C.N. Gil's Blog, page 67

July 26, 2015

Como ser um garanhão (edição especial para Marrões) - XVIII

XVIII – O Tornado Centrifugador

No dia seguinte acordei com uma estranha pressão numa das bochechas do meu rabo! Fui despertando e dando conta de que não estava sozinho na cama. Virei-me, semi-abri um olho e dou com o Abel a olhar para mim com um sorriso.
-O que é que tás aqui a fazer?
-Tava frio na sala… E eu estava deprimido… Precisava de companhia…
-Hum! Por acaso importaste de desencostar esse tesão do mijo de mim?
-Desculpa, não sabia que te estava a incomodar… A mim até estava a saber bem…
-E há quanto tempo é que estás acordado?
-Há algum, mas sempre gostei de te ver dormir… Já quase me tinha esquecido que dormes nu…
-Como é que sabias que eu durmo nu…
-Ora! – respondeu ele um pouco embaraçado - Fomos colegas de casa durante anos! Vamos descobrindo estas coisas… Para quieto, não te mexas!
-Porquê?
-Péra! Tens aqui uma ramela… - e tentava tirar-ma.
-Pá, podes para com isso?
-Eu tiro já…
-Deixa que eu já lavo a tromba! Xiça…
-Ai, tão susceptíveis que nós estamos. Andas a acordar muito rabugento!
Respirei fundo! Contei até dez… e depois mais outros dez!
-Olha, de qualquer maneira acho que é melhor levantarmo-nos que este cheiro a panque-cas acabadas de fazer está a dar cabo de mim…
-É melhor, é…
-Então vamos! – Ele levantou-se, vestiu uns boxers e eu fiquei à espera que ele me desse alguma privacidade e ele ficou a olhar para mim à espera.
-Vai indo! Eu já vou…
Ele riu.
Adoro essa tua timidez…
E saiu.
Eu lá me vesti, levantei-me e fui o último a chegar à cozinha. Sentei-me e quase de imediato a Lita pôs-me um prato com panquecas à frente.
Olhei para o prato da Cris e parecia uma obra de arte, decorado com doces de fruta, chocolate…
…o prato do Abel não estava ricamente decorado, mas tinha os doces!
…eu tinha panquecas!
-Desculpa Lita!
-Poorque é que me estaas a pedir desculpa?
-Porque devo ter-te feito algum mal… Sobretudo quando olho para o prato da Cris!
-Ai, não, eeu é que peço desculpa! Queria só fazer um agraado à Cris por eela beijar tão bem!
Olhei para o prato dela, olhei para o meu e pela primeira vez em muito tempo senti-me francamente pior do que aquilo que costumava sentir. Aliás, acho que estes dias estavam a começar a esticar a corda no meu estado mental. Levantei-me, fui para o meu quarto, fechei a porta e enrosquei-me na cama! A realização de que eu era um completo falhado apanhou-me finalmente!
Bateram à porta, mas eu não respondi.
-Freeddy, desculpa! Foi sem intenção… Eu não queria esquecer-me do doce nas tuas pan-quecas…
-Lita,… - respondi eu – …não tem a ver com o doce nem com as panquecas. Esquece… Não é culpa tua…
E ali fiquei, não sei por quanto tempo.
Ouvi bater novamente à porta. Era o Abel.
-Freddy, vou entrar.
E entrou.
-Que é que se passa, rapaz?
Não respondi.
-Algum de nós fez alguma coisa que te ofendesse? Sabes que somos todos teus amigos… Fui eu que entrei mas elas estão lá fora bastante tristes e sem saber o que fazer… Até a Cris…
-Não é nenhum de vocês! Sou eu! Eu!
-Mas o que se passa?
-Ainda perguntas? Vinte e nove anos, virgem e nem sequer sei beijar uma rapariga… Aliás, beijo tão mal que o primeiro beijo que recebi fez a outra parte pensar que era lésbica!
-Olha, se te serve de consolo, já somos dois que não tem sorte com as raparigas…
“Óbvio” pensei eu!
-Excepto por um menage com duas colegas o primeiro ano de faculdade, mas andava a experimentar…
Fiquei a olhar para ele! Até ele?
-Mas pronto, como foi um trio só contou como uma vez…
Ya! Era mesmo isto que eu precisava de ouvir! O meu amigo gay tem mais experiencia com mulheres do que eu!
Eu vou-te ajudar, Freddy! És o meu melhor amigo e eu, francamente, acho que te devo isso!
-Ai sim? E como?
-Olha, com uma coisa a que eu chamo “o tornado centrifugador”!
-O que é isso?
-Foi uma técnica de beijo que desenvolvi e que tem uma potencia tal que até os heterossexuais se esquecem de que o são?
-Deixa-te de tretas!
-Não são tretas… Se visses alguns dos gajos que eu já cacei à pala do tornado centrifuga-dor… No entanto há uma condição. Nunca, em caso algum, mostraras a alguém como é que isto se faz.
-Mas achas que resulta mesmo?
-Juro-te pela campa da minha avó que sim.
-Mas a tua avó não é aquela senhora de Coimbra que…
-A minha outra avó!
-Ah!
-Vai lá comer e relaxa um bocadinho na sala que eu fico aqui e vou preparar tudo.
E eu fui. Ainda nada animado, mas fui. A Cris e a Lita deram-me espaço, o que eu agradeci. Quanto ao relaxar, foi difícil. Aliás, enquanto eu esperava era cada vez mais difícil!
Por fim ele chamou-me. Quando cheguei ao quarto as persianas estavam fechadas, havia velas por todo o lado, criando uma atmosfera romântica e o Abel estava vestido como chegara ontem e, ainda mais nesta luz, parecia mesmo a:
-Tisha Montes! Para que é isto tudo?
-Ora, para criar ambiente claro. Agora senta-te que eu tenho de te explicar umas coisas.
Sentei-me e ele esteve cerca de vinte minutos a explicar-me minuciosamente a maneira como o tornado centrifugador era executado (creio que, por esta altura, esperariam que eu revelasse o segredo, não é? Mas não o farei porque este conhecimento em mãos erradas pode ter um potencial avassalador).
-Percebeste?
-Bem, acho que sim…
-Óptimo. Então agora vamos passar à parte prática
-A parte pratica?
-Sim, não há outra maneira de te ensinar senão mostrando-te na prática…
-Mas isso quer dizer que temos de nos beijar?
-Evidentemente!
-Então esquece lá isso!
-Freddy! Pensa assim, são beijos técnicos. Eu sou instrutor e tu o aluno. Não há aqui nenhuma intenção, senão ensinar-te esta técnica! Além disso, se olhares para mim podes bem imaginar a Tisha, daí o cenário e as roupas! Não quero que te passes com isto! Como é? Queres aprender ou não!
Por esta altura já não tinha a certeza de querer, mas depois pensei no que a Lita tinha dito acerca do meu beijo…
-Ok. Bora lá atão!
-Fecha os olhos… descontrai…
E pimba, senti a macieza dos lábios, o sabor a cereja do batom, uma língua a tocar na minha e de repente ele executou tudo o que me tinha dito e o meu coração acelerou, o mundo tornou-se belo, a vida fez sentido, fiquei em paz, e o beijo acabou e eu abri os olhos e era o Abel à minha frente…
-Eu beijei um gajo!
-Acalma-te, respira!
-Eu beijei um gajo!
-Não te passes!
-Eu beijei um gajo…
E levei um estaladão dele na tromba!
-Excentra-te!
E eu excentrei-me!
-Que tal?
-Desculpa! Eu acho que me passei porque foi a melhor sensação até hoje…
-E eu não fiz tudo o que te disse, senão poderias vir a fazer algo de que arrependesses… Não que eu me arrependesse…
-Ah!
-Pois… Mas agora beija-me tu e dá tudo por tudo…
E passei o resto da manhã a beijá-lo e ele a corrigir-me a técnica, até que, pelo fim da manhã já a dominava razoavelmente!

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Published on July 26, 2015 01:44

July 25, 2015

Como ser um garanhão (edição especial para Marrões) - XVII

XVII – Esse vestido fica-te a maatar!

