Marcelo Rubens Paiva's Blog, page 88

March 3, 2014

Oscar 2014 começa e termina em pizza


 


“The Oscar goes to selfie…”


Parecia uma das noites mais sem graça de todas as cerimônias.


Ellen DeGeneres demorava para engatar; não perdeu a oportunidade de fazer piadas de duplo sentido meio sem graça.


Até encontrar um tom que humanizou os semideuses, os atores de Hollywood: tirou fotos na plateia, pediu uma pizza e distribuiu fatias, com a ajuda de Brad Pitt, com aqueles pratinhos de plástico com que nós, mortais, estamos habituados.


Vimos Harrison Ford e Scorsese se lambuzarem com fome de verdade.


Sem habilidade para o humor, ela se saiu bem circulando pela plateia.


 



 


A cerimônia é longa. Longuíssima. Com momentos chatos, chatíssimos [prêmio com direito a discurso para melhor animação curta-metragem ou documentário curta-metragem no horário nobre?!].


Lá pela 1h da matina [horário de Brasília] ainda nada dos prêmios principais.


Descontando o festival vergonha alheia de botox das veteranas e músicas Padrão Oscar, que nos obrigam a baixar o volume do televisor, para não acordar a vizinhança, a premiação foi justa.


12 Anos de Escravidão [de Steve McQueen] levou o principal Oscar.


Apesar da sua sinopse cometer uma grafe inúmeras vezes: “O filme que retrata um homem livre que foi sequestrado e escravizado.”


Ora, os outros milhões de escravos também não era homens livres na África, que foram sequestrados, transportados para as Américas e escravizados?


Sou fã do McQueen. Torci por ele.


Como torci pela queniana e melhor atriz coadjuvante, Lupita Nyong’o, que bomba nas revistas de moda e tem sido considerada uma das mulheres mais elegantes da década.


Gravidade ganhou todos os prêmios técnicos, como esperado [efeitos visuais, montagem, fotografia, edição de som e mixagem de som.]


Cate Blanchett levou o prêmio de melhor atriz por Blue Jasmine.


Sinal de que Hollywood vê a obra sem levar em conta o caráter do autor. OK. Como no passado homenageou Eliza Kazan, cineasta genial acusado de entregar amigos durante o macarthismo.


De Clube de Compras Dallas, Matthew McConaughey levou o prêmio de melhor ator, e Jared Leto, coadjuvante. Justíssimo.


Melhor roteiro original, Ela. Sei não. Acho o filme deprê demais. Talvez tenham premiado Spike Jonze pelo conjunto da obra.


A Grande Beleza, de Paolo Sorrentino, ganhou melhor filme estrangeiro. Torci para o dinamarquês A Caça.


O filmaço O Grande Gatsby, de Baz Luhrmann, ganhou apenas melhor figurino e melhor direção de arte. Tá bom.


E de nada adiantou a força que Pharrell Williams e U2 deram para suas músicas. Ganhou a terrível. Ganhou Let it Go, de Frozen [de Kristen Anderson-Lopez e Robert Lopez].


Não deu tempo para lembrar a morte de Alain Resnais.


Mas o documentarista brasileiro Eduardo Coutinho foi homenageado.


Oscar não quer dizer muita coisa.


A premiação, como mostrou o CADERNO 2 de domingo, não vê o cinema como um processo evolutivo, mas como uma obra que reflete as contradições do momento.


O Oscar olha mais para o carpete do que para o horizonte, como a maioria dos prêmios atualmente.


FILMES QUE fizeram história, como Reds, Pulp Fiction, Bons Companheiros e especialmente Cidadão Kane, foram esnobados por filmes que… Quais mesmo?


Veja as injustiças do passado, apontadas pelos meus colegas do ESTADÃO:


Como Era Verde o Meu Vale X Cidadão Kane (1942)


Pense rápido: você consegue lembrar do diretor ou de algum ator de Como Era Verde o Meu Vale, drama sobre uma família de mineiros escoceses que luta para sobreviver na virada do século? Bem, o diretor John Ford e o ator coadjuvante Donald Crisp venceriam dois dos cinco Oscars recebidos pelo filme. Mas, daquela noite, o que ficou na memória foi a esnobada da Academia em Cidadão Kane, que ficou apenas com um Oscar – o de melhor roteiro original.


