Marcelo Rubens Paiva's Blog, page 94

October 7, 2013

pra que servem as mulheres



Pra que elas sevem?


Foi a segunda pergunta que o moleque fez, quando começou a lista de perguntas essenciais sobre o sentido da vida.


A primeira? Pra que serve esta bola?


O primeiro indício de que ele não as entendia nasceu da constatação de que a maioria não devolvia as bolas atiradas contra elas. Começava aí o dilema da divisão de papéis.


Não entendia por que meninas conversavam com seres inanimados, designados “bonecas”, que nomeavam, vestiam, penteavam, alimentavam com comida de mentira, agasalhavam e colocavam para dormir.


Não entendia por que meninas reclamavam quando ele arrancava as cabeças de plástico com cílios e cabelos de náilon, para ver o que tinha dentro.


Não entendia a obsessão delas por cores cítricas e por pôsteres de meninos que cantam em bandas só deles.


Não entendia o funcionamento de presilhas para prender cabelos, nem o sentido de esmaltar as unhas. Como não as entendia, passou a ignorá-las.


Até ser matriculado numa escola.


Descobriu que uma mulher pilotava muito bem a van, outra, a lanchonete, outra, a classe barulhenta, outra, a própria escola. Aprendeu a ler livrinhos escritos por mulheres e ouvir musiquinhas compostas por elas. Ouviu dizer que países eram governados por elas. Descobriu que apenas as da sua idade eram desinteressantes.


Mas chegou a adolescência.


Começou a desconfiar que garotas tinham alguma atribuição na composição social. Especialmente as que tinham irmãs mais velhas. Ele passou a ter uma ideia fixa quando organizaram o campeonato de vôlei feminino no colegial. E contrataram a nova professora de matemática.


 



 


Vítima de uma explosão hormonal que o deixou por anos monotemático, descobriu enfim que as mulheres escondiam uma coisa que ele queria muito. Então, descobriu que entre o objetivo e a conquista, existia planejamento, método, projeto, a corte, algo que faz parte da espécie como o fogo e a flecha, e que os fins justificam os meios.


Passou a amá-las, idealizá-las, compará-las, desejá-las mais que tudo. A trocar jogos com bolas por fantasias solitárias. A sofrer de amor, escrever poemas, cantar, dançar, oferecer mimos, declarar, xavecar.


O xaveco é milenar.


O humano conhecido popularmente como homo sapiens, do grego homem sábio, achou por bem decorar o cantinho de cavernas com pinturas rupestres, exagerar seus feitos em caçadas, oferecer enfeites à base de marfim de mamute, saias de pele de onça e colares com dentes de sabre manipulados, para convencer uma pretendente a visitar o escurinho sobre o qual Platão tanto se dedicou e criou um mito. Até o aperfeiçoamento da fala e a invenção da lira, gastou-se muita mímica para simular que o macho não pensava só naquilo, apesar de só pensar naquilo, e que iria mandar um dente decorativo no dia seguinte de algum animal ainda não extinto por ele mesmo.


Pirâmides foram construídas para impressionar amadas. Guerras foram proclamadas, monumentos com colunas, com abóbadas, com ou sem sentido, foram erguidos. Navios enfrentaram tormentas em busca de um amor pleno. Muito papiro, muita tinta, muito blá-blá-blá foi gasto, para se conquistar uma mulher.


O moleque namorou, noivou, assinou um pacto e se casou.


Descobriu também pra que elas servem na linha evolutiva, ao observar seu grande amor engravidar. Descobriu enfim que por trás de tanto desejo, admiração, vontade de compartilhar a rotina, existe o corpo de uma mamífera que dá sentido ao tempo perdido em busca da resposta do pra que elas servem: elas procriam!


 



 


A cintura arredondada de uma mulher não é apenas para servir de suporte a um biquíni asa delta. Existe ali espaço para caber mais um. E produzir colo. Os peitinhos aumentam, são na verdade mamas. Olha lá, é um design milimetricamente perfeito para alimentar um, até dois, herdeiros. A protuberância chama a embocadura. A aréola circunda o bico, para proteger a maciez e criar a ilusão de ótica de que um bebê que enxerga mal precisa. E, surpresa. De dentro, sai alimento na temperatura ideal. É uma pequena fábrica caseira de laticínio mais rico em nutrientes do que tudo que existe.