Nessa mesma sexta-feira o Abel resolvera perseguir um dos seus sonhos, como qualquer um de nós deveria fazer, e foi a uma audição para um filme.
A audição não correu mal, sobretudo porque lhe pediram para ficar a seguir. Acabou por assistir às audições dos outros candidatos e, ao fim da tarde foi chamado para falar com o realizador.
-Viva! Abel, não é?
-Sim…
-Abel, gostei da sua audição, mas os papéis masculinos que temos não se adequam a si…
-Há não? Porquê?
-Bem, porque exigem que seja demonstrada alguma… bem… virilidade!
-E então?
-E então, não lhe assentam!
Por incrível que pareça, embora algo preocupado com o que viria a seguir, o Abel até estava a gostar do que ouvia!
-Acha que eu não passo uma imagem viril?
-Acho! Aliás, é por isso que queria falar consigo!
-Então?
-Abel, gostaria de representar um papel feminino?
-Como?
-Um papel feminino. Um papel que eu diria quase escrito para si.
O Abel ficou nas nuvens!
-Acha-me… feminino?
-Sim! E mais, a sua estrutura de rosto é muito parecida com a da nossa protagonista…
-Ai sim? E quem é?
-Bem, por enquanto não lhe posso dizer, mas queria saber se aceita ser maquilhado e fazer um novo teste… Eu tenho a certeza que será a pessoa indicada…
Claro que o Abel aceitou. Dali foi para uma sala de guarda-roupa e logo a seguir para a maquilhagem. Depois de vestido e maquilhado olhou-se ao espelho e nunca se tinha visto tão bonito. Um vestido justo, que lhe descia ao longo do corpo magro, mas bem desenhado, os saltos que lhe alongavam as pernas e a silhueta, a cabeleira loira que lhe enquadrava o rosto, a maquilhagem…
…curiosamente aquela imagem lembrava-lhe alguém, mas ele não estava a conseguir recordar-se de quem…
Fez o teste e foi-lhe anunciado na altura que tinha sido o escolhido. Junto com o anúncio veio uma nota com uma morada onde ele se devia apresentar, vestido como estava, para um jantar com o produtor e a estrela do filme.
Radiante de felicidade, saiu dali e foi direito a casa. Queria surpreender o Chico com a notí-cia. Subiu as escadas para o apartamento como se desse pequenos pulos de felicidade. Abriu a porta, voou através do hall de entrada, entrou na sala…
…e encontrou o Chico de quatro no sofá a ser penetrado por uma ruiva sardenta muito bonitinha com um strap-on…
…e o seu mundo ruiu!

***

Eram dez e meia da noite.
A Cris estava num canto do sofá a tentar libertar-se do trauma de ter de ouvir pop Japonesa durante oito horas! Eu, ao seu lado e a Lita, ao meu, vegetávamos quando, inesperadamente uma lindíssima mulher entra pela sala adentro, com um ar triste e derrotado, sentando-se na poltrona ao pé de nós, tira os sapatos e desata a chorar!
Nós, os anteriormente presentes, olhamos uns para os outros com um ar de tal forma estupefacto que acho que nem nos ocorriam as perguntas necessárias para obter as respostas que se impunham!
A mulher acabou por falar, com uma voz conhecida!
-Mas porquê?
-Abel? – Perguntei eu, reconhecendo-o de imediato – Mas como é que entraste aqui?
-Ainda escondes a chave da porta das traseiras no mesmo sítio. Desculpem, mas não sabia mais para onde ir…
-Mas o que aconteceu?
-O Chico traiu-me…
-Nãão é possível! Ele estava tão apaixonado poor ti… - respondeu a Lita!
-Pois, mas entrei em casa e ele estava de quatro… a ser penetrado… Por uma ruiva!
-Uma ruiva? – Perguntou a Cris – Mas não achas que falta qualquer coisa nessa equação?
-Ela tinha um strap-on!
-Ah! Assim já percebo!
-Mas conta lá essa história do princípio. E até podes começar por explicar porque é que estás vestido dessa maneira… - disse a Cris!
-Estou bem, não estou? – Perguntou o Cris, mostrando um sorriso por entre as lágrimas!
-Estáas o maaximo! – Respondeu de imediato a Lita – Esse vestido fica-te a maatar!
-Fica, não fica?
-Ya! Olha, para te ser franco, fazes-me lembrar alguém… - disse a Cris.
-Tem piada que quando me vi ao espelho também tive essa sensação…
Eu olhei bem para ele e, de repente, ele só me fez lembrar a minha actriz pornográfica preferida, não sei se já vos falei dela, a:
-Tisha Montes!
-O quê?
-Pá, fazes-me lembrar a Tisha Montes.
-A tua actriz pornográfica preferida?
-Como é que sabes disso?
-Ora, em primeiro lugar, eu e o Chico muitas vezes fizemos amor a ouvir-te a chamar por ela, enquanto vias um filme e encetavas processos unilaterais de normalização hormonal por estimulação auto-induzida…
-Vocês ouviam-me?
-Sim! Era tão excitante… Depois porque tens um poster gigante dela na porta do teu quar-to.
Corei. Calei-me. Eu nem estava ali…
-Mas agora que falas nisso, dou-lhe ares, não dou?
-Com essa cabeleira e essa maquilhagem passavas por irmã dela, na boa. – Disse a Cris.
-Sabes quem é a Tisha Montes?
-Não só sei, como conheço. Foi da minha turma do 12º Ano…
-A sério? – Perguntei eu, voltando de repente. Isto, claramente, interessava-me. – E como é que ela era na altura?
-Olha, era uma miúda bonitinha e tímida…
-Tímida?
-Muito. Nenhum rapaz tinha sorte com ela! Era muito rígida. Ainda me lembro que na festa de pijama que a Helena fez…
-Quem é a Helena?
-Era uma colega nossa. Organizou uma festa do pijama quando os pais dela foram para fora num fim-de-semana. Ela foi a ultima a despir-se e tivemos de a obrigar…
-Ninguém diria…
-Pois… Mesmo no jogo do “verdade ou consequência” ela estava muito… conservadora. Só depois de bebermos uns cálices de brandy do pai da Helena é que ela se soltou mais…
-O quanto mais?
-Bem, digamos que depois de eu lhe ter provocado um orgasmo ela olhou muito séria para mim, ainda claramente em êxtase e disse “Oh, meu Deus, isto é tão bom… Quem me dera poder fazer disto a minha vida…”
-Tu foste paara a cama com a Tiicha Moontes? – Perguntou a Lita.
-Ya! Mas já foi há bué…
-Mas tu és lésbica? – Perguntei eu.
-Quem, eu? Não! Ocasionalmente vou para a cama com gajas… E já namorei com uma, a minha ex-baterista, mas gosto de gajos.
-És bi, como eu? – perguntou a Lita.
-Tu és bi? – perguntei eu à Lita.
O Abel aclarou a garganta!
-Ah!, Ya, desculpa Abel, estavas a dizer…
-Bem fui fazer uma audição para um filme.
-Que fixe! – Interrompeu a Cris – E como é que correu?
-Pediram-me para ficar, para me vestir assim e fiquei com o papel.
-Que máximo!
-Vaamos Coonhecer uma Estreela de cinema! – disse a Lita.
-Parabéns, páh! – Congratulei-o eu
-Obrigado, obrigado. Mas dizia eu que ganhei o papel e fui a correr para casa. Se tivesse ido trabalhar só chegava lá por volta da duas da manhã, mas como não fui, cheguei a tempo do jantar, estava a pensar surpreende-lo e irmos jantar fora… Mas foi ele que me surpreendeu a mim. Quando entrei na sala estava ele de quatro a fazer amor com uma ruiva… Agora que penso nisso ela até era bastante bonitinha! Cabelo comprido, aos caracóis, muito sardenta…
-Oolha lá, em que é que oo Chico traabalha? – perguntou a Lita.
-Então não sabes? É modelo de roupa interior…
-Ah! – disse ela com um ar pensativo.
-De qualquer maneira não posso perdoar isto e queria saber se posso ficar aqui uns tempi-nhos, para me organizar, nem que seja a dormir no sofá…
-Por mim tás à vontade – declarou de imediato a Cris.
-Poor mim também, mas aacho que é o Freddy que deve decidir…
-Mas claro que sim, rapaz. Então eu lá te deixava na rua?
-Freddy, és mesmo, mesmo o meu melhor amigo!

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Published on July 25, 2015 01:18

July 24, 2015

Como ser um garanhão (edição especial para Marrões) - XVI

XVI – Eu tento seer simpaatica!