Rocky X Taxi Driver (1977)


Que ano foi 1976 para o cinema… A história de boxe de Sylvester Stallone bateu filmes que se tornariam icônicos, incluindo Taxi Driver, Rede de Intrigas e Todos os Homens do Presidente. Taxi Driver, de Martin Scorsese, aliás, sairia da premiação com apenas uma estatueta, apesar da interpretação de dois grandes talentos ainda em formação: Robert De Niro e Jodie Foster.


Gente como a Gente X Touro Indomável (1981)


Esta foi a segunda derrota inacreditável de Martin Scorsese no Oscar, com seu filme ficando atrás da história de uma família disfuncional, dirigida por Robert Redford. Mas, tudo bem, Touro Indomável entraria para a história como um dos grandes de Hollywood – e um dos maiores filmes sobre boxe já feitos.


Carruagens de Fogo X Reds (1982)


Foi uma corrida feita sob medida para Carruagens de Fogo: um filme pequeno lutando contra o favorito Reds, que havia recebido 12 indicações. No final das contas, Carruagens ficou com quatro estatuetas, incluindo uma para a trilha de Vangelis, e Reds, com três, incluindo o de direção, para Warren Beatty.


Shakespeare Apaixonado X O Resgate do Soldado Ryan (1996)


A direção de Steven Spielberg, a atuação de Tom Hanks, o tema patriótico – O Resgate do Soldado Ryan tinha tudo para dar uma lavada na edição daquele ano do Oscar. Mas eles de certo não contavam com as estratégias de marketing do produtor Harvey Weinstein, que levou o filme sobre Shakespeare à vitória.


Forrest Gump X Pulp Fiction (1995)


Repetiu-se o destino de Cidadão Kane, Pulp Fiction, como o filme de Orson Welles, era admirado pela crítica e tornou-se muito rapidamente alvo de adoração. Mas ficou apenas com uma estatueta – a de roteiro original –, enquanto o longa sobre o homem simples que se torna testemunha da história dos EUA deu o Oscar a Tom Hanks e ao diretor Robert Zemeckis.


Dança com Lobos X Os Bons Companheiros (1991)


Dança ficou com sete estatuetas, incluindo melhor filme e melhor diretor para Kevin Costner, e fez de Martin Scorsese a noiva abandonada definitiva da história da premiação. Os Bons Companheiros ficou apenas com o prêmio de ator coadjuvante, para Joe Pesci.


O Paciente Inglês X Fargo (1997)


Especialistas ficaram de queixos caídos quando o drama sobre a Segunda Guerra desbancou a história policial dos irmãos Coen, que logo se tornaria um clássico. O filme de Anthony Minghella recebeu nove Oscars e Fargo ficou só com o prêmio de atriz (Frances McDormand) e roteiro (Joel e Ethan Coen).

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Published on March 03, 2014 07:51

March 2, 2014

Heil Selfie

Não se iluda com esta cara de palhaço.


Selfie? Não.


Uma das primeiras fotos de Heinrich Hoffmann, no final dos anos 1920, a pedido do próprio Hitler, que queria experimentar o novo uniforme.


Foto descoberta recentemente.


 


 

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Published on March 02, 2014 09:11

Rolezinho na Crimeia

Fotos enviadas por quem está no centro do furacão revelam contrastes do conflito que tira o fôlego do mundo.


Em Kiev, Ucrânia


 



 


E na Crimeia.


 



 


Onde o povo é protagonista.


E faz a diferença numa região cercada por armas nucleares.


 


+++


 


Americanos sabem que não devem se atrever com uma resposta militar.


Pensam em sanções econômicas, para exigir a retirada russa.


Obama usa retórica.


Os republicanos exigem respostas duras.


Como dificultar a viagem de russos, sugeriu o deputado da Califórnia, Adam Bennett Schiff: “Russos adoram viajar, vamos dificultar para eles.”


Me lembrei de um detalhe. As viagens de astronautas americanos para a Estação Espacial são feitas por foguetes e naves russas, que saem da Rússia, num voo sem escalas; resultado da aposentadoria dos ônibus espaciais.


Imagine o climão lá na Estação.