O ventre é o receptáculo para o acolhimento de genes. Para receber as qualidades do macho alfa, mais forte e capaz. Tem maciez, lubrificação. Para enfiarmos o veículo testado como num túnel de vento da NASA, que transporta informações genéticas que serão selecionadas dentro e escolhidas. Em bilhões, aceitarão um! Que será armazenado, alimentado e protegido com a placenta quimicamente balanceada, num reservatório com tubo personalizado e individual de alimentação, com isolamento acústico e calefação.


Mas o sujeito se pergunta se as mulheres são então apenas umas chocadeiras?


Não!


A evolução foi brilhante. Como sempre.


Deu o quê?


Um clitóris.


Uma glande em forma de botão com 8 mil terminações nervosas, o dobro da mangueirinha pendurada aí. Que serve para o quê? Para apenas uma coisa. Dar prazer! Não é para “tirar água do joelho”, expelir genes, se gabar. É para apenas e tão somente dar prazer, fazê-las gozar, e não uma vez, como um urro, uhhhh, mas muitas vezes, múltiplos. O homem tem uma espingarda de um tiro, um bacamarte, que sai chumbo pra todos os lados. Elas, um rifle de repetição, uma metralhadora, pá-pá-pá!


Elas têm no corpo um órgão que é só para o prazer. Que se a evolução não nos tivesse dado, talvez elas nunca visitassem o escurinho da caverna que intrigou Platão. Se não fosse o mágico e hipersensível sininho, não haveria procriação, não haveria espécie humana, não haveria Queóps, Troia, Capela Sistina.


Nem o sujeito da primeira pergunta, a bola.


Nem perguntas.

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Published on October 07, 2013 08:32

October 4, 2013

bandeirantes assassinos


 


Curioso como nós, branquelos, vindos da Europa, ficamos irritados com o ato de vandalismo e depredação cometido contra a linda escultura Victor Brecheret, inaugurada em 1953, no aniversário de 399 anos de São Paulo, em homenagem às Bandeiras.


Movimento que buscou ouro, pedras, varreu aldeias, decapitou índios e os escravizou.


Com 240 blocos de granito de 50 toneladas, nela estão representadas 29 figuras humanas, entre bandeirantes, índios, mamelucos e negros.


Manifestantes atiraram tinta vermelha na obra, ao final de um ato de indígenas, que protestavam contra a PEC 215- que transfere a demarcação das terras indígenas da União para o Congresso Nacional.


No Ibirapuera. O que índios faziam no Ibirapuera?


Vieram pela Tamoios ou Anhanguera? Subiram a Pacaembu ou o Anhangabaú?


Evitaram a Bandeirantes, lógico, porque não são bobos. São espertos, esses nativos.


Manifestantes ainda escreveram “bandeirantes assassinos”.


Que ingratos. Trouxemos progressos a primitivos que não conheciam Jesus, cigarro com filtro, nem roupas de baixo.


Viviam com os balangandãs soltos, à merce de predadores.


A limpeza do Monumento às Bandeiras, pichado, custará R$ 12 mil só em solventes.


Pena que Raposo Tavares não estava entre nós, para dar um jeito nesses penetras silvícolas.


Nem Anchieta, para catequizá-los.


Ou Borba Gato, que nem se move.


“Meu pai orgulhava-se da solidez dessa obra. Ele costumava brincar que, mesmo que caísse uma bomba atômica em São Paulo, ela permaneceria intacta”, disse o engenheiro Victor Brecheret Filho, de 71 anos, ao Estado, filho do escultor.


Sobre a pichação, Brecheret Filho disse estar “espantado”, “chocado” e “horrorizado”. “Estamos vivendo um período de pré-barbárie. Até pouco tempo atrás, o vandalismo não atingia locais que as pessoas foram educadas a respeitar”, comentou. “ Agora, nada mais é respeitado. A convivência harmônica está acabando.”


Ninguém acredita que o protesto tenha sido contra Brecheret, escultor genial, que nos enche de orgulho.


O repórter Bruno Paes Manso identificou um dos pichadores, que na entrevista pediu para ser chamado de Bakunin e explicou:


“Aquele monumento representa os bandeirantes e muita gente não sabe quem foram eles. Os bandeirantes foram, na verdade, grandes estupradores e assassinos de índios. Aquele monumento representa toda uma era de opressão e segregação aos índios. Todos os esses monumentos representam símbolos da opressão. A maioria não sabe, está rolando agora uma emenda constitucional, a PEC 215, que pretende acabar com a demarcação indígena. A gente abraçou essa causa, nós do Pixo Manifesto Escrito. Porque a nossa cultura indígena é das poucas coisas que nos restam. Fomos civilizados por uma civilização ocidental que chegou aqui e destruiu nossa cultura. Fazendeiros e ruralistas continuam assassinado os índios e ainda querem mais.”