-É o teu primeiro dia e chegaste atrasada! – observou o Rui assim que a Cris entrou na BD’r’Us!
-Pá, não me chateies que eu tem tive um dia lixado…
-Pois informo-te que hoje não será melhor!
-Porquê?
-Porque hoje é o dia em que vais ter de usar isto! – e mostrou-lhe um fato de super-heroina manga, super colorido e com umas azas raiadas como um arco-iris.
-Era só o que me faltava! Porque é que não usas tu?
-Tenho culpa se não fazem isto no meu tamanho?
-Não me digas que quem os faz só faz nesse tamanho…
-Ya!
-Mas quem é que os faz?
-Bem, eu…
-És gay?
-Não!
-És, és!
-Porque é que dizes isso? – perguntou o Rui intrigado.
-Porque não gostas de mulheres e isto é uma espécie de vingançazinha contra as mulhe-res…
-Achas mesmo?
-Acho! E isso é tããão gay…
-Hum! Vendo pela tua lógica, acho que sim, podes dizer que sou um gay, mas que só gosta de mulheres!
-Um gay lésbico?
-Olha que boa perspectiva…
-Um metrossexual, talvez…
-Sim, mas um abandalhado! Acho que prefiro o gay lésbico.
-É justo. Mas agora que já esclarecemos isto, tá fora de questão vestir este fato.
O rui pega no telefone e finge uma chamada:
-Tou? E a Senhoria do Alfredo? Olhe, era só para lhe dizer que uma das inquilinas dele, aquela pequena,… Sim essa das mamas pequenas, ficou sem trabalho por incompatibilidades de uniforme!
-Tas a fazer isto só porque és gay, não é?
-Gay lésbico. Não te esqueças!
Quando ela apareceu já vestida, ele pôs a tocar pop japonesa e o resto do dia foi uma miséria completa…

***

Já a Lita fazia o seu trabalho normalmente, servindo às mesas. Se o resto do restaurante era mais ou menos homogéneo em termos de distribuição de género, as mesas que eram atendidas por ela eram quase só exclusivamente homens.
-Recebes sempre tantas gorjetas das tuas mesas… - comentou a novata, a Sara!
-Oos meus clientes são muito simpáticos…
-E são quase sempre os mesmos todos os dias…
-Devem gostar da comida daqui…
-Achas? – e piscou-lhe o olho, chegando-se ao pé dela e perguntou num sussurro – Tu gastas da comida daqui?
-Pois, realmente…
-Eu acho é que eles gostam do atendimento…
-Eu tento seer simpaatica!
-Eu sei de que simpatia é que eles gostam…
-O que é que queerres dizer?
-Eles vêm cá por causa de ti! Por isso é que recebes tantas gorjetas…
-Não! Não é por mim! Olha paara ti… És linda coom esse cabeelo ruivo, esses olhos de gaa-ta, esse corpinho delicioso…
-Pois, mas não tenho umas destas – respondeu a Sara, pondo-lhe as mãos nas suas mamas, surpreendendo Lita que, com a sua nova convicção olhou para ela e disse:
-Beem, para mim talvez ainda seja um boocado cedo, mas tuu és tão gira… Talveez puudessemos sair um dia destes e beber um copo… Talvez até experimentar algo diferente…
Sara que não esperava este tipo de reacção, para quem o apalpão tinha sido uma mera brincadeira, corou e ficou estática a olhar para Lita, com o seu coração acelerado, com mil imagens a correrem-lhe na cabeça e acabou por responder simplesmente:
-Sim, um dia destes, quem sabe…
E nisto são interrompidas por um estafeta.
-Meninas, desculpem, mas trago aqui um ramo de flores…
-Ah! – respondeu a Sara – É para ela! – apontando para a Lita.
-A senhora é uma tal de Sara Gomes? – perguntou o estafeta à Lita.
-Sara Gomes sou eu! – respondeu de imediato a Sara, recebendo as flores e assinando o recibo!
-Vês?, Afinal não sou só eu… - riu-se a Lita.
-Ora, estas são de um rapaz que eu conheci e temos andado a falar… Ele convidou-me para jantar mais logo, mas eu até estou receosa, e quando estou receosa bebo e quando bebo acabo sempre a fazer coisas malucas…
-Mas porquê esse receio? Tu és linda…
-Mas tu não o estas bem a ver a ele. É um modelo de roupa interior e nem te digo, tem um corpo… E um rabinho… Ai, aquilo é de morrer!
-Fiico feliz poor ti. Mas se não resultar, podes sempre ligaar-me. Aas amiigas são paara isso!
A Sara olhou para Lita, mais uma vez um bocado embaraçada, e respondeu:
-Ok…!
E afastou-se.
“O meu primeiro flirt bissexual!” – Pensou a Lita – “Tãão fixe!”

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Published on July 24, 2015 06:35

July 23, 2015

Como ser um garanhão (edição especial para Marrões) - XV

XV – Foi uma noite em que aviei trigémeos…

A Lita ficou estática!
A Cris ficou a olhar para ela sem saber como reagir!
-Lita, estás bem?
-Herregut! Nunca senti algo assim…
-Lita?
-Passionen! A paixão… Nunca fuui beijada assim! Não pode seer!
Aproximei-me dela, não muito inocentemente, confesso, e disse:
-Se calhar estás confundida! Devias beijá-la out…
Não acabei a sugestão! Ela agarrou-me e pregou-me com um beijo que me fez ver as estrelas todas da via-láctea mais as outras galáxias todas…
…antes de ficar completamente em êxtase catatónico!
Largou-me, deixando-me, literalmente, cair para o chão.
-Känslo! Sem paixão! Será… Será que sou uma lesbik?!?

***

Fui para o trabalho e passei o dia todo completamente nas nuvens. Para ser franco, pela primeira vez na minha vida estava tudo bem com o mundo! O meu primeiro beijo (consciente, pelo menos) tinha-me sido dado pela mulher mais… mais… mais mulher que eu já tinha conhecido! Até acho que ela rivalizava, senão superava, a minha estrela porno preferida, a Tisha Montes… (não sei se já falei aqui dela…)
Mas, enquanto eu estava nas nuvens, a Cris e a Lita voltaram para casa, juntas. A Lita triste, silenciosa, ela que costuma ser alegre como o sol…
Finalmente, sentadas no sofá, ela lá exteriorizou a sua dor:
-Vou sentir taanta falta dos rapazes…
-Calma, Lita, tens de respirar fundo. Para te ser franca, acho que estás a exagerar. As rapa-rigas podem divertir-se umas com as outras…
Ela levanta-se de repente e vai direita à cozinha, a chorar, a Cris arranca atrás dela e quan-do chega já está ela com uma tesoura na mão:
-E voou seentirr tanta falta do meeu cabelo!
-Não! Para… não podes fazer isso!
-Tenho que fazer! Sou muito graande para seer a rapariga…
-Mas o teu cabelo é tão lindo, e liso, e sedoso, e brilhante e cheira a primavera…
-Maas teem dem seer! – gritou ela num pranto desesperado e ia a atacar definitivamente o cabelo quando a Cris, apesar de não o querer e de saber que ia perder a hipótese de uns amassos valentes com aquela voluptuosa mulher, gritou, já em desespero de causa:
-O Freddy é virgem!
A Lita parou, estática.
-Jungfrulig?!?
-Hã?
-Virgem?!?
-Sim, pá, foste a primeira mulher que o beijou e ele passou-se – “Á excepção de mim a dormir” pensou - e por isso é que ele se passou e apagou e não sentiste a tal paixão…
-Maas senti contigo!
-Claro, mas eu, modéstia à parte, beijo muito bem! Queres experimentar outra vez?
Mas Lita pareceu nem a ouvir.
-Jungfrulig?!? Mas como é possível? Com aquele raabo? E um Rockstar capaz de encher um palco de um estádio?!?!?
“Ela espreitou!” pensou a Cris, sentindo uma fúria subir por si acima. “Quem te vai acabar por te cortar o cabelo sou eu!”
A Lita lá se sentou, com o olhar mais doce e triste que Cris já vira.
-Não é só isso! De repente tuodo fez sentido!
Tudo o quê?! Explica lá isso!
-Eu… - corou - …eu,… - corou ainda mais - …eu nunca tiive um orgasmo! – e desatou a cho-rar convulsivamente deixando a Cris a olhar para ela estupefacta, ainda mais do que ficara com a constatação de que eu era virgem!
-Eu nunca tive um orgasmo!
-Mas como? Nem ao fim de horas de sexo?
-Hooras? Acho que o homem que duurou maais comigo foi à voolta de minuuto e meio!
-Então e a cena do outro dia com o Ant… João?
-Eraa eu a teentar excitá-lo ooutra vez, maas ele tinha acabado com uma intensidade tão graande que caiu paara o lado e ficou exausto demais! E teem sido sempre assim, desde o meu primeiro namorado! Toodos dizem “Isto nunca me aconteceu aantes!” mas está sempre a acontecer comigo!
-Mas é sempre assim tão rápido?
-As vezes acaba muito antes de começar sequer!
-Mas o máximo que tiveste foi quanto?
-Minuto e meio, maais ou meenos! E tu?
-Acho que não queres saber…
-Diz lá…
-Sete horas e meia!
-Seete horaas e meeia?
-Yá! Foi uma noite em que aviei trigémeos.
Lita ficou parada a olhar para mim!
-Que confusão! O Freddy é viirgem, Um oorgasmo demora sete hooras emeeia, eu ainda gosto de rapazes e adorei o teu beijo! Mas afinal sou lesbik ou não?
-Talvez sejas só bissexual!
-Bissexual? E as Bissexuais ainda podem ter cabelo cooprido e usar vestidinhos bonitos?
-Até é encorajado!
-Que fixe! Cris, sou Bissexual! E quero que fiques descansada que eu nunca, nunca, nunca me vou fazer ati! Estimo demais a noosa amizade!
A Cris quase começou a chorar ao ouvir isto!
-Oh! Não estimes…

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Published on July 23, 2015 12:09

Como ser um garanhão (edição especial para Marrões) - XIV

XIV – És a Mulher Maravilha, não és?

