Marcelo Rubens Paiva's Blog, page 91
December 4, 2013
piores logos
Às vezes um logo pode dar outro sentido ao seu estabelecimento.
Melhor checar direito antes de levar para a fachada.
Seu negócio pode atrair um cliente que você não esperava.
Ou a levar a mal-entendidos.
Que deve ter acontecido com esta
CLÍNICA DENTÁRIA
MEGA STORE
CENTRO DE PEDIATRIA
INSTITUTO DE ESTUDOS ORIENTAIS
KIDS EXCHANGE
FARMÁCIA KADAWARA
December 3, 2013
Luluzinhas [duplamente] em maus lençóis
Não bastava o fato de terem que recorrer a um aplicativo para selecionar um amor.
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios informou ontem, dia 2, que instaurou inquérito civil contra o Facebook e a Luluvise Incorporation, empresa do Lulu.
Para o MP, são suspeitas de “ofender” direitos da personalidade de milhões de usuários do sexo masculino.
As companhias têm 5 dias para prestar esclarecimentos.
Quanta amargura no judiciário…
Já me deram nota, me elogiaram e criticaram. De boa…
Vou dar importância a isso? E mudará algo na minha vida?
Quem recorre ao MP tá com a autoestima abalada.
Problema não é o Lulu, mas quem recorre a ele ou dá fé.
Lulu é amor múltipla escolha.
Foi assim que publiquei no ALIÁS do último domingo:
Ame aquele calado que, a sós, diz coisas lindas. Ame aquele desengonçado que, no escuro, encaixa e desconcerta. Ou aquele desarrumado que embaralha a sua vida. Que tal o deselegante que te trata como ninguém ousou? Tente aquele ali, de quem menos se espera. Nos defeitinhos dele, que está a graça.
Se amor é uma ilusão, se lambuzem. Deixe ele vir. Deixe ele surpreender e transformar. Não existe fórmula, sabor certo: o sabor do dia. Não existe algoritmo que traga a perfeição. Não existe perfeição. Arrisquem. Luluzinhas do mundo todo, iludam-se! Sejam empreendedoras na vida e no coração.
Que bonitinho, ele tem alergia, ele anda engraçado, ele não gosta de dirigir, ele largou o emprego pra ficar ir de bike até a Patagônia, ele não quer dinheiro, quer sossego, ele tem sonhos estranhos, tem defeitos, pesadelos, problemas! Qual o problema em ter alguém com problemas? Você não ama ninguém se não ama também os problemas de alguém.
Mas a desgraça do tempo. Quem quer perdê-lo? Nada de investimento de risco. Querem a coisa certa. Querem pra já. Querem o amor matemático, o amor algoritmo. Não tem aplicativo para trazer um táxi? Que tenha para o amor.
Num jantar, uma amiga não comia. Engolia ansiosa, pois seu “ficante” não confirmava se a encontraria mais tarde. A impaciência se tornava irritação, que se transformava numa perigosa e destrutiva rejeição. Mulheres e rejeição. Dinamite e detonador. Fogo e oxigênio. Pagamos a conta. Nada do barbado responder. A amiga não queria sobrar num sábado à noite. A rejeição tem que ser bloqueada! Vacina. Sacou seu celular e, na calçada, antes do manobrista trazer o carro, disse: “Ainda bem que tenho meu Lulu.”
Lulu é o aplicativo da onda. Acham que é o tiro certeiro. Certeiro é tudo o que o amor não é. Com o Lulu, garotas avaliam rapazes e passam a dica para frente. Lulu é o papo do banheiro em escala múltipla virtual. Garotas avaliam a partir de questões de múltipla escolha. Lulu deixa as garotas anônimas, os rapazes, não! Eles são examinados e qualificados por amigas e desconhecidas, sem o julgamento de embargos infringentes, sem o exercício de defesa, sem o direito à dúvida. As garotas listam as melhores e piores qualidades. Calma. Se eles não querem receber avaliações, podem enviar um e-mail para iwantout at lulu.com e pedir a remoção do perfil. Justo?
Elas, em busca do compreensível, carinhoso, bom de cama, divertido garotão disponível na região. Em busca do aplicativo que traga alguém. Ou pelo menos que avise antes se o produto vem com defeitos. Defeitos eleitos por outras? Não faz sentido. E mulheres seguem conselhos das concorrentes? O amor é como um trem fantasma. Dá sustos. Dá medo. O mundo feminino tende ao competitivo. E mulher quer ver para crer.