 


+++


 


Mais uma vez, ELIO GASPARI [hoje na FSP] resume o que é preciso ser dito:


 


“Quem tirou o cadáver de Rubens Paiva de lá? Quem coordenou o teatrinho? (Num caso anterior, fracassado, foi o Centro de Informações do Exército, subordinado diretamente ao gabinete do ministro Orlando Geisel e comandado por seu chefe de gabinete.) Depois da revelação da presença de Belham na cena do DOI, a comissão viu a ponta de dois fios que levam a meada para cima. Afinal, tanto trabalho para responsabilizar um tenente morto seria um novo teatrinho, institucional. Nele, cultiva-se uma narrativa segundo a qual a tortura e os assassinatos eram coisa de agentes desautorizados (de preferência, mortos). Patranha. Eram uma política de Estado, dos presidentes, ministros e generais comandantes das grandes unidades. Para ilustrar: o tenente Hughes ganhou a Medalha do Pacificador no ano da morte de Rubens Paiva. Cada torturador foi um torturador, mas o conjunto dos torturadores foi um plantel formado, disciplinado e premiado por seus superiores, transformando jovens oficiais em assassinos.



Atitudes como a de Avólio nesse caso servem às Forças Armadas, tirando-lhe das costas a cruz das mentiras desmoralizantes que carregam desde o século passado. Ele tirou de sua biografia uma acusação que carregou em silêncio ao longo de décadas. Negaram-lhe a oportunidade funcional, mas o coronel falou na jurisdição competente. Pode parecer que seja pedir muito, mas se os atuais comandantes militares fizessem um elogio público a todos os oficiais que estão colaborando com as investigações, todo mundo ganharia. Podem até fazer um elogio genérico, abrangendo aqueles que mentem, não faz mal. Basta sinalizar que condutas como a de Avólio servem ao Exército.”

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Published on March 02, 2014 07:31

February 27, 2014

O ensaio de Hitler


 


Heinrich Hoffmann era o fotógrafo oficial de Hitler.


Mais que isso, era um amigo íntimo, e o único com autorização para tirar fotografias dele.


Se conheceram durante a Primeira Guerra Mundial.


Suas fotos viraram selos, cartões postais, pôsteres. Tanto ele quanto Hitler recebiam royalties, ou direitos de imagens, pelas fotos, o que o deixou rico.


Em 1933, foi eleito deputado para o Reichstag.


Publicou livros sobre as viagens de Hitler.


Foi quem o apresentou Eva Braun, sua assistente de estúdio.


As fotos secretas de Hitler (nove ao todo), tiradas nos anos 1920, foram encomendadas pelo próprio, que queria ver registros de como ele e seus gestos ensaiados apareciam diante do povo alemão.


Não eram para vir a público.


Hoffmann foi preso pelos americanos em 1945, dez dias depois de Hitler ter se matado, e sentenciado a cinco anos.


Morreu em 1957 numa casa modesta do subúrbio de Munique.


Seu livro Hitler Was My Friend publicado pela Pen & Sword Books foi relançado [tem versão para o Kindle].


 



 


 


 


Suas fotos viraram de domínio público; ninguém mais recolhe direitos autorais por elas.


O fotógrafo se tornou desses personagens bizarros que ficam para a História e a quem não se rendem homenagens.


 





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Published on February 27, 2014 07:31

February 25, 2014

a força da arte de rua


 


A arte de rua existe deste os romanos


É como o povo de uma cidade se expressa


Sátira, protesto político, bandeiras ou somente poesia


A poesia fundamental do dia a dia


Se Gregório de Matos colava seus poemas em portas de igrejas de Salvador


Chamando a elite de “canalha infernal”, e os nobres de “caramurus”


Com o lirismo corrosivo e erotismo


A poesia marginal durante a ditadura achou no poste o seu meio


E a parede a mensagem para o grafite


A arte de fazer arte de rua prossegue mais firme do que nunca


Em muros, postes, torres, onde houver espaço


De artistas anônimos


Num mundo led de telas e luzes


Redes e fibra ótima


Nuvens ou clouds


Usam a tinta, a cola e o papel como armas de seu vislumbre e inspiração


Original ou não


 









 



 


 


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Published on February 25, 2014 12:23

February 24, 2014

Trabalhando o sal


Em 1995, Antônio Callado lembrou na sua coluna da Folha de SP do passeio de lancha:


“Outra recordação que me ficou nítida liga-se a Búzios. Ali fui, num fim de semana de 1971… Quando paramos a uns 100 metros da praia, vimos alguém, uma moça, que nadava firme em nossa direção. Minutos depois subia a bordo, cara alegre, molhada do mar, Eunice Paiva, mulher do deputado Rubens Paiva, amigo de Renato, amigo meu, de todos nós, um dos homens mais simpáticos e risonhos que já conheci. Eunice andara preocupada. Rubens fora detido pela Aeronáutica dias antes e nenhuma notícia sua tinha chegado à família. Mas agora Eunice, que fora também presa mas em seguida libertada, podia respirar, tranquila, podia nadar em Búzios, tomar um drinque com os amigos, pois acabara de estar com o ministro da Justiça, ou da Aeronáutica, que lhe havia garantido que Rubens já tinha sido interrogado, passava bem e dentro de uns dois dias estaria de volta a sua casa. Dois dias depois, isto sim, os jornais recebiam uma notícia tão displicente que se diria que seus inventores não faziam a menor questão que fosse levada a sério: Rubens estaria sendo transferido de prisão, num carro, quando guerrilheiros que tentavam libertá-lo tinham atacado e sequestrado o prisioneiro. O que correu pelo Rio, logo que se suspeitou de sua morte, é que ele morrera às mãos, ou pelo menos de tortura diretamente comandada pelo brigadeiro João Paulo Penido Burnier, aquele mesmo que queria fazer explodir o gasômetro do Rio para pôr a autoria do crime na conta dos comunistas. A família Paiva nunca mais teve notícias oficiais de Rubens. Nunca se encontrou a cova onde o terão atirado depois do assassinato. A cara de Eunice continuou molhada e salgada durante muito tempo, tal como naquela manhã de Búzios. A água é que não era mais do mar.”


Li para ela, assim que a coluna foi publicada.


Reparei na minha mãe o sorriso.


Você se lembra? “Claro, foi dias depois de eu ser solta, eu estava magérrima, queimada, de biquíni, linda”, respondeu vaidosa.


A imagem da minha mãe queimada, magérrima, aliviada, linda, de biquíni, aos 41 anos, subindo “alegre” no versão de 1971 na lancha na praia de Manguinhos, perto da casa escondida na montanha, sem luz e telefone, do Francoise Moreau, para onde fomos depois de ficar 13 dias presa do DOI/Codi do Rio de Janeiro, não saiu da memória do Callado.


Escritor é assim: se lembra daquilo que escorre contradição.


O bom escritor não é o que se lembra de tudo, mas do essencial, e associa o sal da água a lágrimas que não são do mar.


Ela tinha perdido muitos quilos na prisão. Ficou numa cela de fundo, em que ninguém aparecia.


Nada de sol. No primeiro dia, foi chamada para depor. Provavelmente enquanto meu pai era torturado na sala ao lado. Ela não o viu. Viu sua foto no álbum de presos, o que a deixou contraditoriamente aliviada, pois então ele estava ali, nas mesmas dependências, vivo, mas angustiada, pois suas fotografias faziam agora companhia a presos “terroristas procurados”, “mortos em combate”, torturados!


Minha mãe não sabia de muita coisa.


Não conhecia detalhes da luta armada, organizações clandestinas, guerrilheiros na selva, nas cidades. Lia notícias filtradas pela censura ou autocensura de terroristas tombados em combate, sequestros de embaixadores, assaltos a bancos.


Meu pai, que sabia de muita coisa, a poupava por “questão de segurança”. Seria inútil torturá-la, apesar de ela saber que, mesmo visado, ele fazia alguma coisa contra o regime que o cassou e o exilou em 1964 e, então, ia à forra.


Pelas novas revelações, meu pai morreu na madrugada em que minha mãe foi presa, e seu corpo levado em seguida.


Ela foi deixada numa cela no fundo do corredor mais 12 dias.


Pra quê?


Melhor nem pensar…


Tenho um estranho agradecimento a fazer aos militares brasileiros: obrigado por não terem matado também a minha mãe.


 



 


Em 1996, pegamos o metrô até o cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais – Primeiro Subdistrito da Sé. Os funcionários estavam assustados com a quantidade de fotógrafos e cinegrafistas. Mal sabiam que se fazia História naquele cartório abafado e comum.


Um cordão da imprensa respeitou nossa passagem. A escrevente substituta Cibeli da Silva Bortolotto entregou o atestado: “Certifico que, em 23 de fevereiro de 1996, foi feito o registro de óbito de Rubens Beyrodt Paiva. Profissão, engenheiro civil. Estado civil, casado. Natural de Santos, neste Estado. Observações: Registro de Óbito lavrado nos termos do Artigo 3º. da Lei 9.140 de 04 de dezembro de 1995.”


Meu pai morria pelos termos da Lei 9.140, 25 anos depois de ter morrido por tortura.


Na saída, ela sorriu, falou com a imprensa e ergueu o atestado de óbito como um troféu.


