Cristina Torrão's Blog, page 78

April 16, 2015

As cápsulas do café são uma catástrofe para o ambiente!

Esta é a opinião de Jürgen Resch, dirigente da instituição alemã para a defesa do ambiente DUH (Deutsche Umwelthilfe). Em 2014, consumiram-se, na Alemanha, 2,5 mil milhões de cápsulas! E, se o consumidor pensa que elas são recicladas, ao deitá-las nos contentores de recolha, está muito enganado: neste país, não se pratica o processo de separação de restos de pó húmido de café do alumínio ou do plástico! Teria de ser o consumidor a fazê-lo, mas não é disso informado.



Não sei como é em Portugal, mas, se for parecido, trata-se mesmo de uma catástrofe ambiental, pela quantidade de lixo produzida e de recursos naturais gastos. Jürgen Resch considera que as cápsulas de café seguem a tendência atual de dosear quantidades cada vez mais pequenas de produtos em embalagens, o símbolo máximo da sociedade de consumo, especializada em deitar fora.



Jürgen Resch diz ainda que se suspeita que as cápsulas sejam prejudiciais à saúde, lamentando não haver estudos que confirmam ou desmintam esta tese. Ao ser pressionada água quente através da cápsula, é possível que se libertem materiais químicos, cujo efeito na nossa saúde é, para já, impossível de avaliar, já que a indústria produtora não dá informações suficientes quanto às substâncias usadas na confeção das cápsulas.



Não as uso, mas admito que, no meu caso, é fácil prescindir, já que não me dou bem com a cafeína e evito tomar café. De qualquer maneira, gostaria de contribuir para a reflexão de alguns de vocês se realmente não seria melhor optar por outra modalidade de obter esta agradável bebida...





Nota: o link usado na primeira frase deste post conduz a um artigo em língua alemã do Feelgreen .




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Published on April 16, 2015 03:43

April 14, 2015

Os Segredos de Jacinta - Excertos (18)








Juntavam as trouxas, na véspera da partida,
quando a aproximação de uma comitiva de dezenas de cavaleiros, vinda dos lados
de Braga, perturbou a vida no castelo de Lanhoso. A algazarra aumentou de tom,
ao reconhecer-se o estandarte de D. Gonçalo Mendes Sousão, o íntimo de D. Afonso Henriques que estivera a seu lado na
conquista de Santarém. A agitação dos humanos transmitiu-se, como de costume,
aos animais, sobretudo aos cães, que desataram num grande histerismo, sendo
custosos de dominar, à chegada dos cavaleiros.



No meio da confusão de berros, latidos e
algumas mordidas, as atenções centraram-se à volta do grande senhor de Sousa,
imponente sobre a sua montada. Jacinta encontrava-se a uma distância
considerável, sem interesse em furar por entre o povo, embora não deixasse
igualmente de observar o fidalgo, como se se pudesse assim pressentir a razão
do seu surgimento.



Demorou até se estabelecer a normalidade. Os
cães continuavam agitados, enquanto os moços de estrebaria andavam numa
lufa-lufa a fim de acomodar os cavalos dos recém-chegados e os escudeiros
montavam tendas, pois não caberiam todos nos aposentos do castelo. Além disso,
discutia-se sobre o significado daquele surgimento e Francisco recordou aos
seus que seriam chamados a animar o serão. A sua partida ficava adiada
e havia que desfazer as trouxas já preparadas.





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Published on April 14, 2015 03:38

April 13, 2015

A Citação da Semana (56)

«A felicidade não se baseia em poderes fazer aquilo que queres, mas em quereres sempre aquilo que fazes».



Lew Tolstoi




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Published on April 13, 2015 03:04

April 11, 2015

Educar não é controlar








Muitos pais confundem
educar com controlar, subjugar e reprimir criatividade e iniciativa. As
crianças costumam manifestar-se de forma bastante exuberante, o que faz
impressão aos adultos, tão lestos a esquecerem o que é ser criança. O receio dos pais
de falharem aos olhos dos outros sobrepõe-se à vontade e à felicidade dos
filhos.

Mas se, numa primeira
fase, se limitam ao controlo – sendo que a única coisa que ensinam aos rebentos
é que são bonitos quando estão sossegados e caladinhos – de repente, achando
que já são «senhorinhas» e «homenzinhos», soltam-nos, sem o mínimo de apoio.
Atiram-nos para o meio da água, sem lhes terem ensinado a nadar. E ai deles que
vão ao fundo!

E depois? Perguntarão
alguns. Acabamos por nos desenrascar!

É verdade. Mas
praticamos um nadar que raramente deixa de ser aflito, um nadar nervoso e
inseguro, um esbracejar eterno e cansativo, num medo constante de afundar, de
soçobrar ao mais inofensivo turbilhão, ou ao menor sinal de tempestade. Melhor
seria que os progenitores não tivessem vergonha, ou medo, de amparar os
rebentos, até estes atingirem um nadar o mais sereno e seguro possível, sem o
martírio da ameaça constante, sem morrerem de angústia sempre que uma onda os
ameaça engolir.