As mulheres enlouqueceram, ou estão apenas exercendo o direito ranquear os homens, no aplicativo sensação, que poderia ser descrito como uma mega e interativa conversa de meninas?
As mulheres estão no seu tempo. Inventaram um modo de analisar homens. Ideia da jamaicana Alexandra Chong, advogada que afirma: a rede privada serve para garotas expressarem e dividirem suas opiniões de forma aberta e honesta. Sobre o quê? Lógico, sobre o que mais? “Criamos Lulu para encorajar garotas a falar e tomar decisões inteligentes em tópicos que abordam relacionamentos, beleza e saúde.”
Teve a ideia no dia seguinte ao Dia dos Namorados (Valentine’s Day), tomando um lanche com as amigas e falando sem censura sobre homens. Sacou que bastava um se sentar com elas, para o assunto mudar.
Lançado em fevereiro, o aplicativo virou líder de downloads na App Store brasileira. Talvez sirva para dar boas risadas. Continuo duvidando se uma mulher leva em consideração os que outras, especialmente ex-namoradas, avaliam. A curiosidade feminina não é uma característica, é uma necessidade.
O app permite que elas deem notas aos pretês, amigos, ficantes e, atenção, ex-namorados, ex-pretês e ex-ficantes. Então, entramos no perigoso pântano da fúria de uma mulher recusada. Lulu será impreciso como o amor.
A nota é baixa para quem já foi flagrado com um Croc. Mesmo se for um príncipe em sandália de plástico de gosto duvidoso? Com hashtags, votam e demonstram que a curiosidade feminina é fofa, ampla e sacana: #TrêsPernas, #ÉFelizTodoDia, #CozinheiroDeMãoCheia, #RespeitaAsMulheres, #HomemDeUmaMulherSó, #FazRirAtéChorar, #SafadoNaMedidaCerta, #PiorMassagemDoMundo, #MaisPopQueOPapa, seja lá o que isso significa, são alguns dos quesitos que podem ser escolhidos.
Através de alguns hashtags, dá para traçar perfil das garotas, apesar do anonimato. #DeixaAsInimigasComInveja é assustador.
O número de visualizações no Brasil passou dos 100 milhões. Nos EUA, dos 200 milhões, e está no celular de uma em cada quatro universitárias. Alexandra, sobre o lançamento da versão brasileira, descobriu que o Brasil é “louco pelo social.”
Mas cuidado, garotas. Criadoras e usuárias do Lulu podem responder na Justiça por injúria (pena de um a seis meses de detenção) e difamação (três meses a um ano de detenção, além de pena pecuniária). Quem lembra é Luis Felipe Freire, presidente da Comissão de Direito Eletrônico e Crimes Eletrônicos da OAB de Minas Gerais, que diz que crime cometido na internet é passível de localização, apesar das participações serem anônimas, e quem está avaliando pode ser responsabilizada, se os comentários forem injuriosos.
Vale o risco, Lulus?
Ou arrisquem como sempre e apostem num amor imprevisível?
Ele só sobrevive com adversidades.
+++
Mulheres, querem ver como os homens sofrem por vocês?
December 2, 2013
algumas das piores invenções da humanidade
SL – Ou Second Life, ambiente virtual em 3D que simula a vida real. Jogo criado pelo Linden Lab. Foi sensação do mercado publicitário no final dos anos 2000. Graças ao realismo da animação, os usuários (avatares) podem ver e interagir com o outro (avatar). Uma mentirinha convivendo com outras. Até a maioria sacar que está perdendo coisas mais interessantes da FL (First Life), a vida real, enquanto vivem como avatares idealizados na second. Virtualmente já somos simulacros de nós mesmos, imagens redesenhadas para redes sociais. Não precisamos de outro universo, ou melhor “metaverso”, para viver. Diante da decadência, o Lab disponibilizou a versão 2.0 em 2010, que dividiu a vida de mentirinha em ilhas como Welcome Island, para novos jogadores, Freebies, ilhas com itens gratuitos, além de ilhas de nudismo, sexo virtual, compras, praias e discotecas. Um metaverso complexo e esquisitão. Perfeito pra quem tem tempo disponível. E parafusos a menos. Ver bonecos (avatares) pelados em praias de mentirinha? Sinistro…
WWIS – Quando se pensa que já inventaram as maiores idiotices da humanidade, sempre tem uma que supera. É a sigla de What Would I Say (O Que Eu Deveria Dizer), aplicativo que trabalha com o utilitário BOT, de “robot”, e se espalha como uma praga. WWIS gera automaticamente comentários no Facebook que parecem escritos por você. Tecnicamente falando, usa o modelo BOT, algoritmos e inteligência artificial, para misturar posts anteriores. Você quer ser uma pessoa atuante nas redes, mas não sabe como nem tem tempo. Quer passar uma imagem divertida, antenada. A de um ativista sedutor. Como um robô com seu teclado no colo, o WWIS seleciona frases bacanas e as espalha, para disseminar não suas ideias, mas as ideias que querem que você as tenha ou que você deveria ter. O que eu posso dizer… Coisa de maluco.