Eram sete da manhã quando dois despertadores, o meu e o da Lita acordaram a casa. A Lita, ao levantar-se de repente, mandou com a Cris para o chão, tendo esta batido com a cabeça e feito um pequeno golpe.
-Oh, Cris, Deesculpa! Mas, tás ferida!
-Isto não é nada, não te preocupes!
-Não, não, não! Pode ser muito perrigooso! Hoje ficas em casa, não vais trabalhar…
-Deixa de ser tonta, está tudo bem!
-Não! Uma pancada na cabeça é sempre grave – e, vendo o telemóvel da Cris pousado na mesa-de-cabeceira, agarrou-o e começou a varrer os contactos – Deita-te e deixa-te ficar quieta que eeu trago já qualquer coisa para comeres e liigo para o teu trabalho para avisar que não vais!
A Cris entrou em pânico.
-Não é preciso,… - disse de imediato, tentando chegar ao telemóvel - …eu depois trato disso…
-Não, eu insisto! – Respondeu a Lita, esquivando-se e agarrando bem o telefone.
-Mas eu não quero! - Disse a Cris já aos pulos, a tentar chegar ao telemóvel que estava bem, bem, bem lá em cima, na ponta do braço esticado da Lita, quase encostado ao tecto!
-Mas eu é que sei!
-NÃÃÃO! – e pôs-se a tentar trepar pela Acima, a ver se chegava ao telefone!
Entretanto, acabava eu de sair do quarto, ouvi toda esta comoção e, não fazendo ideia do que se passava e estando a porta do quarto aberta, fui até lá só para dar os bons dias…
…e dou com a Cris ao colo da lita, com as suas pernas à volta da cintura dela e uma mão num daqueles vastos bustos que, caso Miguel Ângelo ainda fosse vivo, certamente figurariam na capela cistina, toda esticada para cima, e devo ter tido alguma subida de tensão arterial porque, de repente, senti uma tontura, senti o chão a fugir-me debaixo dos pés e dei um tralho, tendo batido ao de leve com a cabeça no chão e feito um pequeno golpe!
-Ai, meu Deus! – Exclamou a Lita – é uma epidemia!
Largou de imediato o telemóvel da Cris, bem como a Cris, e veio socorrer-me, agarrando-me ao colo e levando-me para a cozinha, onde misturou um pouco de açúcar num copo de água e mo deu a beber!
-Carramba! Nuom sei porquê, mas este tipo de coisas está sempre a acontecer… sobretu-do com homens… se bem que ocasionalmente com mulheres também… mas curiosamente, nunca me aconteceu a mim! E a ti Cris?
-Uma ou outra vez, mas nunca com esta intensidade!
-Também vou ligar para o trabalho dele a dizer que ele não está em condições. E ainda tenho de ligar para o teu…
-Não precisas…
-Mas eu quero!
-Olha Lita, há uma coisa com que eu me sinto mal desde que nos conhecemos todos e está na altura de a dizer de uma vez e pronto!
-O quê? Aquilo de teres mamas pequenas? Não te preocupes, eu compreendo!
-Não, não tem nada a ver com isso! É que eu não tenho trabalho!
-Não tens trabalho? – Perguntei eu de repente, tendo aquela revelação sido o catalisador para me normalizar.
-Bem, quer dizer, sou guitarrista…
-Há!
-…mas despedi-me da banda há duas semanas, e sem haver concertos…
-Mas então como é que pagaste a renda?
-Bem, tinha umas economias, mas estão a acabar…
-Temos de resolver isto de imediato!
-Mas porquê?
-Porque se a senhoria descobre, põe-nos a todos na rua! – e depois sussurrei – O raio da velha é maluca… É sobrenatural, mesmo! Vocês não fazem ideia! Ela vê tudo! Ela sabe tudo! É uma bruxa, é o que é! Aliás, temos de nos despachar e resolver isto, mesmo, antes que ela nos bata à porta…
-Tás a exagerar…
-Não tou não! Ela não é humana! Uma ocasião, estava a chover a potes e eu, ao entrar no prédio, sem querer, deixei uma pegada molhada junto à porta… Uma coisa de nada certo?
-Pois…
-Acreditem, ela perseguiu-me pela cidade inteira e foi-me encontrar no armário das limpezas de um restaurante coreano do outro lado da cidade para me dar um raspanete. Temos mesmo de resolver isto! Lita…
-Sim?
-Agarra na Cris e leva-a para o carro. Vamos!
-Mas eu nem tenho as chaves comigo, estão no meu quarto…
-Eu vou busca-las. Estão onde?
-Na comoda, na gaveta das minhas cuequinhas…
-Sigam que eu vou já atrás!
A Lita saiu a correr, com a Cris ao colo, visto que ainda achava que ela estava muito frágil por causa do pequeníssimo golpe, tendo eu saído logo atrás, com as chaves na mão e pronto para accionar no comando antes de elas lá chegarem. A Lita depositou a Cris no banco do condutor com todo o cuidado e eu entrei no carro no carro e lacei as chaves à Cris, enquanto gritava:
-Vai, vai, vai!
Já tínhamos arrancado quando a Lita, que ia no banco de trás, leva a mão ao bolso de tras das minhas calças e retira umas cuequinhas, dizendo-me:
-Isto estava quase a cair…
A Cris olhou e viu uma das suas cuecas.
-Olha lá, mas aproveitaste para me gamar umas cuecas?
-Não… Não, de maneira nenhuma,… - respondi eu, nervoso – Vieram presas às chaves e eu soltei-as pelo caminho e pus no bolso só para não as perder…
-Pois, pois… Conta-me histórias! Mereces um castigo!
-Um castigo?
-Sim! Vais ter de as usar!
-Que fixe! – disse a Lita – Adooro ver um homem com cuecas piquininas!
-Bem, discutimos depois o meu castigo, agora vamos ao que interessa!
Fui dando indicações de direcção à Cris e, uns cinco minutos depois, chegamos ao nosso destino. Elas olharam para o letreiro e olharam para mim em seguida, tendo a Cris verbalizado a pergunta:
-O que é que estamos a fazer à porta da BD’r’us?
-Eles estão sempre à procura de raparigas para estas lojas. Chamam-lhes de “Docinho”!
-Eu aadoroo doces! – disse a Lita com uma expressão de contentamento.
-Explica lá isso…
-Bem, é assim, uma miúda num balcão de uma loja destas é um chamariz para os marrões, visto que estes assumem automaticamente que têm uma hipótese com elas, por isso passam aqui a vida e a única justificação para isso é comprarem BD’s. É assim que estas lojas sobrevi-vem!
-E o que te diz que me dariam um emprego aqui?
-Dois motivos: primeiro, és punk rocker, o que os marrões curtem punk rockers porque fazem lembrar as heroínas manga; segundo, conheço bem o gerente e a ultima miúda que trabalhou aqui despediu-se a semana passada, portanto…
Ela encolheu os ombros e entramos…
…o que deixou a loja como que suspensa no tempo, com todos os clientes parados, embasbacados de boca aberta a olhar para a Lita. Eu fui directo para o balcão para falar com o Rui, o gerente e elas ficaram junto à porta de entrada, cercadas por um círculo de marrões!
Por fim, um deles lá se achou capaz de articular palavras e perguntou à Lita:
-És a Mulher Maravilha, não és? Chamas-te Diana Prince?
-Pá,… - disse outro marrão - …não vês que ela é loira?
-E então? As Semi-Deusas não podem pintar o cabelo, é?
Eu, entretanto falava com o Rui.
-Pá, é a miúda ideal para teres aqui.
-Ai é? Então tenho um teste para ela. Se passar começa amanhã!
-Ok! Qual é o teste?
-Tem de vender pelo menos um deste livros – e passou uma pilha de livros para as minhas mãos!
-Tás a brincar, vender isto? O Formiga Amarela, o pior super-heroi de sempre?
-Ya! Nós nem as conseguimos dar, mas se ela conseguir vender um…
Voltei para junto delas com os livros e expliquei a situação à Cris.
-Ai é? É só isso?
-Pá, ya, mas digo-te já que não vai ser fá…
Mas ela já nem me ligou, voltou-se para um dos marrões:
-Tu, marrão, se comprares um destes livros, dou um beijo à loira!
-Cris…!!! – exclamou a Lita surpreendida.
-O quê, não me ajudas a conseguir o emprego?
-Maas eu sempre achei que os rapazes achavam que duas raparigas a beijarem-se era muito erótico…
-Sim, mas é só uma vez…
-Tá bem, pronto!
E a Lita deu um repenicado beijo na testa à Cris, o que provocou um enorme desapontamento nos marrões todos!
-Pff! - Disse o marrão interpelado – Só isso?
E volta-se a Lita para a Cris:
-Não me parece que eeles tenham chaado erótico…
-Isso foi porque fizeste mal a coisa… - respondeu a Cris, atirando-se a ela e pregando-lhe com um beijo lésbico daqueles que só tinha visto até então em filmes da minha artista porno preferida, a Tisha Montes…
E, de repente, o ambiente na loja tornou-se frenético, com todos a quererem um exemplar da pior banda desenhada jamais feita e com o Rui a dizer que não vendia a ninguém, que ficava com os livros todos para ele.
-Quando as duas se largaram a Lita estava com um ar atónito e a Cris limitou-se a perguntar ao Rui:
-Quando é que começo?