Enquanto aguardam um pedido de desculpas, reparações e estátuas em homenagem a eles, resta aos verdadeiros donos dessas terras o protesto.


[fotos de Felipe Rau e Daniel Teixeira]


 


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Published on October 04, 2013 10:38

October 3, 2013

comercial mata hitler criança


 


Comercial não autorizado da Mercedes mata Hitler quando criança.


“O carro que detecta o perigo antes”, diz o slogan que encerra o spot.


O comercial foi feito pelos alunos da Academia de Cinema do estado alemão de Baden-Württember.


Retrata a pequena vila em que o ditador cresceu.


E deixa a pergunta: o nazismo foi criação de um homem só, uma vez criança, ex-combatente da Primeira Guerra, artista plástico frustrado, ou de uma Nação em conflito, xenofóbica, dominada por uma ideia doentia de pertencer a uma raça superior, e pela histeria dominante de um ideal que se espalhava, o fascismo.


História se faz com o que passou, não com o que poderia ter acontecido se…


Imputar a responsabilidade da loucura que reinou a Europa sob apenas um homem insano é fugir da responsabilidade e adesão de muitos.


Talvez sem seu grande líder, um imbecil com discurso afiado, o Partido Nazista não teria avançado muito.


Ou outro tomaria seu lugar?


Mas destaca-se a coragem dos moleques da Academia de Cinema em abordar um tema tão  delicado aos País e a seus avós.


Veja: http://www.youtube.com/watch?v=RpLYbIqeSFY


Baden-Württemberg tem a maior densidade de universidades e a oferta de cursos superiores mais diversificada da Alemanha.


São várias faculdades que têm uma oferta adequada para tudo.


Elas lideram também a captação de verbas europeias para a pesquisa na Alemanha.


Muitos vencedores do Prêmio Nobel, como Prof. Dr. Harald zur Hausen ou Prof. Dr. Christiane NüssleinVolhard, vivem e trabalham em Baden-Württemberg, de onde dau pesquisadores famosos, como Johannes Kepler ou Albert Einstein.


Algumas invenções saíram de Baden-Württemberg. É o caso dos fichários, palitos de fósforo, fotocopiadoras, buchas de

parafusos, furadoras elétricas e até o teleférico para a prática de esqui.


E o próprio motor de combustão de Carl Benz, que criou a indústria automobilística, inventado em 1886.


Pena que não inventaram a máquina do tempo.


Seria interessante ver o mundo hoje sem Hitler.

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Published on October 03, 2013 08:45

October 2, 2013

por um novo símbolo de deficiente e idoso


 


O símbolo da cadeira de rodas, conhecido como SÍMBOLO INTERNACIONAL DE ACESSO, foi adotado pela Rehabilitation International (RI) em 1969, entidade não governamental com sede em Nova York, que congrega organizações nacionais e internacionais e possui status de órgão consultivo da ONU.


O desenho não poderia ser ambíguo. Sua forma deveria ser simples, porém estética; o significado, facilmente reconhecível; o desenho seria identificável mesmo a certa distância; sua reprodução, viável em todos os tamanhos e tipos de material.


Venceu o de Susanne Koefoed, da Dinamarca. Que no começo era preto e branco e não tinha cabeça.


 



 


Por sugestão do Comitê de Ajudas Técnicas da RI, foi acrescentada uma cabeça, o que resultou no símbolo adotado pela ONU e que o mundo inteiro conhece.


Recentemente, ativistas têm se posicionado contra o desenho “ultrapassado”, em que mostra um deficiente passivo e ofuscado pela cadeira de rodas.


Se o antigo mostra mais a cadeira do que a pessoa, um novo desenho, de Sara Hendren, do Accessible Icon, agrada por mostrar um ágil deficiente e já foi adotado oficialmente na Índia e na cidade de Nova York.


 



 



 


Enquanto isso, no Brasil, começa pelas redes sociais um movimento para a mudança do símbolo de IDOSO, que indica vagas para motorista e passageiros com mais de 60 anos.


 


 



 


Afinal, de fato, você conhece algum tiozão de 60 anos que usa bengala e tem a coluna encurvada, como aponta o símbolo adotado?


O símbolo aponta uma necessidade de vagas especiais aos que merecem estacionar perto. Muito sleeping bag, música de protesto [como "Andança"] em torno de fogueira e passeata pode até ter dado dor nas costas da geração hoje acima dos 60.


Mas não precisavam avacalhar.


