Denise Bottmann's Blog, page 44
September 7, 2013
kafka, a colônia penal, l.e.l.
no luminoso artigo de sousa, brito e santos, "a recepção da obra de franz kafka no brasil", publicado no periódico pandaemonium germanicum, n. 9 (2005), disponível aqui, encontramos a seguinte passagem:
bem, não há muito mistério: trata-se da organização feita por max brod para os escritos reunidos de kafka, gesammelte schriften, correspondendo a seu primeiro volume, erzählungen und kleine prosa, publicado em berlim pela schocken em 1935.
faço aqui um breve reparo a um equívoco que se repete com frequência no artigo de sousa, brito e santos: segundo os pesquisadores, torrieri guimarães teria feito sua tradução a partir do francês. não, a língua de interposição foi o espanhol e a tradução de base utilizada por ele para a colônia penal foi a de juan rodolfo wilcock, publicada pela emecé em 1952, com o título de la condena.
há, porém, algumas diferenças de conteúdo: primeiro, a omissão de "descrição de uma luta", que foi publicada no volume d'a muralha da china, também em tradução de torrieri guimarães; segundo, e muito interessante, a inclusão de "a metamorfose", "um artista da fome" e "um artista do trapézio", contos para os quais torrieri recorreu às pretensas traduções de jorge luis borges, estrambótica novela que já comentei extensamente em posts anteriores.
veja também:
kafka no brasil: inglês, francês, espanhol..., aqui
kafka borgiano, aqui
kafka em espanhol, aqui
kafka anônimo-borgiano, aqui
kafka anônimo-borgiano-torrieriano, aqui
kafka anônimo-borgiano-torrieriano II, aqui
A antologia A colônia penal, de Torrieri Guimarães (1965) é a grande responsável pela publicação dos textos mais curtos de Kafka. Nela vários títulos famosos e imprescindíveis do autor marcam presença: Das Urteil (A sentença), Ein Landarzt (Um médico rural), Vor dem Gesetz (Diante da Lei), In der Strafkolonie (Na colônia penal), Einhungerkünstler (Um artista da fome), Erstes Leid (Um artista do trapézio), Die Verwandlung (A metamorfose) e Josefine, die Sängerin oder das Volk der Mäuse (Josefina, a cantora ou a cidade dos ratos) são bons exemplos da excelente seleção que reúne 39 títulos. [...] Um problema a ser levantado é o fato de Torrieri Guimarães referir-se à antologia como se fosse do próprio Kafka. Em nenhum momento, é esclarecido ao leitor que os textos não foram reunidos e dispostos daquela forma pelo autor (fato relevante, uma vez que se conhece a preocupação de Kafka com essa questão). Também não são indicados os critérios para a seleção dos textos.
bem, não há muito mistério: trata-se da organização feita por max brod para os escritos reunidos de kafka, gesammelte schriften, correspondendo a seu primeiro volume, erzählungen und kleine prosa, publicado em berlim pela schocken em 1935.
faço aqui um breve reparo a um equívoco que se repete com frequência no artigo de sousa, brito e santos: segundo os pesquisadores, torrieri guimarães teria feito sua tradução a partir do francês. não, a língua de interposição foi o espanhol e a tradução de base utilizada por ele para a colônia penal foi a de juan rodolfo wilcock, publicada pela emecé em 1952, com o título de la condena.
há, porém, algumas diferenças de conteúdo: primeiro, a omissão de "descrição de uma luta", que foi publicada no volume d'a muralha da china, também em tradução de torrieri guimarães; segundo, e muito interessante, a inclusão de "a metamorfose", "um artista da fome" e "um artista do trapézio", contos para os quais torrieri recorreu às pretensas traduções de jorge luis borges, estrambótica novela que já comentei extensamente em posts anteriores.
veja também:
kafka no brasil: inglês, francês, espanhol..., aqui
kafka borgiano, aqui
kafka em espanhol, aqui
kafka anônimo-borgiano, aqui
kafka anônimo-borgiano-torrieriano, aqui
kafka anônimo-borgiano-torrieriano II, aqui
Published on September 07, 2013 09:50
September 5, 2013
Blog do Denser: Um breve agradecimento aos BONS Tradutores*
Blog do Denser: Um breve agradecimento aos BONS Tradutores*: Foi a Denise Bottmann quem abriu meus olhos. Antes dela, antes desse contato diário com a internet, e consequentemente, com sua luta (gue...