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Published on July 23, 2015 08:12

Como ser um garanhão (edição especial para Marrões) - XIII

XIII – Bem podias juntar-te a um coro como Castrati!


-Proonto, já vai ficaar confortável.
-Não, não vai! Ele dorme nu, por isso temos de o despir! – respondeu a Cris, e atirou-se a mim, querendo tirar-me as calças, sendo travada pela Lita:
-Naão! Isso não se faz! Temos que garantir a privaciidade dele!
- Olha…! Atão explica-me lá como é que o despimos e garantimos a privacidade dele?
-Hum! Poois, teens alguma razôm! Já sei… - E agarrou-me, virando-me de barriga para baixo – Aassim já deve estar bem!
-Hum! Também funciona! Por acaso queria ver se o RockStar dele enchia o palco, mas já me contento com isto!
E despiram-me por completo, tendo a Cris tentado fazer-me algumas massagens ao fundo das costas… bem ao fundo… no que foi impedida pela Lita. Um bocado chateada, levantou-se, saiu do quarto dizendo:
-Ok, Ok, eu espero-te na sala!
-Eu vou só aconchegar-lhe oos lençoois e vou jaá atrras de ti!
Mas as palavras da Cris ficaram a martelar-lhe a cabeça, não resistiu à curiosidade, levantou o lençol, olhou para o pequeno Freddy…
…mas aquilo que viu lá foi a cara da cris que gozava com ela:
-Hipócrita! És uma hipócrita! Não me deixaste ver mas tu não resististe, né?

***

E acordou de repente com o coração a bater acelerado! Ao seu lado eu ainda dormia pacificamente e do meu outro lado a Cris também! Resolveu que era melhor sair dali, antes que acordássemos os três na mesma cama, levantou o lençol bem devagar, destapando-me parcialmente!
Olhou para mim! “Por acaso ele até tem um corpo giro! E aquele sonho, tão estanho…
…e será que o Rockstar enche um palco?”
Não conseguiu controlar a curiosidade, levantou o lençol, espreitou…
…corou…
…muito…
…eu mexi-me…
…ela assustou-se e saiu da cama rapidamente…
…conforme ela saiu eu virei-me de lado, para a Cris…
…ela sorriu ao ver que eu continuei a dormir e saiu do quarto e, quando chegou à sua cama, deitou-se com um sorriso maroto!

***

Entretanto, eu tinha-me virado na cama e coloquei a mão por cima do seio da Cris. Ela, nos seus sonhos, sentia o Chico a acariciar-lhe os seios enquanto curtia com o Abel e foi desper-tando gradualmente, apercebendo-se da pressão no seu peito, o que até lhe estava a saber bem, sorriu, esticou os lábios para dar um beijo ao Chico, sentiu o beijo nos seus lábios, abriu os olhos, viu-me, assustou-se e quase caiu da cama, o que me começou a despertar, o que levou a que ela se levantasse rapidamente, cobrindo-se com o meu lençol, e eis que eu abro os olhos e vejo uma sombra dela desfocada ao lado da cama, lanço a mão à mesa-de-cabeceira, agarro os óculos, ponho-os, olho para onde estava a sombra, mas não estava lá nada!
“Hum,…” – pensei – “…ainda devia estar a sonhar!” – e de repente dou-me conta de que estou todo nu e destapado na cama, sem sequer me lembrar o que foi feito do lençol!
“Fosga-se! Como é que eu vim aqui parar, que eu não me lembro? Lembro-me de estar na sala, mas depois… Será que tive um ataque de sonambulismo?”
Uma vez que não havia mais nada à mão, agarrei na almofada para tapar o pequeno Freddy e aventurei-me, pé ante pé, para fora do quarto.
“Tenho de encontrar o lençol… Só posso ter tido mesmo um ataque de sonambulismo! Isto de ver séries de terror à noite… Mas onde é que terei deixado o lençol?”
Fui até à sala, a ver se o encontrava e não vi a Cris, que entretanto saiu do sítio onde se tinha escondido, debaixo da cama, a passar para o seu quarto enrolada ao meu lençol!
Fui em seguida à cozinha, mas também não o vi lá, por motivos óbvios!
“Será que eu entrei no quarto de alguma delas e o deixei por lá?”
Entretanto a Fofinha vem para o pé de mim, provavelmente na esperança de eu lhe dar alguma comida. Tentei afastá-la, mas ela não me largava! Fui pé ante pé pelo corredor afora com uma máquina de ronronar atrás de mim. Abri a porta do quarto da Lita, bem devagar, vi que ela dormia a sono solto e atrevi-me a entrar para dar uma vista de olhos. O raio do lençol não estava à vista! Aproximei-me mais da cama, não estivesse para lá e eis que a Fofinha, já impaciente, mia, deixando-me petrificado à medida que a Lita se vira na cama, me agarra na almofada e se abraça a ela, puxando-a para si…
…mas, felizmente continuou a dormir!
“Porra, pá! E agora?”
Sem mais alternativas à vista, agarrei na gata e pu-la a cobrir-me enquanto saia do quarto bem devagar e, assim que fechei a porta senti uma mão no rabo!
-Pá, ainda bem que te vi aqui assim, nestes preparos,… - e agarrou a fofinha, tirando-ma das mãos - …que mais um minuto a segurares a gata assim e bem podias juntar-te a um coro como Castrati! Que é que andas aqui a fazer nestes preparos?
-Pá, devo ter tido um ataque de sonambulismo, acordei todo nu e sem lençóis e ando à procura deles…
-Pois… deve ter sido isso, deve!
-Já vi no quarto da Lita, mas não estavam lá… E tu? Que é que tás a fazer acordada?
-Tive sede e fui beber água…
-Ah! E olha o lençol não estará no teu quarto?
-É capaz…
-Podes ir ver?
-Já vou!
-Porque é que ainda tens a mão no meu rabo?
Ela corou ligeiramente, mas ainda assim deu uns apertões com a mão, largando-me a seguir.
-Por nada!
Depois entrou no quarto e logo em seguida mandou-me com o lençol para cima.
-Vai dormir!
-Pá, a Lita ficou com a minha almofada…
-Hã?
-Estava lá a ver se o lençol lá estava, mas a gata miou, ela voltou-se e agarrou-se à almofa-da…
-Por isso é que tinhas a gata a tapar-te?
-Ya… - Respondi eu envergonhado!
-Ok, vou ver o que posso fazer, mas não prometo nada. Vai-te deitar que se eu conseguir já te levo a almofada.
-Obrigado, Cris! – e virei-me para ir para o meu quarto enquanto ela entrava no da Lita, só me apercebendo depois que o lençol tinha um cheiro divinal a rapariga, o que me deixou com um sorriso de orelha a orelha. E depois ocorreu-me que a Cris me tinha apalpado!
“Uma rapariga apalpou-me o rabo! Apalpou-me o rabo! Que fixe…”
Deitei-me e esqueci-me da almofada, adormecendo de imediato, e ainda bem, porque se ficasse à espera da Cris, bem podia esperar sentado…
Ela entrou no quarto da Lita, deitou-se ao lado dela na cama e ela deu pela intrusão.
-O que foi, Cris? – Perguntou ensonada.
-O Freddy acordou, mas eu continuo muito assustada, posso ficar aqui contigo?
-Claarro! – Respondeu ela – Já agora, o que eé isto? – Perguntou levantando a minha almofada. A Cris tirou-lha das mãos.
-É minha, fui eu que trouxe agora!
-Ah! Ok. Boa noite, Cris!
E a Cris abraçou-a e respondeu:
-Boa noite, Lita!
E, finalmente, a casa sossegou nessa noite…

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Published on July 23, 2015 03:54

Ontem,...

...saia do meu local de trabalho, que está na mais completa rebaldaria devido a mudanças e obras, e volta-se o vigilante para mim, já farto:
-Eh páh, mas quando é que isto acaba?
E eu respondi.
-7 Biliões de anos.
-Hã?
-7 Biliões de anos. nessa altura o Sol vai-se expandir até se transformar numa gigante vermelha e vai fritar isto tudo. Portanto, seguramente, daqui a 7 biliões de anos isto acaba mesmo!
Ele ficou a olhar para mim e finalmente respondeu:
-Atão não importa. nessa altura já cá não ando!