E se os próprios pais
não forem grandes nadadores, perguntarão outros.

Na verdade, basta que
se mantenham ao lado dos filhos, que lhes mostrem que enfrentam o turbilhão em
conjunto. Muitos deles, porém, quedam-se pela margem. Alguns até viram costas.





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Published on April 11, 2015 03:33

April 9, 2015

Violência Doméstica

Ainda não descobri porque é mais escandaloso bater num adulto do que numa criança. Quando falamos em violência doméstica (contra as mulheres), toda a gente se escandaliza. E muito bem! Mas porque se reage de maneira diferente, quando é a criança a vítima da violência?



Mal do adulto que não vê outro meio de se fazer respeitar por uma criança senão recorrendo à violência! Compreendo os professores que se veem aflitos com a falta de disciplina de certos alunos, também eu já fui professora, mesmo que por pouco tempo. Na verdade, porém, quando um/a aluno/a se destaca por mau comportamento, é porque há problemas na sua família, por vezes, grandes problemas.



Confunde-se falta de educação com falta de atenção. A falta de tempo ou tão-só de pachorra dos pais é mais responsável pelo mau comportamento do que a falta de disciplina. Um serão em comum, de televisão desligada, lendo e/ou contando histórias, por exemplo, faz mais pela educação de uma criança do que qualquer "palmada pedagógica".



Vamos todos a tempo de mudar de opinião. Também eu era adepta da disciplina à custa da estalada, foi assim que aprendi. Um exame de consciência, porém, numa certa altura da minha vida, ajudou-me a perceber que a estratégia me prejudicou mais do que ajudou. E a minha curta experiência de professora do ensino básico, com alunos do 2º ao 4º ano, mostrou-me que, em regra, era mais difícil conversar com os pais das crianças mais problemáticas. Os adultos mais serenos e interessados tinham os filhos mais bem educados.



E, em matéria de violência, não esqueçamos que há muita gente que não sabe quando há de parar...




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Published on April 09, 2015 03:25

April 7, 2015

Afinal, parece que são as mulheres que não nasceram para a monogamia!

Em 2016, vai ser posto à venda o Viagra feminino, criado pelo bioquímico holandês Adriaan Tuiten, que garante que descobriu a cura para o síndrome Female Sexual Arousal Disorder (FSAD). Na verdade, 40 % das mulheres parecem sofrer de FSAD, ou seja, têm pouco, ou nenhum, apetite sexual, um assunto ainda muito tabuizado. Estudos dizem-nos que este síndrome ataca, na sua maioria, mulheres que vivem em relações duradouras.



No entanto, há peritos em sexualidade e antropólogos que duvidam do sucesso do medicamento, já que põem em dúvida se essas mulheres sofrem realmente de um distúrbio. A tradição diz-nos que as mulheres tendem a ser castas, enquanto os homens mal conseguem dominar a sua líbido e estão, por isso, destinados à infidelidade. Quem assim pensa parece esquecer que a infidelidade só se realiza a dois! E novos estudos da biologia evolutiva apontam para uma direção completamente diferente.



A tão propalada fidelidade da mulher parece assentar apenas no desejo masculino de que assim seja, uma crença que só pôde durar séculos porque se convencionou pôr as mulheres economicamente dependente dos homens, o que levou a que elas controlassem e ignorassem os seus próprios instintos. No seu livro What Do Women Want, o norte-americano Daniel Bergner apresenta uma nova teoria para a falta de interesse sexual das mulheres: falta de variedade!



Observou-se que, numa relação duradoura, enquanto a líbido masculina, depois da entusiástica fase inicial, vai decrescendo devagar, a feminina sofre um declínio dramático, passados poucos anos. Não será a falta de apetite sexual que atinge essas mulheres, mas o desinteresse em praticar sexo sempre com o mesmo parceiro. A biologia evolutiva confirma que é vantajoso para a mulher misturar os seus genes com os de um grande número de parceiros, pois aumenta a possibilidade de obter descendência forte e saudável.



Parece que, se os homens não foram feitos para o «casamento até que a morte nos separe», as mulheres muito menos. Adriaan Tuiten, porém, está convencido de que o seu Viagra feminino vai salvar a monogamia.



Ah, bom, se é assim...





Nota: texto baseado num artigo lido na revista alemã TV Today e nas informações sobre o livro de Daniel Bergner (ver link acima).




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Published on April 07, 2015 03:25

April 6, 2015

A Citação da Semana (55)

«Quando não se encontra a paz dentro de nós, não adianta procurá-la noutro lado».