 


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Published on October 02, 2013 08:25

September 30, 2013

as gatas e as piranhas assassinas


 


PIRANHAS 2 [PIRANHA 3D], de 2010, é um dos melhore filmes do gênero trash-terror.


Para rir e se assustar.


Com a linda ELIZABETH SHUE, é uma irônica produção que mistura horror humor, sangue, belas garotas, heroísmo, inveja e gente folgada.


 



 


A primeira cena do filme já indica que não se devem levar a sério as intenções do diretor Alexandra Aja:


Richard Dreyfuss, o sujeito ajudou a pescar e matar o protagonista do filme TUBARÃO, de Splielberg, pesca num lago calmo e testemunha um terremoto, que abre fendas no subterrâneo e traz piranhas assassinas e jurássicas para o convívio com banhistas felizes em férias.


Aliás, a música que escuta no radinho do seu barco enquanto pesca é “Show Me the Way to Go Home”, a mesma que canta junto com Roy Scheider e Robert Shaw em TUBARÃO.


Elas logo tingem a água do LAGO VITÓRIA de sangue. Comem modelos desprezando seus silicones [as atrizes pornô, Ashlynn Brooke e Gianna Michaels, que são atacadas sem piedade].


 



 


Disputam o pênis de um mergulhador machão que se gabava do seu membro avantajado.


Tem aparição do cientista maluco CRISTOPHER LLOYD [DE VOLTA PARA O FUTURO].


Na trilha, Shwayze, Envy, Flatheads, Amanda Blank, Pub lic Enemy, Dub Pistols.


 



 


Depois veio PIRANHAS 3DD, do diretor John Gulager, com Mitch Bucchannon, protagonista da série Baywatch, que confessa que é apenas um ator, não um salva-vidas, quando a criançada clama por ajuda.


 



 


Nesta versão de 2012, as mesmas piranhas do lago anterior atacam agora um parque aquático, mordem pênis e vaginas de namorados, regurgitam silicones e desprezam a beleza da nova juventude hedonista em férias.


Atacam até na banheira.


 



 


Pois está anunciada a estreia da nova produção do gênero, PIRANHACONDA, filme produzido por Roger Corman, dirigido por Mike Maclean.


Filmada no Havaí.


Na verdade são duas piranhacondas que atacam um bando de cientistas intrusos.


E claro que é sempre uma gata a primeira vítima.


 




 


Metade peixe, metade cobra, total morte!


Para delírio da plateia, lá vem bichinhos dentados acabar com a alegria dos outros e a arrogância da ciência. É a vingança dos sujos e malvados contra belos e felizes.


Enquanto os invejamos, imaginamos o pior.


Inveja mata!


 


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Published on September 30, 2013 14:12

September 27, 2013

o brasil que cresce e dá certo

 


Avisem à revista THE ECONOMIST.


Nem tudo no Brasil está perdido.


 



 


Em alguns pontos, a revista tem razão.


O País perdeu a chance de fazer reformas profundas, quando a economia ia bem, como a tributária, política, de investir em infra-estrutura e mexer na sua burocracia insana, que atravanca o crescimento.


Mas alguns da imprensa exageram. Vivem numa bipolaridade radical, para atrair leitores, repercutir.


Assim como a revista exagerou quando anunciou que o “Brazil decolou”, exagera quando diz que estragamos tudo.


Nem o céu, nem o inferno.


 



 


O RIVIERA reabriu.


Seu néon voltou a brilhar.


“E você ali, naquele balcão – de quê? De fórmica vermelha. Chorando, embriagado, pedia: garçom, mais um Gim tônica. Mas ele te avisou: você já bebeu muito, já bebeu demais, vai pra casa, moleque. Era o quê? Era um balcão de fórmica vermelha” [ARRIGO BARNABÉ]


Bar que sacudiu São Paulo nos anos 1960-70-80, esteve fechado e foi reformado por FACUNDO, um dos grandes da atual noite paulistana [VEGAS, LIONS], que faz a curadoria do JAZZ BAND.


 



 


Inaugurado em 1949, o Riviera Bar foi um dos principais pontos de encontro da militância contra a Ditadura e, depois, contra tudo.


Agora tem muita música no cardápio.


Em 25 setembro deste ano, às 20h, voltou no antigo endereço, cruzamento da Avenida Paulista com a Rua da Consolação, o novo Riviera Bar.


Tem jardim/área de fumantes do Riviera com a foto de Leandro Moraes, do projeto NO GÁS. http://bit.ly/190Diyr


Tem Coquetel Otis Trio, curadoria de Roberta Youssef, para novas bandas.