E amodos que foi isto!
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Published on July 23, 2015 02:02

Como ser um garanhão (edição especial para Marrões) - XII

XII – Se quiiseres que te ponha na horizontal, ée só dizerres!

A Cris voltou a si algum tempo depois, no seu quarto, com uma camisa grande vestida e umas cuecas e a Fofinha enroscada ao seu lado. Conforme se mexeu, sentiu algo em cima de si, agarrou o que era e viu que Abel lhe tinha deixado a fotografia de Alfredo junto com uma pequena nota:

“Cris, desculpa deixarmos-te assim, mas entraste numa espécie de extase catatónico e nos tivemos de ir embora. Fica para uma próxima. Nos limpamos tudo, por isso, não te preocupes.
P.S. Levei a tua t-shirt emprestada porque me ficava a matar e combinava com a do Chico”

Escusado dizer que ficou para morrer, mas, embora muito desanimada, lá se vestiu e sen-tou-se na sala com um olhar distante, vazio e em branco a olhar para a televisão.
Daí a pouco entrei eu, a refilar sozinho:
-Mas porquê, alguém me explica? Porquê é que saí de Paitorto? Tava lá tão sossegadito sem ter de levar com gente chata… - e vi a Cris – Olá Cris. – mas segui caminho para o meu quarto para pousar as coisas e pôr-me à vontade.
Entretanto ouvi a Lita a chegar e a cumprimentar a Cris da sua maneira jovial:
-Olá Cris pequenita! E seguiu também para o seu quarto, saindo logo a seguir – Cris, vou começar a fazer um jantar divinal! Vazes-me companhia na cozinha?
A Cris levantou-se cabisbaixa e seguiu-a, sentando-se à mesa, quieta e calada, e a Lita can-tarolava qualquer coisa dos ABBA!
Eu entrei na cozinha e fui directo ao frigorifico buscar uma peça de fruta e cometi o grave erro de perguntar:
-Então? Como foi o vosso dia?
A Lita respondeu de imediato, muito jovial:
-Foi ooptimo! Tive montes de gorjetas. Há muitos clientes que gostam de mim…
-E quase todos homens, não?
-Sim, quase todos! Como é que sabes?
-Foi um palpite ao calhas… E tu, Cris?
E ela desata a chorar, literalmente, baba e ranho, abrindo as comportas da dor da sua alma e deixando que ela corresse furiosa, alagando tudo à volta, e entre soluços conseguiu dizer:
-Hoje… ofereceram-me… o meu… cargo de sonho, mas eu entusiasmei-me demais e estraguei tudooooooo!
-Oh! Pobre piquinina! – disse a Lita, fazendo-lhe festas no ombro para a tentar reconfortar.
-Podemos fazer alguma coisa para ajudar? – perguntei eu.
-Sim,… - respondeu ela – Podemos ir comprar calças para ti… - disse, com o seu rosto iluminando-se de repente.
Que altruísta da parte dela, triste e, ainda assim, a pôr a sua dor de lado e a pensar em mim, nos meus problemas…
Entretanto, não adiantando ela mais pormenores do seu problema, e nós, querendo respeitar a sua privacidade , fomos fazendo conversa e fazendo companhia à Lita, enquanto esta cozinhava.
Por acaso, reparei nos olhares embevecidos que ela dava à Lita, sobretudo quando esta vinha à procura de qualquer coisa e se inclinava, expondo parcialmente aquele glorioso busto que deveria ser considerado património material da humanidade pela UNESCO e deveria substituir o maravilhoso busto da Laetitia Casta enquanto busto da republica Francesa! Calculei que aquilo a animasse de alguma maneira! A mim animava…
Entretanto o jantar foi servido e a Lita insistiu que arrumava a cozinha, estava habituada e seria mais rápido, mandando-nos para a sala e eu liguei a televisão e perguntei finalmente:
-Olha lá, eu já calculo a resposta, mas diz-me lá porque é que queres ir comigo comprar calças?
Bem, porque… porque… - ela pareceu-me mais atrapalhada do que eu esperava - …porque quero ter a certeza que te ficam bem, uma perspectiva feminina, sabes…
-Era o que eu calculava. Obrigado.
-Sim, não é como se eu tivesse visto o teu rabo numa foto, despido, e quisesse uma desculpa para o galar…
Olhei para ela surpreendido, não me lembrando de alguma foto minha despido, a não ser, talvez, em bebe, e ainda assim…
-Viste?
-Claro que não! – respondeu ela nervosamente – É só uma maneira de dizer…
-Ah! Sim, pois, claro!
É que tu não tás a ver, um gajo com um rabinho bem desenhado tem muito mais hipóteses de ser posto na horizontal… - e depois deu-me um toque malandro no cotovelo - …e tu precisas de  ser posto na horizontal…
-Prrrecisa? Algum problema, Freddy? – perguntou a Lita, acabada de chegar.
-Não é Freddy, é Alfredo!
A Lita fez beicinho!
-Oh! Mas Freddy eé mais cool…
-Então pode ser Freddy… - respondi eu derretido.
A Cris olhou para mim com uma expressão estranha e voltou-se para a Lita:
-Estavamos aqui a falar dos problemas do Freddy, da sua v…
-Não há problema nenhum Lita.
-Vê lá, se quiseres que te ponha na horizontal, ée só dizeres… O que é “pôr na Horizontal”?
-Não te incomodes,… - disse de repente a Cris – eu trato disto, não tens de te preocupar…
-Mas vocês são oos meus novos melhorres amigoos. Eu quero que estejam beem. – disse com um sorriso e olhou para a televisão – Olha, está a dar o wuolking dad, é a minha seérie prreferida!
-Tu gostas de séries de terror? – perguntou a Cris.
-Aacho o máximo! – respondeu sentando-se no sofá no meio e pondo um braço por cima de cada um de nós.
Ficamos a ver a série.
De repente, num momento de grade tenção ela dá um enorme grito, agarrame com força conforme salta para o meu colo e abraça-se a mim, enfiando a minha cara nas suas mamas e pronto, não tenho mais memórias dessa noite. Quando ela me largou, aparentemente, e esbardalhei-me no chão!
-Ooh! Cooitadinho! Será que ele está bem? – perguntou a Lita preocupada.
-Deixa-o que isso passa-lhe! – respondeu a Cris – O que é que te aconteceu?
-Assuustei-me!
-Mas esse grito… Parecia que estavas num filme do Hitchcock!
-É poorr issoo que eu gosto de séries de terror. Assustam-me!
-E quando te assustas reages assim?
-Sim, normalmente! Mas olha, tou preocupada com o Freedy! Achas mesmo que ele tá bem?
A cris sorriu maquiavelicamente!
-Está! Acredita que sim! Fazemos assim, ajuda-me a levá-lo para o quarto e deitamo-lo, para ele ficar confortável, que esta noite… …e eu ponho a série em pausa!
-Boa, vamos.
Ao que se me consta ela pegou em mim ao colo com facilidade e levou-me sem esforço até ao quarto onde me depositou, carinhosamente, na cama.
-Proonto, já vai ficaar confortável.
-Não, não vai! Ele dorme nu, por isso temos de o despir! – respondeu a Cris, e atirou-se a mim, querendo tirar-me as calças, sendo travada pela Lita:
-Naão! Isso não se faz! Temos que garantir a trivaciidade dele!
- Olha…! Atão explica-me lá como é que o despimos e garantimos a privacidade dele?
-Hum! Poois, teens alguma razôm! Já sei… - E agarrou-me, virando-me de barriga para baixo – Aassim já deve estar bem!
-Hum! Também funciona! Por acaso queria ver se o RockStar dele enchia o palco, mas já me contento com isto!
E despiram-me por completo, tendo a Cris tentado fazer-me algumas massagens ao fundo das costas… bem ao fundo… no que foi impedida pela Lita, deixando-me a seguir!
Voltaram para a sala, fizeram play à sala e a cada cena mais tensa um enorme grito era ouvido em todo o bairro e Cris disfrutava cada momento! Os vizinhos contaram-me que chegaram a bater-me à porta, receando que eu estivesse a estripar alguma garota (foi aí que eu descobri que eles não me tinham mesmo em grande conta) e que o vizinho do rés-do-chão, o recluso de quem já ninguém se lembrava o nome passou a noite a gritar “Holocausto! Holocausto! Porque é que não me ouviram? Chegou o fim do mundo…”.
Entretanto, para ajudar a isto, começou a cair uma tempestade, o que provocou uma falta de luz, pregando um valente susto às duas que, assustadas, acabaram por se aninhar a mim, uma de cada lado, mas sem levantar o lençol, para não violar a minha privacidade!
-Aachas isto bem? – perguntou a Lita num sussurro.
-Nunca ouviste dizer que numa noite de tempestade até um ursinho nu serve?
E foi assim que eu, literalmente, dormi com as duas… e há altura podia não o saber, mas que ainda me lembro do sonho que tive com elas…
(espero não ter molhado a cama…)
(…e se molhei, espero que elas não tenham dado por isso!)