Foi naquele momento que descobri: ali está a verdadeira heroína da família, sobre ela que escritores devem escrever, se a História é a narrativa dos vencedores, a literatura é a versão dos vencidos (Nicolau Sevcenko). V de vitória. Nunca faria uma cara triste. Bem que tentaram.


Por anos, fotógrafos nos queriam tristes. Deflagramos uma batalha contra o pieguismo da imprensa. Sim, éramos a família modelo vítima da ditadura, mas não faríamos o papelão de sairmos tristes nas fotos. Nosso inimigo não iria nos derrubar. Guerra é guerra. Minha mãe deu o tom: a família Rubens Paiva não chora em frente às câmeras, não faz cara de coitada, não se faz de vítima. A família Rubens Paiva não é a única vítima da ditadura. Esteve em guerra contra ela desde o primeiro dia. O País é a maior vítima. O crime foi contra a humanidade, não contra Rubens Paiva. Nossa luta não tem fim. Precisamos estar bronzeados e saudáveis para a contraofensiva. A angústia, as lágrimas, o ódio, apenas entre quatro paredes.


Agradeço Callado por ter melhorado a autoestima da minha mãe.


Pena ele não estar vivo para saber que a farsa displicente da fuga de um dos homens mais simpáticos e risonhos que já conheceu acaba de ser desmontada pelo militar que a armou.


 


 


 


 

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Published on February 24, 2014 14:07

February 19, 2014

Itaú recolhe agenda polêmica


 


 


Itaú recolhe agenda de 2014 distribuída a clientes, que considera 31 de março o “aniversário da revolução de 1964″.


Depois da polêmica e de protestos, o banco admitiu o erro e reconhece que a frase foi “equivocada”.


Me escreveu Paulo Marinho, da Comunicação Corporativa, que presta serviços ao Itaú:


“Olá Marcelo! Espero que esteja bem!


Caríssimo, vimos seu post abaixo e por isso te escrevo.


A inclusão da frase na agenda foi equivocada, em nada reflete o DNA e as crenças do Itaú Unibanco.


Lamentamos o desconforto causado.


Somos uma instituição financeira que respeita a diversidade de pensamentos e ideias e a democracia.


Reiteramos que o banco nunca pretendeu defender uma posição política no conteúdo entregue aos correntistas e que já estamos recolhendo as agendas com esta frase que ainda existem em nossas agências.


Muito obrigado por sua atenção, fico à disposição aqui no Itaú! Abraço”


Na verdade repercuti o post do grande jornalista e ex-colega de redação, Mário Magalhães, autor do livro MARIGHELLA – O guerrilheiro que incendiou o mundo.


Ele divulgou semana passada no seu blog do UOL:


 


50 anos depois, agenda do Itaú ainda trata golpe como ‘revolução de 1964′

Segundo Mário:


Como reconhecem as consciências dignas, não houve uma “revolução” meio século atrás, e sim um golpe desferido com as armas da sociedade golpista entre segmentos militares e civis, como os banqueiros (alguns viraram ministros).  “Revolução”, em referência à instauração da ditadura, é palavra consagrada na boca de marechais e generais como Castello Branco, Costa e Silva, Médici, Geisel e Figueiredo, os presidentes-ditadores do ciclo encerrado em 1985.


Quem falava “revolução” eram torturadores como o delegado Fleury, o policial Borer e o então major Ustra _este, vivo, fala até hoje.  A agenda do Itaú também reproduz a data da versão golpista, 31 de março, mas Goulart ainda estava no Palácio Laranjeiras no começo da tarde de 1º de abril. O golpe foi mesmo em 1º de abril, o dia da mentira _os golpistas diziam salvar a democracia.”


Ainda na semana passada, a pedido do blog de Magalhães, o Itaú se pronunciou:


O Itaú Unibanco informa que a agenda distribuída aos clientes conta com informações sobre datas relevantes ao longo do ano. O banco é apartidário e, em hipótese alguma, pretende defender uma posição política no conteúdo entregue aos correntistas.


Pelo visto, se arrependeu.


Uma lição fica: o Brasil conhece, debate e estuda muito pouco a sua História.


E é preciso rever o que se ensina em sala de aula.



 

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Published on February 19, 2014 14:22

February 18, 2014

Sininho a vândala já é vista em vários lugares


 


agradecimentos à piauí e outros internautas


 



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Published on February 18, 2014 14:53

February 17, 2014

fernando zarif era arte


 


Fernando Zarif é a minha geração.