Pipoca – É uma tremenda descoberta. A figura do pipoqueiro, então, proustiana. Problema é cair em mãos erradas, como o plutônio. Em salas de cinema. Em sacos maiores que estômagos. Se acontece comigo, acontece com você: em quase todo filme, um esfomeado na fileira de trás passa os créditos, a introdução do longa, o segundo ato, até o ponto de virada, mastigando milho como um cavalo. O drama se intensifica, a irritação também. Pode apostar, é na cena mais intensa da trama que o quadrúpede chacoalha o saco, como se estivesse na Timbalada, para espalhar o sal depositado. Pensei em várias maneiras protestar. A que mais me seduz: usar um turbante e levar um timbal, para entrar no ritmo do chocalho, cantando “fui embora, meu amor chorou, eu vou nos beijos de um beija-flor, no tique taque do meu coração, yo quero te namorar, amor.”
Saco de balas – Tenho certeza de que grandes divas, como Fernanda, Tônia e Bibi, pensaram em largar do ofício, quando começou a venda de pacotes de balas nos teatros. Cujo glutão, provavelmente parente do animal que passa um filme mastigando milho, não percebe que aquele barulhinho, desembrulhar uma jujuba, um delicado ou uma balinha de hortelã, desconcentra até a camareira que tenta dormir na coxia durante a peripécia que já ouviu centenas de vezes, que antecede a revelação da protagonista, como as representadas por Fernanda, Tônia e Bibi.
Buzina – Primeiro inventaram o automóvel. Depois perceberam que transeuntes e animais não saíam da frente, estupefatos ao ver que aquele veículo com rodas se movia sem tração de quatro patas. Inventaram a buzina com os princípios de uma corneta, que substituiu os gritos de “sai da frente!”. Educou a população que não conhecia a novidade. Se sofisticou. Passou a ser intermitente e ao alcance dos dedos. O que tornou não mais uma ferramenta para a segurança do trânsito, mas objeto de vingança, assédio, grosseria, descontrole emocional, alívio de estresse e forma de pressão, como se o alto índice de decibéis produzido fosse capaz de fazer outros automóveis saírem da frente, criarem espaço livre para o carro da besta que buzina prosseguir.
Cigarro – Dizem que Colombo jogou fora o tabaco com que foi presenteado. Sensato. Mas um marinheiro levou para a Espanha, se gabou pelas ruas mascando aquela planta considerada do “diablo”. Em 1561, o embaixador francês em Portugal, Jean Nicot, percebeu que o tabaco aliviava sua enxaqueca. Tinha que ser um francês… Descobriu de onde vem a palavra nicotina? Que depois foi enrolado por uma máquina, encurtou a vida dos nossos avós e se transformou numa epidemia aparentemente inocente e glamorosa. Se você, como eu, foi viciado, sofreu o diabo para largar, dá umas pigarreadas até hoje e escuta de todo médico que consulta, “ex-fumante?”, como uma repreensão, como se seus dias estivessem contados, sabe do que falo. Invençãozinha do capeta.
Alarme de carro – Nem preciso me alongar. Talvez seja uma unanimidade: é das mais estúpidas invenções. Porque não reduziu o índice de roubos de carro e só aumentou as noites mal dormidas de milhões de inocentes. Uma pergunta. Depois de escutar repetidamente por minutos, “fué, fué, fué, atenção, este veículo está sendo roubado e é monitorado pela empresa tal, por favor ligue para zero oitocentos xis xis xis, obrigado”, alguém ligou?