Published on September 05, 2013 11:05
September 4, 2013
a revista joaquim, 1946-48
vale a pena acompanhar os índices dos 21 números da revista joaquim, de curitiba, publicada entre abril de 1946 e dezembro de 1948, capitaneada por dalton trevisan e, em menor medida, erasmo piloto: encontram-se na tese de miguel sanches neto, a reinvenção da província, disponível aqui.
imagem no museu guido viaro, aqui
imagem no museu guido viaro, aqui
Published on September 04, 2013 15:52
August 31, 2013
contra o fim da história no país
sobre o malfadado projeto que pretende assassinar a historiografia no país, obrigando docentes e pesquisadores a portar carteirinha de historiador, eis minha posição na revista de história, aqui.
Published on August 31, 2013 09:13
August 19, 2013
questões tradutórias
ivone benedetti escreve um belo artigo sobre sua "tradução de decameron: tônus e público", disponível aqui.
para um levantamento das traduções do decameron no brasil, ver aqui.
para um levantamento das traduções do decameron no brasil, ver aqui.
Published on August 19, 2013 17:49
August 18, 2013
um belo artigo
Published on August 18, 2013 17:08
mais uma sugestão de pesquisa
na seção de leitores do jornal opção, alguns meses atrás, eu tinha deixado um comentário sobre a matéria do jornal sobre o lançamento de rudin, aqui.
na edição desta semana, o jornal transcreveu o comentário em sua seção de cartas. de fato, creio que um levantamento e estudo sistemático da contribuição de imigrantes, refugiados e exilados ao desenvolvimento da tradução no brasil nos anos 1930 resultaria num rico painel.
Denise Bottmann
Muito bom o artigo “Editora lança notável romance de Turguêniev” (Jornal Opção 1960) e essa forma de resgatar a memória das traduções anteriores.
Elias Davidovitch traduzia basicamente do espanhol e do francês. Sua tradução de Rudin saiu inicialmente em 1932, pela coleção Benjamin Costallata, pela carioca Flores & Mano. Trazia o título, aliás, bem à francesa: “Roudine”.
A tradução de Ivan Emilianovitch (de origens russas) é uma das primeiras no Brasil a ter sido feita diretamente do original. “Pais e Filhos” saiu inicialmente pela Editora Cultura Brasileira, em 1935 (como “Paes e Filhos”, pré-reforma ortográfica). A partir de 1941, passou a ser publicada pela Livraria Martins.
Aliás, é muito interessante — e pouco conhecida ou estudada, creio eu — a contribuição de vários imigrantes, exilados e refugiados como tradutores para aquele período de grande alavancagem do setor editorial, a partir dos anos 30: temos Elias Davidovitch, Ivan Emilianovitch, Zoran Ninitch, Charlotte von Orloff, Georges Selzoff, sem contar os posteriores, como Boris Schnaiderman desde o comecinho dos anos 40 (assinando como Boris Solomonov) e Paulo Rónai.
Mas, de fato, o que me chama mais a atenção são esses tradutores dos anos 30 — creio que, dentre eles, apenas Elias Davidovitch veio a se tornar mais conhecido no setor, com um grande trabalho à frente das coleções Delta (obras completas de Freud, projeto que se iniciara nos anos 30, mas apenas nos anos 50 veio a cabo, com Davidovitch, justamente), bem como na organização das obras completas (e tradução de algumas delas, mas indireta) de Stefan Zweig.
disponível aqui.
na edição desta semana, o jornal transcreveu o comentário em sua seção de cartas. de fato, creio que um levantamento e estudo sistemático da contribuição de imigrantes, refugiados e exilados ao desenvolvimento da tradução no brasil nos anos 1930 resultaria num rico painel.
Denise Bottmann
Muito bom o artigo “Editora lança notável romance de Turguêniev” (Jornal Opção 1960) e essa forma de resgatar a memória das traduções anteriores.
Elias Davidovitch traduzia basicamente do espanhol e do francês. Sua tradução de Rudin saiu inicialmente em 1932, pela coleção Benjamin Costallata, pela carioca Flores & Mano. Trazia o título, aliás, bem à francesa: “Roudine”.
A tradução de Ivan Emilianovitch (de origens russas) é uma das primeiras no Brasil a ter sido feita diretamente do original. “Pais e Filhos” saiu inicialmente pela Editora Cultura Brasileira, em 1935 (como “Paes e Filhos”, pré-reforma ortográfica). A partir de 1941, passou a ser publicada pela Livraria Martins.