Fernando Zarif era pura arte.


Como Rimbaud, se entregava de corpo e alma à arte.


Se confundia com ela.


Nasceu em São Paulo em 1960. Mexeu com artes plásticas, teatro, música, videoarte e literatura.


Em 1983, fez performances no MASP e uma videoinstalação no Museu da Imagem e do Som, em São Paulo.


Vieram performances, mostras e projetos musicais no Sesc Pompeia, Paço das Artes, Centro Cutural São Paulo e MASP.


De 1989 a 1997, fez exposições individuais na Galeria Millan, participou de coletivas na Casa das Rosas e realizou individual no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Em 1998, apresentou uma grande exposição na Maison Des Arts André Malraux, em Créteil, França, com trabalhos dos últimos dez anos.


Era um boêmio presente, amante do dry martini (um especialista). Sabia dos tipos, receitas.


Um amigo querido, sorridente, fiel e feliz.


Era autodidata, tem catalogadas e restauradas cerca de duas mil obras.


Aluno de Décio Pignatari e Hans-Joachim Koellreutter, compôs canções pop, colaborou na criação de uma ópera eletrônica minimalista e manteve no ar um programa de rádio especializado em música erudita contemporânea.


Fez apenas nove exposições individuais, entre 1982 a 2009.


Dizia que nadava conta a maré da Geração 80.


Dois anos depois da sua morte, a família dele começa o Projeto Fernando Zarif.


Numa casa de dois andares no bairro de Pinheiros, São Paulo, haverá um espaço aberto à visitação e à pesquisa pelo público:

 http://projetofernandozarif.blogspot.com…


E hoje lança-se o livro Fernando Zarif – Uma Obra a Contrapelo, organizado pelo artista plástico José Resende e editado pelo selo METALIVROS [300 das mais de 2 mil obras catalogadas pela equipe da Margot Crescenti.


270 páginas, papel couché, capa dura, preço: R$ 100,00.


Contrapelo, porque ele dizia que nadava não contracorrente, mas contrapelo.


 



 


O livro tem textos publicados em catálogos e folders de exposições do artista e assinados por Décio Pignatari, Tunga, Arnaldo Antunes, uma resenha de Marcos Augusto Gonçalves publicada em 1993 na Folha.


Barbara Gancia, Erika Palomino, Lenora de Barros, Fernanda Torres, José Resende e Thais Rivitti escreveram textos especialmente para a publicação, que traz ainda um diálogo inédito, travado entre Bia Lessa, Maria Borba e José Resende, a propósito da última aparição pública dele.


Hoje da Galeria Milan [Rua Fradique Coutinho, 1360. Pinheiros, São Paulo – SP].


Depois o livro será lançado no MAM-RJ no dia 20 de fevereiro, com a reedição de Cadernos, a última exposição de Fernando Zarif.


À venda durante as temporadas de lançamento na Galeria Millan e MAM-RJ. Encontrado também nas livrarias Leonardo Da Vinci, Cultura e Argumento.


Vida longa ao amigo.


 


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Published on February 17, 2014 07:09

February 13, 2014

rio de janeiro sem os cariocas

Apesar da região ter sido visitada explorador português Gaspar de Lemos em 1502, a cidade do Rio de Janeiro só foi fundada, você sabe, em 1º de Março de 1565 por Estácio de Sá.


A Iluminata Produtora de Imagens  https://www.facebook.com/IluminataProdut…] resolveu imaginar como seria o Rio de Janeiro visto pelos primeiros europeus.


O resultado é um colírio para os olhos e foi até destaque do site abduzeedo.com.


Primeiro, a enseada de Botafogo, que foi batizada assim em 1590, quando Antônio Francisco Velho vendeu as terras para João Pereira de Sousa, chefe da artilharia do Galeão Botafogo.


 



 


Depois, a orla das Praias de Ipanema e Leblon, chamada pelos portugueses desbravadores de Costa Brava ou Praia Brava, e a entrada da Lagoa Rodrigo de Freitas, hoje Jardim de Alá, que na época era habitada pelos índios Tamoios.


Eles a chamavam de Piraguá, junção de pirá (peixe) com kuá (enseada).


 



 


Acabamos com a festa e tomamos a ferro e fogo a terra dos nativos – o primeiro movimento de ocupação ilegal começou há mais e 500 anos.


O Rio de Janeiro continua lindo.


Mas já foi bem mais.

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Published on February 13, 2014 06:33

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Marcelo Rubens Paiva
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