Atendimento automático pelo telefone – É aquela voz humana reproduzida por um computador do serviço de atendimento ao consumidor. Que não pede para você digitar um para “sim”, dois para “não”, três para “mais opções” ou nove para “voltar ao menu anterior”, mas para você falar o que pretende. O que deixa a família desavisada em pânico, com suspeitas de que chegou o momento da internação: a fase sem volta em que você começou a falar sozinho. Não basta falar claramente e pausadamente. É preciso adivinhar o que deve ser dito para ser atendido, que palavra-chave os programadores escolheram. Por exemplo. Perdi uma conta telefônica antiga e precisava da segunda via. Ao dizer em voz alta “segunda via”, a voz computada disse, numa simpatia contagiante: “Entendi, você disse segunda via. Mas você já pagou a sua conta, não necessita da segunda via.” Então, tentei: “Perdi a conta e preciso da segunda via”. Escutei: “Entendi, você disse segunda via. Mas você já pagou a sua conta, não necessita da segunda via.” Levei um tempo me divertindo. Porque parti para a ignorância e passei a falar palavras estranhas, como “rocambole”. E porque reconheci a voz do meu amigo e colega de faculdade, um grande piadista por sinal, Paulo Sharlack. Que sucede a voz do meu amigo e colega do colegial, Maurício Pereira, que dá as boas-vindas do SAC. Não resolvi o problema naquela tarde. Mas matei as saudades de ambos.
November 29, 2013
garotas que leem e gozam
A literatura encontra formas de se renovar.
Ou seria a indústria do entretenimento adulto que encontra formas de se sofisticar?
A nova onda é colocar garotas com um vibrador camuflado, lendo um livro, digamos, “sério”.
Não podem parar.
Atingem o clímax [me sinto uma sexóloga dos anos 1980 usando esta expressão] e não param, não param, não param…
A ideia é divertida, diferente, sedutora.
Começou com a atriz pornô chique, a bombada e linda STOYA, que lê Necrophilia Variations, de Supervert.
http://www.youtube.com/watch?v=PQuT-Xfyk3o
“Continuei a enunciar propriamente, me focando no texto. Comecei a transpirar. Se continuasse assim, meu cabelo teria ficado ensopado, como se estivesse suando sem fazer esforço físicoalgum. Eu tropecei nas palavras e logo voltei para pronunciá-las corretamente”, disse. Fofa.
O PROJETO SE CHAMA Hysterical Literature.
O melhor é que aconselha o fã a comprar o livro lido e até linca.
Está no Youtube.
Ideia do fotógrafo Clayton Cubitt.
A proposta de “Hysterical Literature” consiste em uma mulher lendo um livro enquanto é estimulada debaixo da mesa.
Alícia lê o clássico da poesia “Folhas na Relva”, de Walt Whitman. E goza.
Danielle lê “Still Life With Woodpecker” de Tom Robbins.
Stormy lê “Psicopata Americano”, livro de Bret Easton Ellis, que virou filme.
Teresa lê “Sexing the Cherry”, de Jeanette Winterson
Amanda radicaliza e lê “Laranja Mecânica”.
É fofo.
Cuidado apenas com o volume.
Já existe até a cópia brasileira, “Gozando de um Bom Livro” [péssimo nome].
Bianca Jahara, ex-BBB e apresentadora do canal Sexy Hot, participa da produção feita pelo blog Papai Chegou, SF13 Produções e SIO [Santa Igreja da Onifodência].
Não tem o bom gosto do original.
Mas Bianca lê um livraço, “A Sociedade do Espetáculo”, do teórico francês Guy Debord
Confesso que preferia que ela lesse sem gozar.
+++
Já importaram Halloween e Black Friday.
Só falta importarem Thanksgiving, que comemora trégua entre peregrinos e índios.
AMERICANOS.
Em que traçaram um coitado de um peru com recheio de farofa.
+++
Olha o que vem por aí. É, garoto…
Original:
+++
Lembrando a banda EDDIE:
É assim que ela é metade futebol metade mulher
É assim que ela é metade futebol metade mulher
Amanhã no grande MUSEU DO FUTEBOL, abre a exposição Futebol de Papel.
Álbuns, revistas, jornais, selos, postais, figurinhas, pipas…
November 27, 2013
a fortuna para educar [bem] um filho
Minha mãe teve 5.