Aliás, é muito interessante — e pouco conhecida ou estudada, creio eu — a contribuição de vários imigrantes, exilados e refugiados como tradutores para aquele período de grande alavancagem do setor editorial, a partir dos anos 30: temos Elias Davidovitch, Ivan Emilianovitch, Zoran Ninitch, Charlotte von Orloff, Georges Selzoff, sem contar os posteriores, como Boris Schnaiderman desde o comecinho dos anos 40 (assinando como Boris Solomonov) e Paulo Rónai.
Mas, de fato, o que me chama mais a atenção são esses tradutores dos anos 30 — creio que, dentre eles, apenas Elias Davidovitch veio a se tornar mais conhecido no setor, com um grande trabalho à frente das coleções Delta (obras completas de Freud, projeto que se iniciara nos anos 30, mas apenas nos anos 50 veio a cabo, com Davidovitch, justamente), bem como na organização das obras completas (e tradução de algumas delas, mas indireta) de Stefan Zweig.
disponível aqui.
Published on August 18, 2013 17:01
August 8, 2013
revisão da lda 9610/98, andamento
eis o mais recente andamento no projeto de revisão da lei 9610/98, que regulamenta os direitos autorais no brasil, disponível aqui:
agradeço o convite. meu compromisso perante todos os que nos têm acompanhado na defesa do ofício de tradução e de nosso patrimônio tradutório é procurar contribuir para a flexibilização do acesso às obras órfãs e abandonadas, bem como para a preservação dos direitos dos tradutores em contratação para obras de encomenda.
agradeço o convite. meu compromisso perante todos os que nos têm acompanhado na defesa do ofício de tradução e de nosso patrimônio tradutório é procurar contribuir para a flexibilização do acesso às obras órfãs e abandonadas, bem como para a preservação dos direitos dos tradutores em contratação para obras de encomenda.
Published on August 08, 2013 18:52
contra o sequestro da reflexão histórica
sou historiadora formada pela universidade federal do paraná e com pós-graduação no departamento de história da unicamp.
a despeito disso - ou, mais provavelmente, por causa disso - sou visceralmente contrária ao projeto de lei 4699/2012, em fase final de aprovação na câmara, dispondo sobre a profissão de historiador.
eis a íntegra do projeto:
PROJETO DE LEI 4699/2012
Regulamenta a profissão de historiador e dá outras providências.
O CONGRESSO NACIONAL decreta:
Art. 1º Esta Lei regulamenta a profissão de historiador, estabelece os requisitos para o exercício da atividade profissional e determina o registro em órgão competente.
Art. 2º É livre o exercício da atividade profissional de historiador, desde que atendidas às qualificações e exigências estabelecidas nesta Lei.
Art. 3º O exercício da profissão de historiador, em todo o território nacional, é privativa dos portadores de:
I – diploma de curso superior em História, expedido por instituição regular de ensino;
II – diploma de curso superior em História, expedido por instituição estrangeira e revalidado no Brasil, de acordo com a legislação;
III – diploma de mestrado, ou doutorado, em História, expedido por instituição regular de ensino superior, ou por instituição estrangeira e revalidado no Brasil, de acordo com a legislação.
Art. 4º São atribuições dos historiadores:
I – magistério da disciplina de História nos estabelecimentos de ensino fundamental, médio e superior;
II – organização de informações para publicações, exposições e eventos sobre temas de História;
III – planejamento, organização, implantação e direção de serviços de pesquisa histórica;
IV – assessoramento, organização, implantação e direção de serviços de documentação e informação histórica;
V – assessoramento voltado à avaliação e seleção de documentos, para fins de preservação;
VI – elaboração de pareceres, relatórios, planos, projetos, laudos e trabalhos sobre temas históricos.
Art. 5º Para o provimento e exercício de cargos, funções ou empregos de historiador, é obrigatória a apresentação de diploma nos termos do art. 3º desta Lei.
Art. 6º As entidades que prestam serviços em História manterão, em seu quadro de pessoal ou em regime de contrato para prestação de serviços, historiadores legalmente habilitados.
Art. 7º O exercício da profissão de historiador requer prévio registro na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do local onde o profissional irá atuar.
Art. 8º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Senado Federal, em 9 de novembro de 2012.