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Published on July 23, 2015 01:48

July 22, 2015

Como ser um garanhão (edição especial para Marrões) - XI

XI – Nunca me diverti tanto nu com uma rapariga!

-Pá, já paravas de chorar, não? – Perguntou-me a Cris, no meio da rua, após sairmos do café.
-Eu queria, mas não consigo parar! – e agarrei-me a ela num abraço apertado.
-Pá, a sério, eu nunca tive de reconfortar um tipo chorão!
-Isso é porque nunca estiveste com alguém que já estava sem esperança há tanto tempo…
Ela bem se queria desembaraçar de mim, mas eu não a largava e agarrava-me a ela como um naufrago a uma tábua de salvação. Talvez já em desespero ela volta-se para mim e diz:
-Pá, sabias que eu já entrei num filme porno?
Parou tudo! Larguei-a, os olhos secaram-se-me e fiquei atónito a olhar para ela:
-Desculpa?! O que é que disseste?

***

Entramos em casa, constatando que o barulho já tinha acabado. A Cris foi directo para o quarto e eu sentei-me na sala e liguei a televisão com o som muito baixo, à espera que ela se juntasse a mim. Ela veio logo em seguida com um DVD na mão.
Pus o DVD a rodar e fomos vendo um filme, porno gay, daqueles sem piadinha nenhuma. Também, seriamente, dificilmente iria achar piada àquilo. No entanto, ela parecia gostar…
…até que começa uma cena com três matulões entroncados, numa cama, a curtir uns com os outros, nus, e…
…de repente vê-se entrar no plano a Cris, com uma câmara de filmar caseira e um ar completamente esgazeado e ouve-se alguém a gritar de fundo “parem essa maluca que entrou!” ao mesmo tempo que os actores paravam e olhavam com um ar estupefacto para ela.
-Pá, não acredito que deixaram isto no filme…
-Sabes como é… produções de baixo custo…
-Tá bem, mas mesmo assim…
Na televisão ouvia-se a voz da Cris a perguntar aos actores “Pá, vocês fazem espectáculos privados?” enquanto um gajo com o tamanho de um camião TIR a agarrava e a levava para fora.
-Bem,… - acabei eu por dizer - …pode-se dizer que foi… interessante! Mas agora está na hora de ir deitar.
-Tens a certeza? É que…
-Tenho a certeza. Amanhã é dia de “escola”!
-Ah! Pois… - respondeu ela com um sorriso meio nervoso.
-Boa noite, Cris, e… Muito obrigado por tudo!
-Sempre que for preciso, companheiro.
E lá a deixei na sala, sentada no chão em frente à televisão, e fui para o quarto onde consegui afastar a Fofinha o suficiente para me deitar, deslizando para a terra do nunca com um sorriso nos lábios.
Aquilo que eu não sabia é que no quarto ao lado, o João dormia completamente K.O. e, ao seu lado, a Lita contemplava o tecto com uma tristeza profunda…

***

Acordei tarde, vesti-me à pressa, sai do quarto e fui para a casa de banho, sai e fui para a cozinha onde a Lita e o Ant… João acabavam já de tomar o pequeno-almoço, bebi um café à pressa enquanto eles saiam já e creio que foi o bater da porta que acordou a Cris. Tinha adormecido na sala e passara a noite no chão. Quando acabei de beber o café, fui direito à porta e vi-a, ainda estremunhada.
-É melhor despachares-te senão ainda chegas atrasada ao trabalho!
-Yá! – disse ela, de novo com um sorriso nervoso – A minha patroa mata-me…
E sai disparado, deixando-a para trás!

***

Como tantas coisas nesta história, o que se passou não teve intervenção minha, mas convém contar-vos, senão não perceberão algumas coisas mais tarde!
A verdade é que a Cris me mentiu acerca do emprego. Não tinha emprego nenhum e, logo que eu e a lita saímos, foi comer qualquer coisa, sentou-se no sofá a fazer zapping, mas, invariavelmente, não dava nada de jeito na televisão.
Foi praticando e compondo na guitarra durante toda a manhã, foi buscar uma treta qual-quer ao frigorífico para almoçar, e por esta altura já estava completamente entediada.
Efiou-se no sofá, com o cérebro a vegetar, até que se começou a lembrar das cenas dos dias anteriores e as suas hormonas começaram a entrar em erupção…
Levantou-se num repente, foi ao quarto buscar um DVD que pôs a rodar logo em seguida e, sozinha como estava, pôs-se à vontade na sala e começou a ver o filme. Se as hormonas já estavam aquecidas, mais ainda ficaram e a sua mão começou a ganhar autonomia, as sensações invadiam-na, fechou os olhos…
-Afri Caminha? Isso é um clássico! – Não ganhou para o susto, cobrindo-se de imediato – Gosto especialmente da parte em que eles fazem a cena nas asa do bi-plano! É tão romântico…
-Abel?! Mas o que é que estás aqui a fazer?
-Olá Cris. Desculpa entrar assim, mas a chave das traseiras ainda está escondida no sítio do costume…
-E o que é que estás aqui a fazer?
-Esqueci-me de uma caixa nas mudanças e vinha busca-la. E tu? Não foste trabalhar?
-Eu… Hã… Tou a fazer o turno da noite!
Ele olhou para ela desconfiado.
-É verdade pá! Porque tas a olhar para mim assim?
-Ok. Como queiras. Eu vou só apanhar a caixa… - e ajoelhou-se no chão, à sua frente, metendo a mão por baixo do sofá - …e já te desamparo a loja! Olha, já agora… - continuou ele levantando a mão com umas cuecas de renda - …acho que deixaste cair isto!
-Hã, pois, ya… - balbuciou ela enquanto as agarrava.
Entretanto ele tira uma pequena caixa debaixo do sofá.
-Ah! Minha querida, meu amor, minha preciosa, eu sabia que ninguém te encontraria debaixo do sofá…
-Isso é uma caixinha secreta?
-Não tens nada a ver com isso.
-O que é que tá lá dentro?
-Já te disse que não tens nada a ver com isso.
-Vá lá, diz lá…
-Não, deixa-me!
Ela manda-se a ele, tentando chegar à caixa.
-Eu tenho que saber!
-Larga-me. Não, já disse que não!
-MOOOSTRAAA! – e deu-lhe um encontrão tão grande que a caixa lhe saltou das mãos, caiu ao chão e espalhou todo o seu conteúdo pelo chão da sala, deixando-a completamente aparvalhada com o que viu.
-Que é isto?
-Bolas, páh! Lá se vai o meu segredo…
-Explica-te lá, vá, desembucha!
Ele suspirou resignado!
-Pá são fotos de ex-namorados meus, semi-despidos ou nus, e de uma data de gente que nunca percebeu que andava atrás deles com uma câmara… - respondeu o Abel envergonhado.
-Óh meu Deus! Isto parece a manhã de Natal! Olha só para estes abdominais… E esta sala-da… Cool, um beijo triplo…
-Mas é um natal moreno, que a caixa de louros e ruivos está…
-Para tudo! – e levanta uma foto do chão, ficando estática a olhar – Este é o Freddy?
-Ya!
-Mas como é que fizeste esta foto?
-Bem, ele costuma dormir nu e de verão, com o calor, destapa-se! Eu às vezes ia para o quarto dele só para o ver dormir…
-Que belo rabinho que ele tem! Quem diria…
-Ya! Se ele quisesse…
-Abel, tu tens um fraquinho pelo Freddy?
Ele encolheu os ombros.
-Mas não digas nada ao Chico, ok?
-Claro que não, sou um túmulo! Só é pena as fotos estarem assim, já cheias de vincos…
-Não faz mal. São só copias. Tenho os negativos no cofre de um banco. E estão assim por-que quando estava sozinho em casa tinha uma panca…
-Então?
-Adorava espalhá-las assim no chão e rebolar-me nu nelas!
Ela ficou estática a olhar para ele durante uns momentos e depois começou a tirar a T-Shirt:
-O ultimo a chegar é um ovo podre!
-Peraí que eu vou buscar a caixa dos loiros!