Viúva aos 41 anos, como conseguiu pagar nossas escolas?! Hoje, não conseguiria.
E olha que eu e minhas irmãs estudamos em 3 das 50 mais bem avaliadas pelo último ENEM: Colégio Andrews, no RJ (25), Santa Cruz (20) e Bandeirantes, em SP (22).
Bárbara Ferreira Santos, Laura Maia de Castro e Celso Filho, em especial para o Estadão, descobriram que o custo da mensalidade do 3.º ano do ensino médio entre os dez colégios particulares da cidade de São Paulo que mais se destacaram no ranking do Enem 2012 chega a 186%.
Vai dos R$ 1.345, cobrado pelo Colégio Agostiniano Mendel, 9.º colocado, aos R$ 3.854 do Colégio Vértice – Unidade II, em Campo Belo, a mais cara.
O segundo mais caro é o Colégio Santo Américo, no Morumbi, cuja mensalidade em 2014 será de R$ 3.382.
Em seguida vem o Colégio Palmares, de Pinheiros, sétimo colocado no ranking, com R$ 3.178 de mensalidade.
Depois o Colégio Móbile, de Moema, por R$ 2.750, segundo no ranking.
O valor médio da mensalidade das instituições considerando as dez primeiras escolas: R$ 2.663.
Contando 2 anos de pré, 9 de ensino fundamental [antigo primeiro grau] e 3 do médio [segundo grau].
São 14 anos numa escola. Incluindo a matrícula, isso dá R$ 484.666, se pagos de uma vez.
Sem contar jardim de infância, creche, aulas de inglês, francês, balé, violão, judô, autoescola, cursinhos, pintura, material escolar, livros, intercâmbio, viagens com a escola.
Ps> Minha mãe gastou pelos cálculos da média R$ 2.423.330 para os 5. Duvido que alguém em casa se lembra dos princípios da Química Orgânica, leis da Física ou divisão de células.
Santa mulher… Ralou.
Não garanto que cresceu meu conhecimento no tempo em que fiquei nas escolas em que estudei na proporção dos meus cabelos.
November 22, 2013
o troco
Cadeiras de rodas ocuparam todas as vagas de estacionamento de uma rua e praça de Lisboa [Portugal].
Vinham com a desculpa que motoristas dão quando ocupam vagas de deficientes.
Não era apenas vingança, mas uma ação educativa: conscientizar aqueles que não respeitam o espaço reservado aos deficientes físicos nos estacionamentos.
O protesto foi organizado por uma ONG de pessoas com necessidades especiais.
Deram o troco
vou fazer novos amigos
Tenho mil motivos pra cair fora
O ar que respiro me deixa meio louco
Acho que já vou sair fora
Para algum lugar que o tempo dê asas para eu cruzar o céu e depois mergulhar num mar
Sem margem, sem correntes, sem lutar
Contra
Queria seus beijos e o seu melhor amor
Vou fazer novos amigos
Ver toda a minha história em bolhas de vidro
Rir dos meus defeitos, sorrir comigo
A porta do box de vidro se quebrou, vou sair voando
Eu vou consquistar segredos
Vai ter cores toda fruta
Toda flor do mundo
Não vou saber o que é verdade
Ou o quanto ela mentia
Quero mil anos de vida
Viver e renascer
Vou fazer novos amigos
Eu preciso muto sair daqui
Não consigo sair fora
O ar que respiro me deixa louco
Preciso saber o quanto ela mentia
Preciso saber o que era mentira
[poeminha escrito há exatamente dez anos]
November 20, 2013
magia negra
Escreveu meu amigo SÉRGIO VAZ, da Cooperifa.
E PUBLICO EM NEGRITO:
Magia negra era o Pelé jogando futebol, Cartola compondo o mundo é um moinho. A Travessia de Milton nascimento.
Magia negra é o poema de Castro Alves e o samba de Jovelina…
Magia negra é Djavan, Emicida, Racionais MC´s, Thalma de Freitas, Simonal.
Magia negra é Drogba, Fela kuti,
Magia negra é dona Edith recitando poesia no Sarau da Cooperifa.
Carolina de Jesus é pura magia negra. Garrincha tinhas 2 pernas mágicas e negras. James Brow e Milton Santos é pura magia.
Não posso ouvir a palavra magia negra que me transformo num dragão.
