Denise Bottmann's Blog, page 42
January 18, 2014
matéria na imprensa sobre o ofício de tradução
a dupla matéria sobre tradução e tradutores que saiu no caderno G, da gazeta do povo de hoje, é legal, a meu ver, porque fala de nossa atividade, e nosso ofício merece e precisa ser conhecido pelos leitores: disponível aqui.
mas creio que o enfoque da jornalista não reflete bem a realidade editorial e a atividade do tradutor, e acaba passando uma ideia que muitos de nós tradutores combatemos arduamente, qual seja: "Um dos fatores que pode colaborar para isso [a frequência de más traduções no mercado] é falta de profissionalização. São poucos os que conseguem sobreviver apenas da tradução".
não é bem assim: o fato é que a jornalista conversou com dez pessoas, das quais apenas duas são tradutoras "profissionais", isto é, que vivem exclusivamente da atividade de tradução (entre as duas, uma sou eu).
mas não é que não existam ou sejam "poucos os que conseguem sobreviver apenas da tradução". mais provavelmente, essa conclusão - a meu ver infundada, no que se refere à tradução editorial como segmento profissional - só aflorou porque a jornalista, entre os critérios de seleção que ela deve ter utilizado para escolher seus dez entrevistados, não incluiu este de "sobreviver apenas de tradução". mesmo os valores citados por lauda não são muito exatos, e eu também discordaria da afirmação "Escolher a obra a ser traduzida é um privilégio" (pois, embora seja verdade que "O mais comum é as editoras indicarem o título", daí não decorre que seja "um privilégio" escolhermos e indicarmos à editora o que queremos traduzir).
em suma, reconheço-me muito pouco na dupla matéria. eu sugeriria que algum veículo da grande imprensa fizesse uma extensa e cuidadosa matéria, como esta do caderno G, mas escolhendo dez tradutores que de fato vivam do ofício de tradução ou nele tenham sua principal fonte de renda. somente assim creio que poderíamos ter um retrato um pouco mais realista de nosso ofício.
em tempo: não é que falte profissionalização ao setor de tradução editorial. o que há é que a profissão de tradutor é reconhecida, mas não regulamentada, o que é muito diferente de lhe "faltar profissionalização".
mas creio que o enfoque da jornalista não reflete bem a realidade editorial e a atividade do tradutor, e acaba passando uma ideia que muitos de nós tradutores combatemos arduamente, qual seja: "Um dos fatores que pode colaborar para isso [a frequência de más traduções no mercado] é falta de profissionalização. São poucos os que conseguem sobreviver apenas da tradução".
não é bem assim: o fato é que a jornalista conversou com dez pessoas, das quais apenas duas são tradutoras "profissionais", isto é, que vivem exclusivamente da atividade de tradução (entre as duas, uma sou eu).
mas não é que não existam ou sejam "poucos os que conseguem sobreviver apenas da tradução". mais provavelmente, essa conclusão - a meu ver infundada, no que se refere à tradução editorial como segmento profissional - só aflorou porque a jornalista, entre os critérios de seleção que ela deve ter utilizado para escolher seus dez entrevistados, não incluiu este de "sobreviver apenas de tradução". mesmo os valores citados por lauda não são muito exatos, e eu também discordaria da afirmação "Escolher a obra a ser traduzida é um privilégio" (pois, embora seja verdade que "O mais comum é as editoras indicarem o título", daí não decorre que seja "um privilégio" escolhermos e indicarmos à editora o que queremos traduzir).
em suma, reconheço-me muito pouco na dupla matéria. eu sugeriria que algum veículo da grande imprensa fizesse uma extensa e cuidadosa matéria, como esta do caderno G, mas escolhendo dez tradutores que de fato vivam do ofício de tradução ou nele tenham sua principal fonte de renda. somente assim creio que poderíamos ter um retrato um pouco mais realista de nosso ofício.
em tempo: não é que falte profissionalização ao setor de tradução editorial. o que há é que a profissão de tradutor é reconhecida, mas não regulamentada, o que é muito diferente de lhe "faltar profissionalização".
Published on January 18, 2014 07:46
December 26, 2013
maquiavel entre trotskistas e militares
o primeiro maquiavel entre nós é o príncipe, lançado no mesmo ano de 1933 por duas editoras, ambas de importante papel na história da esquerda brasileira.
em curioso contraste, a arte da guerra de maquiavel é lançada pela primeira vez no brasil em 1944, na coleção "biblioteca clássica de cultura militar", a cargo do coronel j.b. magalhães, da editorial peixoto, em tradução do também coronel renato b. nunes:
sobre maquiavel, em especial o príncipe, no brasil, ver aqui.
pela unitas, em tradução de lívio xavier, a qual se tornou a mais amplamente difundida e constantemente reeditada até a data de hoje:
pela calvino filho, em tradução de elias davidovitch, da qual não restou muita memória:
em curioso contraste, a arte da guerra de maquiavel é lançada pela primeira vez no brasil em 1944, na coleção "biblioteca clássica de cultura militar", a cargo do coronel j.b. magalhães, da editorial peixoto, em tradução do também coronel renato b. nunes:
sobre maquiavel, em especial o príncipe, no brasil, ver aqui.