Tem A Brisa, clube de jazz com curadoria de Fernanda Couto- músicos nacionais e internacionais que abre às 19h.


http://rivierabar.com.br/brisa


Tem o Improvável, com curadoria de Debora Pill – música não convencional com experimentalismos. “É música para cutucar os ouvidos e instigar a imaginação. De esquisitices sonoras a música de invenção”


De segunda a domingo, das 12h às 15h , tem almoço.


Bolado pelo internacional chef e ex-DJ do ROSE, balada ícone dos anos 1980 [primeiro clipe da LEGIÃO URBANA, da música SERÁ, foi gravado lá], Alex Atala.


Saudosistas reclamarão. O JUVENAL, garçom da Rê Bordosa, não é garantido que estará lá.


 



 


Mas nostalgia se cura no balcão.


O mundo muda, o bar também.


São outros tempos.


O RIVIERA foi reciclado, e por quem entende do assunto.


 


+++


 



 


E a LIVRARIA CULTURA abriu quarta-feira no shopping mais antigo de São Paulo, o IGUATEMI, que tinha uma livraria pequena, da rede SARAIVA, focada em revistas e bestsellers.


São 4 andares com GEEK, livros, DVDs, camisetas bacanas, teatro, palcos espalhados, até uma arquibancada no meio da livraria, e um restaurante num terraço [MANIOCA, da bela amiga Heleza Rizzo].


Num BRASIL para confundir a revista The Economist [enquanto no mundo grandes livrarias fecham, aqui não param de abrir].


Só no Rio são duas LIVRARIAS CULTURAS, mais duas no RECIFE, em BRASÍLIA, SALVADOR, FORTALEZA, PORTO ALEGRE.


E tudo começou na Rua Augusta em 1947, por EVA HERZ, mãe de um livreiro que não para e quem a toca hoje, PEDRO HERZ.


 



 


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E reabrem as salas 4 e 5 no ESPAÇO ITAÚ DE CINEMA também na Rua Augusta; um dos raros cinemas de rua de São Paulo e que resiste à especulação.


Que completa 20 anos no local.


Sou testemunha: foi o primeiro cinema do Brasil a ser inteiramente adaptado para deficientes. Com banheiro!


O endereço da Rua Augusta, 1.475 era ocupado pelo Cine Majestic, que começou em 1949,  virou point nos anos 1980 e viveu a decadência no final da década.


Virou pornô. Na calçada, travestis faziam ponto.


O público fugiu.


Em 1992, mudou para Espaço Banco Nacional de Cinema. Balcão e plateia do antigo cinema, com 1400 lugares, transformam-se em três salas para 265, 240 e 170 poltronas. Depois, UNIBANCO, agora, ITAÚ.


Local preferido de 9 entre 10 cinéfilos.


Com café e saguão, onde Oscarito e Grande Otelo dão as boas-vindas a quem chega, em uma reprodução gigante da foto da dupla no filme A DUPLA DO BARULHO [de 1953, dirigido por Carlos Manga].


 



 


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E em Santos já está rolando o festival literário TARRAFA LITERÁRIA.


Só gente boa.


Vai até domingo.


Não rola pré-sal ainda, mas rola literatura.


 


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Published on September 27, 2013 08:30

September 26, 2013

quando médicos e dentistas recomendavam cigarros

Mãe fumando, bebê sugerindo cigarro, médico ou dentista como garoto propaganda de marcas de cigarros.


Foram rotina nas revistas, jornais, outdoors, TV.


E na vida das pessoas.


Me lembro de um dentista que fumava sem parar, enquanto me atendia.


De eu fumar em hospitais, com médicos, em salas de aula, aviões.


E da minha família, em que todos fumavam, pai, mãe e irmãs.


Hoje soa absurdo.


Me pergunto qual hábito e vícios de hoje que amanhã soarão absurdos.


Tenho algumas hipóteses. Queimar combustível fóssil diariamente é uma.


É bom advertirmos: fumar causa câncer etc etc…


 


 


Assopre na cara dela, que a seguirá por todo lugar


 



 


Como seu dentista, recomendo Viceroys


 


 


 


Antes de me dar uma dura, mamãe, melhor acender um Marlboro


 



 


Mais médicos preferem Camel do que qualquer outra marca


 



 


Fumando e acreditando


 



 


Por toda a América, mais cientistas e educadores fumam Kent com filtro “micronite”


 



 


 


 



 


 


 


 

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Published on September 26, 2013 07:05

September 25, 2013

quando os homens não prestam


 


Imagine um filme em que os personagens masculinos só pensam naquilo.