Michael Jackson e Michael Jordan é magia negra.
Cafu, Milton Gonçalves, Ruth de Souza, Dona Ivone Lara, Jeferson De, Jorge Mendonça, Daiane dos Santos é magia negra.
Magia Malê Luísa Mahin Calafate.
Fabiana Cozza, Machado de Assis, James Baldwin, Alice Walker, Nelson Mandela, Tupac, isso é o que chamo de escura magia.
Magia negra é Malcon X. A Marcha de Harry Belafonte e Martin Luther King.
Mussum, Zumbi dos Palmares, João Antônio, Candeia e Paulinho da Viola. Usain Bolt, Elza Soares, Sarah Vaughan, Billy Holliday, Nina Simone é magia mais do que negra.
Eu faço magia negra quando danço Fundo de quintal e Bob Marley.
Cruz e Souza, Zózimo, Spike Lee, tudo é magia negra neles. Umoja, Espirito de Zumbi, Afro Koteban…
É mestre Bimba, é Vai-Vai é Mangueira, todas as escolas transformando quartas-feira de cinzas em alegria de primeira.
Magia negra é Sabotage, MV Bill, Anderson Silva e Solano trindade.
Ondjaki, Ana Paula Tavares, João Mello… Magia negra.
Magia negra são os brancos que são solidários na luta contra o racismo.
Magia negra é o RAP, O Samba, o Blues, o Rock, Hip Hop de Africabambaataa.
Magia negra é magia que não acaba mais.
+++
No dia da consciência negra, o MAC USP, que traz uma exposição [de graça] de fotos de escravos no Brasil, estava às moscas.
Fotos em que ninguém sorri.
Livraria da Vila também vazia.
Os bares da Vila Madalena lotados.
O Brasil está virando um enorme caldo com pouca vida inteligente e muita pança.
+++
November 19, 2013
estudo sobre anúncios imobiliários
Meu pai construiu prédios com o arquiteto Paulo Mendes da Rocha e Pedro Paulo Saraiva.
Dava os nomes. Anunciava nos jornais.
Sem os detalhes dos anúncios de hoje
Até hoje, uma das coisas que mais gosto de fazer é ver anúncios imobiliários.
Não estou atrás da garrafa de uísque que algumas incorporadoras oferecem para aqueles que visitam lançamentos residenciais e comerciais- ou melhor, empresariais, afinal, não somos mais comerciantes, mas empreendedores.
Para ganhar uma garrafa, é “obrigatório” passar pelo atendimento do corretor. E é válido apenas para as 50 primeiras pessoas que visitarem o plantão. O que não é problema para meus amigos bebuns, que vão direto do bar.
Há anos que me debruço fascinado sobre os anúncios, apesar de já ter a chamada casa própria.
Ver como as pessoas pretendem morar é um exercício de arqueologia contemporânea.
Ver como pretendem morar na vizinhança, voyeurismo. Sem contar a inveja saudável de futuros vizinhos bem-afortunados (literalmente).
Uma revolução acontece entre as coberturas e o térreo.
Lançamento de alto padrão não vem com uma simples portaria, mas com “porta cochère”. Outros não são apenas condomínios, mas “condomínio resort”. Armário embutido desapareceu junto com o piso de taco e colunas neo clássicas.
O quarto de empregada foi extinto. Alguns apartamentos vêm sem o quarto, mas com um banheiro na área de serviço. Seria o banheiro da diarista? Ou melhor, da “femme de ménage”?
Aliás, prédios não se chamam mais prédios, mas torres. Alguns se chamam “residencial”. Outros, “boulevard”. Alguns têm varanda gourmet, o sonho de todo morador de prédio, digo torre: terraço com churrasqueira.
Outros vêm com fechadura biométrica, serviço pay-per-use, piscina com fundo infinito, fitness center, que antigamente chamávamos de academia, e a última onda, um espaço dedicado a seu quatro patas, agora popularmente conhecido como pet, cujo nome varia: space dog, pet garden, pet place, pet care, pet walk, pet play, pet space.
A maioria dos apartamentos está menor. Recentemente, um lançamento de 18 metros quadrados foi avacalhado nas redes sociais. É o espaço de três metros por seis. Apertado, mas dá. Nos idos tempos, se chamava quitinete, de kitnet. É a medida do apezinho do famoso Bloco B do Copan, antes, terra de ninguém (sã), hoje, valorizadíssimo.