Published on December 26, 2013 11:54
December 22, 2013
emily dickinson no brasil
para a dickinsoniana brasileira, a referência é, sem dúvida nenhuma, o magnífico arquivo que carlos daghlian mantém no site da unesp, aqui. belíssimo trabalho, de fato.
Published on December 22, 2013 15:54
December 21, 2013
presentaço
O selo Latus, da Editora da UEPB (Universidade Estadual da Paraíba), em Campina Grande, lançou neste fim de ano o livro A Idade da Ignorância, uma coletânea de cem textos de Bráulio Tavares, publicados no Jornal da Paraíba e depois reeditados no blog Mundo Fantasmo .
Bráulio me enviou o PDF, um presentão de Natal que me deu uma alegria que se multiplica ainda mais por poder eu também presenteá-lo a todos: disponível aqui.
Published on December 21, 2013 15:27
votos
Published on December 21, 2013 14:05
December 18, 2013
tardio, porém viçoso
a revista tradterm, da usp, publicou em seu último número, v. 22/1 (2013), meu artigo "tardio, porém viçoso: poe contista no brasil". o artigo apresenta a trajetória da ficção de poe traduzida e publicada em livro entre nós, e está disponível aqui.
sobre poe no brasil, visite também meu blog edgar allan poe, aqui.
sobre poe no brasil, visite também meu blog edgar allan poe, aqui.
Published on December 18, 2013 09:35
December 14, 2013
prêmio paulo rónai de tradução 2013
fiquei muito contente com a escolha de mrs. dalloway, de virginia woolf para o prêmio paulo rónai de tradução, pela fundação biblioteca nacional, em 2013.
a relação completa dos ganhadores deste ano está aqui. parabéns, viva, a todos!
uma coisa muito interessante a se notar é o destaque que a tradução literária vem recebendo nos últimos anos. ainda quanto à premiação deste ano na biblioteca nacional, o escolhido na categoria de ensaios foi a tradução literária, de paulo henriques britto. creio que assim se vai firmando a consciência de que a tradução também faz parte do sistema literário do país.
Published on December 14, 2013 06:54
December 11, 2013
"não existe frase fácil", bráulio tavares
Mundo Fantasmo: 3366) A mãe do Estrangeiro (11.12.2013): (foto: J. Henri Lartigue) “Mãe morreu hoje. Ou pode ter sido ontem, sei lá.” É assim que eu traduziria, usando meu estilo pessoal de ...
Published on December 11, 2013 05:50
October 27, 2013
bibliografia russa no brasil (1900-1950), primeiras parciais
até o momento, estou com um total de 212 livros levantados, de 77 autores. desses 212 livros, catorze são antologias de vários autores. dessas catorze antologias de vários autores, onze são de contos exclusivamente russos, enquanto três são antologias mundiais, que incluem um ou outro conto russo.
esse total de 212 títulos traz ao todo cerca de 350 textos, entre contos, novelas e romances de, como disse, 77 autores, excluídas dessa contagem diferentes traduções de um mesmo texto.
a distribuição temporal desses 212 volumes é a seguinte: entre 1900 e 1929, dez títulos; de 1930 a 1939, 87 títulos; de 1940 a 1950, 115 títulos - aí incluídas diferentes traduções da mesma obra.
algumas poucas traduções (mais ou menos uns trinta textos, ou seja, menos de 10% do total) foram feitas a partir do original russo, por ivan emilianovitch, georges selzoff, evandro pequeno, boris schnaiderman. a maioria se dá por interposição do francês, mas também um pouco pelo inglês e também pelo espanhol.
um fator a ponderar nessa distribuição temporal é a concentração das antologias variadas nos anos 40. isso significa que, embora a distribuição temporal anos 30/ anos 40 seja relativamente equilibrada (até me surpreendi bastante com isso!), a quantidade de textos nos anos 40 será proporcionalmente bem maior, por causa da quantidade de contos presentes nas ditas antologias.
a frequência de publicação de antologias russas na década de 1940 levanta uma questão interessante sobre a recepção brasileira, e mereceria uma análise à parte. por outro lado, especial análise mereceria também o amplo leque de publicações nos anos 1930, que se concentram sobre cada autor individual.
Published on October 27, 2013 13:21
October 17, 2013
bibliografia de tolstói
"bibliografia de tolstói no brasil", apêndice a tolstói, a biografia de rosamund bartlett, em tradução de renato marques, que foi publicada pela biblioteca azul da editora globo:
Published on October 17, 2013 20:05
Denise Bottmann's Blog
- Denise Bottmann's profile
- 23 followers
Denise Bottmann isn't a Goodreads Author
(yet),
but they
do have a blog,
so here are some recent posts imported from
their feed.