São injustos e violentos, estupram, abusam, batem em meninas adolescentes que só querem se divertir.


O professor abusa de alunas. O tio, da sobrinha. Os colegas, estupram a irmãzinha do amigo menor.


O casado quer farrear. E um psicopata ataca uma que nem tem seios ainda.


Todos os homens são uns desgraçados!


As colegas da escola se unem, criam uma gangue e partem para o contra-ataque, numa cidade no meio do nada, numa década de transição, 1950, em que o movimento feminista engatinhava, depois de que os rapazes voltaram da guerra e reocuparam os cargos nas fábricas.


 





 


O longo filme FOXFIRE – CONFISSÕES DE UMA GANGUE DE GAROTAS [mais de duas horas] sofre com este maniqueísmo primário.


Nós, homens, somos os bad guys em todos os planos do roteiro. Não temos curvas dramáticas. Somos uns tarados incontroláveis. Ninguém se salva.


Baseado no livro de Joyce Carol Oates e dirigido pelo premiado diretor Laurent Cantet [ENTRE OS MUROS DA ESCOLA, de 2008], é considerado um contraponto ao filme de Sofia Coppola, BLING RING, cuja gangue de meninas e meninos tem parafusos soltos e atacam o establishment afanando de celebridades roupas e joias que colorem e são a essência do próprio establishment.


Em FOXTROT, as meninas são mais ambiciosas e discutem os dilemas do capitalismo na sua raiz.


Se relacionam com a velha esquerda americana e partem para o ataque inspiradas na dualidade da Guerra Fria, e no clima da Revolução Cubana.


“Imagino que alguém possa dizer que sou ultrapassado, que luta de classes é coisa do passado. Eu acho que essas pessoas deveriam voltar a ler Marx, se é que algum dia leram. Os excluídos sociais e políticos são legião, o consumismo fútil gerou uma alienação sem precedentes”, disse o diretor para Luis Carlos Merten, aqui no ESTADÃO.


O que o filme remete, que poderia ser mais explorada, é que a gangue de meninas sofre da doença que a esquerda sempre sofreu: rachas, rupturas internas, lideranças divididas.


O radicalismo sedutor, a la Black Bloc, acaba implodindo o grupo. Como acontece com os movimentos de massa há séculos.


“As jovens libertárias terminam virando terroristas. Se não fosse um grupo, mas uma nação, diria que o ímpeto revolucionário degenerou numa ditadura, e isso é o que ocorre com frequência. A história não deixa mentir”, explica o diretor.


O mote do filme, a sociedade utópica de justos que reproduz os mesmos enganos das dos injustos, seria a salvação do filme, se priorizada.


O problema é que o ódio que alimentam contra a classe masculina.


Contra toda ela.

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Published on September 25, 2013 08:17

September 23, 2013

a história que tanto desprezamos


 


Toda mudança de regime precede a desqualificação do anterior.


Enquanto reis e czares são decapitados, fuzilados e exilados, a máquina de propaganda dos novos governantes reescreve a história, satiriza antigos governantes e cria uma novo álbum de ícones.


De Lucrécia Bórgia, ficou a fama de uma bastarda incestuosa, manipuladora e descontrolada.


Maria Antioneta virou a deslumbrada palaciana, que fez o povo passar fome para suprir seus caprichos.


Os Romanóvs estavam hipnotizados pela barba e magia negra de Rasputim, enquanto o império ruía estepe abaixo.


A Monarquia brasileira sofreu na mão da historiografia republicana.


De Pedro I, ficou a fama de um mulherengo incorrigível.


Teria proclamado a Independência numa mula, depois de uma parada para se aliviar, vítima de uma diarreia, a caminho de um prostíbulo às margens do Ipiranga.


Pedro II, tímido, infeliz e solitário, manipulado pela oligarquia agrária, era um exótico rei num continente de novas repúblicas.


A República resgatou da Inconfidência Mineira o herói de que precisava, Tiradentes.


O Golpe de 64 não teve como usar a iconografia do movimento que clamava liberdade. Deu sorte, porque estava em campo a geração Pelé, e foi buscar na ignorada família real lacunas que legitimassem o projeto de soberania nacional- numa grande operação, no sesquicentenário da Independência, os despojos de Pedro I foram trasladados do panteão de São Vicente de Fora para a cripta do Monumento à Independência, no Museu do Ipiranga.