François de la Rochefocauld




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Published on April 06, 2015 03:31

April 2, 2015

Os Segredos de Jacinta - Excertos (17)








Surgiu, porém, uma notícia que alvoroçou os
barões de Entre Douro e Minho: el-rei D. Afonso conquistara Santarém, nas
margens do Tejo, sem convocar a nobreza do Norte! Prescindira dos seus
serviços, apresentando-lhes o facto consumado. Preferira o auxílio dos
cavaleiros de Coimbra, muitos deles moçárabes, e dos cavaleiros vilãos dos
concelhos do Sul, guerreiros sem origem nobre, vistos com muito desdenho pelos
fidalgos. Lourenço Viegas Espadeiro
(filho do falecido Egas Moniz), Gonçalo Mendes Sousão e Fernão Peres Cativo
haviam sido os únicos barões a assistir o monarca naquela campanha.

(…)

- Nessa altura nem nos tínheis encontrado,
fomos para o Porto, depois da Páscoa. Meu pai tinha assuntos a tratar com D.
Pedro de Pitões e foi lá que recebemos a mensagem de D. Gonçalo. Em nome da
amizade que une as nossas famílias, ele solicitou o nosso auxílio para acalmar
os ânimos. Meu pai nunca quebrará a amizade que liga os Sousa aos Azevedo,
apesar de igualmente haver ficado sentido com a atitude d’el-rei. Por isso,
temos acompanhado D. Gonçalo neste seu périplo pela região.

- E tendes sido bem sucedidos?

- Ao tomar conhecimento das novidades que
trazemos, os barões logo olvidam rancores.

Jacinta hesitou, mas atreveu-se:

- E que novas são essas?

Bernardo olhou-a entre a diversão e a
advertência:

- Sempre me saíste uma curiosa…

- É tão grande segredo?

- Não. Em breve todos saberão que el-rei se
prepara para pôr cerco a Lisboa, para expulsar de lá os mouros.

Jacinta abriu muito os olhos:

- A Lisboa?

- Essa mesmo, quatro ou cinco vezes maior do que Coimbra! Haverá
riquezas e terras para distribuir.

- Mas almejará D. Afonso conquistar tão
grande cidade?

- Com os cruzados, com certeza que sim.

- Cruzados? – A moça ergueu o tronco, de
olhos ainda mais escancarados: - Quais cruzados?





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Published on April 02, 2015 03:47

March 31, 2015

O Cavalheiro Inglês













De
Carla M. Soares já li o suficiente para saber que tem uma imaginação
inesgotável, expressa em enredos empolgantes, cheios de surpresas. E se, num romance
deste tipo, há sempre uma certa dose de previsibilidade, a autora consegue salpicá-la
com uma série de viragens inesperadas, que incluem um crime.




Neste
“Livro RTP”, deparamos com um Portugal em convulsão, na passagem do século XIX para o XX, com a contestação à monarquia a subir de tom, sendo o ideal republicano defendido por grupos mais ou menos violentos. A nobreza agoniza, famílias
outrora ricas e influentes perdem a supremacia e o património, também devido ao
Ultimato
inglês
, surgido na sequência da chamada “partilha de África”, o que
originou, no nosso país, grande animosidade em relação aos britânicos.




Sofia,
a personagem principal do romance, apaixona-se precisamente por um inglês. Apesar
de ainda manter as aparências, a família de Sofia encontra-se irremediavelmente
empobrecida e nem o facto de Robert Clarke poder ser a sua salvação o torna bem
visto aos seus olhos. Os pais, mais interessados na manutenção dos seus privilégios sociais do que na felicidade da filha, preferem uni-la ao duque de Almoster, um homem
bem situado na vida, embora de carácter duvidoso.




Na sua ânsia de agradar
à família, Sofia aceita o noivado, mas luta contra a repulsa que o duque lhe
inspira. Ao mesmo tempo, luta contra si própria e a sua condição de mulher e
menina solteira, mantida afastada das problemáticas políticas e sociais, desejando
romper essa redoma onde insistem em enfiá-la. Constata que nem com o irmão pode
contar, ele próprio envolvido em conflitos, interiores e não só, já que as suas simpatias
republicanas o levam a envolver-se com um grupo anarquista violento.




Como
se vê, ingredientes suficientes para uma leitura empolgante, onde nem todos os
mistérios são resolvidos ou explicados, nem os heróis se apresentam sem mácula. Esta é
também uma característica nos romances de Carla M. Soares: certos
conflitos não se resolvem totalmente e há uma certa dualidade nas personagens. Como todos nós, possuem um lado bom e um mau que se digladiam.




Parabéns
à Carla por mais um excelente romance!





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Published on March 31, 2015 03:37

March 30, 2015

A Citação da Semana (54)

«Não procures a felicidade longe de ti, antes de a teres procurado no teu próprio coração».



Provérbio irlandês




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Published on March 30, 2015 03:27