fica um pouco mais confiante e segue os ensinamentos de Jesus à risca, literalmente oferecendo a outra face. Após uma breve ginga dos dois, o rapaz de preto enfia um direito no maxilar do JMB. Ele retorna à luta após um instante de desorientação, mas é facilmente empurrado pra trás pelo cara de preto. Nesse momento a platéia satiriza sua suposta habilidade marcial, chamando-o de “mestre do karatê”.


Antes que o JMB pudesse se levantar por completo, o cara de preto enfia um soco, depois um segundo, e finalmente um terceiro enquanto o JMB mal caiu no chão ainda. Foi um impressionando combo, eu NUNCA vi alguém levar um soco, começar a cair, e levar OUTRO SOCO ainda na queda livre.


Desacordado, resta ao JMB uma pífia tentativa de resgate por seu amigo, o Hipster Descalço — que até tentou engafinhar-se com o rapaz de preto na defesa do amigo mas foi rápida e eficientemente dominado.


PORRA mano!

Independente de quão próximos vocês são, não acho que bater uma punhetinha com a mão do amigo desacordado devesse tomar precedência sobre técnicas mais ortodoxas de tratamento de emergência.


Agora vem a parte triste. Ao terminar de ver esse vídeo, descobri que o JMB era na realidade Justin McKinnon-Blomme, um garoto que desapareceu em Calgary há alguns meses e foi encontrado morto numa árvore (????) há algumas semanas. O garoto havia desaparecido em setembro após uma briga numa festinha (percebo um curioso padrão), sumiu por meses, e aí foi encontrado numa porra duma árvore. Fala-se sobre um possível suicídio com auxílio de um cinto, mas os detalhes são meio esparsos no momento.


Me senti mal por ter rido do moleque apanhando quando a essa altura o garoto está a sete palmos do nivel do mar (na realidade, considerando que Calgary fica a 1km do nível do mar, se você parar pra pensar o JMB está enterrado nos ares), mas, como falei no começo — a opção de ficar bebadaço em plena luz do dia em arrumar treta com quem estava quieto foi dele, não minha, então…


Escala Capitão América de Justiça: Terei que dar um 8.9. O rapaz entrou na cena provocando e foi o primeiro a iniciar agressão física; quando totalmente à mercê do rapaz de preto, não tomou a bicuda na cara que combatentes menos honrosos teriam certamente carimbado naquele momento, então isso tem mérito.


Por outro lado, o auto-controle falhou um pouco quando o rapaz de preto enfiou um soco no JMB já desativado e rumando em direção ao chão, então perdeu alguns pontos ali.


RIP JMB.


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Published on April 08, 2015 13:50

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Izzy Nobre
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