***

Uma meia hora depois estavam os dois nus, deitados no meio das fotos com uma expressão de estrema felicidade.
-Isto foi, mesmo, mesmo o máximo! – disse a Cris.
-Ya! Nunca me diverti tanto nu com uma rapariga!
Levantam-se os dois e volta-se ela:
-Pá, isto já merecia um abracinho, não?
-Acho que sim! – e abraçam-se, aproveitando ela para lhe apalpar o rabo, e estão nisto quando ela ouve outra voz masculina:
-Beeeem! Posso juntar-me a vocês?
-Chico! – Exclamou o Abel – não disseste que me esperavas no carro? Foi um bocado rude da tua parte… - e só então reparou que, por algum motivo, fosse lá ele qual fosse, a Cris estava a babar e catatónica – Olha só o que fizeste! Acho que a partiste com o susto!
-Pá, desculpa, mas enquanto esperava fui lá abaixo à pastelaria buscar aqueles croissants que tu curtes bué, aqueles com doce de noz…
-Os da pastelaria do Sr. Júlio?
-Esses mesmo, e como ainda estavam quentinhos queria comê-los contigo, mas cheguei aqui e dei com uma coisa ainda mais quente…
-Mais quente? Mas tu és bi?
-Ya!
-Mas nunca me disseste…
-Nunca perguntaste…
Entretanto a Cris, balbuciava “sim, sim, oh sim, por favor!” enquanto se babava, com o cérebro ausente algures.
-Bem,… - disse o Abel – …de qualquer forma não me parece que fazer alguma coisa com ela agora fosse muito ético…
-Ya, tens razão! Vamos mas é vesti-la antes que o Freddy chegue, senão ainda lhe explode a cabeça…
-Qual delas?
-Olha, boa pergunta…

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Published on July 22, 2015 08:34

Como ser um garanhão (edição especial para Marrões) - X

X – Esse barco já passou há uns tempos!

Engasguei-me com o café quente de que nem sequer gostava, tossi até às lágrimas e, quando finalmente me controlei lá lhe respondi:
-Xiça! Quando atacas vais directo à jugular!
-Yá! Sobretudo quando se fala do meu assunto preferido: Sexo!
-Julgava que o teu assunto preferido era o teu rabo…
-Posso ter dois, não posso? Além disso estão relacionados!
-Bem visto!
-Bem, mas conta-me cá, tens medo das gajas, é?
-Olha eu,… - disse eu, sentindo um rubor nas faces que denunciava claramente o meu desconforto.
-Deixa-te disso, páh! Faz de conta que eu sou um gajo!
-Não preciso fazer de conta. Já te vejo como um…
Ela olhou para mim irritada.
-E que tal uma chávena de café a ferver na tua pélvis? Hã?
-Não era isso que eu queria dizer… - desculpei-me eu nervosamente, imaginando já o pequeno Alfredo com uma queimadura.
-Mas conta-me lá, como é que alguém chega aos 29 anos sem… Bem, basicamente, sem ter feito nada?
-Bem, eu venho de uma família muito tradicional, muito católica…
-Tou a ver. Toda aquela cena do sexo antes do casamento…
-Ya, e levar com uma vida inteira de me fazerem sentir culpado por aquilo que sentia, dizendo-me que isso me distraia do meu crescimento espiritual, a insistência dos meus pais e avós para que eu entrasse num seminário…
-E entraste?
-Não, não entrei. Não queria ser padre, mesmo!
-Mas olha que há padres que se safam à grande…
-Ya, mas a determinada altura, quando vim para Lisboa estudar, lá me consegui libertar um bocado da religião…
-E diz-me uma coisa, como é que alguém consegue passar por uma universidade e sair vir-gem de lá?
-Olha, é porque tenho a nítida sensação que todas as raparigas por quem me interessei passaram o tempo todo a gozar comigo, a fazerem joguinhos da treta, e acabei por me cansar disso! Aliás para te ser franco, tu és a gaja mais fixe que eu já conheci!
Ela derreteu-se toda quando eu disse isto.
-Achas mesmo? A sério? – mas depois parou a olhar para mim, a sua expressão mudou para uma de incredulidade e reformulou a pergunta num tom de quem tinha alguma dificuldade em acreditar no que eu tinha dito – A sério?!
-Yá!
-Pá, mas eu também me meto contigo e gozo contigo…
-Yá, mas é diferente. Já percebi que é a tua maneira de ser e de brincar e não te levo a mal.
-Ela ficou com uma expressão séria, que me dizia que as minhas palavras, aliás, mais do que as palavras, a maneira como eu me sentia em relação a ela a tinha tocado.
-Pá, mas pelo menos gostas de mulheres, certo?
-Se vires a minha colecção de pornografia lésbica…
-Tu tens uma colecção de pornografia lésbica?
-Pá, ya…
-Tens de me mostrar isso um dia destes. Agora que somos melhores amigos devemos partilhar tudo!
-Mas tu curtes pornografia lésbica?
-E gay e bissexual… O que é que há para não gostar? As histórias são tão kitch! – e depois parou e olhou para mim com um olhar perscrutador – A não ser que tu sejas um daqueles pervertidos que gostam é de porno sem histórias…
-Bem, eu… eu…
-Sim?
-Eu também adoro porno com histórias!
Ela levantou-se, deu a volta à mesa, fez-me levantar, abraçou-me e declarou:
-Vamos ser melhores amigos para sempre! E para comemorar, vou buscar dois doces.
Largou-me e foi ao balcão. Eu sentei-me e continuei a beberricar o café. Ela voltou com duas taças de leite-creme, pôs uma à minha frente, sentou-se e deu uma colherada no seu.
-Olha lá, nos estilos de porno que disseste que gostavas não falaste no hétero…
-Pá, yá, se queres histórias realmente kitch e no porno hétero, mas aquilo não tem grande piada para mim porque anda tudo à volta de fazer o gajo vir-se. Aquilo é umas lambidelas, umas cavalgadas pela frente, depois por trás e acaba o gajo a deixar-lhe a cara toda pegajosa e pronto. E, acredita, isso é mesmo um granda corta-tesão!
-A sério? Eu julgava que as gajas curtiam isso…
Ela olha para mim com um olhar de “Achas mesmo?”, mete os dedos no leite-creme, levanta a mão até perto da minha cara, sacode-a e salpica-me todo de leite creme.
-Agora imagina isso, mas ainda mais peganhento, mais quente, mais salgado e a fazer-te arder a vista!
Fiquei a olhar para ela! Realmente nunca tinha pensado nas coisas assim!
-Pá, e os orgasmos simultâneos?
-Boa sorte com isso!
-E os pelos púbicos depilados?
-Já depilaste os teus? Faz uma comichão…
-E a vontade de fazer anal?
-Bem, há algumas que até gostam demais… Mas na grande maioria é só uma data de dores e um andar esquisito no dia a seguir…
O castelo das ilusões que tinha construído desde a minha adolescência desmoronava-se assim, repentinamente! Sentia-me profundamente desiludido, enganado até! Finalmente admiti, tanto para ela como para mim:
-Pois! Estou a ver que a minha dependência exclusiva da pornografia me fez criar expectativas irrealistas em relação ao sexo!
-Ya! – Corroborou ela – Mesmo! Mas tens de ver a coisa pelo lado positivo…
-Que é…?
-Agora estou aqui eu, e eu, meu querido amigo, vou-te ajudar a arranjares gajas. Aliás, não tarda nada até hás-de andar aborrecido de tanta rata!
-Tu vais-me ajudar?!
-Sim, claro!
-Mas porquê?
-Porquê? Ora essa! Somos amigos, tu precisas de ajuda, eu ajudo! Simples!
-Mas, pá, nunca ninguém me quis ajudar… Não és a primeira pessoa a quem eu falo disto, mas nunca ninguém se quis envolver, todos diziam que com o tempo aconteceria naturalmente…
-Olha, pá, esse barco já passou há uns tempos!
-Mas eu não acredito que mereça ajuda… - estava tão comovido que as lágrimas me subiam aos olhos.
-Rapaz, se eu disse que ajudo, é porque ajudo mesmo. Garanto-te que não vais chegar virgem aos 30. Além disso eu sou perita em “acasalar” pessoal e sempre me dei bem, excepto uma vez, mas essa também não conta para nada!
Vim a saber mais tarde que essa tentativa falhada tinha sido nem mais nem menos que uma maquinação para transformar dois héteros em bissexuais para irem para a cama com ela, mas a coisa correu mal… Muito mal!
-Fizeste anos há pouco tempo, não foi? Isso ajuda-nos e dá-nos mais tempo. Mas vais ver que não tarda nada vais andar a nadar em ratas!
Não me consegui conter:
-Oh, Cris, obrigado! Eu… eu… - não consegui conter a emoção. As lagrimas começaram a correr livremente!
-Freddy, tas a chorar? Desculpa! – Ela levantou-se e deu a volta à mesa – Não te queria perturbar assim…
-Não é isso! – Respondi eu aos soluços e depois agarrei-me a ela, abracei-a e explodi – Se soubesses há quanto tempo eu queria ouvir essas palavras…

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Published on July 22, 2015 04:42