Há poucos anos, os prédios vinham com lounge.
Já ficou démodé.
Como a sauna. Pelo visto, ninguém mais quer aliviar tensões apertado sobre um tablado de madeira, sufocado por calor e essência de eucalipto, suando com vizinhos, síndico e subsíndico, relembrando a última reunião condominial.
Não se veem mais lançamentos de quatro quartos, como no boom imobiliário da classe média alta da década de 1970. As famílias diminuíram. Mas aumentaram o número de vagas para carros. Menos filhos, mais carros. Dá menos trabalho. Estamos ficando tão estranhos…
O mercado não dorme no ponto, se renova. A PDG lançou o produto “vem com tudo”. Imóveis já decorados. Imóveis com móveis planejados. Compra o imóvel de um, dois, três dormitórios, e ganha o móvel, ganha sala, cozinha, quartos e banheiros. Sensacional. Por que não pensaram nisso quando comprei a minha casa própria?
Vou também inovar.
Me associar a um site de relacionamento matrimonial, encontrar a cara metade do cliente, a outra face da laranja, através de um programa que calcula por algoritmo as afinidades dos proponentes. Que ganham, no meu futuro empreendimento imobiliário, sala, cozinha, quartos e banheiros, um beagle saudável sem o selo Royal, uma adega com vinho, uísque, vodca e saquê, um marido ou uma esposa! E um ano de ração grátis. Para o pet.
Onde está o telefone do Mendes da Rocha?
November 18, 2013
a torre da família bolha
A arqueologia procura ver nas habitações escavadas como eram nossos antepassados, como evoluímos, quais eram nossos costumes secretos. Cientistas de chapéu e colete de couro fuxicaram a intimidade de “antigos nós” sem pedir licença. Escreveram tratados e biografias não autorizadas, interpretaram nossa cerâmica, pintura rupestre, adorno. Até nossos lixos fuxicaram.
Paparazzi com autorização e financiamento do mundo acadêmico.
O que descobriram, além de que sabemos desenhar bisões?
A cidade representa a transição do homem neolítico para o agricultor. Uma cidade só era possível com comida e água abundante. No começo de tudo, o homem morava perto do trabalho. Construiu cidades próximo ao trabalho. As primeiras nasceram na Mesopotâmia, que tem a maior reserva de água doce do planeta.
Recentemente descobriu-se que o vilarejo mais antigo da humanidade, Göbekli Tepe, construído há 12 mil anos, fica na Turquia.
O arqueólogo alemão Klaus Schmidt começou a escavar em 1994. Primeiro achou um templo com pilares em forma de T.
Por que começamos a construir?
E por que na Turquia?
Porque foi onde houve a mutação de uma gramínea chamada trigo, que proporcionou a confecção do pão, fácil de armazenar e transportar. O homem começou a construir cercado por aquilo que o alimentava, trigo selvagem.
Como bem sabe todo português: a humanidade se desenvolveu graças aos padeiros.
Hoje, olhando os lançamentos imobiliários das cidades congestionadas e amedrontadas, se vê a união de casa, área com lazer de um clube e anexo comercial.
Não é perfeito?
O homem mora e trabalha cercado pelo mesmo muro neolítico. Se diverte, se exercita e se liberta do que há de ruim nas cidades. Cultura? Uma rede de distribuição de filmes, peças, óperas, eventos esportivos e shows está disponível por banda larga. Tem as redes sociais, para fazer novas amizades e realimentar as antigas. Tem ensino à distância, para se aprimorar.
Sair de casa? Pra quê?
Esquece calçadas, passeios a pé, comércio de rua, sorvete da esquina, banca de jornal, pipoqueiro, mamães com carinhos de bebê, parquinho, mesinha de damas dos aposentados, quadra em que um filho pode jogar e conhecer um garoto de outro bairro ou classe social.
Esquece as padarias.
Como o homem do neolítico, passamos a morar onde trabalhamos. Nas nossas bolhas. Em megas cavernas. Eventualmente, em nosso SUV, visitamos outra caverna gigante, templo de compras: o shopping.
Somos mais saudáveis e viveremos com mais segurança.
Mas a que preço?
Marcelo Rubens Paiva's Blog
- Marcelo Rubens Paiva's profile
- 279 followers