Senador José Sarney
Presidente do Senado Federal
fica evidente pelos artigos 3 e 4 que este decreto, em sendo aprovado e entrando em vigor, significará um golpe mortal na produção e disseminação do conhecimento histórico, ao reservar privativamente para os portadores de diploma superior em história até mesmo a elaboração de projetos e trabalhos sobre temas históricos!
como "história" é sempre "história de" ou "história sobre" alguém ou alguma coisa, inúmeros historiadores da arte, da física, da literatura, da economia e dos mais variados campos de conhecimento têm se insurgido contra essa tentativa de asfixiamento de suas áreas de trabalho. em plano mais geral, é a própria capacidade de reflexão histórica sobre o mundo que se vê tolhida, por interesses que só se podem qualificar de corporativistas.
os historiadores da arte colocaram no ar um abaixo-assinado solicitando a imediata revisão do projeto 4699/2012, disponível aqui. leia, assine, divulgue.
acompanhe o debate e conheça outras manifestações no blog Profissionalização do Historiador , mantido pelo historiador das ciências roberto martins.
a despeito disso - ou, mais provavelmente, por causa disso - sou visceralmente contrária ao projeto de lei 4699/2012, em fase final de aprovação na câmara, dispondo sobre a profissão de historiador.
eis a íntegra do projeto:
PROJETO DE LEI 4699/2012
Regulamenta a profissão de historiador e dá outras providências.
O CONGRESSO NACIONAL decreta:
Art. 1º Esta Lei regulamenta a profissão de historiador, estabelece os requisitos para o exercício da atividade profissional e determina o registro em órgão competente.
Art. 2º É livre o exercício da atividade profissional de historiador, desde que atendidas às qualificações e exigências estabelecidas nesta Lei.
Art. 3º O exercício da profissão de historiador, em todo o território nacional, é privativa dos portadores de:
I – diploma de curso superior em História, expedido por instituição regular de ensino;
II – diploma de curso superior em História, expedido por instituição estrangeira e revalidado no Brasil, de acordo com a legislação;
III – diploma de mestrado, ou doutorado, em História, expedido por instituição regular de ensino superior, ou por instituição estrangeira e revalidado no Brasil, de acordo com a legislação.
Art. 4º São atribuições dos historiadores:
I – magistério da disciplina de História nos estabelecimentos de ensino fundamental, médio e superior;
II – organização de informações para publicações, exposições e eventos sobre temas de História;
III – planejamento, organização, implantação e direção de serviços de pesquisa histórica;
IV – assessoramento, organização, implantação e direção de serviços de documentação e informação histórica;
V – assessoramento voltado à avaliação e seleção de documentos, para fins de preservação;
VI – elaboração de pareceres, relatórios, planos, projetos, laudos e trabalhos sobre temas históricos.
Art. 5º Para o provimento e exercício de cargos, funções ou empregos de historiador, é obrigatória a apresentação de diploma nos termos do art. 3º desta Lei.
Art. 6º As entidades que prestam serviços em História manterão, em seu quadro de pessoal ou em regime de contrato para prestação de serviços, historiadores legalmente habilitados.
Art. 7º O exercício da profissão de historiador requer prévio registro na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do local onde o profissional irá atuar.
Art. 8º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Senado Federal, em 9 de novembro de 2012.
Senador José Sarney
Presidente do Senado Federal
fica evidente pelos artigos 3 e 4 que este decreto, em sendo aprovado e entrando em vigor, significará um golpe mortal na produção e disseminação do conhecimento histórico, ao reservar privativamente para os portadores de diploma superior em história até mesmo a elaboração de projetos e trabalhos sobre temas históricos!
como "história" é sempre "história de" ou "história sobre" alguém ou alguma coisa, inúmeros historiadores da arte, da física, da literatura, da economia e dos mais variados campos de conhecimento têm se insurgido contra essa tentativa de asfixiamento de suas áreas de trabalho. em plano mais geral, é a própria capacidade de reflexão histórica sobre o mundo que se vê tolhida, por interesses que só se podem qualificar de corporativistas.
os historiadores da arte colocaram no ar um abaixo-assinado solicitando a imediata revisão do projeto 4699/2012, disponível aqui. leia, assine, divulgue.
acompanhe o debate e conheça outras manifestações no blog Profissionalização do Historiador , mantido pelo historiador das ciências roberto martins.
Published on August 08, 2013 11:38
August 6, 2013
lima barreto para a flip 2014, suplemento pernambuco
ilustração de karina freitas
um belo artigo de josé luiz passos, "o que vale mais que um busto", disponível aqui.
Published on August 06, 2013 15:56
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