O regime militar também financiou através da estatal Embrafilme o primeiro épico do cinema nacional, Independência ou Morte, de 1972, que foi proclamada por Tarcísio Meira desembainhando uma espada sobre um cavalo ao estilo da tela de Pedro Américo.


Glória Meneses era Marquesa de Santos, retratada não como uma pulada de cerca que escandalizou os súditos, mas como o amor impossível do príncipe aprisionado por suas obrigações.


Não foram mostrados outros affaires.


 




 


Carlota Joaquina, filme que representa a retomada do cinema nacional, depois do desmantelamento do entulho militar, é uma gozação sem dó da vinda da Família Real e de seus membros.


Fez um baita sucesso entre nós, republicanos que anos antes votamos no plebiscito que decidiu se o país seria monarquista ou republicano controlado por um sistema presidencialista ou parlamentarista.


 



 


Laurentino Gomes traça um perfil menos tendencioso da Casa de Bragança do Brasil. Mostra em 1889 que Pedro II, alto e loiro, “Pedro da Mala”, como Eça de Queiroz o chamou, pois nunca largava uma valise, não era a figura apagada e inerte que a República pintou.


Conseguiu manter o Brasil unido e o Exército sob controle civil, enquanto os vizinhos se implodiam em repúblicas.


Esteve no front de batalha da Guerra do Paraguai, gastava pouco, falava várias línguas, inclusive tupi, lia sem parar, usava adornos indígenas na roupa imperial, era amigo de Victor Hugo, Graham Bell, dispensava protocolos, nada rancoroso e vingativo, admirador dos positivistas que o derrubaram, foi tratado como estrela na viagem aos EUA em 1876 e pedia a jornalistas estrangeiros que o chamassem de Pedro Alcântara. Que avô de FHC propôs ser fuzilado.


A decisão para mudar o governo em 1889 estava tomada. Civis e militares não chegavam a um consenso se o que viria era um golpe contra a Monarquia, alimentado pelo descontentamento na caserna, mudança ministerial, deposição ou a República. Em 6 de novembro, um grupo de revoltosos se reuniu na casa de Benjamin Constant, entre eles, o alferes Joaquim Inácio Batista Cardoso, do 9º Regimento de Cavalaria em São Cristóvão.


Sem o apoio do descontente Deodoro da Fonseca, não dariam um passo. Planejaram agitação nos quarteis, estoque de armas. Constant, ex-professor dos filhos do rei, perguntou o que fazer com Pedro II. Joaquim Inácio, com 29 anos, propôs o fuzilamento, caso resistisse.


Joaquim Inácio era avô de um futuro presidente da República proclamada dias depois, o pacato, calmo, sociólogo de fala mansa, agora imortal da Academia Brasileira de Letras, Fernando Henrique Cardoso. Prevaleceu a proposta de Constant. Pedro II partiu para o exílio, onde morreu dois anos depois, aos 66 anos de idade, numa modesta casa em Paris.


 



 


Laurentino não se restringiu a uma ordem cronológica.


Dividiu os capítulos por temas.


E, como nos livros anteriores, 1808 e 1822, mostrou que a história brasileira, desprezada por muitos, foi, sim, feita com atos de heroísmo e derramamento de sangue. Muito sangue, por sinal.


Conseguiu traçar um retrato completo dos bastidores da Corte e da queda do imperador, que, apesar de ser um homem culto e com prestígio internacional, vivia uma contradição insolúvel, um monarca que defendia o republicanismo, num Brasil difícil de entender, que experimentou um período de muita liberdade, inclusive de expressão, sob os garrotes da escravidão, num mundo que se transformava rapidamente com as novas invenções do Século das Luzes, que tinham um entusiasta, o rei do Brasil- navio a vapor, telégrafo, cabos submarinos, eletricidade, fotografia, telefone, trem e carros.


Outra revelação de 1889: a agitada vida fora do casamento de dom Pedro II. Foram 14 amantes catalogadas, entre atrizes, damas de corte, mulheres casadas, paixões platônicas e concretizadas, que se aconchegaram nas barbas do imperador. “Que loucura cometemos na cama de dois travesseiros”, escreveu em 1880 para Ana Maria de Albuquerque, condessa de Villeneuve, mulher de Constâncio de Villeneuve, dono do Jornal de Commercio. “Não consigo mais segurar a pena, ardo de desejo de te cobrir de carícias.”


 



 


Outras: Anne de Baligand, Vera de Haritoff.


 



 


Eponine Octaviano, ex-mulher do amigo de infância, e a mais notória, a baiana Luísa Margarida Portugal de Barros, condessa de Barral, morena de grandes olhos negros, filha de fazendeiro do Recôncavo, que deixou 300 íntimas cartas de dom Pedro II para ela sem queimá-las, como tinha sido solicitado.


 



 


“Olho sempre com imensas saudades para o quartinho do anexo do Hotel Leuentorh”, escreveu Pedro II em 1876, indicando o lugar em Petrópolis em que se encontravam.


Puxou o pai, mas preservou a imagem de marido fiel.


Um come quieto.


 


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Published on September 23, 2013 18:42

September 20, 2013

no limite da emoção


 


Concordo que, depois de GRAND PRIX, de 1966, e 24 HORAS DE LEE MANS, de 1971, RUSH – NO LIMITE DA EMOÇÃO, do diretor Ron Howard, é UM DOS melhores filmes de automobilismo. Que as meninas vão adorar. Além de ser um a recriação precisa da época e de reproduzir a emoção de uma corrida.


Resgatou a rivalidade entre o austríaco e acertador de carros, NIKI LAUDA, e o bon vivant e gozador inglês, JAMES HUNT.


Um guia pela razão. Outro acelera com o coração.


Um, trabalha, trabalha, trabalha. O outro, curte.


Sim, percebeu? Os mitos de APOLO e DIONÍSIO se transferiram para 2 pilotos de Fórmula 1.


O velho debate e arquétipos entre estética e prática foram utilizados para contar a história que conduz a trama. Numa época em que a F-1 matava 3 pilotos por temporada.


E já é a quinta renda entre brasileiros [segundo Filme B].


Daniel Brühl, de ADEUS LENIN é Lauda, e Chris Hemsworth, THOR, OS VINGADORES, o mulherengo e bebum Hunt.


 


 



 


A RIVALIDADE ENTRE OS AGLO-SAXÕES SÃO DESTAQUE.


Não sei se a rivalidade Niki Lauda e James Hunt, e a disputa pelo título da temporada de 1976,  foi a maior da F-1. Nem me lembro de Niki ser tão antipático assim, como retratado pelo filme.


Rivalidades como as de Prost e Senna, Prost e Nigel Mansell, Piquet e Mansell, Piquet e Senna, que disputaram (os quatro) o mesmo campeonato, foram inesquecíveis. Como a de Senna e o novato Schumacher, que custou a vida do primeiro.


Mas o acidente de Niki, que deformou seu rosto, e sua volta às pistas, para ganhar outro título, são elementos que inspiraram todo garoto e fã de corrida para o resto da vida


Hunt morreu anos depois. Ganhou este título por mérito, mas por sorte.


Primeiro, herdou o carro veloz e competitivo, já pronto, que seria de Fittipaldi, que fez a loucura de abandonar a McLaren e dois títulos por uma aventura alimentada pelo Regime Militar, a do Brasil Grande: um carro de tecnologia nacional, Copersucar, que deixou o público brasileiro atônito e prejudicou a carreira vitoriosa do piloto.


 



 


O acidente de Nikki o fez ganhar pontos num ano em que o austríaco seria o campeão fácil.


E a decisão de alguns pilotos de abandonar o último e decisivo GP do Japão, disputado sob uma chuva torrencial, deixou o caminho livro para Hunt.


 


o verdadeiro


 


Muita gente me fala que, se eu continuasse na McLaren, eu ganharia o Mundial. O “se” não ganha corrida. A realidade aconteceu. O James era um piloto muito rápido, e fez um campeonato muito importante tanto para a McLaren quanto para ele, numa disputa com o Niki que teve o ponto alto em Fuji. Foi um campeonato meio na sorte, porque, apesar do acidente, o Niki ia ser campeão mundial se não tivesse parado no Japão. Mas a aquaplanagem era tão grande na reta que era como jogar na loteria. Fomos pressionados a largar por causa dos direitos de televisão. Eu dei uma volta, o Niki também, e paramos. Não aceitamos aquele tipo de risco na época. O James aceitou e ganhou o campeonato.


Quem conta é o próprio Emerson, numa entrevista na estreia do filme.


Os dois pilotos estão muito bem interpretados pelos artistas, tanto o Niki quanto o James. A voz, as expressões, o jeito de falar, tudo. O James era um piloto extrovertido, farrista, mas um querido amigo. Só tenho recordações ótimas dele. E o Niki, que é meu amigo até hoje, foi um dos grandes campeões, um dos melhores da história da Fórmula 1, relembrou Emerson emocionado para o globosport.com.


 


 

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Published on September 20, 2013 06:53

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Marcelo Rubens Paiva
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